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Jorge Benedicto Ottoni, um dos irmãos de José Eloy Ottoni
e nascido em 1782, exerceu importantes cargos políticos na Vila do Príncipe,
tendo sido vereador e senador, além de tabelião. Casou-se, em 1807, com Rosália
de Souza Maia e, da união, nasceram doze filhos, sendo que dois deles foram muito
relevantes para a história do Brasil: Theófilo Benedicto Ottoni e Christiano
Benedicto Ottoni.
Theófilo
Benedicto Ottoni nasceu em 1807 e destacou-se na política brasileira, tendo
sido ferrenho defensor do Republicanismo e do Liberalismo. Até os 15 anos,
ocupava-se do comércio e acompanhava seu pai em viagens com as tropas, não
tendo recebido nenhuma instrução. Com essa idade, ele e mais três irmãos
passaram a morar com o tio José Eloy Ottoni, quando iniciaram seus estudos e
serviram na Marinha. Ao requerer baixa da Marinha, em 1830, Theóphilo Ottoni
retornou ao Serro para dedicar-se à carreira política e fundou o periódico
“Sentinela do Serro” no qual defendia suas ideias liberais e democráticas. Participou
da Revolução Liberal de 1842 que terminou com a derrota dos insurgentes em
Santa Luzia e, como consequência, sua prisão. Posteriormente, foi beneficiado
pela anistia decretada pelo imperador D. Pedro II.
Após exercer o mandato de Deputado Federal, afastou-se da
política devido à derrota dos liberais para os conservadores e fundou, em 1848,
a “Companhia de Comércio e Navegação do Rio Mucuri”. Com o objetivo de promover
o desenvolvimento da região, Theófilo Ottoni procurou ligar o sertão mineiro a
um porto marítimo, incentivou a instalação de imigrantes europeus na região e
desenvolveu um núcleo urbano que recebeu o nome de Philadelphia. Em 1860, por
motivos políticos, a Cia. Mucuri foi encampada pelo governo.
Assim,
Teophilo Ottoni retornou à política e foi eleito Deputado Federal e, logo após,
Senador. Teve destaque na famosa “Questão Christie”, um importante impasse
diplomático do governo de D. Pedro II, que culminou com o rompimento das
relações entre Brasil e Inglaterra, ao liderar um importante movimento contra
as pretensões imperialistas dos ingleses.
A
campanha do Mucuri fragilizou sobremaneira a sua saúde e, em 1869, faleceu
Teophilo Ottoni. Desse modo, apesar de ter sido um dos maiores defensores do
republicanismo no Brasil, acabou não assinando, em 1870, o Manifesto
Republicano de Itu, documento fundamental para o movimento republicano
brasileiro.
Christiano
Benedicto Ottoni nasceu em 1811 e, com Teophilo Ottoni, morou na casa do tio e
serviu a Marinha na qual se reformou como Capitão Tenente. Formado em
engenharia, foi professor de matemática na Academia da Marinha e publicou
vários livros didáticos de matemática que foram usados no ensino brasileiro da
época. Participou, também com o irmão, da epopeia de colonização do Vale do
Mucuri, tendo sido o elaborador do projeto da estrada de rodagem entre
Philadelphia e Santa Clara (atuais Teófilo Ottoni e Nanuque, respectivamente),
a primeira via desse tipo do Brasil.
Apesar
de, politicamente, ter sido um inimigo de D. Pedro II, este o considerava um
excelente engenheiro e administrador. Assim, Cristiano Ottoni exerceu o cargo
de Presidente da Estrada de Ferro D. Pedro II, a primeira ferrovia brasileira,
entre 1855 e 1865. Por isso – e por ter sido ele o homem responsável pela
expansão das linhas férreas em direção a Minas Gerais e São Paulo –, Christiano
Ottoni é considerado o “pai das estradas de ferro no Brasil”.
Também
atuou no campo da política, tendo sido eleito como deputado pelo Partido
Liberal e, posteriormente, por duas vezes, senador. Era defensor do ideário
republicano e liberal e foi um dos signatários do Manifesto Republicano de Itu.
Embora não seja lembrado como um literato, Christiano Ottoni deixou algumas
obras de sua autoria, tais como as biografias de Teophilo Ottoni e de D. Pedro
II, “Futuro das Estradas de Ferro no Brasil” e “História da Escravidão no
Brasil”. Além disso, era um notável polemista e escrevia artigos contrários aos
seus adversários políticos, publicando-os na imprensa.
Christiano
Ottoni faleceu aos 85 anos, no Rio de Janeiro. Por ter sido um grande
engenheiro brasileiro, foi escolhido como patrono da Escola de Engenharia da
UFMG, criada em 1911. Foi homenageado ainda com a criação, em 1974, da Fundação
Cristiano Ottoni, uma instituição de pesquisa vinculada à UFMG. Sua
descendência também contou com destaques para a história brasileira, em
especial seu filho Júlio Benedicto Ottoni e seu neto Raymundo Ottoni de Castro
Maya.
Referência:
Antigas Oficinas Christiano
Ottoni:
http://curraldelrei.blogspot.com/2016/11/antigas-oficinas-christiano-ottoni-na.html
- acesso em Setembro de 2024
Autor: Alessandro
Borsagli
Por
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