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| Foto: Jô Pinto | 
Na comunidade Quilombola de Zabelê, localizada
no município de Francisco Badaró, no Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais,
encontra-se uma construção singular da primeira metade do século XIX: o “Tanque
de Pedra”. Segundo relatos dos moradores, essa estrutura foi erguida por homens
e mulheres negros que haviam sido escravizados, representando não apenas uma
solução prática, mas também um legado de resistência e engenhosidade.
Essa tecnologia social aproveita as rochas
naturais típicas da região semiárida para transformá-las em grandes
reservatórios de água. Inspirada em formações naturais que acumulavam água da
chuva e dos córregos, a construção dos tanques de pedra reflete o saber
ancestral sobre o uso sustentável dos recursos locais. Na comunidade de Zabelê,
o tanque servia para lavar roupas e abastecer a sede da antiga fazenda.
Os materiais utilizados variam conforme as
características de cada lajedo. A técnica consiste em retirar a terra de uma
área rochosa, deixando a pedra exposta e pronta para receber a água. As paredes
são construídas com pedras retiradas do próprio entorno, formando uma estrutura
murada que permite o armazenamento eficiente da água, especialmente durante os
períodos de estiagem.
Mais do que uma obra física, o tanque de pedra
é um símbolo de mobilização e organização comunitária. Sua construção, uso e
manutenção envolvem diversas famílias, fortalecendo os laços sociais e
possibilitando a produção agrícola após as chuvas e mesmo em tempos de seca.
Essas estruturas são comuns em regiões com
escassez hídrica, onde comunidades desenvolvem soluções artesanais e
sustentáveis para garantir o acesso à água. A história dos tanques de pedra
está profundamente ligada à necessidade de coletar, conservar e utilizar esse
recurso vital em áreas de difícil acesso, como o semiárido brasileiro.
Na comunidade de Zabelê, o tanque foi feito com
barro e pedras locais, escolhidas por sua resistência e disponibilidade.
Apresentam formatos retangulares ou cilíndricos, com bordas elevadas para
evitar a entrada de impurezas. De estilo rústico e funcional, integra-se ao
ambiente natural sem ornamentos, priorizando a durabilidade e o uso prático.
Atualmente, o tanque encontra-se inativo, com
parte do canal que levava água à sede da fazenda danificado. Ainda assim,
resiste ao tempo e permanece como um símbolo de sustentabilidade e da
convivência harmoniosa entre o ser humano e o meio ambiente. Representa a
cultura, a criatividade e a força das comunidades rurais diante dos desafios
climáticos, além de ser um testemunho da tecnologia ancestral deixada pelo povo
negro daquela localidade.
Fonte: Arquivos do Patrimônio Cultural de Francisco Badaró
Por

 
 
 
 
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