quinta-feira, 28 de maio de 2020

NARRATIVAS DO FESTIVALE: Por Zé Miranda


LEMBRANÇAS DO FESTIVALE

Zé Miranda é natural de Joaíma, no baixo Jequitinhonha, escritor, poeta, faz parte do Coletivo de Poetas e Escritores do Vale do Jequitinhonha ,ativista cultural, participa ativamente do Festivale, encontros e manifestações culturais em toda região.









Em preparação para o XXI° FESTIVALE na cidade de Pedra Azul a FECAJE marcou um encontro de cultura naquela cidade, abril 2002. As plenárias foram realizadas na Escola CASSIANO MENDES na quinta, na sexta e no sábado como de praxe. Assim que o presidente MARCOS GOBIRA encerrou a reunião do sábado por volta do meio dia, o historiador, escritor e agente cultural Pedrazulense LUIS CARLOS SANTIAGO (Dondê), convidou a turma dos mais chegados pra um churrasco na sua casa não muito longe da escola... Fizemos uma vaquinha e compramos a cerveja e alguns refrigerantes pra algumas mulheres que não bebiam (muito poucas, por sinal). CARLOS FIGUEIREDO, o popular “Castilim”, um dos idealizadores do FESTIVALE havia se casado há poucos dias com VIRGILANE na igreja PENTECOSTAL BRASILEIRA... e entre as regras que a comunidade religiosa deles proibia era o consumo de carne vermelha, pois bem : Virgilane fora para o alojamento tomar um banho e se arrumar e BUKOVSKI seguiu conosco pra casa de Dondê pra começar a farra. Castilim muito sem- termos quando se tratava de cachaça..( a de Pedra Azul era de primeira), logo logo ficou de fogo e me fez uma proposta inusitada : Me pediu pra ficar no portão vigiando a chegada da esposa, pois queria comer um pedaço de picanha que por sinal tava convidativa...(Dondê havia comprado uma manta de dois pêlos extra), e Virgilane poderia até acabar o relacionamento se flagrasse ele comendo carne. No decorrer da farra então comentei com alguns chegados em particular: - Já ví “neguim” beber escondido, fumar escondido...Mas comer carne escondido é a primeira vez !

terça-feira, 26 de maio de 2020

CARTAZ FESTIVALE: 7º Almenara




O Sétimo cartaz do FESTIVALE, traz na parte superior traz a três esculturas antropozoomorficas em argila, sendo um sanfoneiro, violeiro e um casal a dançar, abaixo escrito 7º FESTIVALE - Festival da  Cultura Popular do Vale do Jequitinhonha os dizeres: na parte inferior centralizado  escrito Almenara 18,19, 20  de Julho e abaixo  o slogam  “Vale, vida, verso e viola”  do lado esquerdo  os dizeres: Shows, Artesanato, poesia, fotografias, debates, filmes, valores da premiação, promoção CCVJ, Jornal Geraes e Casa de Cultura de Almenara e do lado direito os apoiadores: Entidades Culturais do vale, Colaborarão; Prefeitura Municipal de Almenara, Secretaria da Cultura, Secretaria do Trabalho, Acesita Energética, Radio Inconfidência – FM e o veio da COPASA, BANERJ – Banco Social e da Secretaria de Estado de Obras Publicas.


Curiosidade:
·   A arte não traz o autor da foto nem o artista que confeccionou as esculturas.
·        Pela primeira a numeração do FESTIVALE vem em algarismo romano e o símbolo musical que em alguns cartazes vinha antes da palavra FESTIVALE, neste vem no meio da palavra FESTIVALE, substituindo o S.
·         A partir deste FESTIVALE o cartaz não traz mais nomes dos cantores ou grupos que iriam apresentar.
·   Uma das novidades é que o cartaz anuncia os debates dentro do FESTIVALE.
·         A poesia também começa a ter um destaque maior.
·         A exibição de filmes passam a fazer parte da programação.

