quinta-feira, 30 de julho de 2020

NARRATIVAS DO FESTIVALE - Por Shirley de Oliveira

FESTIVALE do amor e da emoção

Por Shirley de Oliveira

 

Shirley de Oliveira, atriz, diretora, produtora cultural, professora de arte e teatro.

Formada em teatro e pós-graduação em gestão pedagógica.

O teatro está presente em minha vida dede os 10 anos quando me apresentava na aula de catecismo. Aos 16 anos fiz minha primeira oficina de Iniciação teatral, foram varias oficinas ate me profissionalizar em 1994, pelo Sated  M.G ( sindicato dos artistas do estado de Minas Gerais).

Atualmente sou atriz e diretora do Grupo Teatral Arte & Vida na cidade de Governador Valadares, participei de vários encontros, todo os festeje e várias edições do FESTIVALE.

 




Falar de Festivale é falar de uma das melhores, se não for a melhor forma de manifestação cultural brasileira.

Já anos 80, não sei precisar a data correta talvez 85 ou 86,ouvi o nome Festivale por Paulinho Pedra Azul em suas andanças por Governador Valadares, novamente ouvi o nome FESTIVALE na Mostra Cultural da FETEMIG em 2001 onde acontecia a presença de alguns grupos de cultura popular que foram apresentar na  cidade Contagem.  No ano de 2002 quando o grupo de teatro do qual fazia parte e umas das integrantes que era natural da cidade de Jordânia e faria participação com a poesia do Claudio Bento da cidade de Jequitinhonha. Mas foi em 2004 quando botei pela primeira vez o pé nas terras do Jequitinhonha, fui convidada para compor o Júri no 1º Festeje que aconteceu na cidade de Jequitinhonha.

Meu primeiro diagnóstico foi SUL REAL. Como assim pessoas que acabara de conhecer me fazia crer que já nos conhecíamos á décadas, em poucas horas de convívio não entendia muito bem aquilo, mas gostava muito. Um misto de prazer, satisfação, alegria, amor, desejo, eu sei que estava muito FELIZ. Uma felicidade que não me cabia, um povo hospitaleiro, amável e feliz.

Entendi que o Festeje, era algo idêntico ao Festivale, claro com um grande foco voltado aos grupos de teatro, foi uma semana magnífica, eu estava maravilhada com tanta euforia daquela gente que emitia um brilho só. Um brilho que me fez chorar durante mais de 15 dias quando retornei para casa, parecia que faltava uma parte de mim. Meu desejo era está junto de todas aquelas pessoas, eu queria mais muito mais, não esperava a hora do Festivale,  para reencontrar todo aquele povo que me enfeitiçou, era mês de janeiro e fiquei na expectativa de  chegar o mês de julho para o Festivale eu encontrar.

 E lá foi eu, desembarquei em Salinas, mas fiquei somente 3 dias no evento, me sentir desolada e me perguntava onde estava todo mundo, percebi que era uma cidade maior, e poucas pessoas encontrei por lá. Aquele o calor humano que havia encontrado no festeje na cidade de Jequitinhonha estava diferente pois tinha muitas pessoas que não conhecia. Foi então que entendi que para sentir Festivale você tem que ficar o evento todo.

O tempo passou, 2005 não aconteceu o Festivale e 2006 desembarquei em Araçuaí, desde então continuei acompanhado o Festivale, fazendo oficinas, ministrando oficina e dando aquele apoio na secretaria.

Já disse por diversas vezes aos amigos, que já passou da hora de receber o título de cidadão honorário do vale do Jequitinhonha. (risos) rsss. Enquanto tiver vida e saúde estarei no Vale, seja onde for.

 

 

 

 

 

 

 

 


terça-feira, 28 de julho de 2020

CARTAZ FESTIVALE - 15º Salto da Divisa




O Décimo quinto cartaz do FESTIVALE traz na parte superior  15º FESTIVALE – Festival de Cultura Popular do Vale do Jequitinhonha de 15 a 24 de Julho  1994, arte do cartaz traz uma mapa da trajetória do Rio Jequitinhonha, saindo de sua nascente no Serro e perpassa por varias cidades ate chegar em Salto da Divisa, o cartaz não traz o autor da arte. Abaixo do cartaz tem uma mensagem “Dedicamos XV Festivale ao grande companheiro Zizinho “ Partiu, foi fazer folia no céu”

Promoção e Realização: FECAJE, Prefeitura Municipal de Salto da Divisa e Movimento de Cultura popular de Salto da Divisa
 Patrocínio: a Secretaria de Estado do Trabalho e Ação Social, Secretaria de Estado da Cultura, COPASA, CEMIG, Conselho Estadual da Juventude, Ministério do Bem Estar Social, Coordenadoria Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência
 Apoio: Cultural veio da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, AMAJE, AMEJE, AMBAJE, Câmara Municipal do Salto da Divisa, Prefeituras Municipais do Vale e TV minas.   
 Obs: se alguém souber quem é o autor da arte do cartaz nos avise

Fonte: Livro “ Festivale: Cultura e resistência de um povo” livro a ser lançado de Jô Pinto.

