segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

MEMÓRIA CULTURAL - Renda Hhandoti no Vale do Jequitinhonha

 GUARDIÃ DA RENDA NHANDOTI NO VALE DO JEQUITINHONHA


 

            Maria Elizabete Pereira dos Santos, é  quilombola, sua origem remonta da comunidade do Arraial dos Crioulos, em Araçuaí,  em seus sessenta e um anos, é daquelas mulheres fortes, mas de uma doçura inigualável!  Entre tantas habilidades e talentos nas artes manuais, ela abriu o baú de seus dotes e nos contou como aprendeu a fazer renda nhandoti.

            Ela  tinha uma tia, por nome de Ana, que morava no Morro da Liga , que em 1979, decorrente ao período das enchentes, teve de se mudar para o bairro Mutirão - Araçuaí,  havia ficado paralítica e uma senhora chamada Maura lhe ensinou a tecer como forma de entretenimento. E assim criou  gosto pela arte e tecia dia e noite. 

             Maria Elizabete, muito jovem, foi trabalhar de babá na casa de Maura, porém à noite, ia dormir na casa da Tia Ana. Porque quando terminava o serviço, já era tarde, não havia luz elétrica, o caminho para o Arraial dos Crioulos era cheio de mato, muito perigoso.  O jeito era pernoitar na casa da tia. E lá vendo a tia tecer, começou por brincadeira, e quando se deu por conta, já estava fazendo com desenvoltura a renda nhandoti. As duas ficavam até altas horas tecendo e conversando.

            Ela fala que é uma técnica muito fácil de fazer, basta arranjar linha, pedaço de madeira, papelão para servir de molde. Revela ainda que, prepara tudo artesanalmente e cria seus próprios moldes e tramas a seu gosto e criatividade.

            A renda são composições de flores ou rosetas em formas circulares, que vão sendo produzidas, depois de uma boa quantidade, podem se transformar em toalhas, caminhos de mesas, vários acessórios de cama e mesa, chegando  até mesmo em peças ornamentais, conforme o interesse de quem adquire as peças.


            Bisbilhotando um pouco mais sobre a renda, descobrimos que     chegou á América latina  através das Ilhas Canárias, na Espanha, como técnica tenerife;  aculturando-se na região do Paraguai, onde  foi recriada e batizada com o nome  ñanduti, que significa teia  de aranha em guarani. A partir do Paraguai a renda chegou ao Brasil, tecida sobre uma trama radial montada, utilizando-se de motivos circulares.


            Assim, Maria Elizabete Pereira dos Santos, é uma guardiã desta técnica de tecelagem tradicional, de suas mãos parece brotar uma poesia transformada  em renda e arrematada pelos fios  que decoram sua vida  e suas emoções de alma feminina , por tramas de alegrias e espiritualidade

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