terça-feira, 28 de fevereiro de 2017
quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017
CONHECENDO O JEQUI - Igreja de São Roque
Foto: Internet |
A
igreja de São Roque está situada no centro do Comércio Velho, na cidade de Itaobim/MG em terreno plano, o entorno é
composto de edificações residenciais simples de apenas um pavimento, sendo a
maioria de adobe com telhado em telhas
curva em cerâmica, tipo capa e bica, produzidas na própria região, a divisão das propriedades são feitas
através de cercas de arame farpado e
varas retiradas nos arredores do lugar. Do largo da Igreja é possível avistar a Serra
que dá passagem para o Povoado de Pedra
Grande e ainda as serras que dão acesso a cidade de Jequitinhonha, os bairros:
São Cristóvão,Esperança, Vila Nova, Alvorada,Vila Rica,Guadalupe , também o Córrego São Roque e o Rio Jequitinhonha. O
bairro possui arborização principalmente nos quintais das residências com
predominância de árvores frutíferas.
Presume-se que sua edificação ocorreu no final
do séc. XIX , com a chegada dos primeiros habitantes ao vilarejo
influenciados pelas missões religiosas do processo ultramontano da Igreja
Católica, que ocorreu nesse período, na tentativa de se fortalecer
institucionalmente. Segundo a senhora Eva Alves Costa (84 anos), foi sua
bisavó, a senhora Antoninha Gil, quem doou as terras para o santo, São Roque,
para que fossem construídos esta igreja e o cemitério. Aos poucos o casario foi crescendo no seu
entorno e tornou se o centro do lugarejo. As enchentes que aconteceram no rio
Jequitinhonha foram determinantes na historia local, o que também afetou a
historia da igreja. Com a enchente de 1919 a estrutura da igreja nada sofreu, mas já
em 1928, foi bem diferente, a parte da frente sofreu sérios danos e com a
enchente de 1979, parte frontal desaba. Segundo os relatos de moradores,
a igreja sofreu apenas uma intervenção após a enchente de 1979, parte de sua
nave foi demolida e com isso a igreja diminuiu em seu tamanho original,
descaracterizando sua fachada frontal, e, também foi colocado uma camada de cimento por cima do
ladrilho de barro original.
A igreja mostra linhas arquitetônicas ligadas ao colonial
mineiro, define seus espaços por partido
de forma retangular correspondente a duas seções:uma correspondente à nave que
se alarga nos flancos da fachada principal e outra pela capela-mor.A nave está separada do altar mor através de uma
escada de madeira fixada à parede deste.
Tem se
pelas laterais duas sacristias cujo piso mantêm-se em sua originalidade em
ladrilho de barro. O piso da nave e da capela-mor apresenta-se em cimento
natado. O sistema construtivo mostra-se em estrutura autônoma de madeira,
embasamento de pedra e vedação em alvenaria de adobe sendo que a fachada da
frente por tijolos de alvenaria. Possui portas e janelas alinhadas do tipo campas
com enquadramento em madeira e vergas retas. O acesso principal à igreja é feito por uma porta em verga vedada por
duas folhas de madeira, seguida de um arco
com vedação em tijolo reboco,.seguindo o eixo da porta
principal tem-se a distribuição de duas
janelas de abrir pela lateral direita ,
pela lateral esquerda e aos fundos, os acessos secundários são feitos
por duas portas de abrir sendo uma pela lateral direita e outra pela esquerda, todas de
madeira em verga reta ,pintadas em cor verde . A cobertura faz-se em
duas águas, do tipo cangalha,com telhas de barro tipo capa e bica apresentando cumeeira
paralela e beiral em galbo nas laterais.
A Igreja de São Roque é tombada pelo patrimônio cultural a nível municipal
Pesquisa: Jô Pinto, para processo de tombamento da Igreja
Por:
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017
MEMÓRIA CULTURAL - Registro da Obra e Arte do Mestre Ulisses Mendes
PATRIMÔNIO IMATERIAL
A Constituição
Federal de 1988, em seu artigo 216, define seu
patrimônio cultural
brasileiro os bens de natureza
material e imaterial, tomados
individualmente ou em conjunto,
portadores de referências à identidade à
ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira nos
quais se incluem as formas de expressão; os modos de criar; as criações
científicas, artísticas e tecnológicas; as obras, objetos, documentos,
edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais;
além de conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico,
arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.
