segunda-feira, 11 de julho de 2022

MEMÓRIA CULTURAL - Chiquinho da Farinha

 

Foto: Ângela Freire


Quem estiver em Araçuaí e for à feira, no sábado, procure por Chiquinho da Farinha. O lugar dele é sempre na área externa, nas imediações próximo ao estabelecimento  “Casa das Carnes”.

Rapaz de quarenta e seis anos,Osvaldo Teixeira Lopes Filho, mais conhecido por “Chiquinho da Farinha. Ele tem um sorriso encantador, de homem acanhado e muito trabalhador. Sua família paterna era da Comunidade de Calhauzinho.
O pai casou-se com Luzia da comunidade de Soledade. O casal veio  da zona   rural para a cidade em 1973. Foram morar no Bairro Esplanada, em situação de aluguel. Eles tiveram  sete filhos, sendo que os dois mais velhos, já falecidos; ficando Chiquinho com quatro irmãs.

Seus pais muito unidos, trabalhavam incansavelmente para dar conta do sustento da família, pois uma das meninas, nascera com síndrome de Down, exigindo mais cuidados e atenção.

Seu pai, era um homem de conceitos rígidos, trabalhava em lavoura e em  serviço braçal: abrindo cava para construção de casas, servente de pedreiro, abrindo fossa de banheiro, até que começou adoecer. Encontrou uma alternativa de ser feirante aos sábados, saia com a esposa, levava milho, feijão, farinha e goma para vender. Com todo esse esforço conseguiram alcançar o sonho da casa própria, no próprio bairro, na Rua São Pedro.

O pai começou a levar seu filho Chiquinho para a feira, a partir dos dez anos de idade. Ele ajudava carregar mercadoria e ficava ali, assessorando, com o tempo, o pai começou a apresentar mais  problemas de saúde  principalmente na coluna e outras queixas, tendo de se ausentar da feira, mas sua mãe lhe ajudava. Porém foi criando gosto pela atividade e aprendendo a lidar com a freguesia e fornecedores, passando a ir sozinho à feira.

Com o falecimento de sua mãe, de AVC, em 2004 e  seu pai em 2006, com sessenta e oito anos, de Enfizema Pulmonar, porque fumava muito, desde muito novo. O filho continuou o ofício optando por comercializar apenas farinha e goma.

Ele comercializa dois tipos de farinha, sendo farinha grossa adquirida do povoado de Alfredo Graça e farinha fina da Comunidade de Córrego do Narciso. Ele compra em média por duzentos e cinquenta reais o alqueire, que possui cinquenta pratos (medida utilizada) e vende por sete reais, o prato. Enquanto a goma, adquire da cidade de Taioberas.

Chiquinho revela com certa tristeza que em breve terá de parar de vender goma, porque as pessoas estão preferindo comprar do supermercado, julgam ser mais barato.

Assim como seu pai, segue sua atividade como complemento de renda, pois exerce atividade de limpador de quintal e jardineiro, porém devido aos esforços repetitivos, tem apresentado fortes dores na coluna. Atualmente prefere   trabalho apenas de jardinagem e ora com suas duas irmãs mais novas.

A feira é um local de muitos negócios, fluxo de muita gente circulando em seus múltiplos interesses, seja para vender, comprar, passear e apreciar. Mas cada um traz suas memórias que assim como Chiquinho, seguem complementando sua renda, sustentando suas famílias e mantendo a tradição.

Parabéns a Chiquinho, pelo seu trabalho, honradez e simplicidade!

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