![]() |
| Imagem gerada por IA |
Vivemos tempos em que a sensação de que a
sociedade está adoecida se torna cada vez mais evidente. Os sintomas desse
adoecimento se manifestam em diferentes dimensões da vida coletiva, revelando
fragilidades profundas em nossa convivência e em nossa capacidade de construir
um futuro comum.
Com a polarização política, o diálogo foi
substituído pelo confronto, em vez de buscar consensos, grupos se fecham em
trincheiras ideológicas, incapazes de ouvir o outro. A política, que deveria
ser espaço de construção coletiva, tornou-se palco de hostilidade e divisão.
As notícias falsas e a desinformação corroem
a confiança social, circulam com
velocidade, moldando opiniões e decisões sem base na realidade. A verdade,
antes um valor fundamental, passa a ser relativizada, enfraquecendo
instituições e relações humanas.
O feminicídio, essa forma de violência
contra mulheres expõe o machismo estrutural que ainda persiste. Ao mesmo tempo,
a banalização da violência, seja nos noticiários ou nas redes sociais, nos
torna insensíveis ao sofrimento alheio, como se a dor fosse apenas mais um
espetáculo.
Enquanto o racismo, a discriminação racial
continua a ferir nossa convivência, perpetuando desigualdades históricas e
negando dignidade a milhões de pessoas. O racismo não é apenas um ato isolado,
mas uma estrutura que atravessa instituições, práticas sociais e mentalidades.
Vivemos tempos de muito xenofobia, o medo
e a rejeição ao estrangeiro e aos moradores das regiões de nosso país, revelam uma sociedade que se fecha em si
mesma. Em vez de acolher a diversidade cultural como riqueza, muitos preferem
levantar muros, reforçando preconceitos e exclusões.
Estamos convivendo com as Guerras
ideológicas há anos, as disputas de narrativas se transformaram em batalhas
permanentes. Ideologias são defendidas como dogmas, e qualquer divergência é
tratada como ameaça. Essa guerra simbólica fragmenta ainda mais a sociedade,
tornando impossível a construção de pontes de diálogo.
Isso sem falar na intolerância religiosa,
a fé, que deveria ser fonte de paz e espiritualidade, muitas vezes é usada como
arma de exclusão. A intolerância religiosa alimenta perseguições, preconceitos
e violência, negando o direito fundamental de cada indivíduo acreditar ou não
acreditar.
Temos negado a ciência como se nunca fez
em outros tempos, em plena era do conhecimento, vemos crescer o desprezo por
evidências científicas. Vacinas, mudanças climáticas e avanços tecnológicos são
questionados por discursos sem fundamento, colocando em risco vidas e o
planeta.
Temos uma sociedade que criou uma dependência
da internet, a tecnologia, que poderia nos aproximar, muitas vezes nos
aprisiona. A hiperconexão gera isolamento, ansiedade e dependência,
substituindo relações reais por interações superficiais.
O planeta dá sinais claros de exaustão, florestas
queimam, rios secam, espécies desaparecem. Ainda assim, seguimos explorando
recursos como se fossem infinitos, ignorando que nossa sobrevivência depende do
equilíbrio ecológico.
Por fim a falta de empatia, talvez o
sintoma mais grave seja a incapacidade de sentir com o outro. A indiferença
diante da dor, da desigualdade e da injustiça revela uma sociedade que perdeu a
sensibilidade e a solidariedade.
A doença da sociedade não é inevitável,
mas exige tratamento coletivo. Precisamos recuperar o valor da verdade, da
ciência, da vida e da natureza. Precisamos reaprender a dialogar, a respeitar e
a cuidar uns dos outros. Sem empatia, não há cura possível.
Sou um que também esta doente, mas minha
cura depende de você, porque nossa sociedade está doente.
Jô Pinto, Véspera de
Natal em 24 de dezembro de 2025, na cidade de Itinga, médio Vale do
Jequitinhonha/MG.
Na
esperança de termos uma sociedade melhor no ano 2026

Nenhum comentário:
Postar um comentário