Fonte: Livro “ Festivale: Cultura e resistência de um povo” livro a ser lançado de Jô Pinto.

segunda-feira, 25 de maio de 2020

FESTIVALE - Corais


FESTIVALE – Corais
Por Jô Pinto

O vale do Jequitinhonha é musical e sobre isso não há duvidas, o canto dos indígenas, dos negros escravizados e dos colonizadores se impregnaram no povo dessa região e assim o canto se ecoava em igrejas, na mineração, na dona de casa e seus afazeres, na roça para o tempo passar, com os canoeiros a navegar e as lavadeiras lavando as roupas nas margens do Jequi.
A Musica faz parte do cotidiano do Vale do Jequitinhonha,canta para celebrar a vida, para agradecer uma graça, canta nos presépios e nos terreiros de candomblé e até na hora da morte canta nesse sertão. E assim ao logo dos tempos, compositores e cantores beberam nessas fontes para compor belíssimas canções.
O próprio FESTIVALE nasce de um Festival da Canção, e este deu visibilidade, voz e vez aqueles que fazem da cultura uma bandeira de resistência.
Em algumas cidades do vale na segunda metade do século XIX, surgem algumas escolas de musicas e conservatórios, um desses exemplos é escola de musica “Cantorium” na cidade de Itinga, no qual mantinham um coral lírico formado por mulheres e a Banda Filarmônica.
Como o passar dos tempo grupo pessoas (principalmente mulheres)  se reunião para animar as missas de domingos, estas foram as primeiras formações de corais na região.
Porem os precursores dos Corais populares que tanto cantam o Jequitinhonha, nasceu da iniciativa de Frei Chico e Lira Marques que em 1970 na cidade de Araçuaí criaram o Coral Trovadores do Vale e esse serviu de inspiração para criação de uma dezenas de outros corais espalhados pelas cidades do Vale e o FESTIVALE sempre foi e será o palco principal para estes corais se apresentarem.

Obs: Se faltou algum coral que já se apresentou no FESTIVALE, entre contato.



 29º FESTIVALE - JEQUITINHONHA-2011

  18º FESTIVALE - ITINGA - 1998




 32º FESTIVALE - SALTO DA DIVISA-2015

  14º FESTIVALE - MINAS NOVAS - 1993


  32º FESTIVALE - SALTO DA DIVISA - 2015



  18º FESTIVALE - ITINGA - 1998


  24º FESTIVALE - ARAÇUAÍ - 2006


  36º FESTIVALE - BELMONTE/BA - 2019


  34º FESTIVALE - FELICIO DOS SANTOS - 2017

  34º FESTIVALE - FELICIO DOS SANTOS - 2017

  25º FESTIVALE - JOAÍMA - 2007

 25º FESTIVALE - JOAÍMA - 2007

 18º FESTIVALE - ITINGA - 1998

  32º FESTIVALE - SALTO DA DIVISA - 2015

  35º FESTIVALE - FELISBURGO - 2016

  30º FESTIVALE - MEDINA - 2013



  28º FESTIVALE - PADRE PARAÍSO - 2010







sábado, 23 de maio de 2020

GIRO PELO VALE - Vale do Jequitinhonha de luto, falece o Cantor e Compositor Geraldo Neres

Geraldo Neres - Apresentação Festival da Canção /FESTIVALE - Araçuaí - 2006
Foto: Vilmar Oliveira


Neste sábado o a cidade de Araçuaí e o Vale do Jequitinhonha amanheceram de luto, recebemos a triste noticia do falecimento do compositor, cantador e violeiro, Geraldo Neres, 80 anos, conhecido como Geraldo Brocão. Ele faleceu na noite de ontem, por volta das 23 horas, no hospital de Itaobim, onde fazia semanalmente, tratamento de hemodiálise.
Natural de Araçuaí em uma família numerosa, Geraldo Neres era curioso e observador.  Logo se embrenhou pelos encantamentos das ruas, dos tipos humanos e das manifestações culturais de sua cidade, cultivando suas principais paixões: o violão e a contação de causos, que muitas vezes se transformavam em repente.
Amante da cultura popular, gostava de participar dos movimentos da cultura regional. Participou do FESTIVALE- Festival da Canção Popular do Vale do Jequitinhonha, concorrendo em 1984 no 5º FESTIVALE em Araçuaí com a musica “Vida da Roça” e no 24º FESTIVALE também em Araçuaí com a “Apelo ao Canoeiro”  e teve uma de suas canções- Vida na roça- gravada pelo  Trio Expresso Melodia, de Belo Horizonte.
Geraldo Neres era funcionário aposentado do DER- Departamento de Estradas de Rodagem MG. Ele deixa 3 filhos, a viúva e dois netos. Seu sepultamento aconteceu nesse final de manhã de sábado no cemitério municipal de Araçuaí e foi acompanhado por dezenas de amigos, familiares, políticos e representantes da cultura local.


