Escrevo às vésperas do dia
Sete de Setembro, data em que se comemora a independência do Brasil. Convém
relembrar, em linhas gerais, como se deu esse marco na história nacional. A
independência do Brasil ocorreu sem uma ruptura radical com Portugal, haja
vista que também não houve mudança na organização política e social. Nesse
processo, mantiveram-se elementos estruturais, como um herdeiro português no
trono, a monarquia, a escravidão e a concentração fundiária. Podemos dizer,
então, que a independência do país beneficiou a poucos. O processo de
independência foi negociado pela Inglaterra, o Brasil torna-se independente,
porém, com uma enorme dívida externa e acordos econômicos marcadamente
prejudiciais para a economia nacional. Só no final do século XIX a escravidão
foi abolida no país, sem indenização e garantia de acesso à terra e inserção
social para as pessoas ex-escravizadas. Para os inúmeros povos indígenas que já
habitavam estas terras no momento da invasão europeia, desde aqueles tempos até
o presente, restaram só ataques constantes e invasões aos seus territórios,
genocídio e etnocídio. Durante séculos, a educação não foi acessível ao povo,
nem a publicação de livros e jornais era permitida nestas terras. A educação e
o acesso aos livros, por serem revolucionários, foram e ainda são negados ao
povo. Cada pequeno aceno de transformação social que vise beneficiar aos/às
excluídos/as logo é sufocado por algum golpe.
Cá estamos nós em 2021,
ouvindo ameaças das nossas “elites” do atraso à Democracia, enquanto o povo
sofre com a inflação, desvalorização salarial e aprofundamento da desigualdade
social.
Se temos algo a comemorar neste Sete de Setembro são os inúmeros movimentos de resistência que o povo brasileiro tem organizado ao longo do tempo: Quilombos, Revolução dos malês, Cabanagem, Revolta de Canudos, Revolta de Contestado, além dos movimentos indígenas, movimentos negros, movimentos de mulheres, movimento de trabalhadoras e trabalhadores sem- terra, movimento operário etc. Apesar da repressão e exploração, o povo brasileiro luta, trabalha e acredita em dias melhores, no fortalecimento da democracia com justiça social, pois sem esta “a democracia é fraca, e como tudo que é fraco, um dia morre”, como escreveu Carolina Maria de Jesus
Por
Muito pertinente refletir sobre o real sentido de independência e o quanto estamos sendo ludibriados por um sistema que nos assola.
ResponderExcluirMas somos resistência e estamos na resistência. Sigamos!
Gosto muito dos seus textos, Rosana.
Sete de setembro é um dia de reflexão, de como o nosso país infelizmente está se corroendo em mazelas, opressões, desigualdades.
ResponderExcluirObrigada queridas! É bom ter esse retorno. Sigamos na luta. Abraços!
ResponderExcluirÓtimo texto que provoca reflexão. Parabéns, Rosana!
ResponderExcluirExcelente reflexão! Não podemos retroceder. Sigamos com enfrentamento diário em favor da igualdade social de direito.
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