quinta-feira, 22 de julho de 2021

DIÁRIO DE LEITURA - Degustação

 


Vicentino Rodrigues de Oliveira é de Itinga, Vale do Jequitinhonha, no interior de Minas Gerais. Professor, vereador, músico, embora escreva e componha desde muito jovem, retratando, sobretudo, as belezas de seu povo e da Terra onde vive, despertou há pouco para os concursos literários. No último ano, ganhou alguns concursos regionais e nacionais, como o 14° Circuito de Literatura do Clesi – Clube dos Escritores de Ipatinga e a Antologia do Prêmio VIP da Editora Publisher. Lançou o livro Estradas de Chão, com o coletivo literário de Itinga, VOHEJAR.

 

No momento Degustação, Vicentino Rodrigues, de Itinga, nos mostra o seu premiado poema:

 

Corpo e Terra

Meu rosto é de pele grossa onde o suor traça atalhos e caminhos;

Meus olhos são como um rio cansado de desaguar;

Meus calos incomodam num aperto de mão;

As mesmas que talha a madeira, e molda o barro que prepara o chão

Meus pés são rachados feito o quente torrão

abre passagem para que nasça o broto

Sem sentir os furos do maroto

Meu falar talvez você não compreenda

Minha roupa não combina com a sua

Me olha com desconfiança da cabeça aos pés

Maltrapilho?

Malogrado?

Não seu moço!

Tudo depende do seu olhar

Meu corpo é feito dessa terra

Onde se nasce, cresce e morre.


Por



 


Um comentário:

  1. "Meus calos incomodam num aperto de mão". Essas são as mãos de centenas de jequitinhonhense, mãos do meu avô transplantadas de misteriosas Áfricas para lavrar esta terra "Onde se nasce, cresce e morre." Morre?
    Parabéns Otacílio pela sensibilidade em retratar o cotidiano desse jequitinhonhense que não sente o peso da inchada na cacunda nem se intimida com o aruvai das madrugadas.
    Parabéns Herena.

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