quinta-feira, 21 de maio de 2020

FESTIVALE - Fotos e Curiosidades

Foto 01 : Sem autoria - Show Titane

Foto 02 : Show Coral Torvadores do Vale e João Bá

Foto 03 : Cortejo Grupo Folclórico

Foto 04 : Show Doroti e Dercio Marques

quarta-feira, 20 de maio de 2020

NARRATIVAS DO FESTIVALE - Por Claudio Bento


MEMÓRIA DO FESTIVALE - CAPÍTULO DOIS
Por Claudio Bento

O Festivale-Festival da Cultura Popular do Vale do Jequitinhonha já nasceu com um slogan, um belo e sugestivo slogan: Vale, Vida, Verso e Viola. E passou a ser na vida de muitas pessoas uma espécie de devoção, de rito, de religião e a cada ano mais e mais pessoas acorriam a ele. A direção do Movimento Cultural, representada por Tadeu Martins, Aurélio Silby e outros, prosseguiam com o trabalho de dar vez e voz ao povo do vale. Mesmo sem grandes recursos financeiros, mesmo sabendo que muita gente não agradava em ver suas cidades invadidas por aquela legião de cabeludos, mesmo sem grande apoio do poder público, o movimento crescia em popularidade e beleza. Os festivais da canção eram pagos, comprávamos ingressos para assistir à maior manifestação cultural do Festivale, a música produzida pelos compositores do vale, uma joia rara que fez surgir nomes importantes da música popular como Paulinho Pedra Azul, Saulo Laranjeira, Rubinho do Vale, Heitor Pedra Azul, Célia Mara, Titane e Tadeu Franco. Realizados nos mercados municipais os festivais da canção eram o nosso Woodstock, com nuvens espessas de fumaça de marijuana a inundar o ambiente escuro dos mercados de Itaobim, Pedra Azul, localidades que receberam até então o maior movimento de cultura do vale. Os festivais da canção já eram conhecidos da população do vale. Várias cidades como Jequitinhonha, Almenara, Jacinto, Rubim, Pedra Azul e Joaíma já realizavam seus festivais. Em um deles realizado na quadra do Automóvel Clube de Jequitinhonha, conheci o poeta Gonzaga Medeiros concorrendo com sua "Pega a Faca Jesus e Reparte Este Pão", música que deixou-me extasiado no momento da sua execução na quadra do clube. Um fato marcante marcou o Festival da Canção de Joaíma. Estávamos todos na cidade às quatro horas da tarde fazendo a ronda dos bares, quando vimos um jovem muito estranho, descalço, roto, cabeludo, puxando um saco de amianto pelas mãos. O saco estava cheinho da erva conhecida como maconha e o jovem era compositor e concorrente do festival, seu nome: Timbé da Gameleira. Timbé morava no mato no município de Rubim e vivia uma vida de ermitão, plantando o que comia e até o que fumava. Outro fato marcante foi a aparição no festival de um garoto, um menino concorrente do festival que tocava violão com a mão esquerda e possuía uma voz muito bonita: era o cantor e compositor Biló.
A viagem para o Festivale de 1983 na cidade de Minas Novas, antes de ser uma aventura, foi uma aula de consciência política e cultural para mim, um jovem de vinte anos. Embarcamos num jeep na cidade de Itaobim. Eu, Gonzaga Medeiros, Wesley Pioest, José Machado, Tadeu Martins e o cantor e compositor João Carlos Cavalcanti. Inacreditável que um jeep comportasse tal quantidade de tripulantes, mas fomos palmilhando a terra vermelha das estradas do vale, subindo o vale margeado pelo belíssimo rio Jequitinhonha. Os tripulantes do jeep conversavam sobre livros, política, poesia e, claro, sobre os novos rumos que o Festivale deveria tomar. Eu viajava calado, ouvindo tudo aquilo e guardando dentro de mim.
No início de 1983 em Jequitinhonha, o poeta Wellington Miranda apresentou-me uma brochura, um livrinho com capa de cartolina, datilografado com poemas de sua predileção, que eu sabia ser de Manuel Bandeira, Drummond e Ferreira Gullar. Dei uma olhada no livrindo e disse a ele, ora, por quê não publicamos nossos próprios poemas? Ele então me respondeu que para produzirmos livrinhos em maior quantidade, só se fosse usando o mimeógrafo. Eu disse, então vamos publicar usando o mimeógrafo. Na época toda escola dispunha do interessante instrumento chamado mimeógrafo, um velho conhecido, pois era com ele que as professoras imprimiam provas e trabalhos escolares para os estudantes. A prefeitura municipal também dispunha de um mimeógrafo e foi com ele que imprimimos meu primeiro livro: Jequitinhonha, Barro e Coração, com capa de cartolina onde destacava-se o título impresso na Tipografia Liberdade, do meu tio Sebastião Bento, que também ilustrou a capa com uma pintura em tinta guache onde apareciam potinhos de barros superpostos. Se não me engano produzimos algo em torno de trinta e dois exemplares do livro, que distribuí em Minas Novas para o pessoal da direção do Festivale, para os amigos e para algumas moças que conheci no acampamento, nos becos, ruelas e ladeiras da cidade barroca do vale.
Em Minas Novas o festival da canção foi realizado em praça pública e a canção "Frutear", do Grupo Musical Puchichá foi a grande vencedora do festival. Na mesma ocasião tive o imenso prazer de conhecer o cantor Arnô Maciel, que convidou-me para tomar café com ele no bonito sobrado colonial em que morava. Lá também conheci uma mocinha muito interessada por tudo o que estava acontecendo, era Deyse Magalhães, filha da cidade de Minas novas e irmã do compositor Dalton Magalhães que apresentava suas canções nos festivais ao lado da sua esposa Vânia, também cantora.
É importante frisar que todos íamos para o Festivale sem a certeza de onde iríamos comer ou dormir, mas sempre aparecia alguém da cidade disposto a alojar as pessoas, oferecer um prato de comida ou um cantinho no quarto de visitas. Mas muita gente preferiu acampar às margens do rio Fanado sob uma temperatura de 10°. Era uma vida aventureira, à moda da contracultura, da ideologia hippie onde apenas o grande espírito da arte e da amizade se fazia valer e imperar. Ninguém tinha muito dinheiro e sim muito talento para criar canções, poemas, livros, artesanato.
O Festivale era produzido de fora para dentro, quer dizer, tudo era organizado na capital do estado e trazido para o vale. Tenho plena certeza que não existia a gana incessante pelo dinheiro por parte dos artistas e dos organizadores. O motor da arte funcionava muito mais pelo coração e pela alma e o Festivale era puro coração, pura alma.

