segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

GIRO PELO VALE -Cultura do Vale do Jequitinhonha de luto, faleceu Edinalva Rodrigues Ramalho

 



A cultura e principalmente a literatura do Vale Jequi de luto. Fez sua passagem espiritual a poeta Edinalva Rodrigues Ramalho


Ela  nasceu aos 28 dias do mês de novembro de 1966, em Felisburgo/MG. Aos cinco anos de idade, mudou-se, juntamente com sua família, para Jequitinhonha. É filha de Ananias Rodrigues da Silva e de Euplínia Rodrigues da Silva. É casada há 25 anos com Erlane Ramalho Sousa (Sula). É professora aposentada e palestrante. Seu hobbie preferido é a leitura. Gosta muito de animais e vê na família a base para uma vida feliz e realizada.

Faz parte do coletivo dos poetas e escritores do Vale do Jequitinhonha. Recentemente lançou o livro de " Sentimentos Amorosos" 


Que o cosmo possa da forças a família e amigos e  que o pai a receba de braços abertos, fica seu legado como educadora e artesã das palavras.


















sábado, 17 de dezembro de 2022

GIRO PELO VALE- Vale do Jequitinhonha de Luto, morre João Lefu

 



É com imenso pesar que comunicamos a passagem espiritual João Lefu. Natural de Itaobim/MG, Poeta, músico e compositor.  Participou da criação do movimento Cultural do Vale, fez parte do Grupo Terrassol junto com Tadeu Martins ,  Charles, Cyro Stanislaw, Rubinho do Vale e Taninha.

Tio de Tadeu Martins o Idealizador do Festivale. João Lefu. , quando os quatro jovens Tadeus Martins, Aurélio Silby , Carlos Albérico Figueiredo e George Abner  resolveram criar o jornal Geraes. João Lefu foi um dos primeiros  apoiadores no Vale, 

Ele participou também do primeiro encontro dos compositores do Vale do Jequitinhonha “Procurados” em 1979. Concorreu com a musica “ Jequitinhonha” no primeiro FESTIVALE em 1980 na cidade de Itaobim, no segundo  FESTIVALE , na cidade de Pedra Azul concorreu com a musica “ Canto Simples”, em 1983 no terceiro FESTIVALE em  Minas Novas, concorreu com a musica “ Artistas da Vida”  e  no oitavo FESTIVALE em 1987, no Serro concorreu com as musica “ Momentos” e “ Favelas”.

A cultura popular do Vale do Jequitinhonha, será eternamente grata por todas sua contribuição em  defesa da mesma, jamais esqueceremos seu legado.

Fica aqui nossos sinceros sentimentos a toda família e amigos, que o cosmo lhe conceda uma belíssima passagem e conforte cada membro da família.


Tempo dos sorrisos 

É chegado o tempo dos sorrisos. Tempo em que ele é distribuído a torto e a direito sem distinção de cor sexo, religião, ou classe social. É tempo de eleições. São os deputados que chegam em busca de votos. Trazem consigo as velhas armas: o sorriso pré-fabricado, as palavras bonitas e a mão aberta para apertar outras mãos que se orgulham em apertá-la, como se fosse a mão de um deus. 

É tempo dos sorrisos. Sorrisos dos chefes políticos locais, que se desmancham em gentilezas para agradar aqueles que futuramente serão os defensores de seus interesses na Câmara Estadual e Federal. Aquele velho whisky guardado para ocasiões especiais é servido livremente. 

O povo se aglomera. Nas suas roupas de domingo, esperam a sua vez de apertar a mão de seus deputados(?), ouvir cinco minutos de prosa que nada dizem, para depois guardar para sempre este momento de glória. 

E esta é a realidade do Vale, de agosto a novembro, tempo dos sorrisos. Tempo em que o povo se concentra nas praças para ouvir, boquiabertos longos comícios, que nada trazem de novo. As velhas palavras bonitas de sempre. Já não se ouvem promessas, pois eles sabem que não podem cumprir, e também não querem um comprometimento maior e justificam-se ―Nos não somos o Executivo! Não somos o governo! Tudo que podemos fazer é lutar, levar as reivindicações do povo, reclamar!...E fecham com o chavão ...‖Porem se formos maioria nesta cidade, mais poderemos lutar, pois teremos mais força para impormos junto ao governo...‖. E entra comício e sai comício, é sempre esta conversa para boi dormir, não importa o partido. 

