sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

GIRO PELO VALE - Itinga de luto, faleceu Pe. Lucas Evangelista Gusmão.

 

Faleceu na manhã desta sexta feira, 29/01, em Belo Horizonte, o Pe. Lucas Evangelista Gusmão.

Natural de Itinga, filho de Dona Neuza Evangelista e de Zenom Gusmão, descobriu desde a sua adolescência a vocação para o sacerdócio.

Ordenou - se Padre em 1976, sua ordenação foi realizada pelo bispo Dom Silvestre Luis Scandian S.V.D.

Foi pároco em Águas Vermelhas, Coronel Murta, Medina e atualmente estava na paróquia Nossa Senhora do Patrocínio, cidade de Itaipé.

Deixará saudades na família e amigos, mas ele vai ao encontro do pai celestial, tendo a certeza que levou p evangelho a quem precisou.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

MEMÓRIA CULTURAL - Capela de Santa Cruz

Foto: Angela Freire

Uma construção no alto de morro, da Rua Aimorés, próxima a Igreja Matriz de Araçuaí, em estilo singular,  numa arquitetura vernacular, encontra-se a Capela de Santa Cruz. Ela sofreu durante muitos anos, com o isolamento que provocou  processo de arruinamento, mas no bojo das memórias, não faltaram histórias para compor a sua existência neste  local.

Nunca houve nenhum estudo, que comprovasse a verdadeira origem deste templo. Mas as fontes  orais não permitiram o esquecimento deste bem, segundo João Guimarães Rosa: “Só sabemos de nós mesmos com muita confusão”. Então temos de reconhecer que a comunidade  constrói o saber que a sustenta, e o saber da religião popular é uma memória salva pelas redes sociais de trocas  e a religiosidade popular não é acervo histórico, mas manifestação de vida, ao qual a vida social não pode ser explicada unicamente pela concepção dos que dela participam, já que há causas profundas que escapam à consciência dos falantes.

Na busca para se explicar a Capela de Santa Cruz, a oralidade popular nos oferta algumas versões, das quais mencionamos algumas mais freqüentes, entre as pessoas mais velhas, que ouviram falar sobre esta capela:

I.Teria sido local de sepultar pessoas que cometiam suicídio. Antigamente a Igreja Católica não permitia sepultar os suicidas com outras pessoas, pois consideravam o cemitério da cidade, como “campo santo”, por isso não podia macular o lugar, enterrando pessoas que cometeram tal pecado.

II. Em frente à capela, havia um cruzeiro com os símbolos do martírio de Cristo. Por isso contavam que o templo, servia para guardar os objetos da semana santa.  Relata inclusive um episódio, decorrente a uma das enchentes que assolaram a cidade, todos os paramentos, alfaias e imagens foram perdidas, e, o esquife com Senhor morto, teria sido encontrado chegando no encontro das águas do Araçuaí, com o Jequitinhonha.  Na ocasião os Franciscanos mandaram  construir a Capela de santa Cruz . Havia inclusive a celebração em 3 de Maio, anualmente, para comemorar a festa de Santa Cruz. A programação era composta de terço, procissão, o cruzeiro e a capela eram iluminados com lamparinas de azeite.

III. A mulata Luciana Teixeira, fundadora da cidade, teria erguido a capelinha no alto do morro, para poder rezar. Após o desentendimento com o Padre em Itira, não podia entrar em nenhuma igreja católica. Havia a restrição, quanto às  prostitutas, elas não podiam entrar em igreja, por estarem vivendo em pecado.  Mesmo sem o vigário, era celebrada a festa de Santa Cruz, no dia 3 de Maio.

 Tal devoção possui raízes em Portugal, prática religiosa que persiste por alguns lugares do país. A festa  de santa Cruz, caiu no esquecimento, mas a capela ainda resiste a um passado de muitas histórias  que o povo conta e reconta, em suas  diferentes  versões.

Dizem  ainda que, havia o costume no dia da festa de Santa Cruz, o povo ao redor do cruzeiro , fazia a penitência de cem vezes ajoelhar-se e levantar-se, fazendo o sinal da cruz  a reza:

Alma minha, ponha-se rígida e forte, que a morte é certa e ela virá. No caminho encontrará o inimigo da alma e assim dirá: Arreda Satanás, que em mim em parte nenhum não terá. No dia de Santa Cruz, cem vezes me ajoelhei, cem vezes me  “apelosinei!”

