quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

GIRO PELO VALE - Itinga de Luto, morre um Herói/Barqueiro, Seu Gera da Balsa


Itinga esta de luto, um daqueles heróis anônimos que tanto fez pela cidade, mas que não teve esse reconhecimento nos anais da história.
Partiu para o plano espiritual para uma ultima travessia, seu Geraldo ou Gera da Balsa como era conhecido, carregava sobre o peito a marca do remo, marcar essa adquirida pelos longos e árduos anos de viagens atravessando pessoas, carros ,mercadorias e o desenvolvimento de Itinga, a balsa pesada de madeira era por ele e tantos outros barqueiros conduzida pelos  seus braços fortes.
É impossível falar do desenvolvimento de Itinga, sem prestar uma justa homenagem a esses homens que literalmente carregou esse progressos nos braços cruzando o rio Jequitinhonha em cheias ou secas.
Antes da ponte, o alimento que chegou as nossas mesas dependeu dos braços fortes de seu Geraldo, se seu carro ia de um lado ao outro foi também os braços de seu Geraldo que o conduziu a outra margem.
Hoje seu “Geraldo da Balsa” foi fazer uma nova travessia, partiu para uma viagem de ida ao encontro do Pai Celestial e de tantos outros barqueiros e canoeiros que lá estão, que Deus na sua infinita bondade o receba de braços abertos  e que a família sinta-se honrada , pois seu Geraldo  foi e sempre será um herói desta terra chamada Itinga.

O Barqueiro
Autor:  Jô Pinto

O barqueiro ajeitou a prancha
O carro deslizou para dentro da balsa
O barqueiro embarcou pessoas
embarcou meu pão nosso pão.
O barqueiro de remo no peito e na mão
empurrou a balsa sobre as águas do jequi
O barqueiro cantarolava uma canção
nas águas as vezes turvas do coração
no vai e vem, a força e a emoção
espiritual e a física cravada eternamente em seu peito
A balsa parou.....
o barqueiro por fim descansou.
e um herói a cidade reverenciou....
deixou seu legado, sua história
nas águas do rio, que outrora as levou
para os braços do mar.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

DIÁRIO DE LEITURA - Lançado o Livro " Um Projeto de Província nos Sertões" de Juliana Ramalho