Os
bens culturais imateriais estão relacionados aos saberes, às habilidades, às
crenças, às práticas, ao modo de ser das pessoas. Desta forma podem ser
considerados bens imateriais: conhecimentos enraizados no cotidiano das
comunidades; manifestações literárias, musicais, plásticas, cênicas e lúdicas;
rituais e festas que marcam a vivência coletiva da religiosidade, do
entretenimento e de outras práticas da vida social; além de mercados, feiras,
santuários, praças e demais espaços onde se concentram e se reproduzem práticas
culturais.
Tomando
consciência da importância do Mestre artesão Ulisses Mendes, o Conselho
Deliberativo do Patrimônio Cultural de Itinga, de posse as suas atribuições
legais, conjuntamente com a prefeitura Municipal através de seu órgão
competente realizou o seu primeiro
Registro, com o objetivo de valorizar um dos artesãos que têm propagado
sua arte e assim divulgando a cidade por todos os lugares por
onde realiza oficinas, expõe suas peças ou
fala sobre a região. O mestre Ulisses Mendes, se tornou um referencia em
esculturas feitas em Argila, tem suas obras espalhadas em museus, coleções
particulares e públicas, no Brasil e no mundo, ministra oficinas em todo
território brasileiro, sendo considerado um dos grande nesse ofício.
Mestre
Ulisses Mendes
O
artesão Ulisses Mendes, casado, pai de quatro filhos e dois netos, nascido em
onze de fevereiro de 1955, na cidade de Itinga, filho de lavrador, que
trabalhava duro na roça, fazia tijolo, pescava, garimpava e sua mãe
produzia utensílios domésticos como
potes, panelas, vasos dos mais variados formatos e vendiam na feira semanalmente. Desde sua
infância lidou com a arte do barro, seus
parentes faziam potes, panelas e outros utensílios domésticos para vender na feira, toda semana, assim ele foi adquirindo gosto e afeição de tanto
observar, se arriscava a fazer
brinquedos de barro para seu
divertimento. O ofício de artesão é uma prática constituída geralmente na
região, principalmente entre os núcleos familiares ou em comunidade,
perpassadas por gerações, que se
incumbem de transmiti-la através dos
griôs e dotados de tal habilidade.No caso
de Ulisses Mendes, aprendeu o ofício de trabalhar o barro com sua mãe, parentes
e vizinhança que fazia artesanato para
vender na feira.
Seguindo
a rota dos homens desta região, Ulisses Mendes também experimenta a vida em são
Paulo.
No
seu retorno de férias em 1979,
presenciou, catástrofe que arrasou, destruiu casas ribeirinhas, uma enchente
que deixou rastro de muitas perdas, tristezas e doenças, foi aí que ele resolveu
recriar aquele cenário de casas destruídas, caídas, envergadas e desta
forma inicia-se as primeiras encomendas, vindas de Araçuaí,
Itaobim, Jequitinhonha e outros lugares,
trazendo-lhe boa repercussão e referência quanto ao trabalho que fazia,
pois muitos o consideravam preguiçoso e outras brincadeiras pejorativas, eram proferidas, mas isso também
serviu de resistência, seguiu fazendo suas peças, até que decide fazer
personagens do seu dia-a-dia como “Seu Durvalino”, “Caçador”, “Lavrador” e
outros. Sua primeira aparição em público como artesão, aconteceu numa exposição
de artesanato do Vale do Jequitinhonha em Belo Horizonte, como representante da Associação dos Artesãos
de Araçuaí, pois Itinga não havia tal organização, foi convidado a dar
entrevista na televisão, e isso
repercutiu no Vale do Jequitinhonha, que ao retornar pessoas passaram a
visitas sua casa, viajantes, lojistas, gente de várias partes do país e assim
foi aperfeiçoando sua arte voltado para
a crítica social e assim cria mulheres
com crianças no colo, crucificadas, lavadeiras, retirantes, gosta de
revelar também os costumes, alegrias, cativeiros, pessoas típicas do Vale do
Jequitinhonha.
