quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

DIÁRIO DE LEITURA - A poesia do abraço nos versou!

 


Ainda nos primeiros minutos de encontro um pequeno beija-flor atravessou o salão e proferiu sua opinião: pairou exatamente diante do púlpito, diante de nossos olhos e diante de nossas esperas. Sua presença foi uma palestra. Iluminou.

O VIII Encontro de Poetas e Escritores do Vale foi uma teimosia. Mas não teve estranhamento. A teima já é uma natureza de quem escolhe acreditar no humano. E é essa a única maneira de saber viver de quem se embrenha pelos caminhos da cultura.

A tristeza das consequências das fortes chuvas, o receio do possível cancelamento e a preocupação com quem enfrentava a estrava foram angústias de nós todos. Presentes ou não. Mas o momento pedia o encontro. Estivemos juntos em nome de quem não pôde, de quem se arriscou e de quem ainda nem foi descoberto. O movimento mantém sua proposta de representar uma literatura irrepresentável. E a poesia só fez o comum, de cumprir sua sina de reflexão e resistência.

A musicalidade, o movimento, o corpo, a poética, a mística, o encontro entre o reconhecido e o chegado, entre a história impregnada e a nascente, entre o abraço e a espera.

O movimento deu mais um passo. Um novo, que traz outras veredas de ajuntamento. A criação da associação é uma demanda organizacional. Mas o compromisso principal assumido em público foi exatamente o de não nos encerrarmos nas sistematizações.

Jequitinhonha bem nos acolheu, nas palavras, nas presenças, na hospitalidade, na estrutura, na organização, na beleza da cidade. Estivemos com a FECAJE, em construções que despertam para o ir além da instituição. A discussão da literatura de autoria feminina representa o compromisso social de um movimento essencialmente de cultura, e a presença da representatividade de gêneros tantos a necessidade de que as discussões permaneçam. Mais uma conquista de entrelinhas: a da autoafirmação.

Um salve aos poetas do Vale. Construímos em presença e energia, mais um belo momento de literatura Valina. De cada um que me lembro, vejo representação neste singelo relato. Apenas uma saudação, em nome de cada pessoa que fez parte de mais um pedacinho dessa história. 

Obrigada, beija-flor!


Herena Barcelos

16 de dezembro de 2021






Fotos Alessandro Xavier - Jornal Informativo

terça-feira, 7 de dezembro de 2021

O ASSUNTO É? - Feira de sábado

 

Feira Mercado de Montes Claros - Foto: Internet

Acordava assustada com minha mãe chamando e nos sacudindo para despertar, pulávamos do jirau e ela nos dava café ralo com alguma coisa para comer. As roupas já estavam arrumadas, vestíamos rapidamente e saíamos para o frio da madrugada. No dia anterior, depois do pôr do sol já havíamos levado as mercadorias para o ponto de ônibus, ela vendia bananas no mercado aos sábados. Os sacos muito pesados de bananas eram levados por ela, na cabeça, não sei como aguentava, tão magra e pequena. Meu irmão e eu, ainda pequenos também levávamos um volume pesado na cabeça, cada um.  Lembro-me de que sentia as juntas de minha coluna se torcerem, achava que não ia aguentar, mas me esforçava, para fazer jus à força de mãe. No sábado de madrugada, rumávamos para o ponto, agora sem nada de pesado nas mãos. O frio era cortante, o céu apinhado de estrelas ainda, de vez em quando via uma correr, mãe mostrava uma formação constelar e dizia serem as três Marias, outra o caminho de São Miguel, acolá o cruzeiro do Sul. O céu lindo, ia clareando aos poucos conforme andávamos rápido, tropeçando nas pernas e nos buracos da estrada, sentindo o sono nos olhos, o frio na pele e animação pela viagem na jardineira de Renato. Quando chegávamos ao ponto, já haviam vários feirantes acocorados em torno de uma fogueira, enrolados em cobertas, com as mercadorias em torno. Ficavam contando histórias sobre as vacas e as roças. Mãe ria e baixinho comentava conosco: “olha, quem conta um conto aumenta um ponto”. A jardineira chegava e ela colocava os volumes pesados dentro, não recebia ajuda de ninguém, hoje sei a razão, as mulheres pretas não costumam ser ajudadas, são consideradas mais fortes. No mercado ocupava uma banca com um primo de meu falecido pai. Há cada sábado a metade reservada às nossas mercadorias ia reduzindo, o primo ia ocupando mais espaço e nos empurrando para o canto. Assim, com o tempo, minha mãe acabou por desistir da banca, pois sentiu que não era bem-vinda ali.  Apesar das injustiças que presenciei na infância, tenho boas lembranças daquele tempo. Tive tantos aprendizados com minha mãe, de tanto ver, ouvir e vivenciar as dificuldades dela, testemunhar sua força, garra, coragem e amor por nós, aprendi a amar também, a cuidar de quem está por perto. Lembro que jamais a vi doente durante toda a minha infância, tanto que já adolescente, ela teve uma crise de dor na coluna e eu a acompanhei no hospital. Fiquei muito preocupada ao ouvir seus  gemidos altos de dor, pois ela jamais se permitiu deitar, mesmo doente, estava sempre de pé, demonstrando força. Representava para mim alguém indestrutível, uma fortaleza. Quando, décadas depois ela partiu, senti como se tivesse perdido uma parte significativa de mim mesma.

