O cidade de Caraí é o Vale do Jequitinhonha de luto.
A história de Maria Negreiros (1973) é marcada por persistência, superação, resiliência e, como tem de ser, felicidade. Na década de 90, com duas filhas pequenas, Maria dividia seu tempo entre os afazeres domésticos e a plantação de feijão. Com a escassez das chuvas em boa parte do ano no Vale do Jequitinhonha, buscava alternativas para melhorar a renda da casa.
Por influência de uma vizinha merendeira e ceramista nas horas vagas, Maria se aventurou no barro. “Ficava pensando ‘Aqui, desde pequenininha, a gente brinca com barro, então alguma intimidade eu tinha que ter’. Tentei e insisti até dar certo”, conta com alegria. A primeira peça a sair de suas mãos foi um presépio e, em poucos dias, foi vendida para uma cliente que se encantou com a composição.
De lá pra cá, Maria se dedicou a narrar suas redondezas. As construções, em especial, revelam traços do trabalho, da arquitetura e das relações nas zonas rurais e urbanas dos pequenos vilarejos do Vale. Com a ajuda do barro, eterniza lugares das ruas e da memória, estimulando registros a partir da observação e da invenção. “Sinto muito orgulho de fazer o que eu faço. Nada me deixa mais contente do que ver as peças prontas. É a melhor ocupação para a minha cabeça e para minha vida”, exclama. Bravo, Maria!
Texto e foto
Renato Primo
Secretária Municipal de Cultura de Caraí