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Rio Jequitinhonha em Itinga - Foto: Jô Pinto |
O tombamento estadual da Bacia
Hidrográfica do Rio Jequitinhonha e sua declaração como monumento natural,
estabelecidos pela Constituição do Estado de Minas Gerais de 1989, representam
um marco na proteção ambiental e cultural da região. No entanto, é fundamental
questionar se essas medidas têm sido eficazes na preservação dos ecossistemas e
na valorização das comunidades locais que habitam o vale do Jequitinhonha.
Historicamente, a região do Alto
Jequitinhonha foi explorada economicamente desde o século XVIII, principalmente
devido à mineração de ouro e diamante. Com a decadência dessa atividade, o
território passou por uma diversificação econômica, adotando a criação de gado
e o cultivo agrícola. Depois vieram a monoculturas, entre ela a do Eucalipto, que
na década de 1970 chegaram como a redenção econômica do Vale do Jequitinhonha,
retorna se a exploração da mineração: grafite, granito e lítio, todos esses
processos, associados ao clima semiárido, impôs desafios à sustentabilidade e
ao desenvolvimento da população local, que, ainda hoje, enfrenta dificuldades
relacionadas à escassez de recursos hídricos e à baixa infraestrutura. A proteção jurídica da bacia
hidrográfica é um passo significativo para sua conservação. No entanto,
políticas públicas voltadas à preservação ambiental devem ser acompanhadas de
investimentos reais na recuperação dos recursos naturais e na melhoria das condições
socioeconômicas dos habitantes. A mera declaração do rio como monumento
natural não é suficiente se não houver iniciativas concretas de combate à
degradação ambiental, incentivo à agricultura sustentável e valorização das
manifestações culturais locais. A riqueza histórica e cultural do Vale
do Jequitinhonha é um dos maiores patrimônios da região, refletida nas
tradições das lavadeiras, na musicalidade dos violeiros e na identidade única
de sua população. Contudo, a proteção desse patrimônio deve ir
além do reconhecimento formal e se traduzir em políticas inclusivas que
promovam o desenvolvimento sustentável, garantindo dignidade e oportunidades
para aqueles que vivem às margens do rio Jequitinhonha. Portanto, o tombamento estadual da bacia representa um avanço simbólico, mas que precisa ser constantemente revisado e complementado por ações eficazes. Sem isso, corre-se o risco de que essa proteção seja apenas uma formalidade, sem impactos reais na melhoria da qualidade de vida da população e na preservação ambiental desse bem que mantem viva a vida dessa região. Por .
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