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sábado, 4 de dezembro de 2021

EscreVIVENDO convida- Fábia Prates

 

 


E vamos continuar com a nossa série EscreVIVENDO convida, dentro da nossa coluna de sábado. Depois de trazermos a Julia Gomes e a Hérica Silva, chegou a vez de trazer uma jequitinhonhese para a nossa prosa. Espia Só:

 

Sou de Jequitinhonha, estudei lá até o antigo segundo grau - hoje ensino médio - e fui com minha família para Belo Horizonte continuar os estudos. Estudei jornalismo e comecei minha história profissional trabalhando como repórter. Trabalhei em jornais mineiros - Diário do Comércio e O Tempo - e nacionais - Folha de S. Paulo e Valor Econômico. Depois comecei a trabalhar com comunicação corporativa, fazendo assessoria de imprensa para empresas e instituições. Em todo esse período o desejo de escrever esteve em mim. Na verdade, eu sempre escrevi pequenos contos e histórias que considerava infantis. Neste ano, resolvi submeter esses escritos infantis a uma editora e decidimos publicar. Assim, "A viagem de Nini" saiu de uma gaveta virtual de anos e ganhou vida e me traz muita alegria. Tem sido uma experiência muito interessante as trocas. Recentemente estive em Jequitinhonha e visitei algumas escolas para apresentar o livro. Fui muito bem recebida nas escolas e fiquei muito emocionada com as respostas das crianças, que ficaram muito interessadas na história, quiseram ler, outros disseram querer escrever.

O livro nasceu de uma visita que fiz à comunidade quilombola Kalunga, em Goiás. Quando fui lá em 2003, eles viviam de forma muito simples e isolada. A personagem nasce dessa vivência e das minhas leituras do que vivi ali. Pelo livro, eu conto a forma de Nini viver e a forma como ela descobre sobre o seu passado e a história do lugar onde ela mora. ”

 


Que legal, não é?

Vamos conhecer “A viagem de Nini”?





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quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

DIÁRIO DE LEITURA - Degustação com Gustavo Anjos


 


Sou loucamente apaixonado pela literatura. E por meio dos meus poemas tento expressar a confusão mental que carrego em mim. Gosto de escrever porque é algo mágico, é liberta( dor). Neste universo imaginário sigo descobrindo coisas que existe dentro de mim, e que de fato precisa ser expostas. As palavras são como alimentos estragados , quando alimentadas se você não vomita- las pode lhe fazer um grande mal.

Nascido em 03/06/2002 , reside no distrito de Ibitira-Ba município de Rio do Antônio .


 

O POEMA QUE NÃO PARI

Gustavo Anjos

 

Ah, o poema que não pari!

Tantas e tantas vezes me impediu de sorrir .

O poema está aqui dentro,

E não quer sair.

A vagina da minha mente imaginária não o quer parir.

Ele está atravessado entre as pernas da minha mente,

Desesperado,

Atordoado.

O poema continua aqui,

Preso,

Ileso,

Indefeso.

O parto é complicado,

É fato,

Está consumado .

Eis o grande dilema do poema,

O problema é que foram tantos meses de gestação para ele insistir em não sair .

Mas eu não vou desistir ,

Já que demorou tanto tempo para descobrir.

Putz! O poema saiu...

Nasceu,

Nasceu...

O lápis transcreveu em uma folha de papel o sentimento daquela alma que já morreu,

Purifica no silêncio árduo o renascimento desta alma que foi marcada por tanto sofrimento.


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terça-feira, 30 de novembro de 2021

O ASSUNTO É? - Marias do Sertão

 