Por:
sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017
CONHECENDO O JEQUI - Os Quarteis da 7ª Divisão
OS
QUARTÉIS DA 7ª DIVISÃO
No inicio do século XVII, chegou a região do
Rio Grande de Belmonte, o atual Jequitinhonha Alferes Julião Fernandes, para
comandar a Sétima Divisão Militar, e promover sua ocupação e iniciou o combate
às tribos indígenas em busca de terras propícias às pastagens. No início do
século, era intenso o comércio entre a Vila de Belmonte, na Bahia, norte de
minas, em Minas Gerais, através do rio Grande de Belmonte. Para proteção contra
ataques de contrabandistas e índios, o Alferes Instalou postos de vigia ao
longo Rio, chamados de Quartéis. Foram instalados os Quartéis de: São Miguel –
atual cidade de Jequitinhonha, da Vigia, atual Almenara – de Bonfim - atual
cidade de Joaima, de Salto Grande – atual cidade do Salto da Divisa, e o de
Água Branca, atual cidade Itinga.
Os Quartéis eram aquartelamento de tropas e
sentinela avançada este faziam parte da 7ª Divisão Militar, sob o comando do
alferes Julião Fernandes.
Sob ordens da 7ª Divisão Militar, os quartéis
foram construídos ao longo das margens do Jequitinhonha, dando origem a núcleos
habitacionais ribeirinhas que posteriormente tornaram-se distritos e cidades,
esse quartéis que tinham como propósito defender os interesses da coroa
Portuguesa, forma responsáveis também por um luta sem fim contra os povos indígenas
dessa região.
PASSO A PASSO DA
INSTALAÇÃO DOS QUARTÉIS DA 7ª DIVISÃO
O
Príncipe D. João, em Carta Régia de 13 de maio de 1808, enviada ao
capitão-general Pedro Maria Xavier de Ataide Melo, então governador da
Capitania de Minas Gerais, declarou "guerra ofensiva e justa”, visando a
destruição e destribalização dos índios.
Para
concretização deste intuito a própria Carta Régia determinou a instalação de
seis divisões militares ao longo do rio Doce.
A
colonização do rio Jequitinhonha teve um tratamento diferenciado devido às suas
riquezas diamantíferas. Visando a preservação dos direitos sobre os descobrimentos,
a Coroa, a partir de 1811 designou companhias de Dragões para guarnecerem a
região.
A
Sétima Divisão Militar, comandada pelo Alferes Julião Fernandes Leão se
instalou na região em 29 de setembro de 1811 com sessenta soldados e alguns
índios Maxacali do aldeamento de Lorena dos Tocoiós, fundando nas margens do
rio Jequitinhonha o povoado de São Miguel (atual Jequitinhonha).
A
Companhia da Sétima Divisão imediatamente iniciou o trabalho de construção de
uma estrada rente à margem direita do rio, que partia do recém fundado povoado
de São Miguel até a Vila de Belmonte na província baiana de Porto Seguro.[16]
A
partir da construção da estrada, o Alferes Julião foi instalando quartéis ao
longo do rio Jequitinhonha, embriões de futuros povoados e cidades como Itinga
e Joaíma.
Conforme sugestão
do capitão-mor de Porto Seguro, o rio passou a ser utilizado para transporte de
mercadorias entre Minas Novas e Belmonte.
Subiam
o rio Jequitinhonha, transportados em canoas, sal e produtos raros. Belmonte
recebia as produções mineiras: milho, algodão, toucinho, carne seca, dentre
outros. O mencionado Quartel do Salto, instalado nas imediações da Cachoeira do
Salto, assegurava esse comércio, impedindo o contrabando de ouro e diamante e
os ataques dos índios.[17]
Abandonado
pelos baianos em 1808, o Quartel do Salto foi ocupado pelo Alferes Julião cinco
anos depois.
“A
então denominada oficialmente Guerra Justa teve início efetivamente com a
instalação da Sétima Divisão Militar, e teve também um aspecto fratricida,
pois, como já foi mencionado, os Maxacali, além de empregados em obras
públicas, na abertura de estradas, e como “interpretes ou línguas”, foram
utilizados no combate aos Botocudos.”[18]
Sob
a proteção dos quartéis iniciou-se a ocupação das matas da região. Por outro
lado o governo provincial incentivou a instalação de grandes proprietários,
permitindo que tivessem o monopólio na construção de estradas.
