quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

CONHECENDO O JEQUI - Igreja de São Roque

Foto: Internet
A igreja de São Roque está situada no centro do Comércio Velho, na cidade de Itaobim/MG em terreno plano, o entorno é composto de edificações residenciais  simples de apenas um pavimento, sendo a maioria de adobe com telhado em telhas  curva em cerâmica, tipo capa e bica, produzidas  na própria região, a divisão das propriedades são feitas através de cercas  de arame farpado e varas retiradas nos arredores do lugar.  Do largo da Igreja é possível avistar a Serra que dá passagem para  o Povoado de Pedra Grande e ainda as serras que dão acesso a cidade de Jequitinhonha, os bairros: São Cristóvão,Esperança, Vila Nova, Alvorada,Vila Rica,Guadalupe , também  o Córrego São Roque e o Rio Jequitinhonha. O bairro possui arborização principalmente nos quintais das residências com predominância de árvores frutíferas.
Presume-se que sua edificação ocorreu no final do séc. XIX , com a chegada dos primeiros habitantes ao vilarejo influenciados pelas missões religiosas do processo ultramontano da Igreja Católica, que ocorreu nesse período, na tentativa de se fortalecer institucionalmente. Segundo a senhora Eva Alves Costa (84 anos), foi sua bisavó, a senhora Antoninha Gil, quem doou as terras para o santo, São Roque, para que fossem construídos esta igreja e o cemitério.  Aos poucos o casario foi crescendo no seu entorno e tornou se o centro do lugarejo.  As enchentes que aconteceram no rio Jequitinhonha foram determinantes na historia local, o que também afetou a historia da igreja. Com a enchente de 1919 a estrutura da igreja nada sofreu, mas já em 1928, foi bem diferente, a parte da frente sofreu sérios danos e com a enchente de 1979, parte frontal desaba. Segundo os relatos de moradores, a igreja sofreu apenas uma intervenção após a enchente de 1979, parte de sua nave foi demolida e com isso a igreja diminuiu em seu tamanho original, descaracterizando sua fachada frontal, e, também foi  colocado uma camada de cimento por cima do ladrilho de barro original.
 A igreja mostra linhas arquitetônicas ligadas ao colonial mineiro, define  seus espaços por partido de forma retangular correspondente a duas seções:uma correspondente à nave que se alarga nos flancos da fachada principal e outra pela capela-mor.A nave  está separada do altar mor através de uma escada de madeira fixada à parede deste.
 Tem se pelas laterais duas sacristias cujo piso mantêm-se em sua originalidade em ladrilho de barro. O piso da nave e da capela-mor apresenta-se em cimento natado. O sistema construtivo mostra-se em estrutura autônoma de madeira, embasamento de pedra e vedação em alvenaria de adobe sendo que a fachada da frente por  tijolos de alvenaria. Possui portas e janelas alinhadas do tipo campas com enquadramento em madeira e vergas retas. O acesso principal à igreja é feito por uma porta em verga vedada por duas folhas de madeira, seguida de  um arco  com vedação em tijolo  reboco,.seguindo o eixo da porta principal tem-se a distribuição de  duas janelas de abrir pela lateral direita ,  pela lateral esquerda e aos fundos, os acessos secundários são feitos por duas  portas de abrir sendo uma  pela  lateral direita e outra pela esquerda, todas  de  madeira em verga reta ,pintadas em cor verde . A cobertura faz-se em duas águas, do tipo cangalha,com telhas de barro tipo capa e bica apresentando cumeeira paralela e beiral em galbo nas laterais.
A Igreja de São Roque é tombada pelo patrimônio cultural a nível municipal

Pesquisa: Jô Pinto, para processo de tombamento da Igreja

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segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

MEMÓRIA CULTURAL - Registro da Obra e Arte do Mestre Ulisses Mendes

PATRIMÔNIO IMATERIAL
Registro da Obra e Arte do Mestre Ulisses Mendes
Foto: www.facebook.com/ulisses.mendes.121?fref=ts