Retirantes, peças em, argila do Mestre Ulisses Mendes de Itinga/MG


Passou a mão na rodilha e na lata, calçou as sandálias e desceu a trilha da cacimba, de longe ainda ouve os gritos dos meninos brincando ao redor da casa. O sol castigando, a terra seca ganha tons avermelhados, despida de verde. É raro vento. Um cheiro de capim gordura no ar, o pouco que restou da fome do gado. É setembro, se Deus não tiver dó, não sei o que será de nós aqui, pensa, enquanto desce o morro. Carece de fazer uma novena, com procissão, carregar umas pedras até o pé do cruzeiro pra ver se chove. Dia de São José sempre chovia, mas nesse ano não caiu uma gota.  O povo já está arando terra, dá pra ver de longe. Sente no ar o cheiro de assa-peixe, a  planta seca solta um cheiro bom. De dia é quente, de noite gela. É preciso se aconchegar bem com as crianças no colchão de palhas de bananeira. Quando se aproxima da cacimba, já sente o frescor da água escondida entre as bananeiras. Tira as lascas de aroeira que cobrem a abertura. A água cada dia baixa mais, vai enchendo  a lata, depois raspa a argila do fundo, pra destampar os minadouros. Tomara que chova logo. Se chover, não só a cacimba enche, mas também as barrocas. A água das barrocas serve para lavar roupa, molhar horta e para o gado. A água da cacimba por ser  mais leve é para beber. Uma borboleta azul passa perto, muito rápida, se esconde entre as açucenas que nascem na beira da cacimba. Refaz  a rodilha torcendo e enrolando o pano e coloca no alto da cabeça, então se abaixa, ergue a lata, a segura com o osso do quadril e, num gesto ancestral a alavanca ao topo da cabeça. Gotas de suor brilham na pele negra. Olha ao redor e solta um suspiro longo antes de iniciar a subida da ladeira.

 

Dedico este texto a Maria de Jesus P. dos Santos (in memorian), minha mãe e a todas as mulheres negras do Vale do Jequitinhonha, Alto Rio Pardo e Norte de Minas que lutam contra a seca e/ou a escassez.


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sábado, 27 de novembro de 2021

EscreVIVENDO – Reflexão poética

 

Legenda: arte ESCREVIVÊNCIAS NEGRAS da empreendedora @arte.de.maria. Conheçam o Instagram desta papelaria maravilhosa. Na foto: Roxane Gay./ Chimamanda./ Carolina Maria de Jesus./ Conceição Evaristo./ Maya Angelou./Bell Hooks./ Sueli Carneiro./Angela Davis.

É porque está escrito

 

Os meus traços afros traduzem os meus sentimentos ancestrais e existenciais.

O sorriso ainda tímido confronta as minhas versões outrora irreais.

Ele me levou a compreender o impacto da escrita em meu ser.

A escrita me salvou. A escrita me libertou. Ou foi eu quem a resgatei?!

E assim... ela superou regras, medos, condutas e ABNT.

Sentar, pensar e escrever, hoje, se traduzem no verso do verbo “EscreVIVER”.

Eu estou falando de nós.

Pois a Mulher Preta carrega em si a potência da escrevivência.

Não é para te calar. É só para te avisar que a ela você também deve escutar.

Este é o meu sustento.

É por isso que aqui estou.

Avante.

Pois não estamos sós.

 

 

Dedicada à Herica Silva

 

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terça-feira, 23 de novembro de 2021

O ASSUNTO É? - Personalidades Negras /Maria de Lourdes Vale Nascimento

 

Imagem: Internet


Dando continuidade ao propósito de apresentar personalidades relevantes para a luta do povo negro no Brasil, hoje falarei sobre Maria de Lourdes Vale Nascimento, importante militante negra que atuou entre as décadas de 1940-1960. Foi uma das fundadoras do Teatro Experimental do Negro (TEN), na década de 1940. Nessa instituição, voltada para a formação de atores e atrizes negras para atuar no cinema e no teatro, Dona Maria Nascimento, como era conhecida, fundou o Departamento Feminino. Tal setor foi responsável pela organização de aulas de inglês, alfabetização e preparo profissional voltados para os trabalhadores e trabalhadoras que frequentavam aulas noturnas. Ali funcionava também um balé infantil voltado para crianças negras. No Departamento Feminino do TEN, foi organizada também uma associação profissional de trabalhadoras domésticas. Maria Nascimento era assistente social de formação e se preocupava com as questões sociais que impactavam principalmente as negras e negros: “É inacreditável que numa época em que tanto se fala de justiça social possam existir milhares de trabalhadoras como as empregadas domésticas, sem horário de entrar e sair do serviço, sem amparo na doença e na velhice, sem proteção no período de gestação e pós-parto, sem maternidade e sem creche para abrigar seus filhos durante as horas de trabalho” (Joselina da Silva. Mulheres negras: Histórias de algumas brasileiras) No Jornal Quilombo, ela possuía espaço na coluna Fala Mulher,  na qual se dirigia às mulheres negras e discutia temas como o combate ao racismo e a necessidade do aumento da participação política das mulheres negras no destino do País: “Se nós, mulheres negras do Brasil, estamos mesmo preparadas para usufruir os benefícios da civilização e da cultura, se quisermos de fato alcançar um padrão de vida compatível com a dignidade da nossa condição de seres humanos, precisamos sem mais tardança fazer política […]” (citado por Joselina Oliveira). Na década de 1950, Maria Nascimento criou o Conselho Nacional das mulheres negras, espaço no qual era oferecido atendimento jurídico à população negra  e  expedidas certidões de nascimento. Maria Nascimento foi casada com o célebre Abdias Nascimento, tendo juntos fundado o Teatro Experimental do Negro (TEN), entretanto, encontramos poucas referências à atuação de Maria, mesmo imagens dela na internet são raras. Sua atuação em favor da defesa de seu povo foi, de certa forma, apagada. Isso ocorre devido às desigualdades de gênero que impactam as mulheres, sobremaneira as negras. Entretanto, a partir das últimas décadas do século XX, com o fortalecimento das lutas coletivas das mulheres negras e a emergência do feminismo negro, muitas das nossas intelectuais e militantes negras têm sido redescobertas, destacadas em pesquisas, tiveram seus textos reunidos e publicados em formato de livro ou reeditados seus livros. A primeira vez que tomei conhecimento acerca de Maria Nascimento foi ao ler o livro da Dra. Joselina da Silva Oliveira “Mulheres negras: Histórias de algumas brasileiras”. E agora, ao pesquisar para escrever este texto, encontrei o livro “Maria de Lourdes Vale Nascimento: Uma intelectual negra do Pós-abolição” escrito pela Dra. Giovana Xavier e publicado em 2020. Cabe a toda pessoa que deseja se engajar na luta antirracista e antissexista conhecer o pensamento das/dos intelectuais negras/os e assim ampliar os conhecimentos sobre a história do povo negro. Fico por aqui. Axé