terça-feira, 19 de maio de 2020

CARTAZ FESTIVALE - 6º Salinas


         
         O Sexto cartaz do FESTIVALE, traz na parte superior os dizeres: Salinas 19, 20 e 21 de Julho e abaixo  o desenho da metade do corpo de uma viola e entre as cordas o slogam  “Vale, vida, verso e viola” e  logo após escrito Feira de Artesanato, lançamento de livros e discos,Exposição de fotografias, apresentação dos  grupos folclóricos, violeiros, teatro, rua de lazer e recitais de poesia.
        Na parte inferior do cartaz escrito 6º FESTIVALE - Festival da  Cultura Popular do Vale do Jequitinhonha , logo abaixo as premiações com valores da premiação e inscrições, No lado direito: regulamento do Festival da Canção e no esquerdo: locais de inscrições e no centro Shows do Festivale: Rubinho do Vale, Paulinho Pedra Azul, Tadeu Franco, Saulo Laranjeira, Tavinho Moura, Célia Mara, Titane, João Bá, Doroti e Dercio Marques, Eros Januzzi, Seu  Preto Souza, Carlos Lucena, Bentinho do Sertão, Arnô, Preta Viana, Coral Trovadores do Vale e Seresta com vários artistas.
      No rodapé: A promoção do VI FESTIVALE foi do CCVJ, Jornal Geraes e Centro Cultural de Salinas; O patrocínio foi da Prefeitura municipal de Salinas, Secretaria de estado da Cultura, Secretaria de Estado de Trabalho e Ação Social, CODEVALE, Acesita Energética, e o Apoio veio da Turminas, Tatá Jóias, Gioiele Criações, Pitágoras, Radio Inconfidência – FM, COPASA e o Estado de Minas.

