domingo, 30 de maio de 2021

MEMÓRIA CULTURAL - Seu Tião e sua Arte do Sertão

 

 

Foto: Arquivo Pessoal


Foto: Jô Pinto

Em Itira, distrito de Araçuaí, lugar onde o rio Jequitinhonha, encontra-se com o  Rio Araçuaí e suas águas seguem para desaguar no mar, na cidade de Belmonte, na Bahia.

Aldeia do Pontal, fundada pelo Padre Carlos Pereira de Moura foi palco de uma contenda com Luciana Teixeira, mulata destemida e independente. Porque o padre com seus ideais de uma cidade próspera e com preceitos cristãos. Ela com desejo de empreender uma cidade livre e moderna.

Este embate resultou na expulsão das mulheres e Luciana Teixeira, muito astuta, levou sua frota para a parte mais alta do rio Araçuaí, instalando-se na Fazenda Boa Vista do Calhau, que mais tarde virou a cidade de Araçuaí, em 1871.

E, na antiga Barra do Pontal, encontramos um casal de artesãos, Sebastião Moreira Santos, com seus setenta e seis anos e sua companheira Eva Rodrigues da Silva com sessenta anos.

Seu Tião como gosta de ser chamado, revela em voz mansa, baixa e sorridente, como despontou e se descobriu neste ofício, acompanhado pela sua companheira que também aprendeu o ofício.

Nascido na Fazenda Santa Rita, município de Coronel Murta, a história de sua família remonta ao processo de miscigenação entre índios, negros e brancos trabalhadores da região de Coronel Murta. Seu Tião se autodeclara “Caboclo”.

Foi casado com uma descendente dos povos originários Aranãs, no qual constituiu família, mas depois se separou da sua esposa.

No final dos anos de 1990, passou a acompanhar sua filha Luíza Índia Aranã, em eventos culturais, expondo peças como colares, brincos e pulseiras que representam a sua etnia indígena.  

Com o tempo resolveu criar suas próprias peças, no qual fazia quando criança para brincar, peças feitas de madeiras: Figuras humanas e os bichos que ele observa nas matas do cerrado do Vale do Jequitinhonha.

Sua primeira exposição a convite da diretoria da FECAJE na época foi no FESTIVALE, do ano de 2010, na cidade de Padre Paraíso/MG. A arte, que ele gostava de fazer desde criança, para sua emoção foi muito bem recebida, todas as peças foram vendidas.

Ele se sentiu muito valorizado, e resolveu seguir desenvolvendo e aprimorando seu trabalho.

Ele revela que usa madeira seca de arvores já morta, preferencialmente a emburana, por ser leve e fácil de manusear.  Conta que cada peça é batizada por um nome, seu trabalho já foi até para o exterior.

Em 2017, houve uma exposição em Belo Horizonte, denominada  de  “Exposição Aparecida – 300 Anos”, no  Centro de Arte Popular – Cemig, integrante do Circuito Liberdade, ele se sentiu muito lisonjeado e assim ele relata o porque:

“O Secretário estadual da Cultura, Seu Ângelo Oswaldo, mandou buscar nós em casa, hospedou a gente num hotel chique e ainda ganhei um prêmio. Ver minha arte junto de outros artistas renomados foi bom demais”

 Ele também diz que gosta muito do FESTIVALE, porque é um momento de encontrar os amigos artesãos, e, artistas da região, além de vender as peças, para quem aprecia e gosta de artesanato.

Ele segue firme na confluência dos rios Araçuaí e Jequitinhonha, no distrito de Itíra, produzindo seu artesanato e contribuindo para o fortalecimento da memória cultural do Vale do Jequitinhonha.

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quinta-feira, 27 de maio de 2021

DIÁRIO DE LEITURA - A Antologia da 23º Noite Literária

 


Depois de 23 anos sagrando-se como o maior evento literário do Vale do Jequitinhonha e uma vitrine para escritores regionais, a Noite Literária do FESTIVALE ganhou a primeira antologia para registro e valorização da literatura produzida e degustada na região.