A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 216, define seu  patrimônio  cultural brasileiro  os bens  de natureza  material e imaterial, tomados  individualmente ou  em conjunto, portadores de  referências à identidade à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira nos quais se incluem as formas de expressão; os modos de criar; as criações científicas, artísticas e tecnológicas; as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; além de conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.
Os bens culturais imateriais estão relacionados aos saberes, às habilidades, às crenças, às práticas, ao modo de ser das pessoas. Desta forma podem ser considerados bens imateriais: conhecimentos enraizados no cotidiano das comunidades; manifestações literárias, musicais, plásticas, cênicas e lúdicas; rituais e festas que marcam a vivência coletiva da religiosidade, do entretenimento e de outras práticas da vida social; além de mercados, feiras, santuários, praças e demais espaços onde se concentram e se reproduzem práticas culturais.
Tomando consciência da importância do Mestre artesão Ulisses Mendes, o Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural de Itinga, de posse as suas atribuições legais, conjuntamente com a prefeitura Municipal através de seu órgão competente realizou o seu primeiro  Registro, com o objetivo de valorizar um dos artesãos que têm propagado sua arte  e assim  divulgando a cidade por todos os lugares por onde realiza oficinas, expõe suas peças ou  fala sobre a região. O mestre Ulisses Mendes, se tornou um referencia em esculturas feitas em Argila, tem suas obras espalhadas em museus, coleções particulares e públicas, no Brasil e no mundo, ministra oficinas em todo território brasileiro, sendo considerado um dos grande nesse ofício.
Mestre Ulisses Mendes
O artesão Ulisses Mendes, casado, pai de quatro filhos e dois netos, nascido em onze de fevereiro de 1955, na cidade de Itinga, filho de lavrador, que trabalhava duro na roça, fazia tijolo, pescava, garimpava e sua mãe produzia  utensílios domésticos como potes, panelas, vasos dos mais variados formatos e  vendiam na feira semanalmente. Desde sua infância lidou com  a arte do barro, seus parentes faziam potes, panelas e outros utensílios domésticos para vender  na feira, toda semana, assim  ele foi adquirindo gosto e afeição de tanto observar, se arriscava  a fazer brinquedos de barro para  seu divertimento. O ofício de artesão é uma prática constituída geralmente na região, principalmente entre os núcleos familiares ou em comunidade, perpassadas  por gerações, que se incumbem de transmiti-la  através dos griôs  e dotados de tal habilidade.No caso de Ulisses Mendes, aprendeu o ofício de trabalhar o barro com sua mãe, parentes e vizinhança  que fazia artesanato para vender na feira.
Seguindo a rota dos homens desta região, Ulisses Mendes também experimenta a vida em são Paulo.

No seu retorno  de férias em 1979, presenciou, catástrofe que arrasou, destruiu casas ribeirinhas, uma enchente que deixou rastro de muitas perdas, tristezas e doenças, foi aí que  ele resolveu  recriar aquele cenário de casas destruídas, caídas, envergadas e desta forma  inicia-se  as primeiras encomendas, vindas de Araçuaí, Itaobim, Jequitinhonha e outros lugares,  trazendo-lhe boa repercussão e referência quanto ao trabalho que fazia, pois muitos o  consideravam  preguiçoso e outras brincadeiras  pejorativas, eram proferidas, mas isso também serviu de resistência, seguiu fazendo suas peças, até que decide fazer personagens do seu dia-a-dia como “Seu Durvalino”, “Caçador”, “Lavrador” e outros. Sua primeira aparição em público como artesão, aconteceu numa exposição de artesanato do Vale do Jequitinhonha em Belo Horizonte,  como representante da Associação dos Artesãos de Araçuaí, pois Itinga não havia tal organização, foi convidado a dar entrevista na televisão, e isso  repercutiu no Vale do Jequitinhonha, que ao retornar pessoas passaram a visitas sua casa, viajantes, lojistas, gente de várias partes do país e assim foi aperfeiçoando sua  arte voltado para a crítica social  e assim  cria mulheres  com crianças no colo, crucificadas, lavadeiras, retirantes, gosta de revelar também os costumes, alegrias, cativeiros, pessoas típicas do Vale do Jequitinhonha. 

