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| Imagem gerada por IA |
Todas as vezes que subia as escadas do Colégio
Nazareth, encontrava-me com o Frei Respício que voltava da sua aula de religião.
Era um Frei Holandés de seus 80 anos. Abraçava-me, e sorria demonstrando
alegria e amizade profunda.
Certa vez, fui convidado para ser padrinho do
casamento religioso de Nelson e Mônica. Quando saía para a cerimônia religiosa
minha esposa advertiu-me: "Não fica bem você ir em traje esporte."
Voltei e coloquei o paletó e a gravata.
Apressei-me em sair, pois já estava em cima da
hora. Ao chegar à igreja pessoas e amigos rodeavam os noivos ao pé do altar. Apressei
o passo. Ao ver-me naquele traje, sorrindo, o Frei não teve dúvida; afastou o
Nelson e colocou-me ao lado da noiva. Achei aquilo estranho, mas nada pude
fazer, pois ele já dava conselhos da vida aos dois. Depois falou sobre a vinda
de filhos e como deveria educá-los. O Nelson, que estava atrás, limpava a
garganta, tossia, arrastava os pés demonstrando um nervosismo à flor da pele.
Em todo momento o Frei fez a pergunta de praxe:
"É de livre e espontânea vontade tomar Mônica por sua legítima
esposa?". Lá de trás o Nelson respondeu bem alto: "É sim
senhor". O Frei retrucou: "Não estou te perguntando nada, fiz a
pergunta a ele aqui', apontando para minha pessoa. "Padre, o senhor está
casando a minha noiva com outro, advertiu o Nelson". Só assim o Frei notou
o seu lamentável engano.
Fez a mudança de posição entre eu e o Nelson.
Em seguida levou as mãos ao alto e disse: "Perdoe-me Deus pelo
engano". Depois colocou as alianças. Abençoou os noivos e foi embora para
a sacristia. Na saída, todos comentavam o engano do padre. O noivo ainda nervoso
perguntou-me: "Como você entendeu esse casamento?". Eu, no meu gesto
esportivo, respondi: "Pelo que o padre falou e ficou claramente explicado,
a metade da noiva é minha e a outra metade é sua". "A sua metade você
vai buscar lá na sacristia, tá? Vamos embora Mônica, antes que esse padre faça
uma besteira maior". Muitos anos se passaram e até hoje o Nelson me
pergunta se já apanhei a outra metade da noiva na sacristia.
Extraído do Livro “ Contos e Prosas “ de
Severino Chiesa Onnis, Araçuaí/MG - 2009
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