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sábado, 20 de novembro de 2021

EscreVIVENDO- Algumas reflexões sobre a escrita da mulher negra brasileira: contribuição para este dia 20 de novembro.

 

 

Arte Vinicius Figueiredo 


No Brasil, o corpo negro tem sido, durante séculos, violado em sua integridade, o que leva e sempre levou ao povo negro desenvolver formas de resistência que estão expressas na formação do nosso país, por meio da dança, da música, da culinária, da religião e, também, da escrita.

Apesar de lidar com séculos de apagamento e perseguição dos seus corpos, nós, mulheres negras, sempre escrevemos, embora o mercado editorial há pouco tempo tenha se ampliado, para este público.

Vejamos então, algumas escritoras negras:

Você sabia que a Maria Firmina dos Reis, com o seu romance “Úrsula”, foi a primeira romancista e a primeira mulher a escrever um romance abolicionista no Brasil, em 1859? Historicamente, a sua imagem foi apagada, confundida com uma escritora branca, a gaúcha Maria Benedita Borman. Maria Firmina nasceu em 1882, na ilha de São Luís (MA). Começou a estudar de forma autodidata, vindo a ser a primeira professora concursada do Estado do Maranhão, com 25 anos de idade, e falecendo em 1917, no município de Guimarães, como aprendi com a escritora Jarid Arraes.

Você sabia que Carolina Maria de Jesus, escritora de diversas obras, dentre elas o famigerado “Quarto de Despejo: diário de uma favelada”, foi, além de autora de livros, compositora e contista? Li Carolina, pela primeira vez, com quatorze anos. Tenho ficado cada vez mais empolgada em estudar sobre a sua vida e a sua obra. Esta autora é mineira, nasceu na cidade de Sacramento, em 1914, vindo a falecer em São Paulo-SP, no dia 13 de fevereiro de 1977. No referido livro, Carolina narra em forma de diário o seu cotidiano na constante busca pela sobrevivência na favela, por meio de uma linguagem simples, direta, comovente e com um extremo realismo que toca quem a lê. Observamos as marcas da violência, do alcoolismo, da negligência do poder estatal e do constante descaso da política brasileira, naquele contexto. Ler Carolina me faz pensar, inclusive, que, mesmo após 61 anos da primeira publicação desta sua obra, vários quartos de despejos estão sendo e podem vir a ser reescritos no Brasil.

E você conhece a escritora Maria Roberta Souza Mendes? Ela é da minha cidade, Araçuaí. Tem apenas 17 anos. Estuda no Instituto Federal do Norte de MG-Campus Araçuaí, e pretende ingressar na faculdade de Direito ou Jornalismo. Adora ler e escrever, sobretudo, sobre o racismo e o machismo. A sua inspiração começou com o projeto “Literartes”, no Instituto em que estuda. Interessou pela área e fez alguns poemas do que mais interessava. " - Por que a nossa cor interfere na ação de um policial? - ", ela diz. Escreve a raiva que sente ao abrir um noticiário, pois a escrita, para Maria Roberta, é onde ela pode expressar os seus sentimentos. Com a ajuda de alguns amigos, criou uma página literária, dando início a um sonho, o instragram: @verdadespoemas.

Tendo em vista estas inspirações negras, fico pensando sobre a importância de destacar que a nossa subjetividade não se separa da nossa escrita, pois não existe uma escrita neutra. Portanto, se é para falar de nós, que exerçamos a nossa “escrevivência”, como tenho tentado, neste espaço, como uma mulher negra.

Aproveito para destacar que, neste dia 20 de novembro, possamos discutir sobre o real significado de se reconhecer como povo negro, que é algo que não deve ser esgotar apenas neste mês ou neste dia. Se a maioria da população brasileira é negra, 56,10%, (IBGE, 2020), e tendo em vista que a formação sócio-histórica deste país nos revela que convivemos com quase quatro séculos de escravização desta população, negar esta marca é perder de vista a totalidade da constituição deste país. E a luta das mulheres negras tem uma grande contribuição para esta reflexão.