domingo, 26 de julho de 2020

NARRATIVAS DO FESTIVALE - Por Ângela Freire



Catopês do Divino Espirito Santo - Bocaiuva 

Um olhar de FÉ... Popular!
Por Ângela Freire

Ser voluntária no Festivale é uma prática corriqueira deste evento. Talvez seja esta forma de produzir o Festivale, que se mantêm por tanto tempo, como um dos festivais mais antigos de Minas Gerais. Nesta veia jugular estão as pessoas oriundas de várias  cidades, que se dispõem a colaborar pelo simples fato de ajudar, assim a cidade que sedia  um FESTIVALE, vira nesta ocasião um reduto de cultura, ponto de encontro de artistas, agentes culturais,  artesãos  e fazedores de uma única linguagem cultural.
            No encontro de grupos de cultura popular é  a expressão que envolve o profano e o sagrado, pois a maioria das manifestações  trazem o contexto histórico da memória  afro-brasileira, revelando  em suas variedades de formas  com sua multiplicidade cultural. Entre estes, encontra-se os Catopés de Bocaiúva, com sua devoção envolta em seu movimento ritmado entre cores, caixas, tambores, chocalhos e repiques. Quando os Catopés entram numa cidade com suas indumentárias, primeiro pedem  as bênçãos celestiais dos seus protetores. Manda o ensinamento que devem entrar numa igreja mais próxima.
            Num destes festivais, a voluntária  que conduziria o grupo, sabia apenas do roteiro das ruas e não atentou-se de pedir ao padre, permissão para  deixar o cortejo adentrar-se a igreja. O Senhor, patriarca e responsável pelo grupo, percebendo que a jovem não falara nada sobre a igreja que  deveriam ir, logo perguntou: __ O padre vai estar na igreja? Por quê a gente só sai no cortejo, depois das nossas orações! A jovem sorriu timidamente, e não sabia o que fazer naquele momento, porque não reservara a igreja e sabia que havia uma ordenação de uma freira. Tentou argumentar para rezar na porta somente, e o bondoso mestre, lhe ensinou naquele instante, o que serviu para toda uma vida: Quando um grupo entra numa igreja com seu rito, está ali, pedindo proteção e pedindo aos seus ancestrais para proteger  o povo todo, intercede ali pela cidade. Só assim podem sair em cortejo pelas ruas, protegidos e concedidos à missão de transmitir energia dos seus entes. Descobri que não se trata de um simples cortejo, é uma comunicação transcendental!
            Mas a jovem  desesperada, com mais de 40 pessoas ao seu redor, assumiu a tarefa que lhes tinham confiado, seriamente, virou-se para o mestre: _ Não se preocupe, o padre vai estar esperando, vai estar celebrando a ordenação de uma freira, então iremos oferecer as orações por ela também. Assim o mestre concordou. E começou o cortejo até a matriz, logo, a jovem se postou a frente, deixando o cortejo um pouco atrás, foi ter com o padre em plena celebração. A jovem pediu ao vigário, para deixar os Catopés fazerem uma pequena homenagem a noviça. Ele achou de bom grado, desde que fosse breve. Neste instante o grupo já estava á porta adentrou-se ao centro da igreja e ajoelham-se aos pés do Cristo  e inicia  seu ritual com suas rezas e cantos.
            O povo ao redor sem entender nada, aplaudiram, acharam que fazia parte da cerimônia. A jovem pegou o microfone e anunciou a homenagem dos Catopés para a jovem religiosa. O Grupo se levanta, vira em direção a jovem e começa a cantar e dançar ao redor da jovem religiosa, que não sabia como se portar, causando estranheza aos fiéis, acostumados as tradicionais ave-marias e hinos clássicos da igreja. O som dos chocalhos nos pés e o coloridos das fitas, transformaram por completo o ambiente, o padre nesta altura, vermelho de raiva, pois já passava mais de uma hora naquela cantoria. A jovem finalmente consegue reconduzir o cortejo para as ruas, deixando o padre na sua celebração tradicional, que só lhe restava, dar as bênçãos finais.
            Para algumas pessoas que estavam naquele FESTIVALE, pela primeira vez, até hoje se recordam da linda homenagem a religiosa, só não sabem que aquilo não havia sido programado.



sexta-feira, 24 de julho de 2020

PARABÉNS FESTIVALE !



Há exatos 40 anos, no dia 25 de Julho de 1980 na cidade de Itaobim começava a primeira edição do FESTIVALE.
E este se tornou um dos mais importantes Festivais de Cultura Popular de todo país e sem duvidas e a maior celebração do povo do Jequitinhonha.
Nosso blog tem muito orgulho de estar completando 10 anos e coincidentemente prestar uma justa homenagem a este evento e a todos que direto ou indiretamente ajudaram a fortalecer suas bases para que hoje ele chegasse aos seus  40 anos de existência e 36 edições realizadas.
E se você se pergunta, porque foi criado o FESTIVALE? Eis sua resposta!

PORQUE PROMOVEMOS O FESTIVAL?
    Apesar de tão pobres economicamente, todos sabem o quanto é rico em cultura popular o Vale do Jequitinhonha. Baseada no dia a dia de seu povo, na fé religiosa, em historias que suplantam o tempo e entraram para o folclore, na assimilação e adaptação de outras culturas que vieram com retirantes nordeste brasileiro e aqui ficaram, a cultura popular do Vale é um patrimônio que precisa, e deve, ser conservada.
    Paralela a essa cultura está o grito daquele que começa a acordar e lutar contra as injustiças sociais que predominam no vale, e que o colocam em forma musical todo o seu anseio por melhores condições de vida.
     Porém, faltam oportunidades; ao folclore, para mostrar suas festas, suas raízes; ao artesão, locais condignos para mostrar seu trabalho; ao cantador, pra cantar a terra, o sol, o rio, o amor e a gente do lugar, já que a cultura importada começa a predominar no vale. Daí, o porque do “FESTIVALE”.
   Assim, como todas as outras promoções culturais do Geraes (Concurso de Contos e Poesias, show “procurados”, show “acorda Jequitinhonha”), o” FESTIVALE” busca, além da integração entre cidades e o maior relacionamento entre aqueles que fazem da arte sua vida, mostrar raízes e a verdadeira cultura do Vale do Jequitinhonha.
    O “FESTIVALE” não é apenas um concurso de prêmios. É um esforço maior no sentido de manter viva a luta pela preservação da cultura e por melhores condições de vida. E esta luta deve ser de todos, por isso, participe. O “FESTIVALE” é seu.

Jornal Geraes, Julho de 1980.


