Nota ao Portador da Fabrica de Tecido |
A instalação da Fabrica de
Tecido de Itinga foi idealizada pelo Comendador Cândido Freire de Figueiredo
Murta (Deputado geral ) e do Major João Antonio da Silva Pereira.
No ano de 1880 eles tiveram
a ideia de construir uma fábrica de tecidos, para aproveitar o algodão que
existia em abundância na região, principalmente em Itinga, São Domingos (hoje
Virgem da Lapa) e Lufa (hoje distrito de Novo Cruzeiro). A segunda metade do século
XIX é marcada por uma expansão da industria
têxtil em Minas Gerais.
Para que o sonho da fábrica se concretizasse eles
reuniram outros cidadãos da vila e criaram a “Sociedade dos Filhos de Itinga” e
importaram da Europa, mas precisamente da Bélgica, pesadíssimos maquinários (80
Teares, dois Gomadores de
Homens negros escravizados
com muita dificuldade trouxeram estas pesadas maquinas de sete lagoas ultimo
ponto da estrada de ferro central do Brasil até a Bahia e junto com os
canoeiros subiram o Rio Jequitinhonha , havendo ainda o transporte feito por
terra, nas cachoeiras do Salto Grande ,hoje Salto da divisa e da sede da vila
até o ribeirão Água Fria, próximo da fazenda de Lino José Antonio da Trindade, onde
a fábrica foi instalada depois de árduo trabalho.
A fábrica era movida à
força Hidráulica e assim funcionou durante muitos anos, era a principal fonte
de renda da vila e era ela a única indústria têxtil dentro do que hoje corresponde ao médio Jequitinhonha
e uma das mais importantes da região norte e nordeste de minas, sua principal
produção era o pano americano e o riscado xadrez, os vales distribuídos pelos
diretores da fabrica de tecidos funcionavam como moeda corrente na vila o que
muito ajudou no seu desenvolvimento. Muitos obstáculos foram vencidos com a
persistência dos idealizadores, que acreditavam que ela poderia proporcionar
dias melhores a eles e aos filhos de Itinga.
A fabrica foi registrada com o nome de “PEREIRA
MURTA E COMPANHIA ITINGA DO JEQUITINHONHA”
uma alusão ao sobrenome dos fundadores e a sociedade que tornou possível
a realização desta, mas a fabrica sempre foi conhecida popularmente como “fabrica
de tecidos Bom Jesus da Lapa da Água Fria”, devido a uma promessa firmada entre
os idealizadores com o Bom Jesus.
O primeiro diretor da
fabrica foi o Capitão João Antonio Pereira de Souza Castro genro do Comendador
Murta, foram ainda diretores o Major Manoel Cesário de Figueiredo Neves e por
ultimo outro genro do comendador o Cel. Ildefonso de Freire Murta conhecido
como Cel. Zezé.
Em
Era o fim do sonho do Major João Antonio da Silva Pereira, do Comendador Cândido Freire Murta e da CIA sociedade dos filhos de Itinga que outrora foram chamados de utópicos.
Fonte: Livro Memórias de Itinga, de Jô Pinto
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