Dessa maneira, hoje, dia 20 de novembro, data de morte do conhecido líder quilombola Zumbi dos Palmares, momento de rememorar a luta por igualdade racial, faz-se necessário que falemos não só de Zumbi, mas de sua parceira, a Dandara. Como afirma Jarid Arraes, em “Heroínas Negras Brasileiras”, ainda há poucos dados sobre vida desta lutadora, não tendo a confirmação se ela nasceu no Brasil ou em alguma parte do continente Africano. Morreu em 1694, jogando-se de uma pedreira, para não voltar a condição de escravizada. Que simbólico, não é? Fiquei sabendo disso há pouco tempo e quis partilhar com vocês.

Portanto, a mensagem que quero deixar, hoje, para a contribuição deste dia tão importante para a formação e para a resistência do povo brasileiro, é que cada vez mais possamos destacar a contribuição que, nós, as mulheres negras, damos para este país, e que a nossa escrita, também, possa ser compreendida como um enfrentamento às opressões, ainda que possamos escrever sobre tudo, como qualquer outra pessoa.

 

Este texto foi inspirado no artigo “Literatura negra: uma poética de nossa afro-brasilidade” de Conceição Evaristo e no livro “Heroínas Negras Brasileiras” de Jarid Arraes. Ambos os materiais foram objetos de consulta para referências.


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quinta-feira, 18 de novembro de 2021

DIÁRIO DE LEITURA – Série Dica do Leitor


PAULA MENDES

Natural de Medina, Médio Jequitinhonha. Graduada em Licenciatura em Educação do Campo. Especialista em Educação do Campo. Atriz do Grupo de Teatro Meninos do Vale. Monitora de Educação Infantil. Agente Cultural. Mediadora do Leia Mulheres Araçuaí se reconhecendo como escritora.

 

Sempre li livros que considero bons, durante minha vida tive muito contato com leituras, por influência do meu pai, e este contato sempre foi marcado por fases em que eu me aproximava e me distanciava dos livros. Nesse vem e vai, um me tocou de forma diferente:

“A menina que roubava livros”. O li ainda na adolescência e o título me chamou a atenção, primeiramente, porque eu amava livros e logo fiquei curiosa pra saber que menina era essa e o porque ela roubava, atitude que vindo do sexo feminino, para mim, mulher, condicionada a ser a boazinha, achava muito radical (no sentido bom), outra porque ela não roubava qualquer coisa, eram livros, “inteligente e rebelde” eu pensava.      

Ao longo da leitura a minha constatação não estava errada. A história, contada pela morte, se passa na Alemanha nazista, mas especificamente na rua Himmel, na cidade de Molching (cidade fictícia). A personagem principal, Liesel Meminger, tem sua infância e adolescência marcadas por este contexto, marcas que perduraram por toda sua vida. Ela lida com o luto, com o medo, com a fuga, com a fome, mas também tem experiências boas, faz amizades, com pessoas, com os livros e diria até com a própria morte. O autor, Markus Zusak, consegue trabalhar todos esses temas com muita sensibilidade e seriedade. Se você, como eu na adolescência, se interessou pela roubadora de livros, te convido a embarcar nesta história emocionante.

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terça-feira, 16 de novembro de 2021

O ASSUNTO É ? - Personalidades Negras - Beatriz Nascimento



Hoje quero falar um pouco sobre a intelectual, ativista e poeta Beatriz Nascimento. Nascida em Aracaju-SE em 1942, filha de uma dona de casa e de um pedreiro, Bia como era chamada pelas pessoas próximas, mudou-se para o RJ com a família em 1949. Entre 1968 e 1971, Beatriz Nascimento cursa História pela UFRJ, faz pesquisa no Arquivo Nacional e torna-se professora da rede estadual do RJ. Foi uma das fundadoras do Grupo de trabalho André Rebouças na UFF. Neste período, Beatriz estabeleceu relações com pesquisadores/as das questões raciais do Brasil e do mundo, participou de vários grupos de ativistas antirracistas e manteve relações estreitas com o Movimento Negro Unificado. Deixou várias publicações em periódicos diversos, continuou seus estudos de Pós-graduação na UFF. Sua produção mais conhecida foi o documentário Orí (1989) cujos textos foram escritos e narrados por ela. O documentário traz os movimentos negros brasileiros entre 1977 e 1988, relaciona Brasil e África, tendo como centro a noção de Quilombo, entrelaçada à própria trajetória de Beatriz Nascimento. Escreveu diversos poemas que foram encontrados nos seus arquivos, não tendo sido publicados. Em vida Beatriz Nascimento alcançou visibilidade por seus estudos sobre Quilombo, porém, sofreu um apagamento nos círculos acadêmicos sobre a questão racial no período, marcados pelo predomínio branco e pela ênfase à escravidão, conforme a própria Beatriz Nascimento: “Quando cheguei na universidade a coisa que mais me chocava era o eterno estudo sobre o escravo. Como se nós só tivéssemos existido dentro da nação como mão de obra escrava, como mão de obra pra fazenda e pra mineração. (1989 citado por Ratts em Eu sou Atlântica).

