quinta-feira, 15 de junho de 2023

GIRO PELO VALE - Vale do Jequitinhonha de Luto, morre Maria Rosa Negreiros


 O cidade de Caraí é o Vale do Jequitinhonha de luto.


A história de Maria Negreiros (1973) é marcada por persistência, superação, resiliência e, como tem de ser, felicidade. Na década de 90, com duas filhas pequenas, Maria dividia seu tempo entre os afazeres domésticos e a plantação de feijão. Com a escassez das chuvas em boa parte do ano no Vale do Jequitinhonha, buscava alternativas para melhorar a renda da casa. 


Por influência de uma vizinha merendeira e ceramista nas horas vagas, Maria se aventurou no barro. “Ficava pensando ‘Aqui, desde pequenininha, a gente brinca com barro, então alguma intimidade eu tinha que ter’. Tentei e insisti até dar certo”, conta com alegria. A primeira peça a sair de suas mãos foi um presépio e, em poucos dias, foi vendida para uma cliente que se encantou com a composição.


De lá pra cá, Maria se dedicou a narrar suas redondezas. As construções, em especial, revelam traços do trabalho, da arquitetura e das relações nas zonas rurais e urbanas dos pequenos vilarejos do Vale. Com a ajuda do barro, eterniza lugares das ruas e da memória, estimulando registros a partir da observação e da invenção. “Sinto muito orgulho de fazer o que eu faço. Nada me deixa mais contente do que ver as peças prontas. É a melhor ocupação para a minha cabeça e para minha vida”, exclama. Bravo, Maria!


Texto e foto

Renato Primo

Secretária Municipal de Cultura de Caraí 

segunda-feira, 5 de junho de 2023

MEMÓRIA CULTURAL - Quiabo


 

 

O quiabo(cujo nome científico é Abelmoschus esculentum) tem origem africana e possivelmente começou a ser cultivado na região entre  o Egito e a Etiópia. Mas é também muito consumido no Sudão, Nigéria, Mali, Guiné-Bissau e Burkina Faso. Nos Estados Unidos ele é considerado um alimento típico dos Estados do sul.

  Sua chegada às Américas tem íntima relação com o triste período do tráfico negreiro. Ao traficar as pessoas capturadas na África, o vegetal também foi trazido para o “Novo Mundo”. Os primeiros registros do alimento em terras brasileiras datam de século XVII.

O quiabo também tem uma importância, além da culinária, na cultura afro-brasileira. No candomblé, existem rituais em que o alimento é utilizado como oferenda aos orixás Ibeji, protetor das crianças, e Xangô, que representa a justiça. Também pode ser preparado  como o “ajebo ou ajébo, feito com seis ou doze quiabos cortado em "lasca", batido com três clara de ovos até formar um musse, regado com gotas de mel de abelha e azeite doce. Colocado em uma gamela forrada com massa de acaçá ou pirão de farinha de mandioca, ornado com doze quiabos inteiros, doze moedas circulante, doze bolos de milho branco e seis Orobôs. A mesma oferenda pode ser oferecida a outras qualidades de Xangô, todavia acrescenta-se azeite de dendê e substitui os doze bolos de milho branco por doze acarajés

Quiabo cru, cozido, refogado, assado ou frito. Não importa o modo de preparo, quiabo é um desses alimentos que permite uma infinidade de combinações.

Atualmente, é cultivado em diversas regiões do País, principalmente no Sudeste. Entretanto, um dos maiores produtores do vegetal fica no sertão sergipano. Localizado no município de Canindé de São Francisco, no Alto Sertão Sergipano, o Perímetro Irrigatório Califórnia é referência no cultivo.

Em razão da quantidade de fibras presente no fruto, ele também é indicado no combate à aterosclerose, pois diminui os riscos de derrame e ataques cardíacos. Rico em vitaminas A, C, B1 e cálcio, há relatos na literatura de pacientes que se alimentaram desse fruto e tiveram melhoras em problemas como colesterol, refluxo, úlcera e asma. Nesse último caso, o benefício está associado ao elevado teor de vitamina C. Popularmente, o quiabo também é usado no tratamento de depressão e ansiedade

 

OUTRAS FONTES CONSULTADAS

A ORIGEM da Culinária Mineira: 300 anos de receitas bem guardadas. Disponível em: http://zip.net/bjtqWy

OFERENDAS e comidas dos Orixas. Disponível em: http://zip.net/bvtrlg


Por



 

MEMÓRIA CULTURAL - UM CASO DE AMOR NA ROTA BAHIA-MINAS

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