Parabéns!
Festival da Cultura Popular do Vale do Jequitinhonha – FESTIVALE
Continue a encantar gerações e gerações neste VALE que tem VIDA, VERDE, VERSOS  e VIOLA

Gratidão! Jô Pinto, madrugada do inverno de 25 de Julho de 2020 na minha querida Itinga.


quinta-feira, 23 de julho de 2020

NARRATIVAS DO FESTIVALE -Por Aender Reis


Músico percussionista, compositor, arte educador, pesquisador cultural autodidata. O interesse pelos sons, mais especificamente, por percussão, começou aos seis anos de idade, quando na sua terra natal, São Pedro dos Ferros, zona da mata mineira, assistindo às apresentações da banda de música Lyra Carlos Gomes, repetia os sons dos taróis, bumbos em vários objetos, brinquedos, etc. Hoje, com mais de vinte anos de profissão, muitos palcos e bares da vida, Aender Reis tem seu nome lembrado e reconhecido por vários artistas, e tem parcerias com compositores, em algumas canções. Leciona percussão e com uma versatilidade rítmica, passeia por diversos gêneros musicais, além de desenvolver trabalhos como regente/mestre de bateria em vários blocos de carnaval de Belo Horizonte.

EU E O FESTIVALE - Uma história de amor e de amor!

Por Aender Reis


O ano de dois mil e seis transcorria normalmente. Faculdade, trabalho, casa, ensaios, casa. Até a coisa apertar financeiramente, e eu ter que procurar alguma bolsa na faculdade pra aliviar o peso (e bota peso nisso) da mensalidade. Vejo no mural, um anúncio de admissão em um grupo de Dança Afro. Fui, me inscrevi e comecei na dança, pensando apenas na bolsa que aliviaria bastante a mensalidade. Um dia, alguém que tocava na percussão (eram vários, todos alunos da faculdade) não foi, e eu, na cara dura, pedi o Professor, professor não, Mestre, meu ídolo, amigo, irmão, paizão de tambor, Marcinho Martins para tocar, e ele autorizou. A partir daquele dia, passei para a percussão e não parei mais. Foram várias apresentações, até que no fim de junho, o hoje meu amigo/irmão Evandro Passos me convida para em julho daquele ano,2006, ir para Milho Verde, tocar numa oficina de Dança Afro. Aceitei, juntei as roupas e fui... Foi uma semana mágica, de muito aprendizado, muita troca, uma energia única. Quando estava chegando em Belo Horizonte, recebo um telefonema do Evandro dizendo que o ônibus para o Festivale estava quase de saída, e que ele tinha colocado meu nome para tocar na oficina dele lá também. Liguei pra minha mãe do telefone público, avisei que tava indo para uma tal de Araçuaí, para um tal de Festivale, que até então eu só tinha ouvido (e muito, muitas vezes) falar. Entrei no ônibus, literalmente apaguei, não vi acho que dez quilômetros da viagem. No outro dia, às onze da manhã, chegamos em Araçuaí. Parecia a parte ll do sonho que eu tinha acabado de viver em Milho Verde...e realmente foi. Um lugar quente, um povo caloroso, extremamente receptivo, enfim. Disse isso logo que cheguei à uma moça, e ela me respondeu assim: "Bem-vindo ao Vale do Jequitinhonha"! A partir dessas boas vindas, tudo que aconteceu, foi mágico, um sonho daqueles que a gente não quer acordar de jeito nenhum... Grupos de Cultura Popular na rua, gente feliz, artesanato, teatro de rua... Ah, gente, eu dizia: Quando eu morrer, quero ir para um lugar assim! E todos riam... Inclusive eu. A noite, mais sonhos: Shows, Festival da Canção, Noite Literária, e quando eu pensava que tinha acabado... Vinha uma tal de Barraca do Festivale... Gente, o que fiz de contatos, que viraram amizades, que viraram irmandades, cês não têm ideia. OBS: Tô escrevendo, chorando, e vendo Josino Medina com o Boi Menino no pátio da escola Industrial aqui na mente, pulando nos shows de Rubinho, Pereira, Tau, Wilson, Celso Moretti, Cessando Areia com Carlos Farias e as Lavadeiras, meus vizinhos do Tambolelê, tô no palco com o Coral Araras Grandes, na beira do Rio Araçuaí benzendo as águas com as Lavadeiras, mas também lamentando não ter podido dar uma canja no show de um tal de Verono. Mas tô emocionado também, e com um refrão na cabeça, que diz assim: "O Jequitinhonha, o Jequitinhonha, o Rio de histórias e dor. O Jequitinhonha, o Jequitinhonha, o Rio de histórias e amor" (Walter Dias) Histórias que vivi em tantos outros Festivales, e amor...o amor que nutri pelo Vale do Jequitinhonha, e que sinto, foi e é recíproco. O jovem que "caiu de paraquedas" num tal de Festivale, se apaixonou pelo Festi e hoje não vive sem o Vale! Viva o Festivale! Viva o Vale, Vida, Verde, Versos e Viola!
Aender Reis Músico Percussionista, compositor e um eterno amante e defensor do Vale do Jequitinhonha!



quarta-feira, 22 de julho de 2020

CARTAZ FESTIVALE - 14º Minas Novas


O Décimo quarto cartaz do FESTIVALE traz na parte superior  Minas Novas Julho de 1993  - 16 a 25 de Julho e abaixo 14º FESTIVALE. Todas estas escritas em um desenho assinado por Vânia Beatriz.
Abaixo
Patrocínio: Acesita energética, Conselho estadual da juventude,  SESI - Sistema FIEMG, COPASA, Secretaria de Estado da Cultura, Secretaria de Estado de Trabalho e ação Social, Secretaria de Estado de Educação e Loteria Mineira.
Promoção e a realização foram da FECAJE e do Centro Cultural Popular de Minas Novas; a Co – Promoção  foi da  Prefeitura municipal de Minas Novas; o
Apoio Centro de Cultura Popular de Minas Novas, Prefeituras Municipais do Vale e Decelt e IEF

Curiosidade:

·         É o único cartaz que não tem o slogam do FESTIVALE: Vale, Vida, Verso e Viola

Fonte: Livro “ Festivale: Cultura e resistência de um povo” livro a ser lançado de Jô Pinto.







domingo, 19 de julho de 2020

NARRATIVAS DO FESTIVALE - Por José Augusto


José Augusto Francisco Pereira

Natural de Jequitinhonha, graduado em História e pós graduado em História Geral e Política Social. Pós graduando em Paleontologia. Poeta, ator, Diretor Executivo da FECAJE, Funcionário da Secretaria Municipal de Cultura de Jequitinhonha. Membro do Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural de Jequitinhonha e membro da Equipe Técnica do Patrimônio Cultural de Jequitinhonha. Sócio fundador da AGRUTEVAJE - Associação dos Grupos Teatrais do Vale do Jequitinhonha sendo diretor em varias gestões (Primeiro Tesoureiro e Presidente) e um dos idealizadores do FESTEJE - Festival de Teatro do Vale do Jequitinhonha, sendo produtor de todas a edições do evento (nove edições). Idealizador e diretor da Cia de Teatro Só Riso, Idealizador do FEQUAJE - Festival de Quadrilhas de Jequitinhonha que está na sua 15ª Edição. Idealizador e Fundador do Coral Vozes do Jequitinhonha sendo o produtor do seu CD (Sou Coral).