Curiosidade:
·    Esta arte não é o cartaz original, mas sim o encarte do Festival da canção, não conseguimos encontrar a arte do Cartaz.
Obs: Se alguém tiver e puder nos ceder pelo menos a foto agradecemos.


Fonte: Livro “ Festivale: Cultura e resistência de um povo” livro a ser lançado de Jô Pinto.


segunda-feira, 18 de maio de 2020

NARRATIVAS DO FESTIVALE - Por Ângela Freire


O Primeiro Beijo Gay da Noite Literária
Por Ângela Freire

           
Moa, autor da poesia ( Em Saudades)
         A noite literária  desde que foi acoplada ao Festivale, a partir de 1992,   aconteceu em  praça pública, clube e escola. É considerada como momento ímpar, que  inspira elegância e requinte. Além de oportunizar a participação e a expressão artística, garantindo a participação do protagonismo dos artistas do Vale do Jequitinhonha, através da literatura, com lançamento de livros e apresentações  de poesias,  com interpretações memoráveis.
            Em 2006,  na cidade de Araçuaí,  aconteceu  o 24º FESTIVALE, a noite literária  em sua 11ª edição, tinha de fazer jus a um local que traduzisse o momento, foi apontado para o Colégio Nazareth. Não apenas por ser uma instituição educacional, mas por representar a bravura de mulheres, vindas da Europa em 1926 para viverem uma experiência  educacional  e religiosa em Araçuaí. As Irmãs Penitentes Recoletinas, de Oirshot contribuíram e continuam  a trabalhar  para a formação de muitos jovens , do Vale do Jequitinhonha. 
            Fui  pessoalmente com o ofício em mãos,  conhecia bem as irmãs desta instituição. Fui muito bem recebida, ao fazer a solicitação, logo fui prontamente atendida, e, a irmã fez questão de ceder o espaço do salão nobre, sem nenhum ônus sequer com a seguinte advertência: __Estamos cedendo porque te conhecemos bem. Apoiamos a cultura , só te peço que tome cuidado com o salão , cumpra o horário delimitado  e não tenha manifestações indecentes, somos um colégio de freiras e devemos zelar pela nossa Congregação.  Imediatamente empenhei a minha  palavra  e  além de entregar-lhe o ofício, insisti para que viesse assistir aquela noite memorável!
            A comissão de decoração muito criativa entrou em ação, pega emprestado ali, outro doa um arranjo, alguém limpa, costura, prega, mede, cola e a ornamentação fez jus aquela noite com muito nobreza e bom gosto!
            Quando me adentrei no salão, logo avistei as três irmãs franciscanas, na primeira fila, cumprimentei-lhes eufórica, porque o recinto estava lotado! Caminhei em direção ao camarim para cumprimentar os poetas e intérpretes, quando reparei alguém trajando um tecido  rosa, amarrado à cintura e alguém  lhe pintando o corpo com purpurina. Curiosamente perguntei o que significava, mas a resposta veio imediata do poeta, Marcos de Oliveira Almeida ( Moa), que  sussurrando baixinho, com um sorriso estampado de ansiedade: SURPRESA AMIGA!
            A noite literária seguiu de acordo com o cerimonial, cada obra melhor do que outra, deixando os jurados tensos no julgamento. Mas a tensão pior foi a minha, quando o mestre de cerimônia chamou a última poesia intitulada  “JEQUITIAMO”.  Até ai não havia nada de estranho, a  poesia  era  uma declamação em favor do rio e sua paisagem tropical. O cenário  continha muitas folhas secas e apenas um galho afixado no interior,mas, numa interpretação, tudo é válido na versão do seu autor. No entanto, tomei conhecimento  daquilo num estalo  e tamanha minha surpresa  porque  a figura masculina  que tinha visto no camarim,  se posicionou aos fundos, na frente do galho seco. O tecido rosa ,  era  um perizônio,   entronizado  a figura de São Sebastião!
              Uma versão diz que o santo  negou-se a praticar atos sexuais com o imperador, por isso foi assassinado. Alguns historiadores contam que há fortes indícios também que Sebastião era amante do imperador Diocleciano. Outras dizem que ele arrumou um amante e foi descoberto. Hoje, ele é considerado também o santo das grandes epidemias, na idade média era o santo protetor da lepra, depois tornou-se da AIDS.  Santo padroeiro da cidade do Rio de Janeiro,mas  ali estava na cena, como um Ébano.Congelei-me neste instante  e  presumi que algo impactante aconteceria. Não deu tempo nem de imaginar, pois  o autor  não  declamava mais, ele estava a declarar-se :