E tem mais. Tem os chefes políticos locais trabalhando como loucos. Correndo pra lá e pra cá em busca de eleitores...faz um titulo aqui, presta um pequeno favor ali...sempre distribuindo sorrisos e calorosos apertos de mão. 

E entre tantos sorrisos se esquece o tempo das lagrimas. Das lagrimas de lamentação por falta de escola, de apoio na pecuária e na lavoura, de assistência medica enfim, de melhores condições de vida. 

Mas por mais que se procure esquecer, esta realidade vai estar presente. Depois de 15 de novembro chega o tempo das lágrimas. Onde não se vê a política distribuindo sorrisos, onde aquele velho whisky especial anda de férias, onde receber um ―bom dia‖, já é uma honra , onde a política deve ser esquecida, já que política só se faz de agosto a novembro, no ano das eleições. 

È esse tempo que espera o povo. Aos políticos espera um tempo melhor, um tempo de tranquilidade. Os deputados pagarão aos chefes locais os votos conseguidos, lutando por pequenos favores (a substituição de um delegado de um medico ou de um diretor de colégio) instigando as rivalidades locais, e assim consideram-se quites com toda a população. Enquanto os chefes políticos vão se preocupar em lutar entre si, pela supremacia política. E o povo que espere as próximas eleições. 

Mas, voltando à vaca fria, ao tempo dos sorrisos, pode-se ver o povo se divertindo, uns vão com aquele chefe, outros vão com outro, não se lembrando que deveriam se unir, já que possuem as mesmas necessidades. E a briga está começada. 

Não só no bate-boca, mas até no corpo-a-corpo, sempre instigados por sorrisos que ficam do lado de fora. Se enfraquecem e entregam nas mãos dos políticos os seus direitos e seu destino. 

É tempo dos sorrisos. Sorrisos que entorpecem a todos. Fazem esquecer o presente, a realidade e também o futuro. 

Fazem com que não se veja a necessidade de união de fortalecimento, de povo em torno de si mesmo, procurando novos caminhos dentro de uma maior conscientização. A necessidade de formar associações que lutem, que defendam o direito de todos, que participem da vida política, não só de agosto a novembro, mas constantemente. Sorrisos que não deixam pensar e procurar respostas para muitas perguntas...Por que se dividir, lutar por esse ou aquele chefe político? Por que aceitar que depois do tempo de sorriso venha o tempo das lágrimas?...Respostas que estão em todos, entorpecidas, acuadas Por aqueles que as sabem e não querem que todas tomem conhecimento. Afinal, para eles é sempre tempo de sorrisos. 

E essa realidade não vai mudar, vai haver sempre um tempo de sorrisos antecedendo as lágrimas, enquanto todos se deixarem entorpecer por sorrisos, palavras bonitas e apertos de mão. Enquanto não se questionar os problemas do Vale. 

Discutir, mostrar, reclamar, apresentar soluções e ate exigir. Para isso é necessário não ver os políticos como deuses ou senhores de tudo. Acreditar na força de todos. Na união de homens que lutam pelo mesmo fim. 

Sim, é tempo de sorrisos! Mas também é tempo de questionar estes sorrisos. De lembrar que vem ai o tempo das lágrimas. de procurar uma solução que o evite. De não se deixar levar por palavras bonitas. E pensar no que realmente deve ser feito. De não se vender por um sorriso, por um favor. 

É tempo de começar um novo tempo no Vale do Jequitinhonha! Um tempo em que os falsos chefes políticos sejam coisa do passado. Um tempo em que o povo participe da política. Um tempo em que o voto seja uma arma que luta por melhores condições de vida. 

Um tempo em que a união de todos cobre, exija dos homens eleitos para representá-los, um trabalho honesto, dirigido, planejado, para o Vale e não para uma minoria do Vale.

Editorial de João Lefu,  edição 03 do Jornal Geraes 

Fontes:  Livro “Jequitinhonha, 42 anos de travessia” de Tadeu Martins


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quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

DIÁRIO DE LEITURA - Lançamento do " Daqui do Chão em que Piso livro" de Diêgo Alves

 



A apreciação de leitura desta semana será da obra recém- lançada do escritor e ator Diêgo Alves em- “Daqui do chão em que piso”- ele que é um artista popular das terras ensolaradas do Velho Calhau (Araçuaí), rincão profundo do Vale do Jequitinhonha, Ser(tão) mineiro. Ator formado pelo TU - Teatro Universitário da UFMG, Gestor Ambiental pelo IFNMG e membro do Centro de Cultura Memorial do Vale. 

