terça-feira, 9 de novembro de 2021

O ASSUNTO É? - Nosso Povo

 

Laudelina de Campos Melo

Foto: Internet

Estamos no mês de novembro, dedicado à Consciência Negra. O dia 20 de novembro foi escolhido pelo movimento negro por se tratar da data da morte do herói Zumbi dos Palmares, assassinado enquanto lutava por uma sociedade mais justa no contexto da escravidão. Ao longo deste mês, nós, pessoas negras conscientes, dedicamo-nos a reflexões sobre nossa história e à comemoração das nossas conquistas. Porém, não nos restringimos ao mês de novembro, visto que estamos na luta durante todo o ano. Quero, ao longo deste mês, neste espaço, destacar algumas lideranças importantes na luta do povo negro brasileiro.  Começo por Laudelina de Campos Melo, nascida em 1904, na cidade de Poços de Caldas-Minas Gerais, filha de pessoas alforriadas. Desde criança, demonstrava muita força e coragem, a ponto de sua mãe dizer que a menina parecia um homem, visto que, força e coragem, historicamente, são características atribuídas aos homens. Foi explorada como doméstica a partir dos sete anos de idade com a morte do pai. Na adolescência, Laudelina engajou-se em atividades das organizações negras de Poços de Caldas, tornando-se presidente do Clube Treze de Maio aos dezesseis anos. Mudou-se para a cidade de Santos, em 1924, e participou de organizações negras, como a Associação Saudade de Campinas. Na década de 1930, filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro (PCB), militou na Frente Negra Brasileira (FNB) e fundou a primeira associação de trabalhadoras domésticas em Santos. Em 1937, com a ditadura do Estado Novo, a associação foi fechada. Na década de 1940, Laudelina mudou-se para Campinas, onde percebeu o racismo nos anúncios de contratação de trabalhadoras domésticas que exigiam mulheres brancas. A partir de então, passou a lutar contra o racismo direcionado às trabalhadoras domésticas negras, vinculando-se a organizações do movimento negro da cidade. Organizou bailes e desfiles de beleza voltados para jovens negras/negros. Em 1961, fundou a Associação de trabalhadoras domésticas, que posteriormente se transformou no primeiro sindicato de trabalhadoras domésticas do Brasil. Faleceu aos 86 anos, em 1991, deixando sua casa para o sindicato de trabalhadoras domésticas da cidade. Hoje, Laudelina é reconhecida como um ícone de luta em favor das mulheres negras. Sua história foi pesquisada e está registrada em livros, como na pesquisa de Elisabete Aparecida Pinto “Etnicidade, gênero e educação : a trajetória de vida de D. Laudelina de Campos Melo (1904-1991) e no livro “ Heroínas negras brasileiras”, de Jarid Arraes. Faz-se presente também em documentários como “Laudelina: Suas lutas e conquistas”, produzido pelo museu da cidade e “Laudelina de Campos Melo: Uma narrativa sobre negritude em Poços de Caldas”. Laudelina de Campos Melo é uma das pessoas que nos inspiram na luta contra o racismo e o sexismo.


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