Fonte: https://www.facebook.com/DepositoDeCartuns?fref=ts
terça-feira, 26 de maio de 2015
segunda-feira, 25 de maio de 2015
MEMÓRIA CULTURAL - PILÃO
PILÃO
Mulheres de Cabo Verde, utilizando o Pilão |
O pilão tem sua origem árabe, mas foi na
África que ganhou afirmação, chegando ao Brasil no período colonial, trazido
pelos negros. Trata-se de um utensílio
doméstico, de madeira, fixado ou não ao
chão, muito utilizado nas nossas casas, com formatos variados, seja arredondado, quadrado; ao meio
há um espécie de buraco, em que se depositava o alimento ou ingredientes para
ser triturado com ajuda de outro elemento integrador deste artefato: a mão de
pilão; o ato para este movimento pode ser feito com uma ou mais pessoas,
conforme o tamanho deste.
No Vale do Jequitinhonha usa a
expressão normalmente “socar ou pilar”; no movimento sincronizado, quase uma
brincadeira em constituir o ato de bater e levantar a mão de pilão , soando
como uma acústica rítmica na produção de triturar o alimento, como é o caso do
café . Antigamente depois de retirado do pé, secado ao sol, era levado ao
pilão com o propósito de retirar a casca , peneirava e assoprava até
render sacas ou produção expressiva para
aquela casa, no entanto o processo ainda prevalecia, pois tinham de torrar a
semente(levar a semente ao fogo, mexendo para não pegar cheiro) depois de
torrado, o efeito através do cheiro e a fumaça, exalava para o bairro inteiro;
o café era socado, peneirado de forma bem
fininha e colocado em latas com tampas; posso salientar que era
comum o aproveitamento de latas de banha
ou de leite Ninho. Poderia elencar inúmeros trabalhos e receitas como:
descascar arroz, socar o milho pra extrair a farinha de milho, as paçocas de:
amendoim, carne seca, gergelim, bofe, etc.
O folclorista Luiz Câmara
Cascudo, em seu Dicionário do Folclore Brasileiro (1954) relata a predominância
da utilização do pilão:
(...)na África os esparregados
de plantas cruas são feitos no pilão. No Brasil, o milho era seu freguês clássico. A massa ou
xerém para o cuscuz, canjicão, bolo de milho, a batida para ‘tirar o alho’,
eram serviços de pilão. ...O arroz da terra, avermelhado, era descascado no
pilão. Havia várias formas de retirar a casca sem quebrar o grão. O café,
depois de torrado no caco, panela rasa, de barro, ia ser pilado. Como o milho e
a paçoca. Pilavam horas e horas. Essas operações eram confiadas às mulheres.
Quase sempre duas, no mesmo pilão, alternando as pancadas, e cantando.
(...) Na cozinha, os utensílios, como o pilão, tinham
para os negros e indígenas uma importância que o português desapercebeu,
mediante outras maneiras de esmagamento, no almofariz ou gral. Dava um sabor
inesquecível aos alimentos feitos com essa preparação. O café pilado jamais
poderia comparar-se ao café moído à máquina, na opinião popular, saudosa do
pilamento insubstituível. A paçoca exigia o pilão, sob pena de não ser paçoca.
Na África, os esparregados de plantas cruas eram feitos no pilão. No Brasil, o
milho era seu freguês clássico. A massa ou xerém para o cuscuz, a canjica, o
bolo de milho, eram batidos os grãos, para “tirar o olho”, no pilão (LIMA,
1999, p. 50).
Na religião ou na cozinha, o pilão ganhou notoriedade
no Brasil , pois era comum junto ao enxoval
da noiva e os dotes que se ofertava, havia um pilão, muitas vezes confeccionado especialmente para
aquele casal e presenteado a noiva.
Apesar de não estar mais em evidência na sua utilização,
caindo de moda decorrentes as descobertas tecnológicas, facilitou a vida de
muita gente, mas o pilão ganhou elemento agregador, servindo de adorno na decoração de ambientes rústicos e de
requinte.
Na música, o artefato também ficou
registrado na música “Cintura Fina”, de Luis Gonzaga:
Cintura Fina
Minha
morena, venha pra cá,
Pra dançar
xote, se deitar em meu cangote,
E poder
cochilar,
Tu és
mulher pra homem nenhum,
Botar
defeito, e por isso satisfeito,
Com você
eu vou dançar.
Vem cá,
cintura fina, cintura de pilão
Cintura de
menina, vem cá meu coração
Quando eu
abraço essa cintura de pilão,
Fico frio,
arrepiado, quase morro de paixão,
E fecho os
olhos quando sinto o teu calor,
Pois teu
corpo só foi feito pros cochilos do amor.