 

https://www.facebook.com/tempo.cuidar/videos/298940078152890/?__so__=serp_videos_tab

 

 


 

quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

OPINIÃO DO BLOG - Crônica. Pele escura, por Otacilio Mendes

 



Crônica. Pele escura

Otacilio Mendes – Itinga/MG

 

Que raiva de ser preto. Era essa a ideia que tinha quando ainda adolescente tentava compreender o mundo.  Eu não era otacilio, era aquele negrinho do alto do cruzeiro. Não conseguiam me ver como um ser normal e com nome. E ainda brincavam com isso, que eu achava que era um elogio, o negrinho do pastoreio. No fundo eu ficava feliz por se tratar de um grande personagem da literatura, porém, não imaginava o grau de racismo proferido naquele elogio. Não entendia o riso no final da frase dita. Quando me despertei para a razão, deixei de ser besta, como diz o nosso povo, percebi o quão discriminado eu era numa sociedade de negros. Já ouvi de mães de negros, a expressão aquele negro para se referir a mim.  O racismo estrutural tem os pilares profundos e como eu na minha inocência, tem milhões sendo elogiados no trabalho, na sociedade, na igreja, nas escolas e em cada pedaço de chão que possam estar os negros. Hoje sei que minha voz é forte o bastante como qualquer outra voz para gritar: chega! Vamos viver a harmonia da humanidade onde o amor e a fraternidade andam juntas. Chega de alimentar esta estrutura podre que faz sofrer no íntimo aqueles que já sofreram na história. Ser negro é uma ligação direta com os trabalhos menos remunerados. Fui numa palestra e como atrasou um pouco fiquei no meio da plateia de professores e acabei me identificando para um professora e ela imediatamente quis que a colega conhecesse o professor Otacilio. E a colega passou um raio laiser de código de barras em todas a extensão do meu corpo e disse: ah, é você o palestrante? Eu percebi que o detector dela era racista e resolvi contar a minha história de vida naquela palestra. No final ela me pediu desculpas com outro ato de racismo. "Menino" como você fala bem. O orgulho é tanto em poder ter a pele escura, de ter visto o Brasil surgir com a colaboração de tantos braços pretos e do suor da pele escura no processo de construção. Hoje sei que a minha negritude agrada muito mais que desagrada, sei que o negro tímido e discriminado, cresceu e se encheu da mais profunda razão e se revestiu de fé. Percebi a importância de olhar para tudo com um olhar racional, capaz de ajudar o racista a entender o mundo. Calar, nunca mais. Que raiva que tenho quando vejo negros calados.

terça-feira, 5 de janeiro de 2021

segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

MEMÓRIA CULTURAL - Pífano

 


            O pífano é um instrumento musical, similar a flauta transversal feito  artesanalmente, por isso  em alguns lugares é  conhecido  como flauta de taboca ou de taquara.

            No Brasil há referência do pífano a partir de 1584, através de um dos jesuítas, Fernão Cardim. Estes religiosos se dedicaram a preparação da fé católica e ao trabalho educativo. Percebendo que não seria possível converter os Índios a fé católica sem que soubessem ler e escrever. Os Jesuítas desejavam convertê-los ao cristianismo e aos valores europeus; os colonos estavam interessados em usá-los como escravos.

            Fernão Cardim ingressou-se na Companhia de Jesus, vindo para o Brasil em 1.583 visitando  diversas regiões do Brasil, citando o instrumento acompanhado de tambores, nas mãos de índios e de portugueses, associado a manobras militares ou comemorações religiosas.No século XVIII o uso pífano esteve presente em festas de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, no Vale do Jequitinhonha.

          Por tanto o pífano foi introduzido junto à população por duas vias: a via indígena, que vem da época da colonização, da introdução do pífano pelos índios e tem a segunda via – em Minas, por exemplo, onde ele é vinculado aos negros, sem qualquer traço indígena e com um toque militar.

            O pífano no Brasil esteve associado à área militar até o século 19, como  instrumento militar, ligado à infantaria, dentro das forças portuguesas. O pífano, tal como nos exércitos europeus ia à frente da infantaria enquanto na cavalaria havia o trompete. Há inúmeros documentos que mencionam o pífano, inclusive no tempo de Dom João VI, que em sua guarda de honra tinha pífanos e caixas (tambores), mas, não se usa mais este instrumento com conotação militar. 