Beatriz também problematizou a questão da segregação racial no Brasil, que mesmo não sendo legalizada, funciona ao restringir negros e negras a alguns espaços, impedindo-nos de ocupar outros lugares valorizados da sociedade, como o espaço educacional: “Esse processo costuma ser longo e insidioso e começa já na escola primária. Lá em Sergipe, para citar um fato concreto. Eu estudava numa escola que era num terreno arrendado de minha avó, era em frente à casa dela; pois bem, eu muitas vezes inventava um dor de barriga e fugia, sabe  por quê? Porque tinha pouquíssimas crianças negras, iguais a mim na escola. E esse fenômeno acontece comigo até hoje. Eu me sinto mal, me dá uma sensação de isolamento quando eu estou num grupo onde não têm muitos pretos. (entrevista citada por RATTS em Eu sou Atlântica). Sobre o conceito de Quilombo, Beatriz pretendia mostrar a continuidade histórica da formação de quilombos pelos negros e negras: “demonstrar que os homens e seus grupamentos, que formaram no passado o que se convencionou chamar “quilombos”, ainda podem e procuram fazê-los. Não se trata de, no meu entender, exatamente de sobrevivência ou de resistência cultural, embora venhamos a utilizar estes termos, algumas vezes como referência científica. O que procuramos neste estudo é a “continuidade histórica”, por isso me referi a um sonho. (RATTS, Eu sou Atlântica) É desta continuidade que Beatriz trata no documentário Orí. Infelizmente a trajetória da intelectual negra foi interrompida precocemente por um feminicida. Porém, seus pensamentos permanecem no tempo eternizando-a e merecem ser estudados de forma mais aprofundada. Para a escrita deste texto utilizei como fonte o livro de Alex Ratts “Eu sou Atlântica: Sobre a trajetória de vida de Beatriz Nascimento”, o livro traz um estudo das produções intelectuais de Beatriz, entremeados à sua trajetória de vida. O documentário Orí é outra fonte importante que pode ser assistido por quem desejar conhecer mais sobre esta importante intelectual brasileira. Axé! Até a próxima!


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segunda-feira, 15 de novembro de 2021

MEMÓRIA CULTURAL - Mulher de Vida Fácil?

 

Dona Maria Cheirosa - Foto: Internet

Maria das Dores Ribeiro, entregue por sua mãe, à  uma família aos cinco anos, tem suas tranças decepadas. Dormia  numa esteira, e, tinha de  andar com lenço na cabeça, que era “pelada” de tempos em tempos’’. Ali tinha de varrer quintal, passar roupa, cuidar de criança de colo, cozinhar, buscar água no rio. E ainda não via ruindade, porque era a sina de toda menina nessa condição.

Depois de certo tempo começou a fugir, várias vezes, mas era trazida de volta. Aos 12 anos, conseguiu escapar,  foi  atrás de sua mãe, que morava numa zona rural de Araçuaí. Não demorou muito para que o companheiro de sua genitora lhe fizesse mal no meio do mato. Expulsa de casa, pois sua mãe não acreditou na filha. Embarcou de carona na “Maria Fumaça” , transporte ferroviário , que a levou até Teófilo Otoni.

Nesta cidade perambulava pelas ruas , dormia pelas calçadas e obrigada a se entregar para qualquer alma, que lhe desse comida. Circulou por  botecos e salões, assim conheceu o prazer da dança e das doenças venéreas aos treze anos .

De volta para Araçuaí, foi acolhida na rua das mulheres. Um pouco mais crescida, passou a usar faca, presa várias vezes , por ultrapassar o limite  estabelecido pela sociedade do velho Kiau.

Chegou aos vinte anos como gerente de um  bordel, e aos quarenta, tornara-se proprietária do “Para Todos”. Carregava duas marcas, uma cicatriz no braço esquerdo, feita por alguém com vidro de garrafa e uma tatuagem e no braço direito o nome do seu amado, que quando alcoolizado lhe batia e Maria rebatia.

Também nunca soube escrever seu próprio nome,  mas sabia somar o dinheiro e fazia bom uso dele para criar seus filhos. Sonhou em entrar na igreja  com seu vestido de noiva, mas foi barrada pelo Bispo da cidade. Também não pode ver seu filho se formar, porque foi impedida de entrar no Clube, onde ocorria o evento.

Assim Maria Cheirosa, com seu Cashmere bouquet, vestido de renda, flor no cabelo,   sofreu, amou, brigou, teve de ouvir “aqui você não entra”, carregou a marca de tantas MARIAS. __Você  é capaz de achar  que essa MARIA, foi mulher de vida fácil?