Por
quinta-feira, 21 de maio de 2015
DIÁRIO DE LEITURA - ARTIGO SOBRE O BOI DE BALAIO DE SANTO ANTÔNIO DO JACINTO/MG
BOI DE BALAIO: MEMÓRIA COLETIVA E IDENTIDADE
CULTURAL NA PRÁTICA EDUCATIVA EM SANTO
ANTÔNIO DO JACINTO-MG
Fabiane Pereira Vargens
Maria Célia da Silva Gonçalves
Noite de autógrafo com as autoras: |
Resumo: O presente artigo reflete a performance do grupo Boi de Balaio da
comunidade rural Serra Alta, município de Santo Antônio do Jacinto-MG, na
prática educativa, realizada na Escola Estadual Clemente da Rocha Bandeira,
com alunos do primeiro ano do ensino médio, partindo do pressuposto que a
educação deve (re) construir oportunidades à cultura local de ser (re) conhecida
pelos alunos. O grupo representa o reisado e o bumba-meu-boi, memórias
coletivas aprendidas e repassadas, geradoras de identidade cultural. A metodologia
utilizou-se de questionários, entrevistas coletivas, registros fotográficos
e fonográficos. O marco temporal foi fixado de 1988 – 2008 em função de ser
esse o tempo de existência do grupo, estando em atuação há 20 anos.
http://univale.br/central_informacao/anexos/2622/9122013033334_revista-fcjp[1].pdf
Por:
quarta-feira, 13 de maio de 2015
Giro Pelo Vale - Jequitinhonha de luto, Morre Amélia de João Pí, Irmã do Rosario de Minas Novas
Foto: Lori Figueró |
E o dia 13 de maio, dia que comemoramos o fim da
abolição da escravidão, dia de Nossa Senhora de Fátima, amanhecemos com uma
noticia ruim, partiu para o plano espiritual, aos 95 anos a mais velha
irmã do rosário de Minas Novas. Amélia Lopes Soier (Amélia de João Pí), assim
escreveram na pagina do facebook do Congado de São Benedito Salve Maria, sobre ela
" A rua nove de março (antiga rua da boa
vista) se encontra totalmente de luto por perder um tesouro, um museu e com
certeza um baú de sabedoria! A vida dela se resume em humildade e fé,
sempre presente em eventos religiosos e principalmente nas novenas do rosário.
excelente benzedeira, ótima poeta e sempre alegre. Enfim, você estará
sempre presente em nossa memória!
Vá em paz amélia você que era mulher de verdade
como sempre dizia!
" Bom dia, se eu tivesse abóbora te vendia, se eu
tivesse cozido nos comia, se eu tivesse a pinga rebatia, mas não deixe dá o bom
do dia"
Amelia
Lopes Soier
Que Nossa Senhora do Rosário a conduza ao braços do Pai,
Salve Maria!
Por
terça-feira, 12 de maio de 2015
segunda-feira, 11 de maio de 2015
MEMÓRIA CULTURAL - CRUZ DO LÚCIO
Capela da Cruz do Lúcio- Foto: Ângela Freire |
Nas muitas
histórias que ouvimos da cultura do
povo, do Vale do Jequitinhonha, em MG., encontramos na cidade de Araçuaí , numa
comunidade rural denominada de Macieira
. Conta o povo , que existiu há atrás, no tempo do cativeiro, uma fazenda
nesta região , em que os donos possuíam
muitos animais e também muitos negros , trabalhavam de sol a sol, sem nenhum direito ou remuneração , eram submetidos as piores
humilhações .
Certo dia, o Sinhô,
notificado do desaparecimento de um dos seus animais de estimação , chamou o
negro Lúcio, lhe ordenou que fosse procurar, este saiu imediatamente pela mata
fechada, sem comer e sem beber, o moço procurou por todo o dia,
ao cair da tarde ele retornou a sede da fazenda , e , com ar
de desesperançado logo falou de sua
busca sem êxito. O sinhô furioso,
chicoteou o pobre infeliz,
e, sem nenhuma piedade para com o negro, no açoite das chicotadas e
dos palavrões, mandou Lúcio
de novo procurar, com o aviso de que, só deveria voltar com o animal ,
caso contrário, a morte seria seu prêmio
pela incompetência. Sob os gritos e
chicotadas, os outros negros da fazenda viam e escutavam calados, pelas
frestas, pois, corriam o risco de ter a mesma sorte, caso fossem apanhados assistindo
tamanha crueldade.
