quinta-feira, 17 de junho de 2021

DIÁRIO DE LEITURA - Entrevista com Hérica Silva


Foto: arquivo pessoal


Você é uma escritora jovem e bastante já bastante consciente de sua literatura. Conte um pouco sobre a mulher Hérica que vem ganhando destaque na literatura regional.

-Primeiramente queria agradecer pelo espaço de fala. Eu sempre guardei a minha escrita, só para mim. Não costumava dividir com ninguém porque acreditava que as pessoas não iriam refletir os meus versos como esperava. Mas então, algumas pessoas passaram a entender, alguém sentiu o toque dos meus versos. Inspirações vieram, mãos amigas me levantaram e resolvi me abrir para o mundo. A Hérica poeta/escritora é a Hérica que conheço desde sempre, de sonhos, de momentos, de luta. A escrita foi um refúgio, um consolo, um meio que encontrei para me manter de pé em meio os desafios que surgiam em minha vida. Com seis anos de idade passei a ter uma rotina frequente em hospitais, com nove anos fui diagnosticada com Acalásia, doença rara, sem cura e com poucas opções de tratamento, foram exames, cirurgias, hospitais e mais hospitais. Eu vi a minha infância passar, as pessoas me olharem com outros olhos. E então fui me isolando, e nesta minha solidão encontrei a escrita como amiga. E com ela fui caminhando rumo a minha libertação. Acredito que a Hérica de hoje, é uma mulher de luta, guerreira, feita de poesia, que espera que seus versos possam tocar outras pessoas.

 

Dede quando você escreve, o que lhe inspira? Quais os seus gêneros de escrita? Você tem publicações?

-Que eu lembro, comecei a escrever com 8 anos, escrevia poesias. A partir dos 10 anos comecei a escrever teatros e com 18 anos comecei a experimentar a poesia slam e contos. Em 2020 decidi escrever algo maior, escrevi um livro de poesias, um livro de autoajuda, ambos não publicados. E escrevi um romance “Cartas para a lua” que publiquei no formato ebook pela Amazon. Escrevi este ano um outro livro de poesias com uma amiga, Marilete, mas também não publicamos. Minha primeira publicação impressa veio com uma coletânea poética, “Retalhos 2” com 3 poemas. E em julho terá o laçamento de uma outra antologia “Vozes da margem, vozes na margem: Narrativa fora de centro” na qual participei com um conto. De maneira geral, escrevo poesias, contos, romances, cronicas, um pouco de tudo, além da escrita acadêmica.

Tudo me inspira, principalmente as coisas simples, os momentos marcantes, que vão desde uma gota de chuva até um futuro distante. O tempo, eu amo falar do tempo, o tempo que se passou, o presente e o tempo que ainda desconheço. Faço da poesia o meu respirar. O contato com a natureza traz leveza a meus versos, gosto muito de escrever para a lua, minha paixão cotidiana.

 

Qual a importância da literatura na sua vida?

-A literatura é tudo. Sabe, ler outras pessoas nos fortalece, não só em termos de gramática, mas sim em pensamento, em atitudes. A literatura é a nossa maior libertação.

 

Hérica, dizem que a leitura é fundamental para a escrita. Você concorda? Você é uma boa leitora? Quais as suas leituras favoritas? Quem são suas referências literárias?

-Sim, claro. Tem épocas que chego a ler três livros por semana, a leitura é sim uma salvação. Eu gosto de ler poesias, romances, desenvolvimento pessoal, autoajuda… na verdade eu gosto de tudo e um pouco mais. Tenho buscado referências na Djamila Ribeiro, Conceição Evaristo, Samanta Silvany, Aline Bei e no Pedro Salomão, e claro em Herena Barcelos.

 

Hoje você cursa a graduação de Engenharia Agrícola e Ambiental no IFNMG/Campus Araçuaí. A vivência no meio acadêmico traz alguma influência na sua literatura?

-Muito mesmo. Primeiro que a engenharia me trouxe muitos amigos que me fizeram enxergar a grandeza da minha escrita e que eu pude arrastar comigo para a poesia. Em 2018, quando iniciei o curso de engenharia passei também a conversar com a psicóloga da instituição, ao ouvir uma das minhas poesias ela começou a querer saber mais sobre mim e minha escrita, e ela mim deu forças, me orientou, me fez ver o sentido dos meus passos, Cris se tornou uma grande amiga, e com ela percebo a dimensão que meus versos podem alcançar. Participei de muitos eventos acadêmicos e com oportunidades de falar sobre a escrita feminina.

