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Pensando nas transformações deste mundo, lembrei-me da
carta.Um gênero textual
de correspondência, o qual visa a estabelecer uma comunicação direta entre os
interlocutores, para transmitir diferentes tipos de mensagens. Mas uma carta
pode trazer certos infortúnios, a partir do exemplo da carta escrita por Pero
Vaz de Caminha. Ele enquanto escrivão da armada de Pedro Álvares Cabral, anunciou ao rei Dom
Manuel, de Portugal, as suas impressões sobre a terra e sua gente. A carta,
datada de Porto Seguro, sexta-feira de 1° de maio de 1500, foi levada a
Portugal por Gaspar de Lemos, comandante do navio de mantimentos. Uma carta que
até nos dias atuais não se desvendou suas traçadas linhas.
No Vale do Jequitinhonha, antigamente, escrever carta
era uma peleja! Pois tinha gente que cobrava pelo serviço da escrita. Depois
que postava ainda era outra luta, da espera incansável. Muitas vezes nunca
haveria retorno, pois não se sabia que a mesma chegaria ao seu destino.
Namorar através das cartas tinha sua elegância, os
casais além de caprichar nas declarações de amor, costumavam pingar gotículas
de seu perfume, no papel. Assim antes de ler, era possível sentir-se o outro.
Problema era quando alguém exagerava nas doses de perfumes extravagantes! Também
tinha a marca do beijo carmim ao final da escrita como forma de carimbar o
forte desejo de uma mulher, no papel.
Cartas que anunciava a morte de um parente, vizinho
ou cônjuge, e muitas vezes, dado ao tempo de chegada, sofria-se por não celebrar a
missa de sétimo dia. Mas quando o remetente era de uma autoridade, se via
olhares entre as frestas das portas, burburinhos e adivinhações por algum mal
feito, deixando a vizinhança em alerta de tanta curiosidade.
Havia também casamento desfeito através das cartas,
quando isso acontecia, selava-se inimizades e rixas de famílias.
Agora a carta perdeu o encanto da chegada, mas ainda
conserva a magia, mesmo que seja virtual. Se atrevermos a investigar, alguns
autores como Raquel de Queiroz, Rubem Braga e outros já escreveram sobre o
gênero.
E você já teve a experiência de escrever ou receber uma carta, assim?
Por
Quanta lembrança a gente guarda através da carta. Lembrei que Jô era colecionador de selos.
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