Arte: Jashad Macbee |
Depois de meses de lutas, expectativas,
articulações e medos, no coração da renovação educativa e cultural do Brasil,
eis que nosso Presidente da República Federativa do Brasil, nosso estimado Presidente
Lula, anuncia o que tanto esperávamos, a criação do Instituto Federal
Quilombola, uma entidade pioneira destinada à promoção da igualdade de
oportunidades e à valorização das comunidades quilombolas e tradicionais, em
uma primeira instância no nosso querido Vale do Jequitinhonha, mas que é
esperança para criação de outros.
Essa luta não apenas por um centro
educacional, mas como um marco na luta pelo reconhecimento e pela valorização
da identidade do povo quilombola e demais povos tradicionais desse país, no
qual ajudaram a erguer essa nação com suor é sangue.
Essa luta não é de agora, esse sonho de uma
escola pública, de qualidade e que valorize o saber popular, os povos que estão
no território, também não é de agora, é um sonho de sempre...., foi uma luta de
muitos, no qual alguns nem estão mais entre nós.
Já nos fizeram acreditar que teríamos escolas
públicas federais em nossa região e que elas cumpririam esse papel, mas as que
aqui foram instaladas, não cumprem os objetivos que sonhamos, são apenas
instituições escolares para garantir a mão de obra especializada para o mercado
capitalista.
Temos agora uma nova esperança, estamos
eufóricos, sonhado e acreditando que agora vamos realizar esse sonho, que às
vezes é tão utópico.
Mas ainda é utópico! Vencemos uma primeira
etapa, mas ainda temos muito trabalho pela frente, enfrentar os oportunistas
que agora se colocam como pais da criança, será preciso uma construção coletiva
com instituições, organizações sociais e pessoas que tenham o mesmo senso
comum. Essa escola precisa ser diferente, desde a construção do prédio ao
projeto político pedagógico, precisamos e devemos respeitar as diretrizes da
base curricular nacional, mas precisamos fazer uma discussão ampla para que as
idéias que temos sobre educação inclusiva para os povos tradicionais estejam
incluídas nesse novo modelo de escola. Será preciso incentivar o nosso povo a
prestar concurso público, em instituições federais de ensino, para que essa
nova escola tem mais cor e diversidade.
Nós povos de quilombos representamos um
capítulo fundamental na história do Brasil, onde nossos povos outrora
escravizados resistiram contra o sistema opressor criando comunidades livres,
conhecidas como quilombos. Com o passar dos séculos, nossas comunidades
quilombolas mantiveram sua rica cultura e tradições. Em resposta à
marginalização histórica e à necessidade de inclusão dessas comunidades no
sistema de educação formal, o governo instituiu o Instituto Federal Quilombola,
uma reparação histórica e necessária.
Para todos nós, de modo muito especial aos
que vieram antes de nós, temos a consciência que esse instituto será criado com
o intuito de servir como um polo de desenvolvimento educacional, com um
currículo adaptado que respeita e incorpora os saberes tradicionais quilombolas.
O plano pedagógico será inovador, procurando equilibrar conhecimentos técnicos
e científicos com práticas e conhecimentos ancestrais, garantindo assim uma
educação integral e representativa.
Com uma gama de programas de curso
educacionais, superior e técnico, o Instituto Federal Quilombola se destacará
pelo seu comprometimento com a formação continuada e inclusiva. Os cursos
oferecidos cumprirão seu papel de dialogar com as mais diversas áreas do
conhecimento, técnico e ancestral,nas áreas da agricultura sustentável, gestão
ambiental, estudos culturais, educação para o patrimônio e a cultural, entre
outros, todos sob a perspectiva da realidade dos povos tradicionais.
A criação desse instituto estende-se á para
além das paredes das salas de aula. Há um claro comprometimento com o
desenvolvimento local, fomentando projetos que estimulam a economia das
comunidades quilombolas e tradicionais. O acesso à educação de qualidade tem o
objetivo de proporcionar uma transformação social, permitindo que jovens e
adultos quilombolas e de outras comunidades tornem-se embaixadores de sua
cultura e história.
Por fim concluo dizendo que meu coração esta
em festa e que sonhos outrora adormecidos, acordou com o anuncio da criação do
Instituto Federal Quilombola, no Vale do Jequitinhonha, na cidade de Minas
Novas. Acredito eu que o Instituto Federal Quilombola não será apenas um
exemplo de inclusão e reconhecimento educacional para o Brasil, mas também para
o mundo. Ele representa um passo importante para reparar injustiças históricas,
garantindo que as próximas gerações de quilombolas e outros povos tradicionais
possam prosperar, preservando suas tradições e, ao mesmo tempo, engajando-se
ativamente no diálogo global de inclusão das ditas minorias, mas que somos
maioria.
Esta instituição é um farol de esperança e um
modelo para iniciativas semelhantes no restante do país e em outras nações.
Estão nos permitindo sonhar novamente.
Ubuntu
Jô Pinto,
na terra das Águas Brancas
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