“(...) Jequitiquero perto de mim pra novamente
Sentir o amor inocente tocar em seu corpo
E sentir em seus lábios o doce do mel.
Jequitiamo  por te conhecer, por ter estado
 perto de você, por andarmos juntos, cantar a mesmo
língua e sentir o mesmo amor.”

Não  conseguia acompanhar as falas,  só pude ouvir da platéia, num único  som de “oh!” e em seguida aplausos.  Pronto: O  primeiro beijo gay,  estava protagonizado na noite literária!.
Quando olhei em direção das pobres irmãs, já estavam  no final da porta, sem olhar para trás, segurando seus rosários. Sabia que, quando tivesse de entregar a chave, haveria de escutar!
            O sermão foi certeiro e durante muito tempo dei muitas voltas para não ficar perto das irmãs, que lembravam daquele beijo!

OBS. Não encontramos fotos ou videos da noite literária do 24º Festivale em Araçuaí, se alguém tiver faça contato.
           



quinta-feira, 14 de maio de 2020

FESTIVALE: Fotos e Curiosidades

Foto 1 - Festival da Canção


 Foto 2 - Boi Coquis de Rubim


Foto 3 - Apresentação de Saulo Laranjeira
Foto sem autoria

terça-feira, 12 de maio de 2020

CARTAZ FESTIVALE - 5ª Edição Araçuaí

A arte do quinto cartaz do FESTIVALE, traz na parte superior os dizeres: FESTIVALE e abaixo do lado direito o slogam  “Vale, vida, verso e viola” e ainda Feira de Artesanato, lançamento de livros e discos,Exposição de fotografias, apresentação dos  grupos folclóricos, violeiros, teatro, rua de lazer e recitais de poesia.
A arte do cartaz é um desenho psicodélico assinado por Taliberti,.
Na parte inferior do cartaz escrito 5º Festival da  Cultura Popular do Vale do Jequitinhonha – Minas Novas 20, 21 e 22 de Julho – 84, logo abaixo as premiações com valores da premiação e inscrições até o dia 25 de junho, No lado direito: regulamento do Festival da Canção e no esquerdo: locais de inscrições e no centro Shows do Festivale: Rubinho do Vale,  Paulinho Pedra Azul, Tadeu Franco, Eros Januzzi, Saulo Laranjeira, Tavinho Moura, Coral Trovadores do Vale, Gonzaga Medeiros e Doroti Marques
No rodapé: Promoção CCVJ, Jornal Geraes e Centro Cultural Nagô.  Colaboração e apoio Prefeitura municipal de Araçuaí, Secretaria do Trabalho,Secretaria da Cultura e CODEVALE


Curiosidade:
·    Pela primeira vez o cartaz vem anunciando que teria lançamento de livros e discos, recitais de poesia, teatro, rua de lazer e exposição de fotografias


Fonte: Livro “ Festivale: Cultura e resistência de um povo” livro a ser lançado de Jô Pinto

segunda-feira, 11 de maio de 2020

NARRATIVAS DO FESTIVALE - Por Danilo Alves


Danilo Alves é natural de Pedra Azul, Circense, ator, diretor e professor de teatro e técnica circense, cantor e compositor. Ministrou diversas oficinas em Festivale bem como interpretou varias poesias em noite literárias. Atua como professor de Técnica circense, teatro e expressão corporal em cidades do vale.
Lembro como hoje ao ouvir aquelas vozes chegando em carros, multidão de sorrisos de cores de diversidade, algo que meus olhos nunca havia saboreado, tudo era novidade, eu menino novato mais era tanto sorriso e abraços que logo já parecia que conhecia, a tanto tempo que era como se rolasse aquelas visitinha na casa de gosto de café quentinho e um pãozinho acabado de sair do forno. Era tanta linguagem nova, tanto conhecimento que logo me libertei de amarras que me prendia, de conceitos e preconceitos e cai naquela folia, de dança de encantos e de cultura popular. Uma das experiências mais marcante para minha pessoa foi ver um negro de pele reluzente em um palco com uma voz marcante que cantava notas que trazia toda ancestralidade em uma Estrela Natal, e ali me conectei com um universo que nem eu mesmo descobria, ver as beyblade se transforma em seres dignos da noite, com todo vislumbre e magia, ali sem pensar duas vezes me montei e nunca gargalhei tanto, pois pudera logo eu nunca havia andado de salto na vida. Mas ali montei minha casa no meio daquela multidão, de estranhos tão conhecidos, que já fazia parte da minha e de toda uma história.

