Há lugares que nos marcam
profundamente, Milho Verde-MG é um desses. É uma vila que fica no Alto
Jequitinhonha, próximo à cidade de Diamantina. A primeira vez que ouvi seu nome
singular, fiquei encantada e muito interessada em conhecer o lugar. Desde que
foi possível, guardo no coração e sempre que sinto saudades de Milho, retorno
em pensamento através das memórias aprazíveis que tenho do lugarejo. Lá a vista
se perde no horizonte azulado, as casas têm quintais, com mangueiras,
girassóis, roseiras, brincos de princesa, amarílis. A população local é
acolhedora, predominante negra, visto que
é uma região com forte presença quilombola. Há pessoas de outras regiões
do Brasil e de outros países que se apaixonaram pelo lugar e ali fixaram
residência. Lá tem um chafariz numa
clareira ladeado de açucenas, cercado de árvores apinhadas de passarinhos. A rua principal da Vila não é calçada, e sim,
recoberta de areia e gramíneas, tem trechos com pouca iluminação, o que é permite apreciar os vaga-lumes e o céu
estrelado, nessa rua ficam áreas de camping que recebem pessoas do Brasil e do
mundo. A vida cultural gira em torno da igrejinha, que fica num lugar elevado,
ao lado do cemitério antigo. Em Milho Verde respira-se melhor e têm-se a sensação
de que o tempo desacelera. Anualmente sedia um festival de inverno que reúne
artistas da região e de vários lugares do país, há também as festas populares
da região como a festa de Nossa Senhora do Rosário, uma festa tradicional que
mescla catolicismo popular com tradições africanas. A economia local é baseada
na agricultura de subsistência e no turismo. Na região, há quilombos como o dos
Baú em Ausente, lugarejo próximo. Não posso deixar de falar da principal atração da região, as cachoeiras. A
cachoeira do tempo perdido, magnífica em sua grandiosidade e beleza, cercada de
rica vegetação, localizada na Vila de Capivari, bem próxima de Milho Verde. A
cachoeira do Moinho na entrada da Vila, para a qual é possível ir caminhando,
lugar belo e agradável. A cachoeira do Lajeado cuja trilha permite apreciar os
horizontes largos, a rotação do sol, os beija-flores e uma gama de passarinhos,
além da vegetação com uma infinidade de plantas como bromélias, orquídeas,
sempre-vivas e quaresmeiras. São algumas das muitas belezas da região, que
atualmente é ameaçada pela expansão da mineração predatória, como outras regiões
paradisíacas de Minas Gerais. Vale a pena conhecer Milho Verde e todo o Vale do
Jequitinhonha.