sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

CONHECENDO O JEQUI – Filho de Itinga comanda chacina no Espírito Santo em 1897

 

Santa Teresa - ES - Foto: Internet sem data da foto ou autoria

Jagunçada de Barracão: chacina em Santa Teresa completa  em 2021 completará 124 anos, também conhecida como "Revolta do Calhau", o fato histórico transformou a pequena cidade em cenário de derramamento de sangue.

E o comandante desta chacina foi o filho de Itinga, no médio Vale do Jequitinhonha, nas Minas Gerais, José Rodrigues dos Santos, conhecido como “ Zé Calhau”, ele chegou no Espírito Santo por volta de 1892 a 1893 e fixou residência  em Santa Julia, onde é hoje São Joaquim do Canãa.

Em 01 de novembro 1897, movido pelo Racismo, vingança e intolerância, ele comanda a chacina, no interior de Santa Teresa, região Serrana do Espírito Santo. A chacina, que ficou conhecida como “Jagunçada de Barracão” , Após promover a Chacina de Barracão, Zé Calhau se tornou um dos criminosos mais procurados do Espírito Santo, vindo a ser morto em 1899 em Santa Joana, hoje Município de Itaguaçu, durante uma diligência comandada pela subdelegado Apolinário José de Oliveira.

Essa pesquisa histórica é do professor e Historiador Francisco Roldi Guariz, da cidade de Santa Teresa/ES.

Para entenderem a história e as motivações da chacina leiam a  matéria abaixo publicada originalmente  em 2017 no site:

https://www.gazetaonline.com.br/especiais/capixapedia/2017/11/jaguncada-de-barracao-chacina-em-santa-teresa-completa-120-anos-1014105917.htm

Assistam também ao documentário produzido pela TV Aribiri e pelo professor Roldi Guariz.

Link do documentário:  https://www.youtube.com/watch?v=ZcGLskSHU9c

 


A HISTÓRIA DA CHACINA

 

O cenário do derramamento de sangue foi o distrito de São João de Petrópolis, popularmente conhecido na época como Barracão de Petrópolis. Além de mortes, durante o período da jagunçada, foram registradas agressões, saques e incêndios a prédios públicos e residências.

A cidade de Santa Teresa havia sido fundada alguns anos antes, em 1875, por imigrantes do Norte da Itália. De acordo com o professor de História Francisco Roldi Guariz, a motivação da jagunçada seria a vingança pelo assassinato de um brasileiro, de Minas Gerais, chamado João Rodrigues, por um italiano.

“A jagunçada, a meu ver, resultou de choques étnicos e culturais entre os dois grupos: os italianos e os brasileiros. A intolerância, a desconfiança recíproca e o racismo latente na sociedade, transmitido aos colonos, foram os fatores responsáveis pela eclosão do massacre ocorrido há 120 anos. Em meados de outubro, o mineiro João Rodrigues foi assassinado em Barracão por um italiano identificado pelo nome de ‘Biazzo’. Os amigos do morto apontaram o culpado ao subdelegado José Luiz Vivaldi, também imigrante italiano”.

Após analisar o caso, o capitão Vivaldi inocentou o acusado de assassinato, revoltando os companheiros da vítima. Inconformados, e capitaneados por um mineiro chamado José Rodrigues dos Santos, o “Zé Calhau”, um bando de cerca de 30 pessoas declarou vingança contra os italianos.

Motivados pela raiva, na madrugada entre os dias dois e três de novembro de 1897, foram assassinadas 11 pessoas e incendiados prédios públicos e residências.

Após a jagunçada, de acordo com o historiador Francisco Roldi, “Zé Calhau” se tornou um dos criminosos mais procurados do Espírito Santo. “Ele morreu em 1899, durante uma diligência policial realizada em Santa Joanna, no atual município de Itaguaçu, pelo subdelegado Apolinário José d’Oliveira. Houve uma troca de tiros e, na contenda, Calhau foi morto”, finalizou.

 

AS VÍTIMAS

De acordo com o professor, os bandidos mataram José Benetti e feriram João Frecchiami e Isidoro Antônio da Silva. Além de Benetti, também executaram José Perini, João Vilascchi, sogro de Pagani, e João Batista Vivaldi, pai do capitão José Luiz Vivaldi.

Ainda em Barracão, a sogra do professor Antônio Tironi foi atingida no braço direito durante um tiroteio realizado contra sua residência, sendo a única mulher ferida pelo bando. As demais vítimas eram brasileiras, todas naturais de Minas: João Paulo da Silva, casado com Maria Luchinni, Cassiano Germano da Motta, Elias de Souza Pimenta e um tal de João, vulgo “Não pode”, empregado da família Galimberti. Entre os bandidos, houve três baixas.

“Estas foram as principais vítimas, mas não as únicas, pois outras casas foram saqueadas. Além disso, o cartório de Barracão foi incendiado, de modo que os documentos anteriores à jagunçada foram destruídos”, afirma o professor.

O capitão Vivaldi foi espancado e apunhalado pelos criminosos. Um deles, acreditando que o capitão estava morto, decidiu decepar uma orelha dele. Vivaldi, no entanto, desviou do golpe.

Diante da reação inesperada do capitão, o matador apontou uma arma em direção ao seu rosto e atirou. Em seguida, os bandidos se retiraram. Porém, o capitão sobreviveu ao disparo, que mascou sem que o atirador percebesse. “Vivaldi, então, foi retirado às pressas do sobrado, e levado para uma gruta. Apesar dos vários ferimentos sofridos, viveu ainda durante muitos anos, vindo a morrer em 1941, aos 80 anos”, afirma o professor de História.

 

OS DESCENDENTES DO CONFLITO

O professor Francisco Roldi Guariz entrevistou alguns descendentes do conflito para sua pesquisa acadêmica. Para Maria Auxiliadora Vivaldi Tononi, 73 anos, bisneta do capitão Vivaldi, e Francisco Paulo da Silva, 79 anos, falecido em 2012, neto do mineiro João Paulo da Silva, o racismo foi o principal fator responsável pela eclosão da jagunçada.

O lavrador aposentado Ayres Perini, 78 anos, neto do sapateiro italiano José Perini, disse ao professor: “Vovô foi morto pelos bandidos em sua residência, em Barracão. Na época, meu pai (Victorio Perini) era um bebê com apenas seis meses de vida”.

Sua avó, Virgínia Bordin, casou-se novamente em 1905 com Lourenço Galetti, que também havia ficado viúvo. Ayres contou a Francisco que Lourenço quase se transformou numa das vítimas dos jagunços: “O nono Lourenço estava na fazenda do Pagani no dia do ataque. Ele só conseguiu escapar dos bandidos porque se escondeu debaixo de umas cangalhas, algumas delas foram reviradas pelos jagunços. E completou: “O nono teve sorte”.

 

 

Estamos tentando obter mais informações sobre o “ Zé Calhau”, para conhecer melhor sua história, caso você tenha ouvido falar sobre ele, faça contato: jospinto25@yahoo.com.br  ou deixe mensagem aqui no blog.


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