A
instalação dos quartéis resultou no início do processo de devastação
da mata atlântica objetivando a utilização das terras para o plantio das
lavouras e a destruição dos refúgios indígenas. Bastou menos de um século de
ocupação para reduzir a cobertura vegetal a um décimo.[19]
O
passo seguinte foi a completa extinção dos Botocudos e dos grupos como os
Macuni, Panhame, Puri, Koropó e outros, através da destruição cultural, doenças
e massacres.
Acossados,
devido à destruição do seu “habitat”, os índios foram pouco a pouco se
entregando à proteção dos colonos. O resultado desta submissão foi o abandono
das antigas atividades como a caça e a pesca e a adoção da agricultura nos
moldes impostos pelos colonos. Paralelamente, a diminuição do território
aumentou as rivalidades tribais provocando guerras entre os índios, que só
favoreceram aos colonos.
Apoiada
nos quartéis, a colonização da região se deu inicialmente por duas vias:
Do
litoral, a partir de Belmonte subiram o rio colonos comerciantes que se
instalaram pelas povoações ribeirinhas. Da nascente do rio desceram garimpeiros
em busca de novas minas de diamante e lavradores em busca de terra.
No
fim do século XIX o Médio Baixo Jequitinhonha recebeu uma segunda leva de
migrantes provenientes da Bahia e das cidades mineiras do Alto Norte: Espinosa,
Taiobeiras e Salinas.
Fonte de pesquisas
Livro: Memórias de Itinga de Jô Pinto
http://proteuseducacaopatrimonial.blogspot.com.br/
Por
quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017
GIRO PELO VALE - 6º Encontro de Comunicadores do Vale do Jequitinhonha
E foi na pequena
cidade de Cachoeira do Pajeú, entre os dias 27 a 29 de Janeiro de 2017, no
Baixo Jequitinhonha, que aconteceu o 6º encontro de comunicadores do Vale do
Jequitinhonha com o tema “Comunicação, Memórias e Transformação social”, onde
cerca de 200 pessoas se inscreveram para participar das diversas oficinas
voltadas a comunicação social e popular, oficinas que já são uma marca do
encontro. A organização do encontro estava impecável tanto por parte da UFMG
quanto a Prefeitura. E o aconchego da cidade foram elementos que tornaram o
encontro ainda mais agradável.
Algumas cidades
apresentaram suas memórias em torno da comunicação, entre elas a cidade de
Itinga, no qual explanamos um pouco sobre a história da comunicação, mas com ênfase
na importância da Rádio Comunitária, Cultura FM, como ferramenta de se fazer a
comunicação na cidade.
Tivemos também a honra de
ter Tadeu Martins na mesa de debate, um ícone da história da comunicação e dos
movimentos culturais do vale, falando da importância e da memória da
comunicação do jornal Geraes e do movimento cultural do Vale.
Acredito que o encontro
será um divisor de águas para a cidade de Cachoeira do Pajeú, é perceptível que
a cidade busca uma identidade cultural, ou melhor quer resgatar essa
identidade, seu patrimônio cultural material é riquíssimo com casarões e casas
no estilo colonial mineiro, no qual
ainda se encontra bem conservado, mas que já sofre com as intervenções da
modernidade, é uma cidade pitoresca e acolhedora. E foi nesse clima de cidade
do interior que os comunicadores do Vale e de outras regiões mais uma vez se
reuniram, para discutir e pensar uma comunicação com o povo e para o povo, o
encontro deixa também o legado da tolerância, de gênero, credo e raça, todos
juntos em prol de uma mesma bandeira a bandeira a da “humanidade”, no qual a
comunicação tem um papel fundamental no processo de esclarecimento.
O encontro deixa
reflexões, é preciso pensar em formas no qual os comunicadores e os fazedores
de cultura, possam também, repensar o papel político que cada um tem nesse processo
de transformação que queremos para o vale, é preciso de fato da voz e vez através
da comunicação para as questões relacionadas a todos os aspectos políticos desse
nosso rincão de terra, ainda tão sofrido pela mazela da falta de políticas públicas.
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