Meu primeiro contato com o FESTIVALE foi em 1991 (XII FESTIVALE) em Jequitinhonha com apenas 15 anos de idade e minha participação foi de expectador. Iniciei minha trajetória no movimento cultural  no mesmo ano no primeiro encontro de músicos e poetas do vale do Jequitinhonha que aconteceu na cidade de Araçuaí. O convite veio através de Didi Artesão, quando tive o primeiro contato com músicos e poetas do vale e quando tive a oportunidade de compartilhar pela primeira vez um espaço coletivo com Josino Medina e Pereira da Viola e conhecer diretamente da fonte, a musica o Sopro do Vento. Depois deste encontro, comecei seguir o festivale. O meu primeiro evento, fora de minha cidade,foi no XXIII em Bocaiuva, quando fiz a oficina de Literatura, carimbando de vez a minha inserção no movimento cultural e principalmente nos FESTIVALES. Participei de todas as plenárias, os famosos encontros de cultura do vale do Jequitinhonha, hoje na sua 84ª edição e pude conhecer boa parte do vale, na maioria das vezes, viajando em carroceria de caminhão, que era o meio de transporte que as prefeituras sediam para nós, em um período que as estradas do vale não eram asfaltadas o que tornava a viagem mais gostosa, sendo o chegada marcada com muita terra vermelha ou muita lama. Depois do XII, participei de todas as outras edições fazendo oficinas de formação ou comissões de trabalhos, até assumir a produção geral do evento (1993 – XIV – Minas Novas - Macramê; 1994 – XV – Salto da Divisa - Formação de Agentes Culturais; 1995 – 16º – Carbonita - Brinquedos e Brincadeiras; 1996 – 17º - Jequitinhonha - Teatro de Rua) Em 1998 – 18º – Itinga, lancei o meu livro de poesias "Miragem" e participei na Feira de Artesanato expondo e vendendo o meu livro, fato que repetiu em 1999 – 19º – Jordânia. No ano de 2000 – 20º – Bocaiúva, fiz a oficina de iniciação teatral. No mesmo ano aconteceu a eleição da nova diretoria da FECAJE, quando fui convidado pelo fotógrafo Vilmar de Oliveira e o agente cultural Mauro Chaves para compor a chapa, quando entrei na diretoria da FECAJE como Diretor Executivo Adjunto. Em 2001 – 21º –  Pedra Azul, já como diretor executivo adjunto, assumi a coordenação geral das oficinas. Em 2003 – 22º - Medina, também como diretor financeiro da recém criada AGRUTEVAJE - Associação dos Grupos Teatrais do Vale do Jequitinhonha, assumi, junto com os demais diretores da AGRUTEVAJE, a mostra de teatro, sendo a maior de todos os eventos, quando conseguimos levar para a cidade de Medina, mais de 20 espetáculos teatrais. Em 2004 – 23º - Salinas, estava na coordenação geral do evento, quanto tivemos que matar um leão por dia, para que o evento de fato acontecesse, sendo um sucesso, principalmente a Barraca Festivale, sob a coordenação do Paulão com apoio da sua simpática esposa Santina. no mesmo ano aconteceu a eleição da nova diretoria, quando assumi  como Diretor Financeiro, sendo Cida Durães - Diretora Executiva e Angela Freire, Diretora Administrativa. Nosso desafio era executar o 24º FESTIVALE e a cidade em negociação era Almenara que por motivo de desacordo de data e financeiros, não aconteceu, ficando o ano de 2005 sem edição do evento, ano em que Cida Durães (diretora Executiva) renunciou ao cargo por motivos profissionais, sendo convocada uma Assembléia Geral para recompor a Diretoria, assembléia esta, que aconteceu na cidade de Comercinho, quando foi refeita a nova Diretoria da FECAJE, ficando Ângela Freire como Diretora Executiva, Jô Pinto, Diretor Administrativo e continuei como Diretor financeiro.Nosso desafio foi rediscutir a realização do 24º FESTIVALE que não aconteceu, quando iniciamos uma discussão com algumas cidades para receber o evento, ficando acertado a cidade de Taiobeiras que faltando pouco mais de um mês do evento, desistiu   e a Prefeitura de Araçuaí aceitou o desafio de realizar. Neste ano tivemos o apoio da AVON através do projeto VIVA O VALE desenvolvido pela Cria Cultura, e mesmo faltando apenas um mês para a realização do evento, arregaçamos as mangas  e fomos trabalhar com o apoio total do movimento cultural do Vale e alguns parceiros. Em 2007 a 25ª edição foi uma edição especial e alguns nomes importantes do vale retornaram ao evento, entre eles, Paulinho Pedra Azul que tinha muitos anos que não aparecia. O evento aconteceu na cidade de Joaima. Em 2008 – 26º - Capelinha, alto Jequitinhonha. Cidade do café e do frio e mais um evento realizado, sendo a temperatura baixíssima, aquecida como com os shows e  pinga com mel. Em 2009 – 27º - Grão Mogol, cidade encantadora e aconchegante, acesso pela barragem de Irapé com uma estrada de muita montanhas e uma paisagem lindíssima. Em 2010 – 28º - Padre Paraíso era o nosso ultimo ano de gestão e um grande desafio, fazer o evento sem a certeza da recurso, que fora garantido por uma emenda federal que não saiu no decorrer do evento e saindo mais de seis meses depois, não sendo repassada pela entiade que recebeu o recurso para o pagamento das despesas o que nos