A importância da obra, para além da beleza indiscutível da poesia, se dá ao guardar para as futuras gerações os registros do momento, fundamental para a literatura do Vale. A 23º Noite Literária, aconteceu em Felisburgo e homenageou o escritor Robson Waite, que teve lançado seu livro Compreendendo Deus. Foram apresentados também ‘Momentos Sertanejos’ de Virgínia Baracho e ‘Caminhar’ de Dyego Maltz. O coletivo dos poetas e escritores do Vale do Jequitinhonha lançou a coletânea ‘Antologia dos Poetas e Escritores do Vale do Jequitinhonha’, uma obra celebrativa do primeiro encontro realizado em Itinga-MG, em maio de 2018. Tudo isso está hoje registrado na obra.

O livro conta com um poema de cada um dos escritores inscritos no processo, cerca de 40 obras, destacando os dez classificados para apresentação na noite do dia 24 de julho de 2018, além dos três premiados. Há um delicioso contraste entre poetas consagrados e novos escritores, valinos e forasteiros, poemas rimados, poemas livres, além da miscelânea de temáticas. Um verdadeiro mosaico literário de sentidos e sentimentos.

 

E o rio sente o arrepio encrespando-lhe a superfície,

É, pois, o fim do seu ofício:

Ser a líquida-voz do povo do vale que luta e teima, e crê, e busca...

E de forma brusca, o rio se deixa salgar e a voz se torna múltipla, oceânica,

E o rio encerra seu (per) curso: ele chega, enfim, ao mar!

Fragmento de (PER)CURSO DE RIO, de Jucilene Vieira, poema vencedor da noite

 

O convite para fazer o prefácio foi uma das maiores surpresas que já tive na vida. Sou apaixonada pela Noite Literária desde que eu era uma criança — em 1998 o FESTIVALE aconteceu em Itinga — e vi tantos e tantos poetas que admiro se consagrarem em seus palcos, tive a certeza de que a literatura me deu tudo que sonhei um dia, fazer parte do movimento literário do Vale do Jequitinhonha. Compartilho parte do prefácio:

Eu escrevo de dentro do vale. Um Vale Poético. Aqui, a poesia é, antes de qualquer expressão, o nosso caminho de vida. E, então, é expressão também. Na crueza e singeleza da convivência cultural, estando no dia a dia com quem luta pela poesia de nossa terra, é que me entendi. Eu sou poeta. E há tantos!

A FECAJE – Federação das Entidades Culturais e Artísticas do Vale do Jequitinhonha, que cuida da realização do FESTIVALE e outros momentos culturais, foi assertiva ao lançar a antologia. O movimento literário segue sendo espaço de construção coletiva de nossa identidade e, assim, de nossa beleza. A poesia no Jequitinhonha é vento.

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quarta-feira, 26 de maio de 2021

OPINIÃO DO BLOG - Vício e Virtude


Fico muito feliz em saber que a minha escrita chega no coração de alguém, e é por isso que insisto nessa loucura gostosa que é a arte de deixar sair de si, da sua alma, algo que vai tocar na alma do outro.

Muitas vezes fui convidado a dar palestras por aí, vejam bem, dar palestras. Que ousadia a minha. E numa dessas para professores que mais já falei na minha vida, cheguei mais cedo e fiquei por ali no meio do povo.

A coordenadora do evento se aproximou e uma professora amiga dela estava próxima e ela me apresentou dizendo, este é o palestrante. E ela, fez uma checagem como se checa um código de barra. E acrescentou: ah, é você? Fui para a mesa de debate, tudo preparado para falar da ação transformadora em Paulo Freire e outros. Mas, aquele é você, não me deixou em paz.

E resolvi retomar a filosofia de Platão, o admirar-se. Estamos viciados em não gostar das pessoas, estamos viciados em falar mal das pessoas, estamos viciados em não querer o bem do outro.

As nossas virtudes, nossos valores estão sendo encobertos por um vício como erva daninha. Não conseguimos dar um passo adiante e elogiar, acrescentar e acima de tudo amar.

Olhar para as pessoas com olhos de amor. E muitas vezes, nos sentimos bem porque estamos cegos por este vício que nos faz olhar para nós mesmos.

O que nos faz vencer o vício é a capacidade de nos transformar a cada dia. Fazer da vida uma constante admiração.

Ser no mundo e fazer a diferença. Superar o mesquinho, o fútil e o vício. Construir vida plena.