Dizem os que
viram: o negro adentrou-se aquele mato novamente, em meio a escuridão que pairava naquela
noite, nem a lua o acompanhara., diante de tanta dor, desespero , fome e sede,
passou-se dias, e, Lúcio não retornou; até que certa vez campeando animais perdidos, próximo de uma
lagoa, ao longe avistaram um corpo , em
sua volta borboletas coloridas ao redor, aproximando mais , constataram de quem se tratava. O que chamou atenção dos
negros ao chegarem bem mais perto: o
corpo estava em perfeita composição, ainda com as marcas das chicotadas ,
parecia ter morrido naquele instante,e, o que se admirava , que havia meses o
desaparecimento de Lúcio, era impossível
o corpo não entrar em putefração.
A notícia correu na fazenda às
escondidas, pois se o sinhô soubesse, não hesitaria em torturar alguém. E no silêncio da noite, fizeram o sepultamento do negro Lúcio,
colocando uma cruz para demarcar o
lugar, rezaram pela alma do irmão e daí fizeram do lugar um ponto de oração, com a
freqüência das pessoas , não demorou muito em noticiar uma graça alcançada e
por intercessão da Cruz do Lúcio.
A notícia se
espalhou, e o dono da fazenda não pode conter mais, pessoas vindas de todos os
lugares, vinham rezar , até que com a
permissão dos donos deixaram construir uma capela e passou-se a celebrar o dia
da Cruz do Lúcio, com novenas,
festa em sua homenagem como forma de
pagamento de promessa, aglomerando um número
significativo de gente.
Até hoje , a
festa é celebrada no dia 06 de Agosto, para agradecer as graças alcançadas em honra do sacrifício do negro Lúcio, a cruz
já foi substituída por muitos, na tentativa de reproduzir e recriar a história, no local a visão privilegiada de uma paisagem natural,
cheia de arbustos e plantas do cerrado, existe uma estrada de acesso as
fazendas que existem, a capelinha solitária
avisa e convida a contemplação,
sendo que primeiro exige-se que
visualize e se coloque diante da cruz, seja para rezar ou apreciar o cenário.
Lembrar de
histórias assim, significa contar as atrocidades e constatações com o povo negro, sabe-se que a abolição foi extinta por lei em 1888,
mas sob qual condição de sobrevivência viveria esta gente? Sem direitos, nem
sequer o pão que comia, portanto , mesmo
tendo ciência de sua liberdade, não havia condições de se libertar. Por
isso precisamos contar estas histórias
que compõe o universo da oralidade popular,
apesar de não haver provas concretas, sabe-se que alguém ouviu, viu e
contou para alguém, que recontou para outro, o outro então reproduziu e que até
hoje recriamos e estamos neste momento
passando a você que acabou de ler e deverá
passar adiante.
Por
sexta-feira, 8 de maio de 2015
Sexta Literária - Catadores de Sonhos
Obra de Portinari |
Meninos com as
peneiras catando estrelas, ouvindo histórias de rezas de lavadeiras, bebendo
sonhos na poeira do sertão, beijando
flores quais pipas no quintal, e ouvindo em liberdade, em fantasias os sinais
como travessuras de uma pipa cortando céu, vendo a essência humana nestes
meninos em carrosséis.
Cantando histórias de
pés no chão, falando de saudades do dia em que os tempos se foram e ficou os
pés, as flores e o mesmo céu, uma pessoa.
E o coração sem bandeira canta o tambor da áfrica, os cantos das
florestas o arco do índio vem da maré da favela, do centro, orixás das
ladainhas, do serrado, do pé no chão, do congado, vem do ribeirão, vem da
areia, vem da alma da pureza,, vem da voz das lavadeiras, dos carros de bois,
vem das namoradeiras estes cantos de canoeiro, vem do vale em um mundo inteiro, vem do ribeirão , vem das areias este canto de pureza.