             Atualmente existem centenas de grupos pelo Brasil formados, em grande parte por descendentes dos primeiros tocadores de pífano, que guardam similaridade com o que existia há alguns séculos.

            É possível encontrar ainda grupos de pífanos em grande número de cidades do nordeste, norte de Minas, notadamente no interior. Nas capitais ou nas grandes cidades já não se guarda a mesma tradição. Assim como a sua denominação varia, a sua composição também tem sensíveis diferenças, mas seus instrumentos básicos são dois pífanos, um surdo, um tarol e um bombo ou zabumba.

            O tocador de pífano é chamado de pifeiro, músico autodidata, sabe as músicas, as melodias oralmente, muitas delas criadas por ele mesmo, por outras bandas ou por alguém que ele conhece e sabe de ouvido. Em geral ele é membro de uma família de pifeiros, ou está dentro de uma comunidade onde ele aprende de ouvido. Suas referências são visuais e auditivas.

            Os componentes das bandas são, na sua maioria, trabalhadores rurais que se ocupam da agricultura de subsistência, trabalhando no "alugado", ou cultivando sua pequena roça. Reúnem-se antes de cada apresentação e repassam o repertório. O pifeiro tradicional, está mais ligado ao ambiente rural. São pessoas simples, que lidam com o campo, plantações, gado, situados em um nível social às vezes menos favorecido. Mas isto não é uma característica apenas dos pifeiros porque também, antigamente quem tocava nas bandas de música eram escravos que faziam outros serviços e além disso tocavam outros instrumentos.

            Nos tempos atuais  também tem o pifeiro urbano que aprendeu o pífano pelos discos, pelos CDs , em oficinas de convivência social. Mas tem ocorrido muito modificações quanto ao material do instrumento, que originalmente  era de taquara, está sendo substituído por cano de PVC com a justificativa de ser material fácil de se encontrar e de baixo custo em estabelecimentos comerciais.

Por 



sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

FESTIVALE 40 anos - Agradecimentos

 


Depois de 40 Semanas de homenagens do Blog Espaço livre aos 40 anos do FESTIVALE, chegou a hora dos agradecimentos.

Foram 95 matérias em homenagem aos 40 anos do FESTIVALE: Narrativas, depoimentos e fotos, todas essas matérias geraram mais de 14 mil visualizações no blog.

Sendo assim quero agradecer primeiramente a Deus, que nos permitiu concluir esse projeto em um ano tão conturbado.

Agradecer a todas as pessoas que mandaram seus depoimentos, seja por convite ou que acharam necessário escrever algo sobre sua trajetória no FESTIVALE. Minha gratidão a todos, aos que atenderam nosso convite e enviaram seus textos e também aqueles que por algum motivo não tiveram como enviar.

Aos idealizadores deste evento, por nos dá a oportunidade de celebrar ano a no o que temos de melhor, nossa “ Cultura Popular”

Ao Movimento Cultural do Vale do Jequitinhonha ( Grupos de Cultura Popular, Artesãos, Músicos, Poetas, Grupos de Teatro e agentes culturais) porque de fato são vocês que realizam o FESTIVALE.

A FECAJE, que apesar de todas as dificuldades e adversidades consegue manter nosso FESTIVALE vivo a cada ano.

A todos que de uma forma direta ou indireta contribuíram e contribui no fazer cultural do FESTIVALE.

             Agradecer as mais de 110 mil visualizações que nosso blog atingiu nesses 10 anos de existência, e as matérias sobre o FESTIVALE contribuíram para esse resultado.

            OBS: Nosso blog é um espaço livre, sendo assim, quem quiser pode nos enviar sua narrativa sobre o FESTIVALE, que teremos o maior prazer em publicar.

              

      FONTE: todas as informações sobre o FESTIVALE publicadas durante estas 40 semanas, foram retirada do projeto piloto do livro  com titulo de “ Festivale: Cultura e resistência de um povo” de minha autoria e no qual pretendemos lançar nesse ano que se inicia.

 

Muito obrigado!

Jô Pinto, quilombola, professor, produtor/gestor cultural e idealizador deste blog

 

 

 

MEMÓRIA CULTURAL - UM CASO DE AMOR NA ROTA BAHIA-MINAS

  Imagem: Internet   Seu maquinista! Diga lá, O que é que tem nesse lugar (...) Todo mundo é passageiro, Bota fogo seu foguista ...