deixou com uma imensa divida, mas que não tirou o brilho do evento que foi um sucesso para os moradores da cidade e para os seus seguidores. O evento de 2011 – 29º  aconteceu na cidade de Jequitinhonha em comemoração aos 200 anos da cidade. A partir deste evento que começou a parceria com o Instituto Valemais. No mesmo ano foi eleita a nova diretoria, assumindo Mauro Chaves, Diretor Executivo, Reinaldo Gomes, Diretor Financeiro e Carol Diretora Administrativa. Assumi o Conselho Deliberativo como presidente do Conselho. Em 2012 seria o evento da nova diretoria e aconteceria  na cidade de Itaobim, que infelizmente não aconteceu devido o atraso na liberação do recurso, sendo o evento realizado em  2013 – 30º - Medina no mês de janeiro. Em 2014 – 31º  voltamos para a cidade de Araçuaí com o movimento já rachado, sendo realizado pelo Instituto Valemais e a FECAJE com uma diretoria provisória. Em 2015 foi eleita a nova diretoria assumindo como Diretor executivo Ernandes José, Diretor Administrativo Andrette Ferraz e voltei para a Diretoria Financeira e realizamos,também com o movimento rachado o 32º FESTIVALE, na divisa da Bahia, Saldo da Divisa que recebeu o evento sem a cachoeira do Salto mas com muita euforia. No mesmo ano (2015), o Instituto Sociocultural Valemais envia uma carta a FECAJE anunciando o fim da parceria e a nova Diretoria assume o evento que foi realizado no ano de 2016 na cidade de Jequitinhonha no mês de outubro. O 33º FESTIVALE foi realizado com uma programação reduzida para 05 dias. O evento inicialmente seria na cidade de Turmalina, mas o prefeito, por questão de data, desistiu do evento a menos de dois meses. Iniciamos uma negociação com a cidade de Virgem da Lapa, que por questão financeira, também desistiu do evento. Com eu estava Secretario de cultura de Jequitinhonha e faltava quase um mês para o evento, nos restou como alternativa Jequitinhonha e tivemos que assumir o evento. Em 2017, a nova diretoria, percebendo que o evento tinha realizado suas ultimas edições no baixo e médio Jequitinhonha, entendeu que era hora de subir para o alto. Buscamos contato com a cidade de Diamantina que demonstrou interesse e no meio tempo apareceu a cidade de Felício dos Santos e a cidade de Belmonte, foz do Rio Jequitinhonha, no Estado da Bahia. Em visita às três cidades, Diamantina desistiu e a diretoria optou em fazer o evento no ano de 2017 em Felìcio, ficando pré agendada a cidade de Belmonte para o ano de 2019. Realizamos o evento em Felício, a cidade de águas quentes. O evento foi um sucesso com uma administração totalmente voltada para as atividades e um povo extremamente acolhedor, em especial a Secretária de Turismo Fabiana e o Prefeito Ricardo. 2018 teve eleição da nova diretoria quando assumi como Diretor Executivo, Andrette Ferraz, Diretor Finaceiro e Cristina Aguilar, Diretora Administrativa. Nosso desafio era realizar o festivale em Felisburgo que estava batalhado a realização do evento há três editais e recebeu o 35º FESTIVALE com muita euforia com o prefeito participativo e o Secretário de Cultura Gladiston muito satisfeito, pois carregava esse sonho há muito tempo. 2019 tivemos o nosso maior desafio: realizar O 36°FESTIVALE fora do estado de Minas Gerais, no vale do Jequitinhonha baiano, precisamente na foz do Rio Jequitinhonha. CrescI no evento ouvindo essa vontade dos organizadores que varias vezes cogitaram a possibilidade e como diretor executivo com o apoio dos demais diretores e conselhos, resolvemos enfrentar o desafio e realizamos o evento em Belmonte, onde o nosso Rio Jequitinhonha, que define o vale, encontra com o mar. O encontro da cultura do vale do Jequitinhonha mineiro, com a cultura do vale do Jequitinhonha baiano. Foram muitos desafios, principalmente financeiro, pois o governo de Minas não aceitou liberar o recurso para ser usado em outro estado. Mas o resultado foi gratificante no final, pois realizamos o sonho de várias gerações e de muitos diretores que sonharam mas não tiveram a oportunidade de realizar o nosso FESTIVALE na Bahia. E como a verba do Governo de Minas não foi liberada pelo evento acontecer em outro estado  decidimos correr atrás da liberação para fazer o evento em Minas. Daí veio a idéia de subir o rio a partir da sua foz e ir para a nascente e Serro foi escolhida para receber a segunda etapa do 36º FESTIVALE, sendo a primeira vez na história do evento que temos duas edições com uma só nomenclatura e também dois eventos em um ano, o que não aconteceu por divina providencia, sendo o evento adiado para 2020, que por esse motivo não ficou sem sediar o evento por causa da pandemia. Assim encerro a minha narrativa do FESTIVALE. Gostaria de dar mais detalhes, compartilhar mais emoções e principalmente citar amizades que fiz e principalmente os nomes das inúmeras pessoas que ajudaram a fazer esse evento, mas infelizmente não tem como para não delongar o texto e não ser injusto com alguma pessoas que por esquecimento não venha citar o nome.






