segunda-feira, 19 de maio de 2025

MEMÓRIA CULTURAL - A importância das Fábricas de Tecidos: Pereira Murta e Cia e Biribiri na indústria têxtil Mineira

 

Tear na Comunidade Quilombola de Tocoios/Francisco Badaró/MG




No século XIX, Minas Gerais testemunhou um crescimento expressivo na produção de tecidos, impulsionado pela criação de fábricas e pelo fortalecimento da atividade artesanal. Esse avanço foi especialmente marcado pela participação feminina, que desempenhou um papel essencial na confecção e no aperfeiçoamento dos produtos têxteis.

Dentre as fábricas que se destacaram nesse período em Minas Gerais, duas são do Vale do Jequitinhonha: a fábrica do Biribiri, localizada em Diamantina e a fábrica Pereira Murta e CIA, também conhecida como “Fabrica de Tecido Bom Jesus da Lapa da Água Fria, localizada em Itinga.

Ambas foram fundamentais para o desenvolvimento da indústria têxtil mineira, tornando-se importantes centros de produção e inovação. Com uma estrutura organizada e um modelo de produção eficiente, essas fábricas ajudaram a consolidar Minas Gerais como um polo relevante no cenário têxtil brasileiro.

Além do impacto econômico, a expansão da produção de tecidos no estado contribuiu para mudanças sociais significativas. Esse período, portanto, marcou um capítulo relevante na história industrial e cultural de Minas Gerais, evidenciando a força da produção têxtil e suas múltiplas influências.

A Fábrica de Tecido de Itinga foi idealizada pelo Comendador Candido Freire de Figueiredo Murta, deputado geral, e do Major João Antônio da Silva Pereira, Para que o sonho da fábrica se concretizasse eles reuniram outros cidadãos da então Vila Itinga e criaram a “Sociedade dos Filhos de Itinga” e importaram da Europa, mas precisamente da Bélgica, pesadíssimos maquinários (80 Teares, dois Gomadores de 1000 kg e outros equipamentos). a fábrica foi instalada em 1880,na comunidade de Água Fria, próxima ao Ribeirão Água Fria, aproximadamente a 7 km da sede do município. O algodão que existia em abundância na região, vinha principalmente da própria Itinga, São Domingos (hoje Virgem da Lapa), Lufa (hoje distrito de Novo Cruzeiro) e  Agua Suja ( Hoje Berilo). A Fábrica produzia principalmente os tecidos: Pano americano e o riscado Xadrez. Com uma crise econômica e também uma grande enchente em 1928 no Ribeirão Água Fria que destruiu partes da fábrica, a mesma entra em colapso e é desativada. Alguns teares foram vendidos para o empresário Antônio Mendes Campos e levados para Pirapora no norte de Minas. Infelizmente restaram apenas as memórias da fábrica e pouquíssimos objetos.

 A Fábrica de Tecidos do Biribiri, está localizada a cerca de 12 km de Diamantina, foi um exemplo relevante da produção têxtil na região.  A Fundação foi feita por  Dom João Antônio dos Santos, primeiro Bispo de Diamantina, e sua família, no final do século XIX. A produção têxtil na região era, em geral, mais voltada para o artesanato e a produção de tecidos mais simples. Na década de 1920, era controlada por Duarte & Irmão e foi  comprada em 1922 pelo  do Banco Hipotecário do Brasil . A fábrica funcionou até 1973, quando foi fechada por motivos econômicos. A fábrica e a vila operária foram tombadas como patrimônio histórico e paisagístico pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA) em 1994 e atualmente é um espaço turístico, que preserva a memória da fábrica e da vila operária. 

As duas fábricas tinham algo em comum, a hierarquia baseada no gênero, com mulheres ocupando funções de fiandeiras e tecelãs, e homens ocupando funções administrativas.

As fabricas se foram, mas o oficio de plantar o algodão, fiar e tecer: os tecidos, colchas, tapetes e outros ainda permanecem vivas com as mestras artesãs em alguns municípios de nosso Jequi.

 

Fonte:

BORGES. Kátia Fanciele Corrêa. Tecendo relações e salvando almas: as operárias da fábrica de tecidos do Biribiri / Diamantina/MG (1926-1931)

MOURA. Marcelo Duarte. A indústria artesanal de tecidos em minas gerais na 1ª metade do século XIX.

PINTO. José Claudionor dos Santos. Memórias de Itinga. Centro Cultural Escrava Feliciana. 2009.


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