segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

MEMÓRIA CULTURAL - os Pracinhas

 

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Em meio as turbulentas notícias sobre os eventos bélicos entre a Rússia e a Ucrânia, resolvi fazer algumas leituras, das quais me deparei com uma matéria da PESQUISA - FAPESP, edição 210,de Agosto, de 2013, publicada pelo Historiador Carlo Haag: Em busca da “guerra boa” dos pracinhas.

Nesta publicação, o historiador retrata  sobre a criação  da Força Expedicionária Brasileira (FEB) em 13 de agosto de 1943. E no dia 2 de julho de 1944 as tropas saíram para o combate, em um   navio-transporte General Mann partir, com 5.075 soldados a bordo, e, com Getúlio Vargas se despedindo dos “pracinhas” . Entre estes estavam David Turíbio de Paula e Antônio Guarda.

No Vale do Jequitinhonha, em algumas cidades há nome de ruas e Avenidas, como forma de homenagem a esses homens. Em Itinga, a “Avenida Expedicionário  David Turíbio de Paula”. Ele alistou-se voluntariamente ao Exército, lutou em várias batalhas na segunda guerra mundial, chegando a ser ferido em combate.

Segundo especialistas, o Brasil,  presidido por Getúlio Vargas, declarou guerra à Alemanha de Adolf Hitler e demais países do Eixo depois do naufrágio de mais de 50 navios brasileiros, em águas nacionais, torpedeados por submarinos alemães. O saldo foi de cerca de 1 mil brasileiros mortos. Na Europa, os pracinhas integraram o IV Corpo do 5º Exército dos Estados Unidos – dos combatentes, morreram 467 brasileiros, sendo 82 mineiros. “Outros 2,7 mil saíram feridos ou ficariam mutilados”. Em sua arrancada para a vitória, os brasileiros conquistaram com destaque, entre outras, as cidades de Monte Castelo e Montese, sendo que, em Collecchio e Fornovo, cercaram e aprisionaram a 148ª Divisão de Infantaria Alemã. 

E no seu retorno em 1945, David Turíbio de Paula, recebeu muitas medalhas, casou-se em Ladainha, mudou-se para Belo Horizonte, trabalhou  no Ministério do trabalho até aposentar-se, vindo falecer em 1985.

Em Francisco Badaró em 2013,  um Decreto Municipal, nº 043, de 07 de Julho de 2013,  criou a Comenda “Combatente Antônio Guarda”  para  condecorar pessoas ou instituições que prestarem relevantes préstimos a sociedade Badaroense. O nome da comenda é uma forma de homenagear  ao Ex- Combatente da Segunda Guerra Mundial, participante da Força Expedicionária Brasileira. Ao retornar da guerra, foi agricultor e “Guarda Fio” do Telégrafo até aposentar-se.

No Brasil, apesar das festas, os expedicionários foram rapidamente desmobilizados. A razão foi política: tanto as autoridades do Estado Novo em decadência quanto as forças políticas de oposição temiam o pronunciamento político dos expedicionários. A pressa foi tão grande em acabar com a FEB que os pracinhas já saíram da Itália com seus certificados de baixa e quando chegaram ao Brasil já não estavam mais sob a autoridade do comandante da FEB, mas do comandante militar do então Distrito Federal, não exatamente simpatizante dos febianos. A partir de então estavam à própria sorte. Traumas psicológicos de todo o tipo e rotina da luta de sobrevivência no mercado de trabalho dificultaram o retorno dos milhares de brasileiros que estiveram nos campos de batalha. As primeiras leis de amparo só foram aprovadas em 1947.

Os dois exemplos citados,  homens que vivenciaram batalhas  de Monte Castelo, Montese, Collechio, Fornovo, Massarosa, Camaiore, Monte Prano, Monte Acuto, Galicano, Barga, San Quirico, La Serra, Castelnuovo, Soprassasso, Paravento e Marano Su Parano; trazem  para nossas memórias um outro olhar, que os nossos olhos não viram, mas, que  nos convocam a refletir  sobre o valor da vida humana e o preço de tantos interesses no jogo sórdido  da política em que o sangue derramado, só alimenta ódio e vingança.

Aos nossos pracinhas que foram, serviram, lutaram e voltaram são nossas memórias vivas, mas aqueles que não puderam voltar, fica nosso sentimento de uma parte da história que deixou de ser contada e nosso luto causada por uma convocação à caminho da escuridão , perdidos em um canto qualquer, que minha concentração não é capaz de olhar.


https://revistapesquisa.fapesp.br/em-busca-da-guerra-boa-dos-pracinhas/


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