Com a publicação do seu livro “Dás Águas de um rio Mulher e outras histórias”, criou a Oficina Escrita Criativa, e nela, aborda o processo de criação dos seus contos e propõe a escrita coletiva de textos literários. Amante da Palavra e do seu potencial expressivo entrelaçou-se em seus encantamentos, iniciando seus estudos em Letras.


  Falando um pouquinho da sua caminhada (que está bem no início) no Universo Literário. Ele é ator de formação e desde 1997 tem um trabalho ativo com o fazer artístico e cultural. Mas em 2020, em virtude da pandemia da Covid-19, esse trabalho foi interrompido, entretanto, a necessidade de expressão continuava pulsando e de repente se viu, sem nenhuma pretensão, escrevendo poeminhas de “bem-querer e querer bem”, para os nomes que sua alma se intuía, e publicava nas suas páginas do Instagram e no Facebook. 

Uma professora que teve na formação superior, acompanhando as publicações, falou de um edital para uma antologia poética. Resolveu concorrer e teve dois poemas selecionados.

Num outro edital, agora para contos, foi atraído pelo nome da antologia Vozes da Margem, Vozes na Margem: narrativas fora de centro, e também sem pretensão alguma, lá estava ele escrevendo contos. 

A Editora Alpheratz gostou da sua escrita e generosamente convidou-o para escrever outros contos, a partir deste convite, em 2021, pôde escrever o livro “Das águas de um rio Mulher e outras histórias” e agora em 2022 a obra “Daqui do chão em que piso” publicações da Editora Alpheratz.

Sua escrita é muito inspirada na prosa poética de João Guimarães Rosa e Bartolomeu Campos de Queirós e nas escrevivências de Conceição Evaristo. Mas o diferencial do seu trabalho está em falar e dar protagonismo às diversas Mulheres que constroem e fazem a história do Vale do Jequitinhonha. 

Nas suas palavras, a inspiração para sua minha escrita é sem nenhuma dúvida, o exemplo de força, dignidade e resistência que essas Mulheres trazem em si, e a despeito de quaisquer adversidades, elas seguem firmes, alegres e pela luta e labuta, se fazem mulheres de uma beleza bruta e real.

Com essa habilidade tocante o autor nos convida fazer um passeio através da vida das mulheres do Vale, trazendo esperanças no amanhã de cada coração humano.


https://www.alpheratz.com.br/lancamento-daqui-do-chao-em-que-piso/





quinta-feira, 24 de novembro de 2022

DIÁRIO DE LEITURA - Dica de leitura , Um defeito de cor

  


          A dica de leitura da semana é da escritora e publicitaria por formação Ana Maria Gonçalves, com a obra –Um defeito de cor- ela que nasceu em Ibiá, Minas Gerais. Residiu em São Paulo por treze anos até se cansar do ritmo intenso da cidade e da profissão. Em viagem à Bahia, encantou-se com a Ilha de Itaparica, onde fixou moradia por cinco anos e descobriu sua veia de ficcionista, passando a se dedicar integralmente à literatura e ao multifacetado universo cultural da diáspora africana nas Américas. Sua estreia no romance se dá em 2002, com a publicação de Ao lado e à margem do que sentes por mim – “livro terno, íntimo, vivido e escrito em Itaparica”, segundo o depoimento de Millor Fernandes. O texto teve circulação restrita, em primorosa edição artesanal.

Foi em 2006, que a autora tornou-se conhecida em todo o país com o lançamento do livro -Um defeito de cor- O romance encena em primeira pessoa a trajetória de Kehinde, nascida no Benin (atual Daomé), desde o instante em que é escravizada, aos oito anos, até seu retorno à África, décadas mais tarde, como mulher livre, porém sem o filho, vendido pelo próprio pai a fim de saldar uma dívida de jogo.


O romance é composto de dez capítulos, iniciados com provérbios africanos e cada um destes capítulos é formado por diversas histórias que constituem fios que desenham a trama narrativa. As narrativas trazem em seu bojo as lembranças da África, sem a intervenção do tráfico de pessoas para o Novo Mundo, possuindo muitos gatilhos de violência. Destacando também ricas informações sobre a religiosidade no Brasil no inicio do século XIX.