Danilo Alves
quinta-feira, 7 de maio de 2015
Giro pelo Vale - Vale de Luto, Morre Izalino Francisco de Oliveira, "Seu Tuca"
Q
Que pena, morreu um Mestre da Cultura Popular. Minha cidade e o Jequitinhonha perderam um grande cantador. Eldvin Mendes, poeta e produtor cultural escreveu assim sobre Seu Tuca: "Izalino Francisco de Oliveira, Seu Tuca, 83 anos,natural de Rubim. Vaqueiro, amansador de burro bravo e construtor de currais, sempre conciliando estes ofícios com suas maiores paixões: as folias de reis e as trovas. Através das cantorias celebrava a alegria, a dor, a saudade e o amor pela saudosa Dona Antônia, mãe de seus dez filhos que lhe deram vinte e três netos e quinze bisnetos. E Seu Tuca dizia : o meu amor pela viola é igual ao amor que sinto pela minha falecida mãe." E ele foi tocar viola pra ela em outros vales do céu.DIARIO DE LEITURA - lançamento do Livro "Memórias do Municipio de Virgem da Lapa"
Boa novas, esta previsto para o dia 24 de Julho de 2015 as 19;30 horas, no Auditório Padre Júlio Gamboa. Virgem da Lapa MG o lançamento do livro "MEMÓRIAS DO MUNICÍPIO DE VIRGEM DA LAPA" de Dário Teixeira Cotrim. toda cidade precisa ter suas memória eternizadas em livros.
terça-feira, 5 de maio de 2015
segunda-feira, 4 de maio de 2015
MEMÓRIA CULTURAL - FESTA DA SANTA CRUZ
Em Itinga a devoção a santa cruz
chegou na segunda metade do século XVIII, colocado em fazendas como os da a
comunidade de pasmado empedrado, Pasmado, Carrapato e Santa Maria ,conforme o
lugarejo ia crescendo os cruzeiros iam se espelhando e a festa da Santa Cruz também, a festa era
motivo de alegria para o grupo de congado da Santa Cruz onde seus componentes
cantavam e dançavam ao som de caixas, tambores e violas, tal manifestação
acontecia durante as novenas celebradas antes de 03 de Maio dia da Santa Cruz,
Sendo que os principais nomes da congada da Santa Cruz são: Pedro Marco, Célio,
e Sebastião, apesar de ser manifestada em quase todo município, era na
comunidade de Carrapato que acontecia a mais bela festa do Santo Cruzeiro, Além
da novena que antecedia o dia três de Maio , havia também a preparação dos
comes e bebes para a grande festa que ali se realizaria, também era comum os
membros da família na véspera do dia da Santa Cruz, enfeitar se as suas Santa
Cruzes rito que consistia em adornar com flores e fitas, pequenas cruzes de
madeiras que eram fixadas nas portas das casas, eles acreditavam que nesta
mesma noite nossa Senhora passa beijando cada uma das cruzes que foram ornadas
e dessa forma, dispensado as mercês necessárias a cada uma das zelosas famílias,
o terço da Santa Cruz é uma das manifestações de fé mais sacrificantes que
existe, é necessário rezar 100 pai e nosso, 100 ave marias e 100 credos, e a
cada pai e nosso e Ave Maria se joelha e se levanta , se entoa rezas de domínio
publico cantada em forma de lamentos.
“ Minha alma remede e forte, que a
morte avemos de passar, os inimigos de Santa Cruz me encontraram e ti dirás;
afasta – se de mim satanás, parti comigo tu não terás, porque hoje é dia de
santa cruz, cem vezes ajoelhei, cem
vezes persinalizei e cem ave Maria rezei, arreda e afasta satanás, porque essas
almas não são suas, ao dia da Santa Cruz direi mil vezes Jesus.”
Este é um dos benditos entoadas no
dia da Santa Cruz, hoje não se tem mais a festa da Santa Cruz no Municipio de
Itinga, apenas se celebra o terço no dia 03 de maio na igrejinha de bom Jesus e
na comunidade do Pasmado que tem como padroeiro a Santa Cruz. Os cruzeiros
estão espalhados por todo o município, em quase todas as comunidades rurais
existe um cruzeiro principalmente em frente das igrejas, cemitérios, fazendas e
nas estradas, na cidade existi o cruzeiro dos martírios em frente à Igrejinha
do Bom Jesus e este é o mais importante, ele fica na parte alta da cidade no
bairro Alto Santa Cruz, em todo o corpo da cruz a lembranças da vida e do
crucificamento de cristo: coroa, coração, túnica, o galo , a pomba, as
correntes, as escadas, os pés, as mãos e as lanças. No centro da cidade existe
o Cruzeiro de Santa Luzia fica em frente
a prefeitura municipal, antigamente ele era de madeira hoje é de concreto; e
até a década de 30 existia o cruzeiro
das missões, demolido para a construção da praça Cel. Hermelino Gusmão.
(Texto do Livro - "Memórias de Itinga" - Autor: Jô Pinto)
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MEMÓRIA CULTURAL - UM CASO DE AMOR NA ROTA BAHIA-MINAS
Imagem: Internet Seu maquinista! Diga lá, O que é que tem nesse lugar (...) Todo mundo é passageiro, Bota fogo seu foguista ...
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