Pois assim em tempos de crises me recorri esta reflexão feita por uma mulher, um mulher guerreira tão comum no Jequitinhonha, para que nos cidadãos possamos pensar um pouco mais sobre tantas coisas erradas que acontecem no mundo, em nosso país, em nosso estado , em nossa cidade, e ai me pergunto até quando vamos achar que a água que entra no barco é de responsabilidade do outro, precisamos sair do nosso estado de hibernação e fazer a nossa parte, por mais pequena que seja ela fará a diferença, pense nisso, ou você vai querer afundar sem fazer nada?
quarta-feira, 30 de setembro de 2015
OPINIÃO DO BLOG - A culpa é do outro
segunda-feira, 28 de setembro de 2015
MEMÓRIA CULTURAL - Chafariz
Foto: Internet- meramente ilustrativa |
E
depois de 08 dias sem água nas torneiras de minha querida Itinga, tivemos de
voltar a nostalgia de lavar as vasilhas , tomar banho e pegar os baldes com
água no velho e sempre protetor Jequitinhonha.
E no decorrer desta nostalgia, veio a lembrança de um velho conhecido do
povo de Itinga, pelo menos para aqueles que não tinham água encanada em casa o
“ chafariz” da avenida Santa Cruz, na minha lembrança de infância ele ficava no
meio avenida na divisão da subida e decida, lembro das filas para se pegar a
água, das discussões para ver quem chegou primeiro, para nós a criançada tudo era diversão, o simples fato de ver a água saindo na
torneira do chafariz me encantava e com
certeza todas as crianças, tempo que não
volta mais, mas que fica na memória, onde a coletividade tinha na pratica sua
existência, um chafariz reunia pessoas por suas necessidades de ter água em
casa, mas este mesmo chafariz fazia com que as pessoas estivessem juntas, e
entre um pote e outro de água, se tinha
aquele dedo de prosa, se sabia como estava a família, colocava-se as noticias
em dias e no vai e vem de potes e latas o chafariz, era o elo de ligar pessoas através
da benção divina chamada ÁGUA.
Por
sexta-feira, 25 de setembro de 2015
SEXTA LITERÁRIA - Quando For a Última Gota , de Herena Reis Barcelos
(...)
Mas o mar seria menor se lhe faltasse
uma gota.
Autora: Herena Reis Barcelos
Chico
era um poço por um triz.
Por
um tempo bebi de sua água. Por um tempo, muito. Muita água em pouco tempo, a
gente até escorre. Quando eu escorria, molhava sem querer e tudo. A água me era
boa ainda assim. Nutria.
Mas
isso é de Chico.
Era
bonito. De água azul, achavam que de tão limpa. Depois viram que não. Era poço intenso,
e intenso de poço é profundidade, que se perdia de vista e não se via o fundo.
Mas depois se viu.
Chico
era de pedra, e azul fluido. Azul do jeito que você quiser. Azul bonito. Não
era de pedra por ser duro. Ficou até duro depois, afora o cinza. Não era azul
por ser limpo, porque sujou e era azul ainda. Nem era azul por ser fundo. Era
cinza e azul. Todo poço e todo mundo é um pouco cinza, um pouco azul, eu acho.
Mas têm outras cores também, não Chico.
Chico
era um poço feliz.
Mais
porque todo poço nasce mais pra feliz mesmo. A felicidade até foi secando.
Embora tivesse água. É que Chico não via. Não que a água fosse a felicidade. A
água, a desse poço era Chico, e Chico podia ser feliz. Embora fosse cessando.
Chico
era um poço juiz.
Desses
que julgam mal. Não sei se julgar pode ser bom. Porque limita a verdade. Sei
que de Chico, depois de já ter sido na vida todo ofertado, de sua água, nem
tudo bebia. Ou bebia só de gota. Chico parou de se dar, e ia achando que a água
acumulava, porque se sentia cheio.
Mas,
e porque, Chico era poço aprendiz.
Pouco
que se dava, muito recebia. E as pessoas podem ser más, embora não precisem,
não devam e não tenham nascido pra tal. Algumas eram más com Chico, mesmo que com
outros fossem boas, mesmo que outrora fossem boas. Ou mesmo tentando ser. E
Chico não descartava, e porque nem sabia. Depois sabia em partes e era pouco.
No
começo Chico achava que tinha que guardar o que estava posto ou jogado lá
dentro. Alguns jogavam goela abaixo, do que Chico nem queria. Ele até aprendeu
que podia jogar, mas não conseguia tudo. E não sei qual o processo para se
distinguir o que se joga. Ma não era Chico quem definia, não sempre. Na
verdade, só umas vezes.
Chico
era poço petiz.
Ser
menino não é ruim, antes é bom. Porque tem inocência e inocência dói menos. Mas
difícil é passar de menino a crescido, sendo julgador e principiante.
Chico
acumulava umas coisas que não eram gota. Entulho, do que não servia, pelo menos
pra ele. E entulho não serve para nada, só para ocupar.
Era
mais de ignorar mesmo. Na verdade Chico era a água que dava e quanto menos dava
menos era. Quanto menos era, menos água. Mas é que Chico era poço e nem sabia.
Porque
se soubesse, se alguém lhe dissesse, ele parava de guardar entulho, que lhe
enfiaram, que lhe ocupava, para ter espaço pra água. E a água não ficar na
beira, pra ter espaço de se caber.
Chico acha que está quase transbordando. Por uma gota. Na verdade Chico, você está na iminência de secar.