Um defeito de cor conquistou o importante Prêmio Casa de Las Américas de 2006 como melhor romance do ano.

 

 Link para pdf

https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/1154/o/Ana_Maria_Goncalves_-_Um_Defeito_de_Cor.pdf?1599239000

 



terça-feira, 22 de novembro de 2022

O ASSUNTO É? - O Vinte de Novembro e a luta das mulheres negras no Brasil

 



Nesse mês comemoramos um marco importante da luta dos negros e negras no Brasil. Aproveito esse espaço para falar especificamente sobre as lutas das mulheres negras brasileiras, que significa  pensar sobre minha própria vida e sobre as mulheres de minha família. Muitas das dificuldades que enfrentamos podem ser compreendidas a partir do entendimento das questões que impactam o segmento mulheres negras ao longo da história do nosso país.  Portanto é imprescindível conheçamos as trajetórias e lutas das mulheres negras ao longo do tempo, bem como suas reflexões acerca dos problemas vivenciados, para desta forma, pensarmos possibilidades de organização, projetos e formas de inserção na sociedade. Na última eleição houve uma entrada significativa de mulheres negras no legislativo, resultado das lutas dos feminismos no Brasil. Especialmente do feminismo negro e das lutas que o precederam. O que é importantíssimo, visto que, historicamente fomos governados por homens brancos e elitistas.   Já na década de 1940, Maria Nascimento  destacava a importância das mulheres negras votarem e serem votadas. Precisamos não só eleger mulheres negras, como também participar de forma coletiva nos destinos da nação. Durante minha trajetória acadêmica acessei poucas referências teóricas produzidas por mulheres negras  inseridas nos currículos de minha formação. O fato de não ter nos currículos das disciplinas acadêmicas, produções escritas por pessoas negras é parte do epistemicídio, como demonstra Djamila Ribeiro em “pequeno manual antirracista”. Epistemicídio é a prática pelo segmento racial dominante de marginalizar os conhecimentos produzidos por pessoas negras.  A especificidade da luta da mulher negra tem sido apontada há muito tempo por mulheres negras engajadas na modificação da situação de subalternidade. Um dos apontamentos que se tem registro é a fala de Sourjone Truth na  “convenção dos direitos da mulher” em 1851 em Ohio, ficou conhecido como “Não sou eu uma mulher?” No discurso de Truth percebemos a crítica à essencialização da categoria mulher, de como a luta pelos direitos das mulheres enfatizava “ A Mulher” como identidade única e universal desconsiderando as especificidades de raça, classe, gênero etc. Bell Hooks no livro “Ensinando a transgredir: Educação como prática de liberdade” critica a ausência de reflexão no movimento negro sobre a questão de gênero. hooks menciona que os militantes negros acreditavam numa ausência de violência de gênero no interior das famílias negras, visto que o passado escravista teria enfraquecido a construção da masculinidade negra enquanto forte e dominante. Angela Davis em “mulher, raça, classe” também traz uma reflexão interseccional ao demonstrar a situação de violência a que estavam submetidas as mulheres negras nas sociedades escravista. Diferente das mulheres brancas, as negras foram consideradas ao longo do tempo como destituídas das características consideradas femininas, sendo consideradas mais fortes e insensíveis. Mesmo após a abolição essas construções sobre a força da mulher negra são usadas para justificar um tratamento desigual, violento no mercado de trabalho, na saúde, na família. (Solidão da mulher negra, trabalhos pesados, menos anestesia no parto, violência obstétrica). A visibilidade atual que o feminismo negro vem ganhando é resultado das lutas das mulheres negras ao longo da história brasileira. Na atualidade temos a atuação de inúmeras feministas negras, teóricas acadêmicas e militantes, suas ações, projetos e produções alteram a situação das demais mulheres e também são visibilizadas através das redes sociais, de publicações impressas impactando nas produções artísticas e na sociedade como um todo. Podemos citar algumas: Sueli Carneiro, Benedita da Silva, Jurema Werneck, Djamila Ribeiro, Carla Akotirene, Luana Tolentino, Conceição Evaristo, Joice Berth, Mariele Franco, Giovanna Xavier e tantas outras.A partir do momento em que as mulheres negras vão ocupando os espaços de produção de conhecimento, passam a reverter o epistemicídio ao resgatar  trajetórias e pensamentos de mulheres negras do passado que ganham destaque nos seus escritos, produções, eventos: Lélia Gonzales, Beatriz Nascimento, Carolina Maria de Jesus. Termino esse texto reiterando a importância de se refletir sobre as lutas das mulheres negras no interior das instituições educacionais para reverter a colonialidade do pensamento. Axé!





