sexta-feira, 26 de março de 2021

CONHECENDO O JEQUI - A Lenda da catacumba

 


Dizem que há muitos anos atrás, mesmo antes de Capelinha emancipar, aqui morava um homem muito mau que maltratava os seus semelhantes, era arrogante e mandava matar a pessoa apenas para fazer amizade com as filhas do morto, por intermédio das viúvas desamparadas. Dizem também que sua riqueza era originária de um pacto com o diabo. Ele era um homem possessivo e autoritário. Não permitia que sua família saísse às ruas. Contratava professores particulares que ministravam aulas para suas filhas, em sua própria casa.

Segundo os moradores, incluindo os mais idosos, ninguém lembra nome desse senhor, pois tais fatos ocorreram há muitos anos.

 Quando ele faleceu, pouca gente foi ao velório, pois ele não tinha amigos. As poucas pessoas eram membros da família e alguns gatos pingados, uns curiosos que lá foram não para rezar pela sua alma, senão para ver sua esposa e filhas. O velório também serviu de pretexto para alguns tentarem fazer amizade, já que enquanto viveu o misterioso senhor não permitia a aproximação da família com outras pessoas.

Dizem que ele nunca ia à igreja, não se importava muito com a própria vida ou com a saúde. Só queria saber de adquirir posses e dinheiro.  Afirma-se que possui varias mulheres (garotas de programa, que arre- banhava em suas viagens de negócio). Era filho de um forasteiro que veio morar em Capelinha com sua família, antes da emancipação da cidade.

Dizem que logo depois de seu falecimento, sua esposa e filhas foram embora de Capelinha, já que o tirano as privava de suas liberdades, o que as impediu de criarem qualquer laço de amizade. Dizem ainda que, alguns anos depois, quando o Padre Domingos Pimenta era pároco, do túmulo desse homem começou a sair cabelo e as bordas da sepultura começaram a rachar. Acreditam alguns que isso ocorreu, porque a alma do morto não conseguia se libertar do corpo e, em sua revolta, provocara as rachaduras na catacumba. Então o Padre benzeu aquela sepultura e determinou que fossem colocadas correntes à sua volta. Somente após tal providencia do padre é que não mais se verificou o aparecimento das trincas na sepultura.

 Atualmente, não mais é possível identificar o nome do morto nem a data em que ele faleceu. Supõe-se que tenha sido condenado ao esquecimento, dado o isolamento que impôs à sua família. Acredita-se que a cidade de Capelinha ainda vai sofrer um processo de afundamento, em decorrência de uma praga rogada à cidade por um padre. Dizem que, quando Capelinha afundar, o morto da sepultura vai voltar à terra em forma de um monstro.

Efetivamente, ha no corredor frontal do Cemitério Paroquial de Ca pelinha uma sepultura circundada por correntes de ferro. Trata-se da sepultura do senhor Antônio Barbosa, apelidado em família por Totoni Barbosa. Era irmão do Dr. Juscelino Barbosa, este um filho adotivo ilustre de Capelinha que chegou a ser Secretário de Estado das Finanças de Minas Gerais, no governo de Bueno Brandão. Totoni Barbosa era também irmão da Sra. Juscelina Barbosa, esposa de Jacinto José Ribeiro, o primeiro Prefeito Municipal de Capelinha. Na mesma sepultura estão os corpos de diversos outros familiares do senhor Antônio Barbosa.

Segundo Cláudio Ribeiro, sobrinho de Totoni Barbosa, este era "uma alma boa" e são total mente improcedentes os fatos lendários a seu respeito.

 

Texto extraído do livro: Casos, Lendas e Lorotas do Jequitinhonha, de autoria do Professor, Poeta, Escritor e pesquisador  José Carlos Machado da cidade de capelinha no Alto Jequitinhonha.



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