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quinta-feira, 20 de maio de 2021

DIÁRIO DE LEITURA - Entrevista com o escritor Jota Neris

 


Sobre Jota

É professor, membro da Academia Conquistense de Letras (Vitória da Conquista/BA), graduado em Normal Superior e Letras com pós-graduação em gestão Educacional. Com o seu jeito apaixonado de falar dos costumes e a linguagem do povo da roça, tem seus poemas publicados em várias revistas e jornais brasileiros e em alguns livros, além de inúmeros trabalhos em coletâneas e antologias literárias.



Diário de Leitura – Jota, você é natural da cidade de Aracatu – BA, em 1994 passa a morar em Mata Verde, cidade do Vale do Jequitinhonha mineiro. Como foi para você esse processo de mudança de estado? O Vale do Jequitinhonha, mesmo estando localizado próximo da Bahia e sendo muito influenciado por ela, te trouxe uma realidade muito diferente da sua terra natal?

Poetizar é desenlear os nós que estão atados dentro de nós. (Jota Neris)

Jota Neris - Me mudei para Mata Verde a convite da minha noiva, Alice (hoje esposa) para lecionar em uma das escolas que atuo até hoje. O Vale do Jequitinhonha, de maneira geral, apresenta características muito parecidas com as do sertão baiano, mas Mata Verde é diferenciada pelo clima frio e as frequentes chuvas.

Diário de Leitura – Desde criança você tem contato com a poesia. Qual o lugar que a poesia ocupa em sua vida? Como ela contribuiu com a sua formação, com o seu jeito de ser?

Jota Neris - A Poesia sempre ocupou um lugar especial no meu coração, pois ela me faz ver os dias com os olhos mais atentos para as coisas simples, que para mim são muito mais marcantes e significativas. Ela continua sendo um fator decisivo na minha formação de ser humano e poeta inacabado. Aproveito para parafrasear Érico Veríssimo, que diz: “Eu não saberia viver num mundo onde não houvesse a música e a poesia”.

Diário de Leitura - Além de escrever, você chama a atenção com a sua maneira bem peculiar de interpretar os próprios poemas, uma característica que te faz um dos poetas mais reconhecidos de nossa região, como você desenvolveu essa veia artística de intérprete e exímio contador de causos?

Jota Neris - Me sinto lisonjeado com esse comentário, mas da mesma forma que escrevo, procuro interpretar o poema da maneira mais simples e natural possível. Minha poesia é inspirada na vida cotidiana, nas labutas e falas corriqueiras. Nunca participei de oficinas de teatro nem de cursos de interpretação poética, apenas procuro externar em gestos e palavras, sentimentos que originam da alma.  

Diário de Leitura – Você trabalha como professor, nas escolas de Mata Verde, a poesia se faz presente de alguma forma? Percebe algum tipo de preocupação com a valorização da produção literária local dentro do ambiente escolar?

Jota Neris - A poesia está sempre presente no meu jeito de falar e viver. Vira e mexe os alunos me pedem para contar um causo. Sinto grande felicidade quando ouço que muitos tecem suas produções inspirados pelos meus poemas.

Diário de Leitura – Com várias publicações em jornais, revistas e livros, qual a sensação de ver o seu trabalho chegando a novos lugares, alcançando outras pessoas?

Jota Neris - Dá um sentimento bom de realização.Não uma realização de fim, de acabamento, mas de saber que sou um ramo vivo, que não copio nem imito ninguém, mas sou a continuação de muita gente que de alguma forma plantou a semente da arte em mim e essa semente vai seguindo, abrindo novos caminhos, germinando em corações que muitas vezes nem conheço conscientemente.

Diário de Leitura – Quando você começou a fazer parte do coletivo de escritores do Vale do Jequitinhonha? O que este coletivo já te proporcionou e proporciona?

Jota Neris - Se não me engano, minha primeira participação fisicamente foi no segundo encontro, na cidade de Jequitinhonha. Esse coletivo me deixa muito feliz em vez sonhos sendo socializados e concretizados com muita gente bebendo da mesma fonte e comungando do mesmo pão.

Diário de Leitura – Qual a sua visão sobre a produção literária no Vale do Jequitinhonha atualmente?