quinta-feira, 20 de outubro de 2022

DIÁRIO DE LEITURA - Revista Revivale



A indicação de leitura dessa semana é da Revista Multidisciplinar do Vale do Jequitinhonha – ReviVale. Revista esta que é publicada pelo Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG) campus Araçuaí-MG.

Perpassando pelo uso das tecnologias, buscando e incentivando o acesso a leitura instantaneamente, a revista conta com uma vasta equipe, de várias áreas de conhecimentos pertinentes para atingir ao máximo  de leitores pelo mundo.

Ela tem como principal objetivo, publicar estudos de relevância acadêmica social, cultural e com foco interdisciplinar atendendo diversas áreas de ensino e pesquisa com caráter empírico e/ou teórico, divulgando os estudos em diversas modalidades como, ensaios teóricos, relatos de experiencias, dossiê, artigos acadêmicos  e vivencias nas diversas áreas de conhecimento espalhadas pelo mundo, mediante avaliação dos editores e pareceres por assessores ad hoc. 

Na edição atual- v. 2 n. 2 (2022): EDITORIAL - EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS: REFLEXÕES TEÓRICAS E EMPÍRICAS- Vanessa Gomes de Castro- traz um tema muito pertinente sobre as lutas e reivindicações da população negra e dos povos indígenas pelos reconhecimentos das suas identidades culturais e pelo acesso aos direitos básicos acorados pelas desigualdades sociais herdadas do colonialismo. 

É um texto que nos faz refletir, tornando um momento essencial e necessário para a compreensão do processo histórico dessa etnia.

Acompanhem os periódicos pelo link abaixo:

https://revivale.ifnmg.edu.br/index.php/revivale/about/editorialTeam

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quarta-feira, 19 de outubro de 2022

OPINIÃO DO BLOG - Intolerância Religiosa

 



Intolerância religiosa é a visão individual ou coletiva de não respeitar a crença religiosa do outro.  Certo é que essa história de intolerância religiosa não é de hoje, na Antiguidade,se tem a perseguição dos primeiros cristãos pelos judeus e pagãos, e essa perseguição aos judeus começou mesmo antes do império romano. Mas estas intolerâncias ficaram mais intensas na idade média e um dos exemplos claro são as cruzadas, guerras incentivadas pela Igreja Católica, que aconteceram na Europa Ocidental e que tinha como alvo principal Jerusalém e a Palestina.

A história da humanidade é marcada por intolerâncias religiosa, quantas mulheres foram queimadas acusadas de bruxaria e heresia pelas Santas inquisições da Igreja Católica. Quantos povos africanos escravizados e proibidos de manifestar sua religião.

Mas hoje parece que voltamos à barbárie da idade média, as perseguições religiosas estão cada vez mais explícitas, se tem hoje uma aculturação religiosa em comunidades tradicionais quilombolas e indígenas, onde religiões de cunho cristão tentam de todas as formas imporem a sua forma religiosa de pensar.

Inúmeros foram os ataques a terreiros e casas de orações de religiões de matrizes africanas, e nesse contexto a uma perseguição muito explicita a essas religiões, fazendo com que muitas pessoas dessas comunidades por medo, acabam por negar a sua religiosidade.

