terça-feira, 23 de novembro de 2021

O ASSUNTO É? - Personalidades Negras /Maria de Lourdes Vale Nascimento

 

Imagem: Internet


Dando continuidade ao propósito de apresentar personalidades relevantes para a luta do povo negro no Brasil, hoje falarei sobre Maria de Lourdes Vale Nascimento, importante militante negra que atuou entre as décadas de 1940-1960. Foi uma das fundadoras do Teatro Experimental do Negro (TEN), na década de 1940. Nessa instituição, voltada para a formação de atores e atrizes negras para atuar no cinema e no teatro, Dona Maria Nascimento, como era conhecida, fundou o Departamento Feminino. Tal setor foi responsável pela organização de aulas de inglês, alfabetização e preparo profissional voltados para os trabalhadores e trabalhadoras que frequentavam aulas noturnas. Ali funcionava também um balé infantil voltado para crianças negras. No Departamento Feminino do TEN, foi organizada também uma associação profissional de trabalhadoras domésticas. Maria Nascimento era assistente social de formação e se preocupava com as questões sociais que impactavam principalmente as negras e negros: “É inacreditável que numa época em que tanto se fala de justiça social possam existir milhares de trabalhadoras como as empregadas domésticas, sem horário de entrar e sair do serviço, sem amparo na doença e na velhice, sem proteção no período de gestação e pós-parto, sem maternidade e sem creche para abrigar seus filhos durante as horas de trabalho” (Joselina da Silva. Mulheres negras: Histórias de algumas brasileiras) No Jornal Quilombo, ela possuía espaço na coluna Fala Mulher,  na qual se dirigia às mulheres negras e discutia temas como o combate ao racismo e a necessidade do aumento da participação política das mulheres negras no destino do País: “Se nós, mulheres negras do Brasil, estamos mesmo preparadas para usufruir os benefícios da civilização e da cultura, se quisermos de fato alcançar um padrão de vida compatível com a dignidade da nossa condição de seres humanos, precisamos sem mais tardança fazer política […]” (citado por Joselina Oliveira). Na década de 1950, Maria Nascimento criou o Conselho Nacional das mulheres negras, espaço no qual era oferecido atendimento jurídico à população negra  e  expedidas certidões de nascimento. Maria Nascimento foi casada com o célebre Abdias Nascimento, tendo juntos fundado o Teatro Experimental do Negro (TEN), entretanto, encontramos poucas referências à atuação de Maria, mesmo imagens dela na internet são raras. Sua atuação em favor da defesa de seu povo foi, de certa forma, apagada. Isso ocorre devido às desigualdades de gênero que impactam as mulheres, sobremaneira as negras. Entretanto, a partir das últimas décadas do século XX, com o fortalecimento das lutas coletivas das mulheres negras e a emergência do feminismo negro, muitas das nossas intelectuais e militantes negras têm sido redescobertas, destacadas em pesquisas, tiveram seus textos reunidos e publicados em formato de livro ou reeditados seus livros. A primeira vez que tomei conhecimento acerca de Maria Nascimento foi ao ler o livro da Dra. Joselina da Silva Oliveira “Mulheres negras: Histórias de algumas brasileiras”. E agora, ao pesquisar para escrever este texto, encontrei o livro “Maria de Lourdes Vale Nascimento: Uma intelectual negra do Pós-abolição” escrito pela Dra. Giovana Xavier e publicado em 2020. Cabe a toda pessoa que deseja se engajar na luta antirracista e antissexista conhecer o pensamento das/dos intelectuais negras/os e assim ampliar os conhecimentos sobre a história do povo negro. Fico por aqui. Axé

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