sábado, 28 de agosto de 2021

EscreVIVENDO - Afinal, o que é ESCREVIVÊNCIA?

 

fonte: retirada do site: https://www.anf.org.br/queremos-conceicao-evaristo-na-abl/

Já que estamos falando sobre literatura por aqui, venho partilhar com vocês este tema bem legal. Conforme o livro “Escrevivência: a escrita de nós: reflexões sobre a obra de Conceição Evaristo”, este termo foi criado por esta autora, em 1995, em sua dissertação de mestrado, e se encontra como objeto de estudo de profissionais de diversas áreas, sendo discutido tanto nacional como internacionalmente.

Embora aqui eu esteja trazendo reflexões iniciais, compreendo que este termo não é fechado. É um conceito que, por se conectar, necessariamente, com a vida, pois a palavra VIVÊNCIA está dentro dele, é um termo dinâmico, ainda que tenha uma direção e um sentido, não sendo, portanto, associado a qualquer tipo de escrita.

Conceição Evaristo nos mostra que a escrevivência, em sua concepção inicial, se expressa como um ato de escrita das mulheres negras que vem romper com o apagamento imposto ao corpo e à voz dessas mulheres ao longo da história. Afinal, o Brasil vivenciou quase quatrocentos anos de escravização do povo negro, e a escrevivência vem para expressar todo o potencial que foi negado e que traz as marcas disso até os dias de hoje.

Portanto, escrevivência se conecta com a história. Compreendo, também, que envolve pensar como algumas identidades são desvalorizadas em comparação com outras. A escritora Djamila Ribeiro afirma isso ao considerar que pessoas negras em geral e mulheres negras especificamente não são tratadas como humanas, uma vez que o conceito de humanidade, historicamente, se conectou aos homens brancos.

Assim, pensar a compreensão do termo escrevivência envolve pensar a resistência. EscreVIVER é dar projeção à nossa vivência, como povo negro, para o mundo, é difundir conhecimentos e, com isso, mostrar a nossa história, o que relaciona com uma perspectiva coletiva, conectada com a realidade. Por isso, escrevivência extrapola a escrita de um sujeito individualizado, conforme aprendi com a Conceição Evaristo.

A escrevivência me permite perceber que a escrita está na vida e que, se você vive, você pode escrever. Por isso, vejo que a escrita nunca poderá estar limitada apenas ao âmbito escolar ou universitário, uma vez que este espaço é apenas um, dos diversos que existem, e que permitem a produção de conhecimentos.

Portanto, peço licença para partilhar aqui, com vocês, nos sábados, as minhas tentativas de ESCREVIVER, enquanto mulher negra do Jequitinhonha. Vem comigo?! Aguardo vocês.

FONTE: Este texto foi baseado no livro: “Escrevivência - a escrita de nós: reflexões sobre a obra de Conceição Evaristo”, organizado por Constância Lima Duarte e Isabela Nunes. 1º edição, Rio de Janeiro: Mina Comunicação e Arte, 2020.

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4 comentários:

  1. Este conceito é muito rico de possibilidades. Parabéns pelo texto.

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  2. Que bacana! Já havia ouvido falar do termo, mas ainda estou descobrindo o que é.. seu texto, Thaísa, me ajudou com isso! Obrigada! 🌻

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  3. Maravilhoso... amei mana! Que sigamos EscreVivendo e deixando nossa marca na história. 💘

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  4. Obrigada, queridas/os leitoras/ es!! Tamo junto! Bora conversar...bora escreviver!

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