Vivemos tempos sombrios em nossa nação, onde a política chegou aos púlpitos, não se fala mais da espiritualidade, mas se faz campanha política partidária. Mas o que nos deixa triste e ver lideres religiosos serem hostilizados, justamente por tentarem mostrar as pessoas que os templos religiosos são lugares de oração, de acalanto a alma, de reflexão política no sentido de como esta pode ajudar no bem comum e coletivo,

 

Certo dia eu estava a passar enfrente a Igreja Católica de minha cidade, quando vi uma senhora bem velhinha na porta da Igreja, ela me chamou e perguntou: - Será que o padre esta ai? Eu respondi: acredito que sim, por quê? Com os olhos cheios de água ela me falou: _ É porque meu filho virou evangélico e disse que eu teria que quebrar minhas imagens dos santos, para não criar desavença com meu filho eu queria doar para Igreja ou para uma pessoa que goste. Eu falei para ela: _Uai!, Se a senhora me da às imagens eu quero, minha mãe vai gostar muito, ela toda feliz me passou a sacola com uma imagem de São Benedito , Nossa Senhora da Conceição e um crucifixo. Ao me passar essas imagens, vi um sorriso tão sincero e de alivio em seus olhos que me emocionou, ela agradeceu e me disse: _ Essas imagens eram de minha mãe, eu não podia destruir algo que minha mãe me deixou, sei que sua mãe vai guardar e eu vou viver meus últimos dias de vida em paz com meu filho e sua família, mas minha fé só meu coração e Deus é quem conhece.”

 

Narrei essa história para tentar trazer uma reflexão para cada um que ler esse texto, fé é individual e fica guardada em nossos corações e em nossas atitudes, por isso respeitar a manifestação religiosa das pessoas é uma dádiva, bem como também respeitar aqueles que não tem nenhuma crença.

Que cada um com sua crença e fé possa pedir luz espiritual para nossa nação que tanto precisa nesse momento.

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segunda-feira, 17 de outubro de 2022

MEMÓRIA CULTURAL - "Zezé das Tesouras" Guardião das Águas e da Natureza

 




    Certa vez um beija flor, enviado para proteger um grande manancial aquífero de  24180,0 hectares.No início era muito bom, dias de muita fartura, cores e sabores. Era possível brincar, correr, nadar naquelas águas límpidas e frescas. Acordar e dormir com sinfonia dos mais diversos pássaros.

O beija flor se casou, formou sua família com seus sete filhotes. Juntos podiam exercer seu trabalho, animando e celebrando o bem viver, daquela chapada, pois sua missão era “cuidar da natureza,  um dom divino de Deus !

Mas certa ocasião chegou o anúncio que essas terras seriam ocupadas, a fauna e flora devia ser extinta, pois havia uma espécie a ser implantada. Um tipo de planta que não aceitaria as espécies existentes; beberia muita água, enfraqueceria o solo, secaria as nascentes, lagoas e córregos. Sem água não teria beleza, sinfonia, sem frutos, sem plantas, sem famílias. Um pesadelo com muitas ameaças, o céu escurecia de repente.

O beija flor encantado, encontrou forças,unindo aos companheiros de jornada. Tomados de muita fé e simplicidade, tinham por convicção a sabedoria divina: ”A terra é sagrada, das mão de quem trabalha à terra, suor , vida e trabalho.”

Foram noites inteiras que este beija flor e todos os habitantes desta chapada tiveram de apagar fogo. Outras vezes ter de ir até à cidade para pedir socorro aos homens de boa vontade.

Hoje este beija flor com seus oitenta e dois anos, segue ecoando o grande alerta:” A Chapada é o pulmão para respirarmos. O extrativismo na chapada é muito grande, plantas medicinais, frutos do cerrado fazem parte dessa grande reserva ambiental, ajudando os moradores da região a obter sustentabilidade e soberania alimentar. Falta sensibilidade!

Ele  é José Alves dos Santos, “Zezé das Tesouras”, guardião  e defensor do meio ambiente, homem de luta em favor da preservação da Chapada do Lagoão . 

Parabéns! Sua caminhada é um exemplo de fé, luta e percepção de qualidade de vida e sustentabilidade para todos.















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quinta-feira, 6 de outubro de 2022

DIÁRIO LEITURA - Dica de leitura

  

 


 

 

 

Na coluna de hoje ficamos por conta do livro Olhos d’agua da autora  Conceição Evaristo, nascida em 1946 em uma favela (Pindura- saia) da capital mineira. Foi babá, empregada doméstica e faxineira. Formou-se em Letras na UFMG, mestrado e doutorado no RJ e é a maior escritora de estudos afro-brasileiros do Brasil.

 Lançada em 2014, essa coleção de 15 contos abordam num contexto critico o racismo, violência física, psicológica da mulher negra, condições sociais, marginalização do negro, fascismo, misoginia, exclusão e ao mesmo tempo esperança de estancar o sangramento que tudo isso causa nos dias atuais.

