terça-feira, 22 de março de 2022

O ASSUNTO É? - Gênero e política

 

Foto Internet

Aproveitando que há poucos dias tivemos o dia da “mulher”, com todas as contradições desta ideia de mulher que a data evoca, hoje decidi falar acerca dos livros de Margareth Atwood, “O conto da aia” e “os testamentos”. O primeiro livro repercutiu tanto que se transformou numa série. O segundo, é uma continuação da história da sociedade distópica de Gilead. Um país teocrático dominado por homens, no qual as mulheres estão submetidas às funções domésticas, reprodutivas e sexuais. O acesso a qualquer forma de leitura é proibido, até mesmo os nomes dos estabelecimentos não são identificados por letras e sim por desenhos, para evitar que as mulheres leiam. Parece que houve um acidente nuclear, a maioria das mulheres perdeu a capacidade de gerar bebês, daí, as que podem reproduzir foram escravizadas para gerar filhos para as mulheres dos comandantes, elas ficam numa casa até parirem, daí são mandadas a outra. Não podem ler, nem conversar com qualquer outra pessoa. É uma sociedade militarizada e vigiada por homens chamados de “Olhos”. As mulheres são separadas em grupos, as martas responsáveis pelo trabalho doméstico, as aias que são as reprodutoras, as esposas dos comandantes e as tias, que são mulheres que outrora tiveram altos cargos antes do fim das liberdades individuais e que agora servem a Gilead no controle e convencimento das demais mulheres. As idosas, as feministas e as lésbicas são eliminadas, ou mandadas para campos de trabalho forçado. Qualquer pessoa que se perturbe a ordem é suprimida em cerimônias rituais, seus corpos são dilacerados em linchamentos ou expostos no muro que cerca Gilead.  “O conto da aia” e “Os testamentos” são obras que devem ser lidas com atenção. Durante a leitura, é impossível não fazer associações com a sociedade em que vivemos, onde, dia a dia caminhamos para o completo domínio por religiosos misóginos e defensores de todas as formas de desigualdades. O dia 08 de Março, símbolo da luta das mulheres trabalhadoras por melhores condições de vida é atualmente despido desse significado e utilizado para romantizar a exploração das mulheres pelos homens em benefício dos que lucram no sistema capitalista, como bem demonstrou Alexandra Kollontai e outras tantas teóricas ao longo do tempo. Fica a dica de leitura. Até breve.


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