Meu nome é Juliana Pereira Ramalho. Nasci em uma comunidade rural chamada Lages, no atual município de Ponto dos Volantes, localizado no médio Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais. Na Universidade Federal de Viçosa, fiz a graduação em História e mestrado em Extensão Rural. E, o meu doutorado foi realizado na Universidade Federal de Ouro Preto, no programa de Pós Graduação em História.
Este livro, que hoje tenho o prazer de apresentar ao público, é a concretização de um sonho que nasceu ainda na minha adolescência nos idos anos da década de 90, do século XX. Naquela época, quando cursei o ensino médio e fundamental, não encontrei nos livros didáticos a história da região em que eu vivia, com exceção do distrito diamantífero. Isso me intrigou e me levou a indagar sobre a história do local em que vivíamos.
Lembro-me que um dia, ao faxinar a casa de uma vizinha que é muito amiga da minha família, encontrei um livro de poemas, de autoria do Victor Alves Cardoso, um poeta da cidade de Ponto dos Volantes. Neste livro, o autor aborda de forma poética alguns traços identitários da cidade de Ponto dos Volantes, que naquele período era distrito da cidade de Itinga. Ao degustar as páginas do livro, vi nascer o desejo de me aprofundar no conhecimento da história da nossa região.
Outro momento marcante na construção do meu interesse pela história regional do Vale do Jequitinhonha ocorreu em 1995, ano da emancipação da cidade de Ponto dos Volantes. Lembro-me que a professora Leila Sicupira, que na época, lecionava a disciplina de Geografia na Escola Estadual Alonzo Barbuda, desenvolveu com seus alunos (dentre os quais eu me incluía) uma atividade que consistia em uma pesquisa em grupo acerca da história de Ponto dos Volantes. Como não havia registro documental sobre a cidade que surgia no horizonte dos novos municípios mineiros, entrevistamos os moradores mais antigos do distrito, fortalecendo em mim a curiosidade pelo conhecimento histórico e o prazer da descoberta.
Tais experiências reverberaram em minha vida acadêmica ao cursar história, na Universidade Federal de Viçosa. Como trabalho final do curso de bacharelado em História, optei por realizar uma pesquisa sobre a identidade rural nas músicas regionais do Vale do Jequitinhonha. A pesquisa sobre o Jequitinhonha foi ampliada no mestrado em Extensão Rural, quando elegi como objeto de estudo a cadeia produtiva do artesanato em cerâmica e madeira, produzido na região.
Naquela ocasião, idos de 2007, pesquisando as teias de produção e consumo do artesanato, a atenção voltou-se ao estreito vínculo entre os artesãos, ao meio rural e às comunidades indígenas e quilombolas. Ao realizar o percurso na análise historiográfica acerca das comunidades rurais do Jequitinhonha, com o intuito de problematizar os artesãos dentro do seu universo produtivo, pôde-se diagnosticar que o acesso a terra para os artesãos, mesmo para aqueles residentes no meio urbano, era crucial para a atividade artesanal.
A questão da terra saltou, portanto, aos olhos da pesquisadora, como um problema a ser investigado. Apesar de muitos sociólogos e antropólogos discutirem a questão da migração e da concentração fundiária como fruto das transformações econômicas e sociais ocorridas no Jequitinhonha, a partir do século XX, fato intrigante foi que, desde os anos de 1980, os conflitos de terra e as reivindicações sindicais pela melhor distribuição da terra no Jequitinhonha era temática de discussões locais, conforme se pode analisar nas páginas do Jornal GERAES, que se sobressaiu no Vale do Jequitinhonha na década de 1980. Nos anos de 1980, o Jequitinhonha também foi palco das primeiras organizações do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra. Isso significou, portanto, que o acesso a terra no Jequitinhonha era algo que carecia de um estudo histórico para além do século XX, a fim de problematizar as raízes estruturais das desigualdades sociais, econômicas e os conflitos daí decorrentes que, até os dias atuais, permeiam a vida de muitas comunidades rurais, quilombolas, indígenas e migrantes do Jequitinhonha, espalhadas pelas periferias das cidades do Brasil. Ao fazer tais constatações, iniciei uma pesquisa que foi desenvolvida no doutorado na Universidade Federal de Ouro Preto e que resultou no livro “ Um projeto de Província nos sertões: terra, povoamento e política na freguesia de São Pedro do Fanado de Minas Novas – Minas Gerais (1834-1857).
Neste livro, o leitor vai se deliciar com a história da região que constituiu os vales do Jequitinhonha e Mucuri, no nordeste mineiro, que no século XIX fazia parte de um único município – o município de Minas Novas. Vale mencionar que o município de Minas Novas do século XIX congregava produtores agrícolas e criadores de gado interessados em explorar a mata Atlântica que circundava o município e que era habitada por diversos grupos indígenas. Para viabilizar a expansão agrária e deter o poder sobre essas terras, os exploradores do município de Minas Novas reivindicaram maior participação no governo central do Império ao propor a criação de uma nova província – a província de Minas Novas.
Desejo aos leitores uma boa leitura e que o conhecimento do passado os leve a problematizar a nossa realidade que é uma construção feita por homens e mulheres e, que por isso, não é natural, o que nos torna sujeitos históricos na manutenção ou na transformação da realidade em que estamos inseridos.
A aquisição do livro impresso poderá ser feita pela editora Paco editorial no site https://www.pacolivros.com.br/Terra_Povoamento


E, para aqueles que se interessam pelo livro digital, a aquisição do ebook poderá ser feita nos seguintes sites:


Texto: Própria autora a pedido do  Jô Pinto para o blog.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

MEMÓRIA CULTURAL - Pilão

Pilão Comunidade Quilombola do Jenipapo em Itinga/MG - Foto: Jô Pinto

O pilão é um utensílio culinário essencial na cozinha africana, com as mesmas funções de um almofariz, ou seja, para moer alimentos. No sul de Moçambique o pilão é um dos objetos normalmente oferecido os noivos no dia seguinte ao casamento, numa cerimônia chamada xiguiane.
Este artefato primitivo de origem remota, na época do Brasil-colônia, já era utilizado na agricultura para socar alguns alimentos tais como milho e o café. Todas as casas nas zonas rurais usavam algum pilão.
Os pesquisadores afirmam que essa ferramenta deve ter sido copiada dos árabes. Em 1638, nos terreiros próximos as portas das cozinhas, já havia registro do emprego de pilões, nos preparos da farinha de mandioca e óleo de semente de gergelim, em substituição ao azeite de oliveira.
Hoje com o grande desenvolvimento tecnológico, outras máquinas motorizadas ou elétricas, vieram substituir este artefato, tornando mais fácil a vida das pessoas. O pilão intermediou as trocas alimentares entre os indígenas, africanos e europeus, a união de vários caminhos e experiências de vida.
De etnias, de culturas e a miscigenação de gostos, formas e aromas. Apesar de ultrapassada, em decorrência dos avanços tecnológicos, aquele utensílio continua presente no imaginário popular brasileiro, em alguns regiões como no Vale do Jequitinhonha, principalmente em comunidades rurais e quilombolas, ainda é possível encontrar os pilões, e estes ainda são utilizado para moer o milho, socar arroz e fazer temperos.