 

 Nesse livro, a autora com suas narrativas transforma uma realidade marginalizada e excludente, em literatura e denuncia as consequências dessa exclusão e da discriminação sem deixar morrer a esperança de que um dia isso possa ser diferente. Obra essa, que narra à fome, a miséria, a violência, o genocídio do povo negro e dá voz às mulheres negras e suas vivências. Sem esquecer-se de também mostrar os laços afetivos dos personagens, seus conflitos internos, reflexões e a ancestralidade.

O conto que dá nome ao livro e o inicia é movido pelas recordações de uma personagem que busca se lembrar da cor dos olhos da mãe que está distante. É poético, delicado, e ao mesmo tempo afetuoso, apesar das memórias narradas denunciarem as dificuldades passadas por essa família. Essa é uma das muitas histórias desse livro que trata sobre maternidade e ancestralidade.

 

 A mulher negra tem muitas formas de estar no mundo (todos têm). Mas um contexto desfavorável, um cenário de discriminações, as estatísticas que demonstram pobreza, baixa escolaridade, subempregos, violações de direitos humanos, traduzem histórias de dor e sofrimento.

Ao não explorar esses casos como meras manchetes, a escritora intensifica o incômodo e faz com que ele dure além do tempo de leitura do conto. Ela evidencia o que é brutal e a consequência da naturalização disso sem tornar seus personagens objetos. O conto “Maria”, “Ana Davenga” e o “Ei, Ardoca” são bons exemplos disso, porque nos apresentam histórias que facilmente estariam no jornal sendo contadas de outra forma.

O que a personagem escreve é uma amostra do mundo que a circunda e que Conceição expõe. Entre as tantas frases bonitas, bem feitas, cheias de sonoridade, há também a denúncia de qual é a linguagem que cerca as crianças negras que protagonizam essas histórias.

 

Link para baixar 

https://lelivros.love/book/baixar-livro-olhos-dagua-conceicao-evaristo-em-pdf-epub-mobi-ou-ler-online/




quinta-feira, 29 de setembro de 2022

DIÁRIO DE LEITURA - Conhecendo a poeta Makciléa Gomes





Na matéria de hoje iremos conhecer uma jovem e talentosa poeta Makciléa Gomes de Matos, natural da cidade Caraí MG, residente no córrego Catitu e atualmente está estudante na Escola Estadual de Caraí. Sua história como poeta teve inicio ainda na escola Olegário Maciel, onde a mesma cursou o ensino fundamental I.

Tudo começou no projeto cultural, Vivart 2019 – valorização das artes- em uma competição de poesias entre as escolas municipais. Ela e seu primo, Nicolas, representaram à escola (EMOM), e ganharam o primeiro lugar. Depois desse evento, segundo a autora, não parou de produzir poesias. 

Tem uma gratidão ao seu primo e sua ex- professora de Português, Nafárley, e Gessica Batista, sua amiga e diretora da EMOM, pessoas que lapidaram seu talento já existente, dando total apoio.

 Ela fala da sua paixão em encantar pessoas com suas obras poéticas, gosta de coisas simples, e usa de sua arte para proporcionar alegria, expressar sentimentos, sensações, arrancar sorrisos, fazendo com que as pessoas se emocionam. “A poesia traz leveza par a alma”.

A poesia a seguir levará o apreciador a pensar como ele está vivendo, alertando-o que vida é breve, passa muito rápido, que viver é bom, não basta apenas existir.

Devemos aproveitar a vida com alegria, traçar desejos, aplicar ideias (...), sempre! 





Tempo não volta


Juventude passa

Esse fogo apaga!

As rugas são inevitáveis.

A velhice é certa.


E quando passar?

E quando as brasas se

Apagarem?

Eu te pergunto...

Você viveu? Ou apenas existiu?


Makciléa Gomes






segunda-feira, 26 de setembro de 2022

MEMÓRIA CULTURAL - A origem dos baús e malas antigas

 




A notícia que se têm que os  antigos egípcios teriam  criado os primeiros baús, usando madeira e juta, por volta de 3.000 a.C. usado originalmente para guardar roupas, armas, objetos de valor, por isso há tantas histórias envolvendo o baú de tesouros.Confeccionado em madeira nobre (carvalho, tajuba ou jatobá); possuía forma retangular com  tamanho variado, mas os maiores eram os preferidos para as longas viagens e longas distâncias.