Jota Neris - É uma produção de resistência e teimosia que está boa, mas precisa avançar e alçar voos mais altos. Mesmo neste momento de pandemia, carece de uma divulgação maior com ações que envolvam prefeituras, secretarias de cultura e educação para ajudar a dar mais vida na literatura valina, transformando muitos “escritores de gaveta” em escritores do povo.

Diário de Leitura – Tivemos informações de que você pretende lançar um DVD de poesias, poderia nos dizer como será este projeto?

Jota Neris - Trata-se deuma coletânea com 18 poemas autorais, onde escolhi três amigos para apresentarem três textos: Peca (Almenara), Nando Gomes (Divisópolis) e minha filha Ana Cândida (hoje em Salvador) com o poema “Xodozado” que ela apresentou no Festivale de Araçuaí, 2006, conquistando o 1º lugar e melhor intérprete.Os outros quinze são declamados por mim.A gravação já está concluída, faltando apenas alguns detalhes da equipe de edição para o lançamento. 

Diário de Leitura – Dentro do universo literário, qual o maior sonho que ainda pretende realizar?

Jota Neris - Tenho alguns livros em prosa que pretendo concluir e publicar. Além disso, sonho com políticas públicas voltadas para o desenvolvimento cultural e, numa ação coletiva, juntamente com outras pessoas que divulgam e incentivam a literatura do Vale do Jequitinhonha, consigamos incentivar muitos poetas a divulgarem suas produções.

Diário de Leitura – Para finalizar, deixamos o espaço livre para fazer algum comentário ou acrescentar qualquer informação que julgue necessário.

Jota Neris - Não vou citar nomes para não ser injusto e esquecer algum, pois conheço muita gente boa que ama e divulga com muito carinho a Arte Valina, mas quero exortar nomes de muitos agentes culturais que não medem esforços para levantar a bandeira da cultura do Vale do Jequitinhonha. Sou baiano, nordestino com muito orgulho e sinto um prazer imensurável em morar em Minas Gerais no seu melhor lado, onde as coisas se misturam e as pontas se encaixam como num abraço íntimo. Um beijo baiano em Minas e vice-versa me fazendo sentir duplamente nordestino, apaixonado pela vida. Eitanóis!

Ter tempo para apreciar um poema é ter tempo para viver. (Jota Neris)


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quinta-feira, 13 de maio de 2021

DIÁRIO DE LEITURA - Pare e respire

 


Muitas pessoas vivem sem ter a consciência do quão importante é aproveitar cada instante; querem abraçar o mundo, ou são incentivadas a abraçá-lo. O desenvolvimento tecnológico nos trouxe grandes vantagens, a praticidade, por exemplo, é uma delas. Atualmente, conseguimos realizar uma quantidade muito maior de tarefas ao longo do dia, a produtividade aumentou.

Permanecer em constante movimento está se tornando uma cobrança. Logo, parar e respirar em meio a uma rotina intensa pode te custar algumas “conquistas”. Acredito que três razões justificam o fato das pessoas se sujeitarem a isto: a ambição, a necessidade e o prazer.

Existem pessoas com uma sede insaciável querendo ter mais e mais, existem aquelas que definitivamente não podem escolher, e abraçam o mundo porque é necessário; e existem outras que abraçam o mundo, nem tanto porque precisam ou porque têm ambição, mas pela satisfação em exercerem várias atividades.

Nem todas as situações partem de uma escolha, mas penso que é preciso refletirmos sobre a necessidade das pausas. Anos atrás passei por uma experiência traumática, onde literalmente quase perdi a vida. Foi uma fase onde eu tive a chance de renascer em muitos aspectos. De lá pra cá, o desejo de viver no sentido mais pleno da palavra, cresceu.

Ouvi por inúmeras vezes que a felicidade estava nas pequenas coisas... verdade. A felicidade está nas pequenas coisas! Vejam as circunstâncias que estamos passando agora... tantos irmãos, tantas irmãs concluindo suas missões... Quantos e quantas partiram sem esta consciência de que o ciclo estava se encerrando?

Dias atrás, uma amiga me perguntou se observei alguns fenômenos celestes que tinham acontecido, respondi pra ela que infelizmente não tinha notado, seria algo que com certeza iria me encantar. Naquele momento, percebi que não me lembrava do último dia que tinha parado para observar o céu. Talvez isto seja algo totalmente desinteressante para muitos, mas para mim não é.