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sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

CONHECENDO O JEQUI - Os Quarteis da 7ª Divisão

OS QUARTÉIS DA 7ª DIVISÃO
No inicio do século XVII, chegou a região do Rio Grande de Belmonte, o atual Jequitinhonha Alferes Julião Fernandes, para comandar a Sétima Divisão Militar, e promover sua ocupação e iniciou o combate às tribos indígenas em busca de terras propícias às pastagens. No início do século, era intenso o comércio entre a Vila de Belmonte, na Bahia, norte de minas, em Minas Gerais, através do rio Grande de Belmonte. Para proteção contra ataques de contrabandistas e índios, o Alferes Instalou postos de vigia ao longo Rio, chamados de Quartéis. Foram instalados os Quartéis de: São Miguel – atual cidade de Jequitinhonha, da Vigia, atual Almenara – de Bonfim - atual cidade de Joaima, de Salto Grande – atual cidade do Salto da Divisa, e o de Água Branca, atual cidade Itinga.
Os Quartéis eram aquartelamento de tropas e sentinela avançada este faziam parte da 7ª Divisão Militar, sob o comando do alferes Julião Fernandes.
Sob ordens da 7ª Divisão Militar, os quartéis foram construídos ao longo das margens do Jequitinhonha, dando origem a núcleos habitacionais ribeirinhas que posteriormente tornaram-se distritos e cidades, esse quartéis que tinham como propósito defender os interesses da coroa Portuguesa, forma responsáveis também por um luta sem fim contra os povos indígenas dessa região.

PASSO A PASSO DA INSTALAÇÃO DOS QUARTÉIS DA 7ª DIVISÃO
O Príncipe  D. João, em Carta Régia de 13 de maio de 1808, enviada ao capitão-general Pedro Maria Xavier de Ataide Melo, então governador da Capitania de Minas Gerais, declarou "guerra ofensiva e justa”, visando a destruição e destribalização dos índios.

Para concretização deste intuito a própria Carta Régia determinou a instalação de seis divisões militares ao longo do rio Doce.

A colonização do rio Jequitinhonha teve um tratamento diferenciado devido às suas riquezas diamantíferas. Visando a preservação dos direitos sobre os descobrimentos, a Coroa, a partir de 1811 designou companhias de Dragões para guarnecerem a região.

A Sétima Divisão Militar, comandada pelo Alferes Julião Fernandes Leão se instalou na região em 29 de setembro de 1811 com sessenta soldados e alguns índios Maxacali do aldeamento de Lorena dos Tocoiós, fundando nas margens do rio Jequitinhonha o povoado de São Miguel (atual Jequitinhonha).

A Companhia da Sétima Divisão imediatamente iniciou o trabalho de construção de uma estrada rente à margem direita do rio, que partia do recém fundado povoado de São Miguel até a Vila de Belmonte na província baiana de Porto Seguro.[16]

A partir da construção da estrada, o Alferes Julião foi instalando quartéis ao longo do rio Jequitinhonha, embriões de futuros povoados e cidades como Itinga e Joaíma.

Conforme  sugestão do capitão-mor de Porto Seguro, o rio passou a ser utilizado para transporte de mercadorias entre Minas Novas e Belmonte.

Subiam o rio Jequitinhonha, transportados em canoas, sal e produtos raros. Belmonte recebia as produções mineiras: milho, algodão, toucinho, carne seca, dentre outros. O mencionado Quartel do Salto, instalado nas imediações da Cachoeira do Salto, assegurava esse comércio, impedindo o contrabando de ouro e diamante e os ataques dos índios.[17]

Abandonado pelos baianos em 1808, o Quartel do Salto foi ocupado pelo Alferes Julião cinco anos depois.

“A então denominada oficialmente Guerra Justa teve início efetivamente com a instalação da Sétima Divisão Militar, e teve também um aspecto fratricida, pois, como já foi mencionado, os Maxacali, além de empregados em obras públicas, na abertura de estradas, e como “interpretes ou línguas”, foram utilizados no combate aos Botocudos.”[18]                           

Sob a proteção dos quartéis iniciou-se a ocupação das matas da região. Por outro lado o governo provincial incentivou a instalação de grandes proprietários, permitindo que tivessem o monopólio na construção de estradas.