Por
terça-feira, 22 de setembro de 2015
segunda-feira, 21 de setembro de 2015
MEMÓRIA CULTURAL - A Gameleira
Pé de Gameleira, foto Ilustrativa - Internet |
Quem nunca ao passar pela estrada de chão indo de Itinga ao sentido, Água Fria, Itinguinha, Corrente, Ponte do Pasmado e outras tantas comunidades, não parava por alguns minutos para deliciar a sua sombra, esperando recuperar as energias para seguir a viagem?,quem nunca sentou-se em sua raízes para tomar um pouco da garapa buscada do alambique? quem nunca deixou o feixe de lenha encostando em seu tronco enquanto se descansava? quem nunca chupou uma manga debaixo de copa dela? quem nunca apeou o cavalo para descansar, o homem e o animal,? quem nunca em cima de seus galhos observou o Rio Jequitinhonha? É tudo no passado, a grande gameleira nessa estrada era mais que uma árvore no meio do caminho, era uma parada obrigatória no meio do caminho, um lugar para descanso, uma diversão para a criançada, um lugarzinho de sombra fresca, criada pelo pai para aliviar um pouco a caminhada de quem ali passava.
Pois é hoje dia da árvore, me veio a lembrança de nossa gameleira, um simbolo de Itinga, no qual hoje é apenas memória, porque memória? porque a raça humana ainda acredita que destruir é o caminho do progresso, e a nossa gameleira foi queimada e derrubada ficando apenas as lembranças dos meus dias de criança, que junto com outras crianças se davam as mãos para em uma inocência infantil dar uma abraço apertado na grande GAMELEIRA.
Por
sexta-feira, 11 de setembro de 2015
SEXTA LITERÁRIA - Minha Viola - Patativa do Assaré
Patativa do Assaré
Minha
viola querida,
Certa
vez, na minha vida,
De
alma triste e dolorida
Resolvi
te abandonar.
Porém,
sem as notas belas
De
tuas cordas singelas,
Vi
meu fardo de mazelas
Cada
vez mais aumentar.
Vaguei
sem achar encosto,
Correu-me
o pranto no rosto,
O
pesadelo, o desgosto,
E
outros martírios sem fim
Me
faziam, com surpresa,
Ingratidão,
aspereza,
E o
fantasma da tristeza
Chorava
junto de mim.
Voltei
desapercebido,
Sem
ilusão, sem sentido,
Humilhado
e arrependido,
Para
te pedir perdão,
Pois
tu és a jóia santa
Que
me prende, que me encanta
E
aplaca a dor que quebranta
O
trovador do sertão.
Sei
que, com tua harmonia,
Não
componho a fantasia
Da
profunda poesia
Do
poeta literato,
Porém,
o verso na mente
Me
brota constantemente,
Como
as águas da nascente
Do
pé da serra do Crato.
Viola,
minha viola,
Minha
verdadeira escola,
Que
me ensina e me consola,
Neste
mundo de meu Deus.
Se
és a estrela do meu norte,
E o
prazer da minha sorte,
Na
hora da minha morte,
Como
será nosso adeus?
Meu
predileto instrumento,
Será
grande o sofrimento,
Quando
chegar o momento
De
tudo se esvaicer,
Inspiração,
verso e rima.
Irei
viver lá em cima,
Tu
ficas com tua prima,
Cá
na terra, a padecer.
Porém,
se na eternidade,
A
gente tem liberdade
De
também sentir saudade,
Será
grande a minha dor,
Por
saber que, nesta vida,
Minha
viola querida
Há
de passar constrangida
Às
mãos de outro cantor.
quinta-feira, 10 de setembro de 2015
DIARIO DE LEITURA - Quem Precisa de Região?, de Mateus de Moraes Servilha
Sinopse
Trata-se de uma contribuição importante para um campo relativamente negligenciado nos últimos tempos dentro da disciplina geográfica: a Geografia Regional e a consequente discussão conceitual sobre a região. Muito mais do que uma discussão acadêmica, entretanto, e por fidelidade à íntima ligação do autor com a literatura (e, mais especificamente, a poesia), trata-se de um trabalho que nos projeta para o interior de uma problemática intensamente vivida: a produção e representação da "região" do Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, através da ação e das falas dos diversos grupos e classes - "sujeitos", enfim - que de fato constroem o espaço em sua complexa inserção do território brasileiro e de circuitos globais que, com maior ou menor intensidade, o perpassam.
Estou a degustar a devolução em forma de livro, das pesquisas acadêmicas do amigo e Professor Mateus de Moraes Servilha, nosso companheiro de luta "Mateuzinho" uma obra literária que VALE ser apreciada, lida e sentida, o titulo interrogativo é um convite para uma analise a cerca desta nossa região tão cheia de contrastes, físicos, sociais e culturais. uma analise acadêmica sobre o olhar poético e literário de alguém que mesmo sendo de outra região se tornou ao longo dos anos um filho deste chão chamado "Jequitinhonha"
o livro pode ser adquirido no sitio: http://www.livrariacultura.com.br
Por
quinta-feira, 3 de setembro de 2015
DIARIO DE LEITURA - Dicionario do dialeto Rural no Vale do Jequitinhonha , da autora Carolina Antunes
Este livro apresenta resultados de uma pesquisa desenvolvida a partir de informações linguísticas, históricas, sociais e, principalmente, de um intenso conhecimento do Vale do Jequitinhonha. Por reunir o linguístico e o extralinguístico, atitudes pragmáticas, contextos e exemplificações, revela caminhos que conduzem professores, estudantes, profissionais diversos e o cidadão comum à variante rural, à Língua Portuguesa e à cultura de Minas Gerais e do Brasil. Assim sendo, o ´Dicionário do dialeto rural no Vale do Jequitinhonha´ se configura como uma amostragem da região, o que indica um dos traços mais marcantes de sua composição - dar existência escritural à fala.
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