Sei que a vida adulta exige muito de nós, mas não sei até que ponto vale a pena parar de fazer uma caminhada em benefício da própria saúde para dar conta de mais um trabalho. Ficar semanas longe de uma das melhores amigas que mora a menos de 10 passos de distância de sua casa porque as rotinas não se ajustam. Fora tantos outros exemplos que poderia citar.

Vou parar e respirar. Quero conviver bem com as responsabilidades da vida, sem ter que esquecer a própria vida.

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quarta-feira, 12 de maio de 2021

OPINIÃO DO BLOG - Organização no caos

Imagem internet


Mais que nunca o termo organizar e reinventar se fazem presentes. Já no princípio dos tempos os caos eram resolvidos.

O ser humano ficou doente por conta da doença que o parou. Uma pandemia sem proporções, um caos, uma lição.

Estávamos acostumados não ter tempo para pensar, para namorar e para viver. A cabeça girava a mil, ganhar e lucrar era a máxima do ser humano da atualidade. Não importava a idade tudo girava em torno do ter.

As famílias separadas por lucros e riquezas, egoísmos e pobrezas. Ser, era só um detalhe, a dor do outro era vivida sozinha. E, de repente, vem uma corrente de vento e mudou tudo. Primeiro, parou o mundo e fez o ser pensar, namorar e conviver.

A casa tornou- se fortaleza e vimos acontecer no vazio das ruas, no silencioso tempo que se instaurou no mundo. Algo novo e interessante. O caos mostrou a miséria humana construída com desamor.

E, em segundo, o ser humano isolado de tudo e até do próprio ser, foi colocado em prova, e foi convidado a rever a vida. Retomar sua família, sua vida e seus sonhos.

Os idosos protegidos, as crianças, sem entender nada e os adultos tentando entender para poder viver.

O tempo parece que insiste em para, porque espera do ser reinventar o viver.

Quando o ser será o centro e o ter apenas consequências de um excelente viver.

Deus já nos ensinou uma vez, no princípio, quando fez do caos um cosmo de harmonia. Mas, muitas vezes nos perdemos e até esquecemos que o tempo todo somos nós que organizamos a vida.

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segunda-feira, 10 de maio de 2021

MEMÓRIA CULTURAL - Legado de Irmã Andréa Comune

 



Irmã Andréa Comune, foi uma daquelas mulheres destemidas, religiosa  da Congregação da Irmãs  da Providência da Gap, Província Leste-MG, fez curso superior de Enfermagem em Wenceslau Braz, Itajubá-MG. Trabalhou na Pastoral da Saúde em algumas Dioceses, inclusive em Araçuaí.

Ela é referência quanto aos estudos e conhecimentos dos recursos da Natureza para a Saúde, pesquisou incansavelmente, procurando  pessoas  com experiência com o tratamento de plantas medicinais, ouvindo os raizeiros, ervateiros e pessoas ligadas a medicina popular.  

Irmã Andréa vivenciou sua fé, acreditando que a saúde integral é feita pelo corpo, mente e espírito. Ela faleceu, deixando seu legado em obras como: Recursos da Natureza para a Saúde; Cartilha da saúde entre outros.

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quinta-feira, 6 de maio de 2021

DIÁRIO DE LEITURA - EXPERIMENTA com ELZA SOALHEIRO

 





Em 2002, ganhei de presente um livro de Elza Soalheiro. Na ocasião, era uma mocinha apaixonada por literatura e desde o FESTIVALE de 1988 em Itinga, apaixonada pela cultura popular do Vale.

Em 2003, meus amigos Jô Pinto e Ulisses Mendes me levaram para o FESTIVALE de Medina, onde retomei o contato com a magia da Noite Literária, me encantei com as poesias de Beth Guedes e Jota Neris, e onde reconheci Elza Soalheiro vendendo seus livros na praça do evento.

Se o FESTIVALE e a literatura reforçavam suas marcas na minha alma, aquelas mulheres endossavam o que de mais valioso a cultura me deu: pertencimento.

Naquele dia eu me vi numa literatura próxima e possível e a possiblidade se tornou um caminho.

Convido vocês a conhecerem um pouco dessa mulher maravilhosa, que tenho com tanta estima.

