quarta-feira, 21 de maio de 2025

OPINIÃO DO BLOG - Tombamento da bacia do Rio Jequitinhonha, o que mudou?

Rio Jequitinhonha em Itinga - Foto: Jô Pinto


O tombamento estadual da Bacia Hidrográfica do Rio Jequitinhonha e sua declaração como monumento natural, estabelecidos pela Constituição do Estado de Minas Gerais de 1989, representam um marco na proteção ambiental e cultural da região. No entanto, é fundamental questionar se essas medidas têm sido eficazes na preservação dos ecossistemas e na valorização das comunidades locais que habitam o vale do Jequitinhonha.

Historicamente, a região do Alto Jequitinhonha foi explorada economicamente desde o século XVIII, principalmente devido à mineração de ouro e diamante. Com a decadência dessa atividade, o território passou por uma diversificação econômica, adotando a criação de gado e o cultivo agrícola. Depois vieram a monoculturas, entre ela a do Eucalipto, que na década de 1970 chegaram como a redenção econômica do Vale do Jequitinhonha, retorna se a exploração da mineração: grafite, granito e lítio, todos esses processos, associados ao clima semiárido, impôs desafios à sustentabilidade e ao desenvolvimento da população local, que, ainda hoje, enfrenta dificuldades relacionadas à escassez de recursos hídricos e à baixa infraestrutura.

A proteção jurídica da bacia hidrográfica é um passo significativo para sua conservação. No entanto, políticas públicas voltadas à preservação ambiental devem ser acompanhadas de investimentos reais na recuperação dos recursos naturais e na melhoria das condições socioeconômicas dos habitantes.

   A mera declaração do rio como monumento natural não é suficiente se não houver iniciativas concretas de combate à degradação ambiental, incentivo à agricultura sustentável e valorização das manifestações culturais locais.

A riqueza histórica e cultural do Vale do Jequitinhonha é um dos maiores patrimônios da região, refletida nas tradições das lavadeiras, na musicalidade dos violeiros e na identidade única de sua população.

 Contudo, a proteção desse patrimônio deve ir além do reconhecimento formal e se traduzir em políticas inclusivas que promovam o desenvolvimento sustentável, garantindo dignidade e oportunidades para aqueles que vivem às margens do rio Jequitinhonha.

Portanto, o tombamento estadual da bacia representa um avanço simbólico, mas que precisa ser constantemente revisado e complementado por ações eficazes. Sem isso, corre-se o risco de que essa proteção seja apenas uma formalidade, sem impactos reais na melhoria da qualidade de vida da população e na preservação ambiental desse bem que mantem viva a vida dessa região.


Por


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