  

quarta-feira, 15 de julho de 2020

CARTAZES FESTIVALE - 13ª - Bocaiuva




O Décimo Terceiro cartaz do FESTIVALE traz na parte superior a inscrição 13º FESTIVALE – Bocaiuva  de 17 a 26 de Julho 1992 ,  Vale, Vida, Verso e Viola,  abaixo das escritas uma bela arte assinada por Cida Durães e uma frase de Buda Borges.
Patrocínio: CEMIG e o Apoio Cultural da Secretaria de Estado da Cultura, Secretaria de Estado de Trabalho e ação Social, Secretaria de Estado de Educação, Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia, Secretaria de Estado da Saúde, CODEVALE, Loteria Mineira, COPASA e Empresa Transnorte.
Promoção: FECAJE, Prefeitura Municipal de Bocaiúva e ABAC – Associação Bocaiuvense de Arte e Cultura.

Curiosidade:

·    Pela primeira vez o cartaz não trouxe a inscrição “Festival da Cultura Popular do Vale do Jequitinhonha”.
·         Nesse Festivale, acontece a primeira noite literária.

Fonte: Livro “ Festivale: Cultura e resistência de um povo” livro a ser lançado de Jô Pinto.


domingo, 12 de julho de 2020

NARRATIVAS DO FESTIVALE - Por Lucas Aguilar


MEMÓRIA DO FESTIVALE PRIMEIRA PARTE: MEU BATIZADO
Por Lucas Aguilar

Lucas Aguilar Natural de Araçuaí, formado em História, apaixonado pela cultura popular do Jequitinhonha, em especial o canto coral. Atuou em sua cidade no Grupo Teatral Vozes, no Coral Nossa Senhora do Rosário e Coral Trovadores do Vale. Funcionário público, da rede educação, tenta manter viva e ascender na nova geração o amor pela arte e pela cultura da região. Dentro do movimento cultural do Vale, participou de diversos Encontros de Cultura Popular e em diversas edições do FESTIVALE. Foi diretor da FECAJE exercendo as funções de Diretor Administrativo por duas gestões e Diretor Executivo adjunto.


Conheci o FESTIVALE e o coletivo de pessoas que atuavam em sua organização em 1995. Foi o ano da festa se aportar no alto Vale, na cidade de Carbonita, terra fria cercada pela monocultura de eucalipto. Não tive o prazer de participar do evento, apenas ouvi as tantas histórias que sucedem o seu acontecimento e animam as rodas de conversa. Em julho daquele ano estive com o Grupo Teatral Vozes, de Araçuaí, participando do Festival de Teatro de Minas Gerais, o FESTIMINAS, em Belo Horizonte. Neste mesmo ano me ingressei no coro do Coral Nossa Senhora do Rosário. Foi juntamente no Coral do Rosário que recebi o convite do Sr. Nilton Ferreira de Souza, o saudoso “Curió”, para participar de um encontro sobre cultura. Adolescente, fui sempre curioso, gostava de participar, estar junto. Venci as amarras familiares, e naquele fim de ano me enveredei em meu primeiro Encontro de Cultura Popular, promovido pela FECAJE. Na época a referência era apenas “encontrão”. Fui, no primeiro de tantos, em um dos tantos que aconteceu na vizinha Virgem da Lapa. Tudo para mim era novo, um pouco estranho porque não costumava me ausentar muito de casa. Sempre fui tímido, apesar de não aparentar, e naquele final de semana conheci pessoas diferentes, em idéias e estilos, e que, com altivez, erguia a voz para falar sobre cultura no Jequitinhonha. Estava sempre próximo aos araçuaienses presentes: Maja, Nilton Curió e Tião Artesão.
O encontro era dirigido pelo  Presidente da FECAJE, Marcos Gobira, ladeado do meu conterrâneo Vanderley Nicolau, na época residindo em Salto da Divisa. Estava sempre por perto, na mesa dirigente, o virgolapense Dim Martins e Wiliam de Pedra Azul. Confesso que a familiaridade com os nomes chegou com tempo, e não foi fruto desse primeiro momento. Como era comum naquela época, o encontro posterior a um FESTIVALE servia para avaliar o passado e início da organização do próximo. A reunião foi quase toda tomada pela dita avaliação. Com o passar dos anos a gente aprende que entre pontos positivos e pontos negativos faz-se a máxima que “todo ponto de vista é a vista de um ponto”. Em um FESTIVALE é certeiro que aquele momento tido como ruim para alguém, sempre foi para outro. A avaliação foi longa, cansativa, mas serviu para me entrosar entre os partícipes.
No decorrer do encontro foi anunciada a cidade sede do próximo FESTIVALE. Mais uma vez Jequitinhonha, no baixo Vale. Dividiu-se comissões de trabalho para começar os preparativos da festa. Impulsionado por meu tutor, o Curió, dei meu nome para ajudar comissão do FESTIVAL de música.
No ano seguinte me batizei na força imanente do FESTIVALE. Conheci a cidade de Jequitinhonha e fiquei maravilhado! O formato da festa era grande, mais de uma semana. Mais uma vez estava sob os cuidados de Nilton Curió, acompanhado de uma leva de jovens de Araçuaí. Alguns, como eu, experimentando pela primeira vez o FESTIVALE: Preta, Néia, Luciano Silveira, Elizabeth, Inês da Assunção, Maja, Tião Artesão, faziam parte de nossa trupe festivaleira. Para mim, tudo era festa! Nem posso dizer que realmente ajudei na organização como tinha proposto. Apesar da boa vontade, os participantes, velhos de guerra, já eram pragmáticos nas tarefas e pouco paravam para orientar os mais jovens. Como não fiz oficina, fiquei o tempo todo entre as barracas de artesanato, ajudando no que fosse possível.
Pouco me lembro dos bastidores do FESTIVALE de Jequitinhonha, mas tenho em mente as discussões sobre a campanha S.O.S Tombo da fumaça. Lembro-me de ter participado de uma discussão sobre o assunto no Hotel à beira-rio (que não me recordo o nome). A noite, eu e meus conterrâneos batíamos perna pela orla, espiando as barracas (não era comum termos dinheiro) e conhecendo pessoas dos lugares presente aquele ano. Durante o dia, eu virava criança atrás do boi. Não perdi nenhum. Entre os momentos gostosos que guardo na memória, o cortejo pelas ruas da oficina de “Brinquedos e Brincadeiras”. Por onde o mestre Adelsinho passava com sua “chusma de menino” enchia os olhos de novos e velhos. As birutas coloridas e barangandões multicoloridos, é uma fotografia que guardo com muito esmero.
O FESTIVALE de 96 terminou para mim de forma triste. Fui um dos acometido pelo surto de disenteria que houve no final do evento. Não esperei o encerramento e aproveitei a primeira carona que apareceu. Valeu a pena ter vivenciado aquele primeiro que deixou o gostinho de quero mais.

sexta-feira, 10 de julho de 2020

FESTIVALE - Ontem e Hoje - 2ª parte


2ª Parte de nossas fotos ontem e hoje, é uma forma de homenagear aqueles que estiveram presentes em varias fazes dos FESTIVALE e ajudaram a construir sua identidade.








