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Em meio as turbulentas
notícias sobre os eventos bélicos entre a Rússia e a Ucrânia, resolvi fazer
algumas leituras, das quais me deparei com uma matéria da PESQUISA - FAPESP,
edição 210,de Agosto, de 2013, publicada pelo Historiador Carlo Haag: Em busca da “guerra boa” dos pracinhas.
Nesta publicação, o
historiador retrata sobre a criação da Força
Expedicionária Brasileira (FEB) em 13 de agosto de 1943. E no dia 2 de julho de
1944 as tropas saíram para o combate, em um
navio-transporte General Mann partir, com 5.075 soldados a bordo, e, com
Getúlio Vargas se despedindo dos “pracinhas” . Entre estes estavam David
Turíbio de Paula e Antônio Guarda.
No Vale do
Jequitinhonha, em algumas cidades há nome de ruas e Avenidas, como forma de homenagem
a esses homens. Em Itinga, a “Avenida Expedicionário David Turíbio de Paula”. Ele alistou-se
voluntariamente ao Exército, lutou em várias batalhas na segunda guerra
mundial, chegando a ser ferido em combate.
Segundo especialistas, o Brasil, presidido por Getúlio Vargas, declarou guerra
à Alemanha de Adolf Hitler e demais países do Eixo depois do naufrágio de mais
de 50 navios brasileiros, em águas nacionais, torpedeados por submarinos
alemães. O saldo foi de cerca de 1 mil brasileiros mortos. Na Europa, os pracinhas
integraram o IV Corpo do 5º Exército dos Estados Unidos – dos combatentes,
morreram 467 brasileiros, sendo 82 mineiros. “Outros 2,7 mil saíram feridos ou
ficariam mutilados”. Em sua arrancada para a vitória, os brasileiros
conquistaram com destaque, entre outras, as cidades de Monte Castelo e Montese,
sendo que, em Collecchio e Fornovo, cercaram e aprisionaram a 148ª Divisão de
Infantaria Alemã.
E no seu retorno
em 1945, David Turíbio de Paula, recebeu muitas medalhas, casou-se em Ladainha,
mudou-se para Belo Horizonte, trabalhou
no Ministério do trabalho até aposentar-se, vindo falecer em 1985.
Em Francisco
Badaró em 2013, um Decreto Municipal,
nº 043, de 07 de Julho de 2013, criou a
Comenda “Combatente Antônio Guarda” para
condecorar pessoas ou instituições que prestarem relevantes préstimos a
sociedade Badaroense. O nome da comenda é uma forma de homenagear ao Ex- Combatente da Segunda Guerra Mundial,
participante da Força Expedicionária Brasileira. Ao retornar da guerra, foi
agricultor e “Guarda Fio” do Telégrafo até aposentar-se.
No Brasil,
apesar das festas, os expedicionários foram rapidamente desmobilizados. A razão
foi política: tanto as autoridades do Estado Novo em decadência quanto as
forças políticas de oposição temiam o pronunciamento político dos
expedicionários. A pressa foi tão grande em acabar com a FEB que os pracinhas
já saíram da Itália com seus certificados de baixa e quando chegaram ao Brasil
já não estavam mais sob a autoridade do comandante da FEB, mas do comandante
militar do então Distrito Federal, não exatamente simpatizante dos febianos. A
partir de então estavam à própria sorte. Traumas psicológicos de todo o tipo e
rotina da luta de sobrevivência no mercado de trabalho dificultaram o retorno
dos milhares de brasileiros que estiveram nos campos de batalha. As primeiras
leis de amparo só foram aprovadas em 1947.
Os dois exemplos
citados, homens que vivenciaram batalhas
de Monte Castelo,
Montese, Collechio, Fornovo, Massarosa, Camaiore, Monte Prano, Monte Acuto,
Galicano, Barga, San Quirico, La Serra, Castelnuovo, Soprassasso, Paravento e
Marano Su Parano; trazem para nossas
memórias um outro olhar, que os nossos olhos não viram, mas, que nos convocam a refletir sobre o valor da vida humana e o preço de
tantos interesses no jogo sórdido da
política em que o sangue derramado, só alimenta ódio e vingança.
Aos nossos
pracinhas que foram, serviram, lutaram e voltaram são nossas memórias vivas,
mas aqueles que não puderam voltar, fica nosso sentimento de uma parte da
história que deixou de ser contada e nosso luto causada por uma convocação à
caminho da escuridão , perdidos em um canto qualquer, que minha concentração
não é capaz de olhar.
https://revistapesquisa.fapesp.br/em-busca-da-guerra-boa-dos-pracinhas/
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