segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

MEMÓRIA CULTURAL - A Carta

 

Imagem internet

Pensando nas transformações deste mundo, lembrei-me da carta.Um gênero textual de correspondência, o qual visa a estabelecer uma comunicação direta entre os interlocutores, para transmitir diferentes tipos de mensagens. Mas uma carta pode trazer certos infortúnios, a partir do exemplo da carta escrita por Pero Vaz de Caminha. Ele enquanto escrivão da armada de Pedro Álvares Cabral, anunciou ao rei Dom Manuel, de Portugal, as suas impressões sobre a terra e sua gente. A carta, datada de Porto Seguro, sexta-feira de 1° de maio de 1500, foi levada a Portugal por Gaspar de Lemos, comandante do navio de mantimentos. Uma carta que até nos dias atuais não se desvendou suas traçadas linhas.

No Vale do Jequitinhonha, antigamente, escrever carta era uma peleja! Pois tinha gente que cobrava pelo serviço da escrita. Depois que postava ainda era outra luta, da espera incansável. Muitas vezes nunca haveria retorno, pois não se sabia que a mesma chegaria ao seu destino.

Namorar através das cartas tinha sua elegância, os casais além de caprichar nas declarações de amor, costumavam pingar gotículas de seu perfume, no papel. Assim antes de ler, era possível sentir-se o outro. Problema era quando alguém exagerava nas doses de perfumes extravagantes! Também tinha a marca do beijo carmim ao final da escrita como forma de carimbar o forte desejo de uma mulher, no papel.

Cartas que anunciava a morte de um parente, vizinho ou cônjuge, e muitas vezes, dado ao  tempo de chegada, sofria-se por não celebrar a missa de sétimo dia. Mas quando o remetente era de uma autoridade, se via olhares entre as frestas das portas,  burburinhos e adivinhações por algum mal feito, deixando a vizinhança em alerta de tanta curiosidade.

Havia também casamento desfeito através das cartas, quando isso acontecia, selava-se inimizades e rixas de famílias.

Agora a carta perdeu o encanto da chegada, mas ainda conserva a magia, mesmo que seja virtual. Se atrevermos a investigar, alguns autores como Raquel de Queiroz, Rubem Braga e outros já escreveram sobre o gênero.

E você já teve a experiência de escrever ou receber uma carta, assim?

Por



 

 


Um comentário:

  1. Quanta lembrança a gente guarda através da carta. Lembrei que Jô era colecionador de selos.

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