A 36ª
Edição do FESTIVALE nos provou e nos mostrou o quanto à palavra RESISTÊNCIA
significa para todos aqueles que acompanham esse movimento de cultura popular,
singular e único no sentido mas profundo da palavra.
Foi uma
semana de superação e união para que nosso evento maior pudesse acontecer, e o
movimento cultural do Vale do Jequi o fez acontecer, não nos cabe apontar aqui
nesse texto os desafios que foram, mas falaremos das belezas que produzimos,
das resistências que se fizeram necessárias em um ano onde cenário político
nacional refletiu com todo força no FESTIVALE.
Belmonte,
na parte do Jequitinhonha baiano jamais será mesma, nenhum de nós seremos os
mesmos, transformados estamos em seres humanos que superaram preconceitos raros
dentro do FESTIVALE e no movimento
cultural de nosso querido vale, mas no qual é o reflexo de um pais cujo ódio
contra as minorias anda muito lactante e com aval explicito.
Reencontramos
amigos, fizemos novas e belas amizades, abraçamos, beijamos e olhamos inúmeras
vezes o por do sol no abraço do Jequitinhonha com o mar e quantos fotos foram
eternizadas deste momento.
Vimos às
religiões de matrizes africanas saírem pelas ruas, mostrando sua beleza e seus
cantos, suas vestimentas, seus cheiros, sua fé e sobre as margens do rio
Jequitinhonha, junto como os irmãos indígenas, abençoaram as águas pedindo a
Oxum Rainha das Águas Doce e Iemanjá,
Rainha das Águas Salgadas a proteção a todos em especial aos que estavam no
FESTIVALE. Mas estes mesmos povos também foram as ruas pedir respeito as
religiões de matrizes africanas da cidade que há tempos sofrem a intolerância dos
pseudos coronéis da região e os intolerantes de outras religiões.
A
literatura passeou pelas ruas, cordéis, varais, recitais e em uma noite
literária aonde vimos o afago das palavras, e essas mesmas palavras pediram
basta contra a violência que atinge tantos travestis e transexuais no vale e no
país, a voz ecou e o poema denunciou e todos se emocionaram com uma dor que é
de todos nós a dor de ser tratado diferente quando somos todos iguais.
E a canção
tocou corações, teve suas torcidas, mas afinal cantar o vale do Jequitinhonha
ainda é uma bela canção e cantamos em alto e bom som; deixamos as águas vindas
de Diamantina chegarem até o mar, trazendo suas as histórias de cada lugarzinho
que ele passou.
Nossa
arte, artesanato encontrou se nos braços de um antigo galpão que outrora era um
entreposto comercial de um Brasil colônia, e ali a arte foi admirada, contemplada
e seus mestres reverenciados e nos remeteu a passado onde nosso Jequitinhonha
baiano e mineiro viviam se as divisões geográficas.
Shows,
viola, violão, contos e canção o palco e barraca FESTIVALE receberam os das
antigas e abriram portas aos novos revigorando e reinventado nosso cantar. A voz
na canção também foi usada para denunciar, refletir e mostrar que nós somos maiores
que os preconceitos estabelecidos.
Debatemos,
encontramos, mulheres, poetas, escritores, LGBT, minorias, porque dialogar
ainda é um caminho a se seguir. E neste espaço da democracia cultural e tambem
o nosso espaço, porque emanamos dos mesmos desejos e sonhos.
Vimos o
fundador de tudo isso ser eternizado em uma comenda com seu nome “Tadeu
Martins” para sempre homenageado, justo e necessário em nome de tantos outros
que construíram as bases de tudo que temos.
Ensinamos!
E a mostra das oficinas nos emocionou e nos alegrou, sabemos que as futuras
gerações estão se qualificando para manter viva a cultura popular;
Cultura
popular! Fonte que todos nós bebemos, desfilou bonito pelas ruas da cidade, vimos
os terreiros de candomblé junto com as folias de reis, Bois de Janeiro,
Guaranis, tupinambás, capoeira e afrouxe, é a diversidade que encanta , respeita
e ser curva de admiração, sem pré-conceitos.
O
FESTIVALE deste ano foi um tempero que deu certo, mostramos e demonstramos que
o FESTIVALE é o Festival da Cultura Popular, mas também da resistência, da
igualdade da diversidade e acima de tudo do respeito.
FESTIVALE
fecha o ciclo da nascente em 1987 à foz em 2019, ou podemos dizer começa um
novo ciclo, precisamos repensar conceitos sem perder a essência da nostalgia e
respeito à história, fazer e estar no FESTIVALE é um aprendizado, só entende
quem teve a honra de conhecê-lo.
Que o
FESTIVALE continue a provocar a reflexão e discussão, continuemos sendo
RESISTÊNCIA, respeitando o direito individual e coletivo, que este seja como
sempre foi o encontro de todas as RAÇAS, CRENÇAS e GÊNEROS.... Diversos somos e
sempre seremos. Vale, Vida, Verde, Versos e Viola
Por