Obs: se tiverem sugestões e fotos nos envie.

quarta-feira, 8 de julho de 2020

NARRATIVAS DO FESTIVALE - Por Sâmia Bechelane





Vida longa ao Festivale!

Por Sâmia Bechelane

Jornalista, relações públicas e mestre em desenvolvimento social e direitos humanos. Tem experiência em projetos socioculturais, organizações do terceiro setor e fóruns interinstitucionais. Atualmente, é assessora de comunicação na Câmara dos Deputados, em Brasília.
Coordenou a assessoria de comunicação colaborativa no 27º FESTIVALE /Grão Mogol - 2009  e  28º FESTIVALE/Padre Paraíso – 2010

Eu ouvia falar do Festivale desde o meu ingresso no curso de Comunicação Social da UFMG, em 2007. Veteranos meus já haviam participado e diziam com gosto sobre aquela festa linda da cultura popular do Vale do Jequitinhonha, que celebrava sua arte e suas gentes, suas cores e sua tradição. Eu tinha bem guardadinha a vontade de fazer parte daquilo também. Até hoje não sei bem explicar por que o Festivale me atraía tanto, mas arrisco a dizer que passa pela tal mineiridade: eu também venho do interior das Gerais, das entranhas do estado, e me identificava com a região antes mesmo de pegar pela primeira vez a Rio-Bahia rumo ao nordeste de Minas.

Se é verdade que o desejo é um dos nossos melhores guias, nesse caso não foi diferente. A “chegança” ao Vale foi então acontecendo. No ano seguinte, fui me aproximando do Programa Polo de Integração da UFMG no Vale do Jequitinhonha, que desenvolve atividades de ensino, pesquisa e extensão na região. Me tornei voluntária em algumas dessas ações e, em minha primeira viagem à região, foi selado o acordo entre o prof. Márcio Simeone, então coordenador do Programa, e os queridos Jô Pinto e Ângela Freire, então à frente da Fecaje: experimentaríamos a constituição de uma assessoria de comunicação colaborativa no próximo Festivale, como uma atividade de extensão da UFMG. Me lembro exatamente da alegria que senti durante aquela reunião, em Araçuaí. Meu desejo estava perto de ganhar corpo e forma.

Dali a poucas semanas, me tornei oficialmente estagiária do Programa Polo e uma de minhas tarefas era justamente colaborar com a organização de todo esse processo. Nosso objetivo era construir uma assessoria de comunicação colaborativa, com estudantes de Comunicação Social, jovens da região e integrantes de organizações parceiras no Vale e em Belo Horizonte. Em sua 27ª edição, o próximo Festivale seria realizado na bonita Grão Mogol, perto de Montes Claros. A partir disso, mobilizamos pessoas, promovemos articulações, viajamos duas vezes a Grão para realizar oficinas formativas com aqueles adolescentes. Eu sentia um misto de alegria, empolgação e ansiedade com a chegada do evento, que acontecia tradicionalmente no último final de semana de julho.

Vivi intensamente todos aqueles dias de Festivale – chegamos dias antes e fomos embora no final do evento. Foi tão exaustivo quanto intenso: acordávamos cedo, trabalhávamos pela manhã e tarde, às vezes no início da noite também. Depois era banho, janta e programação cultural, que se estendia até a madrugada. Um “batidão” que só um corpo jovem e uma empolgação na medida conseguiam dar conta. A relação com os jovens foi estreita e produtiva – eu começava ali, aliás, um envolvimento com a educação popular que me acompanharia ao longo de minha trajetória profissional. Fiz amigos que permanecem, explorei a cidade e plantei ali a semente de minha relação com o Vale Jequitinonha. É que fui picada pelo “mosquitinho” do Vale, como costumava dizer a Marizinha, que esteve por anos à frente do Programa Polo. Essa picada te faz querer voltar de novo, novamente, e mais uma vez... Não por acaso, no ano seguinte lá ia eu para Padre Paraíso, a sede do 28º Festivale, também para colaborar com uma assessoria de comunicação colaborativa.

O Festivale me abriu assim o “portal” para esse universo de múltiplas vozes, ritmos, texturas, cores e sabores que é o Vale do Jequitinhonha. A partir daquele 2009, tive o prazer, a sorte, o privilégio de viajar muitas outras vezes para a região, por diferentes projetos e vinculada a diferentes instituições. Essas estradas me ensinaram muito sobre comunicação e mobilização, sobre identidades e resistências, sobre o próprio Vale, sua terra e suas gentes. Fiz amizades, fortaleci vínculos e ajudei a construir redes. Melhor: me tornei parte delas.

Nessas andanças, ficava sempre admirada com o sentimento de pertença das pessoas. Antes de ser de Turmalina, Medina, Pedra Azul ou mesmo Cachoeira do Pajeú, já quase na fronteira, se é do Vale do Jequitinhonha. Talvez nenhuma outra região de Minas ofereça aos seus uma identificação tão forte. E é inegável a força que a cultura popular tem nesse amálgama. O teatro, a música, a cerâmica, a comida, a palavra e os ritmos dão forma a esse pertencer e confluem no Festivale, que também é por si gerador de outros frutos. Nas pesquisas sobre as origens do Festival, diz-se sempre que a cultura foi e é um contraponto importante aos estigmas por muito tempo associados à região. É também por meio dela que se dá a volta por cima e se afirma seu valor. E nada como um Festival para celebrar os vales, as vidas, os verdes, os versos e as violas que cantam o orgulho de ser quem se é.