 

Você é uma das coordenadoras do Leia Mulheres Araçuaí. Como é o trabalho desse coletivo? Qual a importância dele para a literatura no Vale do Jequitinhonha?

-O Leia Mulheres Araçuaí é um coletivo de leitura, onde todo mês fazemos a leitura de um livro escrito por uma mulher e nos reunimos para fazer uma discussão sobre este livro. Estou na coordenação do Leia junto com minhas amigas Herena, Thaisa e Amanda. Um coletivo que trata exclusivamente sobre a literatura escrita por mulheres é muito importante, para o mundo todo, como forma de valorização desta literatura e quebra do patriarcado, além do mais podemos mostrar a força que nosso Vale tem para lutar. Somos um povo forte, temos uma literatura forte, conhecer e apreciar a leitura de mulheres nos leva a quebrar muitos paradigmas. Eu amo o Leia.

 

Você manifesta relação com a poesia marginal. Como ela se desenvolve no Vale? Qual a sua trajetória nesse campo?

- Comecei a mim interessar pela poesia marginal em 2017, mas ela só ganhou força em mim em 2018. Ao sair do ensino médio e ingressar em uma faculdade federal passei por muitas transformações. Comecei a assistir alguns slams no youtube e então comecei a perceber que aquelas vozes também era a minha voz. Eu sinto todos as injustiças contra o meu povo preto, contra as minhas manas e a poesia da margem é uma forma de gritar, gritar alto que não desistimos, ainda estamos de pé. Antes de opiniões e pensamentos, a poesia marginal é resistência, luta, a gente consegue fugir do real estando no real. A poesia marginal se desenvolve no Vale através das Batalhas de rimas, slams, sarau e também com os vários sons de rap que as manas e manos vem soltando aí, não temos muita visibilidade, mas estamos criando o nosso espaço de resistência, de fala.

 

Quais os seus sonhos, projetos e próximos passos na literatura?

Eu tenho muitos sonhos e muitas paixões. Tenho meu lado com a arte e meu lado com a engenharia, caminho com ambos e me fortaleço em ambos. Meu maior sonho é tocar só mais um com meus versos, ter um livro publicado em edição impressa e receber um autográfo da Conceição Evaristo. Tenho muitos projetos na engenharia, eu sei que quero ajudar muita gente. Em relação a Literatura pretendo deixar as coisas fluirem, mas caminhando com garra e coragem, quero escrever alguns livros e reunir algumas poesias, além disso quero levar meus amigos poetas comigo, tem muito brilho que não pode ficar oculto. Comecei uma pagina coletiva no instagram onde estou trazendo poetas/escritores para mostrarem nossa arte.

 

Alguma coisa a mais que gostaria de nos contar?

Eu agradeço muito pelo convite, uma honra está falando de mim para vocês, me sinto chic já (rsrs). É sempre bom falar de escrita, em especial de poesia. Queria encerrar com um verso meu, que tem muito efeito em minha vida, “Enquanto os meus passos forem meus, os meus versos ecoaram a minha voz”! Abraços...

 

Por fim, diga-nos onde lhe encontrar, redes sociais, e-mail, obras à venda.

Facebook: Hérica Silva

Instagram: @herica_s.o e @poetas.ao.acaso

Email:hericacardosovieira@gmail.com

telefone: 33 999618938

 

 

Agenda

 

Tomando Conhecimento – Sexta-feira, 18 de junho, Herena Barcelos convida Thaisa Martins.


5 comentários:

  1. Ótima entrevista, Érica! Parabéns!
    Prof. Magno

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  2. Lindas palavras como vc é tão inteligente
    Q Deus abençoe vc cada dia mais e mais
    Adoro vc linda,uma amiga que eu quero ter a vida toda,vc é muito especial pra mim 🌹👏❤🥰😘

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  3. Quanta sensibilidade, beleza e poesia presente nessa menina! É um orgulho para mim, conhecer e participar de alguns espaços com a Hérica!
    Segue firme!
    Abraços
    Neca

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