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Foto: Internet |
"Não é história de pescador", me
garantiu o Mestre artesão Ulisses Mendes, ajeitando o chapéu antes de começar
seu relato.
Aconteceu na comunidade dos
Campinhos, este lugar no passado foi habitado pelos índios Botocudos, Acari é
uma árvore de médio porte, muito encontrada na região dos campinhos, há mais ou
menos um cem ano atrás havia no rio Jequitinhonha nas redondezas do lugar havia
uma abundancia de peixes e na sua margem um enorme pé de Acari sombreando as
águas. De repente, os peixes começaram a
desaparecer e todas as vezes que os pescadores jogavam seus anzóis, algo muito
grande puxava os anzóis e quebravam as linhas, alguns pescadores mandaram um
ferreiro forjar anzóis em aço, mas de nada adiantou, aquela coisa de olho aceso
e corpo grande vinham e destruía tudo, o povo já assustado ora falavam que era
uma traíra enorme, ora não sabiam explicar o que era, então chamaram João Leão
um dos mais experientes pescadores daquela região, na sua imensa sabedoria
passou três meses confeccionando uma tarrafa com a melhor linha da época. Partiram os homens para tentar capturar a traíra ou outro ser, os pescadores jogaram os anzóis e fisgaram, João Leão na sua esperteza lançou a tarrafa sobre ela e foi ai que eles viram com olhos de espanto, lá estava ela: uma traíra enorme traíra de olhos que encantavam os seus caçadores, mas, como uma benção a traíra se livrou dos anzóis e destruiu a tarrafa deixando todos mais um vez frustrados. Os pescadores tentaram matá–lá com armas de fogo e nada adiantou, com todos estes acontecimentos os homens não se animavam em ir mais pescar. Eles tinham certeza que aquela era uma traíra abençoada por Deus, encantada. Passaram-se alguns meses e os peixes voltaram a saltitar de novo no rio e os pescadores voltaram a pescar, passando a acreditar que a traíra encantada do Acari, nadava pelo rio Jequitinhonha, protegendo o ciclo da vida, e sendo assim os pescadores evitavam a pesca na época da desova, se cumpria o que para nós hoje é a piracema, ou seja, a época em que os peixes se reproduzem.
Texto adaptado por Jô Pinto, baseado no
conto narrado pelo Mestre artesão Ulisses Mendes, um exímio contador de causos
em Itinga. Por
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