Vida longa ao Festival de Cultura Popular do Vale do Jequitinhonha!


terça-feira, 7 de julho de 2020

CARTAZ FESTIVALE - 12º Jequitinhonha



O Décimo Segundo cartaz do FESTIVALE traz na parte superior a inscrição 12º FESTIVALE - Festival de Cultura Popular do Vale do Jequitinhonha, Vale, Vida, Verso e Viola,  abaixo duas fotos da cidade de Jequitinhonha uma menor sobre uma maior, Fotos de Dagoberto Cesar,   ladeadas pela inscrição  12 a 21 de Julho , Jequitinhonha 1991.  Abaixo uma frase do poeta Claudio Bento
Promoção: FECAJE, Realização: Entidades Culturais do Vale do Jequitinhonha, Prefeitura e Câmara Municipal de Jequitinhonha. Apoio: Prefeituras municipais do Vale. Secretaria Estadual de Cultura, Secretaria de estado e Trabalho e ação social, Secretaria Estadual de Meio Ambiente, SESI, Coca – Cola, CODEVALE e EMATER/MG.
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Curiosidade:

·         Primeiro FESTIVALE realizado pela FECAJE.
·         Pela Primeira vez o Festival da Canção não foi realizado, aconteceu uma mostra musical.


Fonte: Livro “ Festivale: Cultura e resistência de um povo” livro a ser lançado de Jô Pinto.




quinta-feira, 2 de julho de 2020

GIRO PELO VALE - Vale do Jequitinhonha de luto, falece o Mestre Zé do Ponto

Foto: Polo Jequitinhonha UFMG


Nessa tarde de 02 de Julho de 2020, a cultura e de modo especial o arte do artesanato do Vale do Jequitinhonha perdeu um pouco de seu brilho, fez sua passagem espiritual o “Mestre Zé do Ponto” um dos grande artesãos do Vale do Jequitinhonha, onde a sua arte é reconhecida em todo Brasil e no mundo.

José Sebastião Vaz, conhecido como Zé do Ponto nasceu no dia 30 de agosto de 1949 na zona rural de do município de Chapada do Norte (Minas Gerais) Filho de tropeiro, Zé do Ponto, aprendeu o oficio de carpinteiro e a trançar o couro e palha de milho com o pai.
Quando saiu da zona rural montou um ponto comercial perto da parada de ônibus e colocou o nome de “ Café do Ponto” e o nome pegou “ Zé do Ponto” ou Mestre Zé do Ponto.
Zé do Ponto também era irmão do Rosário e chegou a realizar a Festa de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos como juiz maior.

Seu Zé deixa um legado ao artesanato do Vale do Jequitinhonha, Minas, Brasil e ao mundo, trabalhava com as mais diversas matérias primas, couro, palha de milho,madeira e produzia tamboretes, mesas,cadeiras, namoradeiras, tambores, pandeiros, caixas de folia e uma infinidade de outras peças.
Foto: Omar Abhrão

Junto com Mestre Antonio ( Minas Novas) , Mestre Ulisses Mendes ( Itinga), Zé do Balaio ( Almenara), Mestre Zé do Ponto Formava o quarteto Fantástico, apelido carinhoso por aqueles que andavam próximo deles ouvindo  suas histórias nos FESTIVALES da vida.

Eu tenho o prazer de poder dizer que vivi e vivenciei varias histórias ao lado dessa lenda viva, despeço do meu amigo e que Nossa Senhora Rosário o conduz aos braços do pai e conforte a família. Salve Maria!


NARRATIVAS DO FESTIVALE - Por Joana D´arc


Joana D’arc Oliveira Cunha, 29 anos, natural de Medina, mas criada em Itaobim. Cursou Processos Gerenciais pela Universidade do Estado de Minas Gerais (2016), Bacharelado em Humanidades pela Universidade Federal dos Vale do Jequitinhonha e Mucuri (2019), e atualmente cursa Licenciatura em História pela Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri. Faz parte da rede de comunicadores do vale, movimento Estudantil e do movimento cultural. Tem amor pela arte e cultura popular, sobretudo a do vale do Jequitinhonha.

Falar do Festivale é encher o peito de saudade e recorda de grandes momentos. Conheci o Festivale através do coral ouro de Minas, que fiz parte desde sua criação, o coral foi um projeto da Associação da Criança e do Adolescente de Itaobim - ASCAI. Fomos em 2006 para conhecer o evento e em 2007 fizemos nossa primeira apresentação, uma das memórias mais marcantes que tenho. Foi na cidade de Joaíma, em uma noite um pouco fria, estávamos lá todos empolgados e ansiosos para apresentar, quando subimos ao palco, logo veio um frio na barriga, pois, era uma apresentação no Festivale, que é um evento grande. Fizemos outras apresentações em outros anos, mas a primeira será sempre marcante.
O Festivale é aquele evento que te faz contar os dias para chegar, e também te faz chora quando chega ao fim, era bem isso que acontecia comigo e com minhas amigas, lembro bem que as malas eram feitas muitos dias antes do evento, e na despedida sempre tinha lágrimas. O Festivale é uma semana cheia de arte e apresentações culturais, além das trocas de experiência e dos laços que se cria, é mesmo uma reunião de grupos, arte, poesia, música e muita energia para continuar. Entre os momentos que o Festivale proporciona lembro que o cortejo dos grupos de cultura popular foi um dos que me encantou muito, antes conhecia só o boi de janeiro da minha cidade (Itaobim) e cheguei ao Festivale e vi vários outros em um cortejo, como foi lindo, lembro de cada detalhe, até do quanto ficava bobinha em vê tanta coisa bonita. No evento tem muita arte, tem a poesia na noite literária, tem os shows a noite, tem a feira de artesanato que tem um mais lindo que outro, tem as oficinas que é o momento de formação, tem os debates e tem também muito abraço.
Festivale é uma semana intensa, é o momento que recarregamos as energias, vivenciamos e celebramos a cultura e a arte do povo do Vale do Jequitinhonha.






GIRO PELO VALE - Caraí e o Vale de luto

Foto: UFMG É com muito pesar que comunicamos a passagem espiritual da artesã de Caraí, Dona Noemisa, uma baluarte do artesanato do Vale do...