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quinta-feira, 11 de novembro de 2021

DIÁRIO DE LEITURA - DEGUSTAÇÃO – com Dannara Bahia

 


Me chamo Dannara Bahia, mas conhecida como Nikita, sou da cidade de Medina-MG, meu maior orgulho é ser parte, mesmo que pequenininha, desse vale maravilhoso intitulado Vale do Jequitinhonha. Tenho 19 anos.

A poesia chegou até mim através da poetisa Cristina Gonçalves de Aguilar, a qual sempre me incentivou a escrever. Escrever pra mim vai muito além de esboçar um papel, são meus sentimentos descritos em uma folha e que possivelmente algum dia alguém irá se identificar. Ao escrever consigo libertar meu pensamento. Faço parte do GTMV (GRUPO DE TEATRO MENINOS DO VALE) e através dele pude abranger mais ainda o meu conhecimento. Carrego em mim o dom da escrita, dom esse que eu e o meu falecido tio tínhamos em comum e foi com ele que eu aprendi que esse dom salvaria a mim e muitas outras pessoas. Ao continuar escrevendo sinto a presença dele mais perto e assim sigo minha caminhada.

Aproveitando o momento, agradeço a Alex Konrado pelo convite, sinto-me honrada em participar desse projeto.

Não posso terminar sem antes agradecer a mainha (Cida Bahia) e a minha outra mainha (Ivone Rafael) por sempre estarem ao meu lado nessas andanças da vida, agradeço aos meus amigos e também a ASCOMED, pois foi através dela que pude me sentir uma poetisa ao me dar a chance de declamar pela primeira vez em 2019.


Anjo no altar

Dannara Bahia


Nesse altar tem luz,

Luz esta que poderia iluminar

um quarteirão inteiro;

 

No meio do altar há uma pessoa.

Essa pessoa não é Padre,

bispo, pastor, pastor ou

qualquer outra pessoa.

Sua mão se estende em minha

direção e, ao me tocar, um

arrepio e uma sensação de lar

me preenche; sinto como se

todo o caos que havia em meu

peito estivesse se esvaindo,

dando lugar a um sentimento

de paz, segurança.

 

E dentre outros sentimentos

há um que eu não consigo

nomear, mas é tão forte que

não sou capaz de segurar

minhas lágrimas.

 

Logo sou despertada dos

meus devaneios ainda

segurando a sua mão,

aos poucos no altar silencioso

soa uma melodia, daquelas

que te transportam para o

seu interior, onde antes era

desordem agora é calmaria.

 

Por fim, sou puxada para algo

pelo qual meu coração estava

implorando... Entendi nesse

momento o que era tudo

aquilo: um anjo me salvou de

 mim mesma e do meu caos.

E para selar a sua conquista,

me abraçou para sentir que

nunca estou só.


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terça-feira, 9 de novembro de 2021

O ASSUNTO É? - Nosso Povo

 

Laudelina de Campos Melo

Foto: Internet

Estamos no mês de novembro, dedicado à Consciência Negra. O dia 20 de novembro foi escolhido pelo movimento negro por se tratar da data da morte do herói Zumbi dos Palmares, assassinado enquanto lutava por uma sociedade mais justa no contexto da escravidão. Ao longo deste mês, nós, pessoas negras conscientes, dedicamo-nos a reflexões sobre nossa história e à comemoração das nossas conquistas. Porém, não nos restringimos ao mês de novembro, visto que estamos na luta durante todo o ano. Quero, ao longo deste mês, neste espaço, destacar algumas lideranças importantes na luta do povo negro brasileiro.  Começo por Laudelina de Campos Melo, nascida em 1904, na cidade de Poços de Caldas-Minas Gerais, filha de pessoas alforriadas. Desde criança, demonstrava muita força e coragem, a ponto de sua mãe dizer que a menina parecia um homem, visto que, força e coragem, historicamente, são características atribuídas aos homens. Foi explorada como doméstica a partir dos sete anos de idade com a morte do pai. Na adolescência, Laudelina engajou-se em atividades das organizações negras de Poços de Caldas, tornando-se presidente do Clube Treze de Maio aos dezesseis anos. Mudou-se para a cidade de Santos, em 1924, e participou de organizações negras, como a Associação Saudade de Campinas. Na década de 1930, filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro (PCB), militou na Frente Negra Brasileira (FNB) e fundou a primeira associação de trabalhadoras domésticas em Santos. Em 1937, com a ditadura do Estado Novo, a associação foi fechada. Na década de 1940, Laudelina mudou-se para Campinas, onde percebeu o racismo nos anúncios de contratação de trabalhadoras domésticas que exigiam mulheres brancas. A partir de então, passou a lutar contra o racismo direcionado às trabalhadoras domésticas negras, vinculando-se a organizações do movimento negro da cidade. Organizou bailes e desfiles de beleza voltados para jovens negras/negros. Em 1961, fundou a Associação de trabalhadoras domésticas, que posteriormente se transformou no primeiro sindicato de trabalhadoras domésticas do Brasil. Faleceu aos 86 anos, em 1991, deixando sua casa para o sindicato de trabalhadoras domésticas da cidade. Hoje, Laudelina é reconhecida como um ícone de luta em favor das mulheres negras. Sua história foi pesquisada e está registrada em livros, como na pesquisa de Elisabete Aparecida Pinto “Etnicidade, gênero e educação : a trajetória de vida de D. Laudelina de Campos Melo (1904-1991) e no livro “ Heroínas negras brasileiras”, de Jarid Arraes. Faz-se presente também em documentários como “Laudelina: Suas lutas e conquistas”, produzido pelo museu da cidade e “Laudelina de Campos Melo: Uma narrativa sobre negritude em Poços de Caldas”. Laudelina de Campos Melo é uma das pessoas que nos inspiram na luta contra o racismo e o sexismo.