sexta-feira, 8 de maio de 2020

NARRATIVAS DO FESTIVALE - Por Juarez Freitas




Juarez Ferreira Freitas, natural de Pedra Azul, Vale do Jequitinhonha, poeta, sempre foi ligado aos movimentos sociais e culturais. Adentrou as portas do movimento cultural do vale pelo Teatro, no 9° FESTIVALE, em Virgem da Lapa em 1.988. De lá prá cá foram 21 edições do FESTIVALE. 
Ao longo da caminhada passou por Rubim, Diamantina, Jequitinhonha, Bocaiúva,Minas Novas, Salto da Divisa, Itinga, Jordânia, Carbonita, Grão Mogol, Salinas, Capelinha, Padre Paraiso, Pedra Azul, Joaíma, Araçuaí, Medina, não exatamente na mesma ordem.
Também presente em dezenas de encontros culturais e seminários. Foi  Diretor de Comunicação e Diretor Financeiro da FECAJE, participou de muitas comissões de trabalho, mas se destacou por suas participações na Noite Literária do FESTIVALE, sendo premiado em várias edições, conquistando primeiro lugar em Jordânia, Jequitinhonha e Joaíma.
Foram ainda, diversas apresentações teatrais dentro do FESTIVALE, com participação ainda, de diversos cursos e oficinas. Tendo contatos importantíssimos com Zé Machado, Rosevelt, João Evangelista...
Entretanto, os relatos mais curiosos foram o deslocamento para o 11° FESTIVALE na cidade de Diamantina, em 1.990, quase 500 km, onde fomos de PAU DE ARARA, com muita poeira e chuva. Fomos abastecidos com cachaça com mel, pois enfrentamos na ocasião uma temperatura entre 9° e 11° graus. Tudo era diversão, pois para participar do movimento cultural valia qualquer sacrifício. Lembro-me também do FESTIVALE de Carbonita que tivemos que amanhecer na calçada porque alojamentos e hotéis estavam superlotados e pra complicar chegamos de madrugada. Mas entre idas e vindas posso dizer que muitas coisas interessantes marcaram minha participação neste evento de tão grande importância para o resgate e popularização de nossa cultura.
Queria, Inclusive, pedir licença aos companheiros pra citar alguns nomes que foram marcantes para que minha participação fosse tão ativa neste renomado movimento: William Pinheiro (in memorian) ( Pedra Azul), Itamar (Minas Movas),Marcos Gobira (Jordânia), Dim Martins (Virgem da Lapa), Neilton Lima Almenara), Vilmar Oliveira (Medina), Wanderley (Araçuaí), Ulisses (Itinga) e muitos outros que formam um rosário de amigos, quiçá irmãos.
Também a honra de participar das noites literárias ao lado de Beth Guedes, Cláudio Bento, Jota Neris, Luciano Silveira,  Branco Di Fátima, Roger Oliver, Eldvim Mendes, e todos os outros que fizeram da noite literária uma verdadeira Noite de Gala.
Passa um filme em nossas cabeças.  Muito feliz por este espaço para citar uma pequena parte desta longa caminhada cultural.







quinta-feira, 7 de maio de 2020

FESTIVALE - Fotos e Curiosidades



Rubinho do Vale, Lira Marques, Seu Preto, Fatinha, Guilardo Veloso, Ana, Rui Barreto, Jansen, João Carlos, Aurélio e Titane



Paulinho Pedra Azul e Zé Gomes, na linda capelinha de São José


GIRO PELO VALE - Caraí e o Vale de luto

Foto: UFMG É com muito pesar que comunicamos a passagem espiritual da artesã de Caraí, Dona Noemisa, uma baluarte do artesanato do Vale do...