Na Idade Média e no início da Renascença na Europa, baús eram frequentemente usados ​​como bancos, enquanto os baús mais altos eram usados ​​como mesas para escrita e outras utilidades.

Foi no século XVIII  que teria surgido  a  expressão “golpe do baú”, significa casar por dinheiro, porque se guardava os bens como jóias e dinheiro em baús. Então    os baús eram usados para levar o enxoval das moças com  suas jóias para a vida de casada, pois o casamento muitas vezes  negociado através dos vultuosos dotes. 

Até final do século XIX, era facilmente encontrado nas casas da cidade ou das roças, pois tinha o objetivo de guardar roupas e alimentos tais como arroz, fubá, milho feijão, que eram acondicionados para serem usados ao longo do ano, até a próxima colheita. Era uma das peças fundamentais das grandes viagens dos senhores de fazendas e nobres da corte, para armazenamento de roupas joias, nas carruagens ou charretes. O carpinteiro quem confeccionava, usando o machados para cortar e entalhar a madeira,  e com um enxó,  que se fazia o  refinamento das formas do artefato.

A junção das peças era feita com grandes parafusos, dobradiças de ferro e algumas extremidades eram unidas com cera de abelha, que tinha o objetivo de impermeabilizar a peça; além de garantir maior durabilidade.

Atualmente há várias formas para a preparação do objeto, pode ser pintado; envernizado ou colorido em variadas técnicas; além de  confeccionado em diversos materiais seja em vime; mdf; couro; madeira; plástico, nas mais diversas cores para infinitas finalidades.

O baú desde a antiguidade, possui infinitas utilidades; além de ser um belo objeto de decoração, história e lembranças, que se adapta em diferentes ambientes.

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sexta-feira, 23 de setembro de 2022

GIRO PELO VALE - Salto da Divisa e o Vale de Luto

 


É com muito pesar que comunicamos a passagem espiritual do Agente Cultural da cidade de Salto da Divisa, nosso amigo Mazinho. Um jovem apaixonado pela cultura popular do Vale e da sua querida Salto da Divisa. 

Deixa seu legado e contribuição na defesa e preservação de nossa cultura popular.

Vá em paz meu amigo, você cumpriu sua missão com muita dignidade e amor.

Nossos sentimentos a família e ao povo de Salto da Divisa 

quinta-feira, 22 de setembro de 2022

DIÁRIO DE LEITURA - Degustação com Mauro Sílvio

 


A dica da semana no contexto literário é do escritor Mauro. Ele que é graduado em História pela UFOP, mestre em Gestão e Avaliação da Educação Pública pela UFJF, pertence ao quadro da Secretaria Estadual de Educação de Minas Gerais, onde atua como inspetor escolar pela SRE de Teófilo Otoni.  Sua origem está vinculada à cidade de Alvinópolis, região central de Minas Gerais, terra do grande poeta setecentista Frei de Santa Rita Durão e do escritor e crítico literário José Afrânio Moreira Duarte.

 Conheceu o Vale do Jequitinhonha no ano de 2002, quando decidiu, definitivamente, residir na região, motivado pelo encantamento que a cultura e a gente do Vale causaram nele. Atualmente reside no município de Caraí, sendo cidadão honorário dessa cidade. Amante do artesanato em cerâmica coleciona peças da artesã Neomísia, Margarida, José Maria Pereira, entre outros.

 Nas palavras do escritor, "Minimamente", seu terceiro livro, publicado em 2019, traz referências a questões sociais, levando o leitor a refletir sobre as injustiças e desigualdades que predominam na sociedade. Seus textos tocam em temas sensíveis como a fome, a miséria e o abandono, num evidente esforço de utilizar a arte como um instrumento de mobilização e consciência social. Percebe-se, em parte da obra do autor, a valorização de textos curtos e impactantes, influência dos haicais japoneses, gênero literário que tanto aprecia. Algumas de suas poesias foram musicadas e concorreram em festivais tradicionais pelo interior de Minas nos anos 90. 



Com o poeta a lua copulava.

Estava nua, seu sangue escorria.

O poeta tentava expressar o amor sentido,

a palavra entranhada resistia...

A hora do êxtase a folha branca aguardava....

nascia, finalmente, a primeira poesia.

                   Mauro Sílvio


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