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quinta-feira, 4 de novembro de 2021

DIÁRIO DE LEITURA - VII Encontro de Poetas e Escritores do Vale do Jequitinhonha

 



Por Herena Barcelos e Alex Konrado

 

Alguma coisa buliu no pacote literário do Jequitinhonha. Remexidos que estamos, há também alguma coisa de incômodo que nos leva a falar, e pela fala encontrar e mostrar nossa voz. Tadeu Martins nos avista num ciclo gracioso de 20 anos de destaque da literatura valina, como foram os últimos 20 para o teatro, e antes para a música, e antes para o artesanato. Depois de tanta história, quem pode duvidar de Tadeu? Aguentamos o peso da responsabilidade suavizados pela delicadeza da poesia.

Nosso sétimo encontro, ainda que virtual, traz um panorama da efervescência. E da multiplicidade. E do diálogo. Diferentes gerações, diferentes estilos, diferentes opiniões, todos conversando a língua da possibilidade literária. Um colorido que vem sendo a marca desse movimento, que intenta então tomar seus prumos e virar coletivo.

A multiplicidade ganhou espaço nas palavras dos participantes, seus projetos, suas realizações e admiranças. E pode ser experimentada ainda hoje nas produções de nosso prêmio, uma brincadeira de experimentações literárias premiadas com a poesia de nosso artesanato.

 

Veja abaixo, o que Alex Konrado tem a dizer sobre sua participação no Encontro:

 

Participar do VII Encontro de Poetas e Escritores do Vale do Jequitinhonha, foi outra experiência incrível! Esta foi a minha segunda participação, as duas em edições virtuais. A aproximação que venho buscando junto aos escritores e escritoras da nossa região, tem sido fundamental para adquirir muitos aprendizados.

 

Confesso que antes de me dedicar à escrita de poemas, conhecia pouco sobre a produção literária no Vale do Jequitinhonha. Conhecia pouco sobre quem escrevia. A partir do momento que comecei participar do Movimento, percebi o quanto precisava mergulhar nesse oceano cultural... Não podia mais permanecer distante de tudo isso.

 

A felicidade do momento foi ainda maior com o resultado do Festival de Poemas promovido dentro do Encontro. Ter um poema duplamente premiado em um Festival no Vale do Jequitinhonha, é uma honra para qualquer poeta. Pois, a nossa região é abençoada com o melhor da poesia. Temos grandes poetas que me despertam admiração e inspiração.

 

“Meus romances”, é um poema muito especial para mim. É uma pequena narrativa da marginalização que existe em torno dos sentimentos e relacionamentos homoafetivos. Saber que muitas pessoas se sentiram tocadas com uma mensagem tão importante, mexeu muito comigo... fortaleceu a ideia de que a poesia é um poderoso meio de trazer para o debate, inúmeras realidades ignoradas.

  

Links dos poemas inscritos no Festival de Poemas do VII Encontro de Poetas e Escritores do Vale do Jequitinhonha

·         Meus Romances – Alex Konrado

< https://www.youtube.com/watch?v=gJb_huobbCM >

·         Ser Poeta – Terramar Alves Luz

< https://www.youtube.com/watch?v=I_wN_NW3mjU >

·         Das Muitas Formas de Dizer ao Tempo – Hérica Silva

< https://www.youtube.com/watch?v=uCFPXmv4zYw >

·         O Provável Sopro do Poema – Cláudio Bento

< https://www.youtube.com/watch?v=75gTu7jp6I8 >

·         Soneto da Madrugada – Edinalva Ramalho

< https://www.youtube.com/watch?v=MoWPRl4NMqA >

·         Socorro – João Arantes

< https://www.youtube.com/watch?v=U7slGgFGrYA >

·         Nas Mãos – César Macedo

< https://www.youtube.com/watch?v=stN0olXcUIs >

·         O Alvorecer – Silvana Flor

< https://www.youtube.com/watch?v=Pw4Yl7_wfh8 >

·         Jequi – Marilete Santos

< https://www.youtube.com/shorts/lJmCWDxUWN0 >


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