segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

MEMÓRIA CULTURAL - Pífano

 


            O pífano é um instrumento musical, similar a flauta transversal feito  artesanalmente, por isso  em alguns lugares é  conhecido  como flauta de taboca ou de taquara.

            No Brasil há referência do pífano a partir de 1584, através de um dos jesuítas, Fernão Cardim. Estes religiosos se dedicaram a preparação da fé católica e ao trabalho educativo. Percebendo que não seria possível converter os Índios a fé católica sem que soubessem ler e escrever. Os Jesuítas desejavam convertê-los ao cristianismo e aos valores europeus; os colonos estavam interessados em usá-los como escravos.

            Fernão Cardim ingressou-se na Companhia de Jesus, vindo para o Brasil em 1.583 visitando  diversas regiões do Brasil, citando o instrumento acompanhado de tambores, nas mãos de índios e de portugueses, associado a manobras militares ou comemorações religiosas.No século XVIII o uso pífano esteve presente em festas de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, no Vale do Jequitinhonha.

          Por tanto o pífano foi introduzido junto à população por duas vias: a via indígena, que vem da época da colonização, da introdução do pífano pelos índios e tem a segunda via – em Minas, por exemplo, onde ele é vinculado aos negros, sem qualquer traço indígena e com um toque militar.

            O pífano no Brasil esteve associado à área militar até o século 19, como  instrumento militar, ligado à infantaria, dentro das forças portuguesas. O pífano, tal como nos exércitos europeus ia à frente da infantaria enquanto na cavalaria havia o trompete. Há inúmeros documentos que mencionam o pífano, inclusive no tempo de Dom João VI, que em sua guarda de honra tinha pífanos e caixas (tambores), mas, não se usa mais este instrumento com conotação militar. 

             Atualmente existem centenas de grupos pelo Brasil formados, em grande parte por descendentes dos primeiros tocadores de pífano, que guardam similaridade com o que existia há alguns séculos.

            É possível encontrar ainda grupos de pífanos em grande número de cidades do nordeste, norte de Minas, notadamente no interior. Nas capitais ou nas grandes cidades já não se guarda a mesma tradição. Assim como a sua denominação varia, a sua composição também tem sensíveis diferenças, mas seus instrumentos básicos são dois pífanos, um surdo, um tarol e um bombo ou zabumba.

            O tocador de pífano é chamado de pifeiro, músico autodidata, sabe as músicas, as melodias oralmente, muitas delas criadas por ele mesmo, por outras bandas ou por alguém que ele conhece e sabe de ouvido. Em geral ele é membro de uma família de pifeiros, ou está dentro de uma comunidade onde ele aprende de ouvido. Suas referências são visuais e auditivas.

            Os componentes das bandas são, na sua maioria, trabalhadores rurais que se ocupam da agricultura de subsistência, trabalhando no "alugado", ou cultivando sua pequena roça. Reúnem-se antes de cada apresentação e repassam o repertório. O pifeiro tradicional, está mais ligado ao ambiente rural. São pessoas simples, que lidam com o campo, plantações, gado, situados em um nível social às vezes menos favorecido. Mas isto não é uma característica apenas dos pifeiros porque também, antigamente quem tocava nas bandas de música eram escravos que faziam outros serviços e além disso tocavam outros instrumentos.

            Nos tempos atuais  também tem o pifeiro urbano que aprendeu o pífano pelos discos, pelos CDs , em oficinas de convivência social. Mas tem ocorrido muito modificações quanto ao material do instrumento, que originalmente  era de taquara, está sendo substituído por cano de PVC com a justificativa de ser material fácil de se encontrar e de baixo custo em estabelecimentos comerciais.

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