Santa Teresa - ES - Foto: Internet sem data da foto ou autoria |
Jagunçada de Barracão: chacina em Santa Teresa
completa em 2021 completará 124 anos, também
conhecida como "Revolta do Calhau", o fato histórico transformou a
pequena cidade em cenário de derramamento de sangue.
E o comandante desta chacina foi o filho de Itinga, no
médio Vale do Jequitinhonha, nas Minas Gerais, José Rodrigues dos Santos,
conhecido como “ Zé Calhau”, ele chegou no Espírito Santo por volta de 1892 a
1893 e fixou residência em Santa Julia,
onde é hoje São Joaquim do Canãa.
Em 01 de novembro 1897, movido pelo Racismo, vingança e intolerância, ele comanda a chacina, no interior de Santa Teresa, região Serrana do Espírito Santo. A chacina, que ficou conhecida como “Jagunçada de Barracão” , Após promover a Chacina de Barracão, Zé Calhau se tornou um dos criminosos mais procurados do Espírito Santo, vindo a ser morto em 1899 em Santa Joana, hoje Município de Itaguaçu, durante uma diligência comandada pela subdelegado Apolinário José de Oliveira.
Essa pesquisa histórica é do professor e Historiador Francisco Roldi Guariz, da cidade de Santa Teresa/ES.
Para entenderem a história e as motivações da chacina leiam a matéria abaixo publicada originalmente em 2017 no site:
Assistam também ao documentário produzido pela TV Aribiri e pelo professor Roldi Guariz.
Link do documentário: https://www.youtube.com/watch?v=ZcGLskSHU9c
A
HISTÓRIA DA CHACINA
O cenário
do derramamento de sangue foi o distrito de São João de Petrópolis,
popularmente conhecido na época como Barracão de Petrópolis. Além de mortes,
durante o período da jagunçada, foram registradas agressões, saques e incêndios
a prédios públicos e residências.
A cidade
de Santa Teresa havia sido fundada alguns anos antes, em 1875, por imigrantes
do Norte da Itália. De acordo com o professor de História Francisco Roldi Guariz,
a motivação da jagunçada seria a vingança pelo assassinato de um brasileiro, de
Minas Gerais, chamado João Rodrigues, por um italiano.
“A
jagunçada, a meu ver, resultou de choques étnicos e culturais entre os dois
grupos: os italianos e os brasileiros. A intolerância, a desconfiança recíproca
e o racismo latente na sociedade, transmitido aos colonos, foram os fatores
responsáveis pela eclosão do massacre ocorrido há 120 anos. Em meados de
outubro, o mineiro João Rodrigues foi assassinado em Barracão por um italiano
identificado pelo nome de ‘Biazzo’. Os amigos do morto apontaram o culpado ao
subdelegado José Luiz Vivaldi, também imigrante italiano”.
Após
analisar o caso, o capitão Vivaldi inocentou o acusado de assassinato,
revoltando os companheiros da vítima. Inconformados, e capitaneados por um
mineiro chamado José Rodrigues dos Santos, o “Zé Calhau”, um bando de cerca de
30 pessoas declarou vingança contra os italianos.
Motivados
pela raiva, na madrugada entre os dias dois e três de novembro de 1897, foram
assassinadas 11 pessoas e incendiados prédios públicos e residências.
Após a
jagunçada, de acordo com o historiador Francisco Roldi, “Zé Calhau” se tornou
um dos criminosos mais procurados do Espírito Santo. “Ele morreu em 1899,
durante uma diligência policial realizada em Santa Joanna, no atual município
de Itaguaçu, pelo subdelegado Apolinário José d’Oliveira. Houve uma troca de
tiros e, na contenda, Calhau foi morto”, finalizou.
AS
VÍTIMAS
De acordo
com o professor, os bandidos mataram José Benetti e feriram João Frecchiami e
Isidoro Antônio da Silva. Além de Benetti, também executaram José Perini, João
Vilascchi, sogro de Pagani, e João Batista Vivaldi, pai do capitão José Luiz
Vivaldi.
Ainda em
Barracão, a sogra do professor Antônio Tironi foi atingida no braço direito
durante um tiroteio realizado contra sua residência, sendo a única mulher
ferida pelo bando. As demais vítimas eram brasileiras, todas naturais de Minas:
João Paulo da Silva, casado com Maria Luchinni, Cassiano Germano da Motta,
Elias de Souza Pimenta e um tal de João, vulgo “Não pode”, empregado da família
Galimberti. Entre os bandidos, houve três baixas.
“Estas
foram as principais vítimas, mas não as únicas, pois outras casas foram
saqueadas. Além disso, o cartório de Barracão foi incendiado, de modo que os
documentos anteriores à jagunçada foram destruídos”, afirma o professor.
O capitão
Vivaldi foi espancado e apunhalado pelos criminosos. Um deles, acreditando que
o capitão estava morto, decidiu decepar uma orelha dele. Vivaldi, no entanto,
desviou do golpe.
Diante da
reação inesperada do capitão, o matador apontou uma arma em direção ao seu
rosto e atirou. Em seguida, os bandidos se retiraram. Porém, o capitão
sobreviveu ao disparo, que mascou sem que o atirador percebesse. “Vivaldi,
então, foi retirado às pressas do sobrado, e levado para uma gruta. Apesar
dos vários ferimentos sofridos, viveu ainda durante muitos anos, vindo a morrer
em 1941, aos 80 anos”, afirma o professor de História.
OS
DESCENDENTES DO CONFLITO
O
professor Francisco Roldi Guariz entrevistou alguns descendentes do conflito
para sua pesquisa acadêmica. Para Maria Auxiliadora Vivaldi Tononi, 73
anos, bisneta do capitão Vivaldi, e Francisco Paulo da Silva, 79 anos, falecido
em 2012, neto do mineiro João Paulo da Silva, o racismo foi o principal fator
responsável pela eclosão da jagunçada.
O
lavrador aposentado Ayres Perini, 78 anos, neto do sapateiro italiano José
Perini, disse ao professor: “Vovô foi morto pelos bandidos em sua residência,
em Barracão. Na época, meu pai (Victorio Perini) era um bebê com apenas seis
meses de vida”.
Sua avó,
Virgínia Bordin, casou-se novamente em 1905 com Lourenço Galetti, que também
havia ficado viúvo. Ayres contou a Francisco que Lourenço quase se
transformou numa das vítimas dos jagunços: “O nono Lourenço estava na fazenda
do Pagani no dia do ataque. Ele só conseguiu escapar dos bandidos porque se
escondeu debaixo de umas cangalhas, algumas delas foram reviradas pelos
jagunços. E completou: “O nono teve sorte”.
Estamos
tentando obter mais informações sobre o “ Zé Calhau”, para conhecer melhor sua
história, caso você tenha ouvido falar sobre ele, faça contato: jospinto25@yahoo.com.br ou deixe mensagem aqui no blog.