A instalação dos quartéis resultou no início do  processo de devastação da mata atlântica objetivando a utilização das terras para o plantio das lavouras e a destruição dos refúgios indígenas. Bastou menos de um século de ocupação para reduzir a cobertura vegetal a um décimo.[19]

O passo seguinte foi a completa extinção dos Botocudos e dos grupos como os Macuni, Panhame, Puri, Koropó e outros, através da destruição cultural, doenças e massacres.

Acossados, devido à destruição do seu “habitat”, os índios foram pouco a pouco se entregando à proteção dos colonos. O resultado desta submissão foi o abandono das antigas atividades como a caça e a pesca e a adoção da agricultura nos moldes impostos pelos colonos. Paralelamente, a diminuição do território aumentou as rivalidades tribais provocando guerras entre os índios, que só favoreceram aos colonos.

Apoiada nos quartéis, a colonização da região se deu inicialmente por duas vias:

Do litoral, a partir de Belmonte subiram o rio colonos comerciantes que se instalaram pelas povoações ribeirinhas. Da nascente do rio desceram garimpeiros em busca de novas minas de diamante e lavradores em busca de terra.

No fim do século XIX o Médio Baixo Jequitinhonha recebeu uma segunda leva de migrantes provenientes da Bahia e das cidades mineiras do Alto Norte: Espinosa, Taiobeiras e Salinas.




Fonte de pesquisas
Livro: Memórias de Itinga de Jô Pinto

http://proteuseducacaopatrimonial.blogspot.com.br/

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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

GIRO PELO VALE - 6º Encontro de Comunicadores do Vale do Jequitinhonha

 E foi na pequena cidade de Cachoeira do Pajeú, entre os dias 27 a 29 de Janeiro de 2017, no Baixo Jequitinhonha, que aconteceu o 6º encontro de comunicadores do Vale do Jequitinhonha com o tema “Comunicação, Memórias e Transformação social”, onde cerca de 200 pessoas se inscreveram para participar das diversas oficinas voltadas a comunicação social e popular, oficinas que já são uma marca do encontro. A organização do encontro estava impecável tanto por parte da UFMG quanto a Prefeitura. E o aconchego da cidade foram elementos que tornaram o encontro ainda mais agradável.
Algumas cidades apresentaram suas memórias em torno da comunicação, entre elas a cidade de Itinga, no qual explanamos um pouco sobre a história da comunicação, mas com ênfase na importância da Rádio Comunitária, Cultura FM, como ferramenta de se fazer a comunicação na cidade.
 Tivemos também a honra de ter Tadeu Martins na mesa de debate, um ícone da história da comunicação e dos movimentos culturais do vale, falando da importância e da memória da comunicação do jornal Geraes e do movimento cultural do Vale.
Acredito que o encontro será um divisor de águas para a cidade de Cachoeira do Pajeú, é perceptível que a cidade busca uma identidade cultural, ou melhor quer resgatar essa identidade, seu patrimônio cultural material é riquíssimo com casarões e casas no estilo colonial mineiro,  no qual ainda se encontra bem conservado, mas que já sofre com as intervenções da modernidade, é uma cidade pitoresca e acolhedora. E foi nesse clima de cidade do interior que os comunicadores do Vale e de outras regiões mais uma vez se reuniram, para discutir e pensar uma comunicação com o povo e para o povo, o encontro deixa também o legado da tolerância, de gênero, credo e raça, todos juntos em prol de uma mesma bandeira a bandeira a da “humanidade”, no qual a comunicação tem um papel fundamental no processo de esclarecimento.
O encontro deixa reflexões, é preciso pensar em formas no qual os comunicadores e os fazedores de cultura, possam também, repensar o papel político que cada um tem nesse processo de transformação que queremos para o vale, é preciso de fato da voz e vez através da comunicação para as questões relacionadas a todos os aspectos políticos desse nosso rincão de terra, ainda tão sofrido pela mazela da falta de políticas públicas.

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MEMÓRIA CULTURAL - UM CASO DE AMOR NA ROTA BAHIA-MINAS

  Imagem: Internet   Seu maquinista! Diga lá, O que é que tem nesse lugar (...) Todo mundo é passageiro, Bota fogo seu foguista ...