 


Um poema de repente:

O vento quer falar comigo...

Será um recado de lá...?

O vento fala alto, grita...

E eu não sei se escuto

Estou de duplo luto!

O vento é natureza

A voz é de Deus...

Luto é dor

E também saudade...

Do meu amor!

Saudade que invade

O coração filial

Outro amor de verdade

O vento quer ouvir

Resposta para três amores

Leve vento natureza

Que a saudade é dureza

Amor vem, Amor vai

Onde se ama, não se cai

Amor de afeto, de mãe e pai!!!

 

Quem é Elza?

Elza Soalheiro, Escritora, nasceu em Virginópolis, Vale do Rio Doce, Minas Gerais, em 15 de junho de 1960. Mudou para Belo Horizonte, ao lado da família, no ano de 1974. Cursou Estatística na UFMG e tornou-se Mestre em Economia, pela Universidade Federal de Pernambuco-UFPE, em 1990. Conheceu o Poeta e Músico Popular Si Amaral, em janeiro de 1996, ao lançar o primeiro livro, " anel libertador", quando começou uma história de amor e trabalho-união de música e literatura popular. Neste intervalo, lançaram duas fitas K7 de Si Amaral, um CD instrumental e o livro de poesias Violar também de sua autoria, os livros EMOÇÕES DE UM PRIMEIRO LIVRO e Em Nome da Paz, dois números da Coleção Abraço Cultural e, recentemente o último trabalho PRIMEIRO LIVRO e Em Nome da Paz, dois números da Coleção Abraço Cultural e, recentemente, o último trabalho cultural do casal, o livro O AUTODIDATA de autoria de Coraci Fernandes Soalheiro, uma produção em que a Escritora tornou-se Organizadora do livro, com significativa participação de Si Amaral, inclusive na produção da capa, sendo seu último trabalho poético- musical dedicado ao Autor - a poesia O CORAÇÃO DE CORACI (fonte: http://espacolivre-jopinto.blogspot.com/2020/11/narrativas-do-festivale-elza-soalheiro.html).

 

 

Elza Soalheiro na rede

https://www.facebook.com/profile.php?id=100010029489065


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quarta-feira, 5 de maio de 2021

OPINIÃO DO BLOG - Mais uma quarta

 


O legal de escrever é que nunca sabemos de fato em que coração está chegando, e como está chegando. E sei que neste tempo de pandemia o isolamento social e o distanciamento físico nos faz frágeis e ao mesmo tempo desperta em nós um desejo de fazer a diferença.

E bem sei que ler algo que toca o coração da gente é bálsamo. Tenho ouvido muito neste tempo “eu não aguento mais" fomos tirados dos nossos e de nós mesmos de uma forma brusca e começamos a ver demais o outro partir e a sensação de vazio e angústia aumentando no peito.

E, parecia não ter saída. Resolvi agi e comecei a falar de mim. E as pessoas se sentiram bem com os meus escritos. Escrevi crônicas e contos da minha trajetória como preto nesta sociedade tão dura.

E quem disse que a pandemia é só da covid. Em casa, sozinho e cheio de informações, começamos nos reinventarmos e resignificarmos tentando organizar a vida. E quem disse que a vida não é uma grande pandemia?

Nosso Ego joga das profundezas aquilo que tentamos esconder a vida toda e com a pandemia o monstro ressuscitou. O Ego, coitadinho, fica louco porque vive das regras que a vida nos propõe. Melhor mesmo é o Superego tendo resignificar as regras e uma nova ética.

É hora de arrumar a casa, de arrumar a vida e planejar a nova trajetória. Novos tempos, novas regras. O vazio da multidão que nos deixou, não será só história, será saudade para refazer a caminhada.

O ontem quando éramos todos juntos esquecemos de ser para todos, éramos apenas um. Hoje, quando nos separamos, entendemos que precisamos ser todos sem estarmos juntos.

A pandemia veio para nos alertar que precisamos cuidar do meio, das pessoas e de nós mesmos.

Hoje, é só uma quarta. Temos ainda a vida toda.


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GIRO PELO VALE - Caraí e o Vale de luto

Foto: UFMG É com muito pesar que comunicamos a passagem espiritual da artesã de Caraí, Dona Noemisa, uma baluarte do artesanato do Vale do...