 Fontes
Cascudo,Luís da Camara.História da alimentação no Brasil.3.ed.São Paulo:Global,2004
O Pilão é utensílio de origem africana?Disponível em:Acesso em 1º set.2008.

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quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

DIÁRIO DE LEITURA - Poeta Claudio Bento lança mais um livro

Foto: Pagina rede social do poeta

No dia 31 de Janeiro, na Churrascaria do Cowboy, na cidade de Jequitinhonha – MG, aconteceu o lançamento do livro “Memorial da Infância Perdida” e do CD ”Letra e Musica” do grande poeta, Cláudio Bento.
Durante o lançamento o público teve a honra de apreciar varias atrações culturais: música teatro e declamações de poesias.
Claudio Bento Nasceu em Jequitinhonha e é considerado um dos grandes poetas do Vale do Jequitinhonha, não só pelas belas poesias, mas pela sua defesa da literatura, da cultura popular e da poesia produzida no Vale.
Já foi premiado em concursos literários no Brasil e no exterior, tem poemas publicados no Suplemento Literário de Minas Gerais, na revista Telas e Artes e em jornais alternativos em vários estados brasileiros. Cláudio Bento trabalha também ministrando oficinas literárias, fomentando o incentivo à escrita e à leitura, além de desenvolver projetos culturais em bibliotecas de escolas públicas estaduais da capital e do interior de Minas Gerais. O poeta sempre participa de maneira efetiva de movimentos populares, como o Festivale - Festival Da Cultura Popular do Vale do Jequitinhonha ou de feiras de livros, festivais de poesia, de música, de folclore.
Tem uma dezena de livros publicados e já recebeu as mais diversas homenagens por todo trabalho que ele desenvolve através da poesia.

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segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

MEMÓRIA CULTURAL - Cemitérios

Cemitério Highgate - Reino Unidos


      O cemitério pode ser  um patrimônio histórico de muitas memórias, principalmente os mais antigos, pois guardam ali figuras importantes, além disso    verdadeiras obras de arte em alguns túmulos, sendo o mais antigo  localizado no Iraque, em Najaf, no Brasil o cemitério de Gamboa no Rio de Janeiro, fundado em 1811, no  Vale do Jequitinhonha  não  há registros  ainda.
      A palavra “cemitério” vem do latim coemeterium, mas originalmente do grego kimitírion, que significa “fazer deitar”. Nos primeiros séculos da era cristã, os cemitérios  eram implantados longe das igrejas e fora dos muros da cidade,  costume ainda de muitas cidades do Vale do Jequitinhonha.
Mas, Idade média os mortos importantes eram sepultados dentro das igrejas e os outros fora desta, isso causou muitas doenças e insalubridade destes templos, costume também  estendido em muitas cidades mineiras
        No século XVII os sepultamentos passam a realizar-se em área aberta, nos chamados campos-santos ou cemitérios secularizados
     Em muitas cidades mineiras, não há regulação quanto aos cemitérios, muitos  são abandonados, perda irreparável de um belo patrimônio artístico. Ou ainda, com o surgimento dos chamados "cemitérios-jardim" a arte da escultura cemiterial praticamente está extinta. Também a presença cada vez mais escassa de túmulos monumentais, é o alto custo dos materiais como o mármore, ferro e bronze, além da quase inexistência de artistas que se dediquem a este tipo de trabalho.
       Apesar da aparência muitas vezes triste, os cemitérios, principalmente os mais antigos podem guardar ricas surpresas para quem se dispõe a procurar. Alguns constituem verdadeiras galerias de arte a céu aberto sendo até mesmo possível encontrarmos peças e esculturas de artistas famosos.
       Portanto ao visitar um cemitério, não vá apenas para rezar, olhe, repare e reconheça ali também  o valor estético de um patrimônio cultural.

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GIRO PELO VALE - Caraí e o Vale de luto

Foto: UFMG É com muito pesar que comunicamos a passagem espiritual da artesã de Caraí, Dona Noemisa, uma baluarte do artesanato do Vale do...