PATRIMÔNIO IMATERIAL
A Constituição
Federal de 1988, em seu artigo 216, define seu
patrimônio cultural
brasileiro os bens de natureza
material e imaterial, tomados
individualmente ou em conjunto,
portadores de referências à identidade à
ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira nos
quais se incluem as formas de expressão; os modos de criar; as criações
científicas, artísticas e tecnológicas; as obras, objetos, documentos,
edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais;
além de conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico,
arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.
Os
bens culturais imateriais estão relacionados aos saberes, às habilidades, às
crenças, às práticas, ao modo de ser das pessoas. Desta forma podem ser
considerados bens imateriais: conhecimentos enraizados no cotidiano das
comunidades; manifestações literárias, musicais, plásticas, cênicas e lúdicas;
rituais e festas que marcam a vivência coletiva da religiosidade, do
entretenimento e de outras práticas da vida social; além de mercados, feiras,
santuários, praças e demais espaços onde se concentram e se reproduzem práticas
culturais.
Tomando
consciência da importância do Mestre artesão Ulisses Mendes, o Conselho
Deliberativo do Patrimônio Cultural de Itinga, de posse as suas atribuições
legais, conjuntamente com a prefeitura Municipal através de seu órgão
competente realizou o seu primeiro
Registro, com o objetivo de valorizar um dos artesãos que têm propagado
sua arte e assim divulgando a cidade por todos os lugares por
onde realiza oficinas, expõe suas peças ou
fala sobre a região. O mestre Ulisses Mendes, se tornou um referencia em
esculturas feitas em Argila, tem suas obras espalhadas em museus, coleções
particulares e públicas, no Brasil e no mundo, ministra oficinas em todo
território brasileiro, sendo considerado um dos grande nesse ofício.
Mestre
Ulisses Mendes
O
artesão Ulisses Mendes, casado, pai de quatro filhos e dois netos, nascido em
onze de fevereiro de 1955, na cidade de Itinga, filho de lavrador, que
trabalhava duro na roça, fazia tijolo, pescava, garimpava e sua mãe
produzia utensílios domésticos como
potes, panelas, vasos dos mais variados formatos e vendiam na feira semanalmente. Desde sua
infância lidou com a arte do barro, seus
parentes faziam potes, panelas e outros utensílios domésticos para vender na feira, toda semana, assim ele foi adquirindo gosto e afeição de tanto
observar, se arriscava a fazer
brinquedos de barro para seu
divertimento. O ofício de artesão é uma prática constituída geralmente na
região, principalmente entre os núcleos familiares ou em comunidade,
perpassadas por gerações, que se
incumbem de transmiti-la através dos
griôs e dotados de tal habilidade.No caso
de Ulisses Mendes, aprendeu o ofício de trabalhar o barro com sua mãe, parentes
e vizinhança que fazia artesanato para
vender na feira.
Seguindo
a rota dos homens desta região, Ulisses Mendes também experimenta a vida em são
Paulo.
No
seu retorno de férias em 1979,
presenciou, catástrofe que arrasou, destruiu casas ribeirinhas, uma enchente
que deixou rastro de muitas perdas, tristezas e doenças, foi aí que ele resolveu
recriar aquele cenário de casas destruídas, caídas, envergadas e desta
forma inicia-se as primeiras encomendas, vindas de Araçuaí,
Itaobim, Jequitinhonha e outros lugares,
trazendo-lhe boa repercussão e referência quanto ao trabalho que fazia,
pois muitos o consideravam preguiçoso e outras brincadeiras pejorativas, eram proferidas, mas isso também
serviu de resistência, seguiu fazendo suas peças, até que decide fazer
personagens do seu dia-a-dia como “Seu Durvalino”, “Caçador”, “Lavrador” e
outros. Sua primeira aparição em público como artesão, aconteceu numa exposição
de artesanato do Vale do Jequitinhonha em Belo Horizonte, como representante da Associação dos Artesãos
de Araçuaí, pois Itinga não havia tal organização, foi convidado a dar
entrevista na televisão, e isso
repercutiu no Vale do Jequitinhonha, que ao retornar pessoas passaram a
visitas sua casa, viajantes, lojistas, gente de várias partes do país e assim
foi aperfeiçoando sua arte voltado para
a crítica social e assim cria mulheres
com crianças no colo, crucificadas, lavadeiras, retirantes, gosta de
revelar também os costumes, alegrias, cativeiros, pessoas típicas do Vale do
Jequitinhonha.
Por:
Nenhum comentário:
Postar um comentário