segunda-feira, 29 de julho de 2019

MEMÓRIA CULTURAL - FESTIVALE - Resistência e Diversidade



A 36ª Edição do FESTIVALE nos provou e nos mostrou o quanto à palavra RESISTÊNCIA significa para todos aqueles que acompanham esse movimento de cultura popular, singular e único no sentido mas profundo da palavra.
Foi uma semana de superação e união para que nosso evento maior pudesse acontecer, e o movimento cultural do Vale do Jequi o fez acontecer, não nos cabe apontar aqui nesse texto os desafios que foram, mas falaremos das belezas que produzimos, das resistências que se fizeram necessárias em um ano onde cenário político nacional refletiu com todo força no FESTIVALE.
Belmonte, na parte do Jequitinhonha baiano jamais será mesma, nenhum de nós seremos os mesmos, transformados estamos em seres humanos que superaram preconceitos raros dentro do FESTIVALE e no  movimento cultural de nosso querido vale, mas no qual é o reflexo de um pais cujo ódio contra as minorias anda muito lactante e com aval explicito.
             Reencontramos amigos, fizemos novas e belas amizades, abraçamos, beijamos e olhamos inúmeras vezes o por do sol no abraço do Jequitinhonha com o mar e quantos fotos foram eternizadas deste momento.
Vimos às religiões de matrizes africanas saírem pelas ruas, mostrando sua beleza e seus cantos, suas vestimentas, seus cheiros, sua fé e sobre as margens do rio Jequitinhonha, junto como os irmãos indígenas, abençoaram as águas pedindo a Oxum Rainha das Águas Doce e Iemanjá, Rainha das Águas Salgadas a proteção a todos em especial aos que estavam no FESTIVALE. Mas estes mesmos povos também foram as ruas pedir respeito as religiões de matrizes africanas da cidade que há tempos sofrem a intolerância dos pseudos coronéis da região e os intolerantes de outras religiões.
A literatura passeou pelas ruas, cordéis, varais, recitais e em uma noite literária aonde vimos o afago das palavras, e essas mesmas palavras pediram basta contra a violência que atinge tantos travestis e transexuais no vale e no país, a voz ecou e o poema denunciou e todos se emocionaram com uma dor que é de todos nós a dor de ser tratado diferente quando somos todos iguais.
E a canção tocou corações, teve suas torcidas, mas afinal cantar o vale do Jequitinhonha ainda é uma bela canção e cantamos em alto e bom som; deixamos as águas vindas de Diamantina chegarem até o mar, trazendo suas as histórias de cada lugarzinho que ele passou.
Nossa arte, artesanato encontrou se nos braços de um antigo galpão que outrora era um entreposto comercial de um Brasil colônia, e ali a arte foi admirada, contemplada e seus mestres reverenciados e nos remeteu a passado onde nosso Jequitinhonha baiano e mineiro viviam se as divisões geográficas.
Shows, viola, violão, contos e canção o palco e barraca FESTIVALE receberam os das antigas e abriram portas aos novos revigorando e reinventado nosso cantar. A voz na canção também foi usada para denunciar, refletir e mostrar que nós somos maiores que os preconceitos estabelecidos.
Debatemos, encontramos, mulheres, poetas, escritores, LGBT, minorias, porque dialogar ainda é um caminho a se seguir. E neste espaço da democracia cultural e tambem o nosso espaço, porque emanamos dos mesmos desejos e sonhos.
Vimos o fundador de tudo isso ser eternizado em uma comenda com seu nome “Tadeu Martins” para sempre homenageado, justo e necessário em nome de tantos outros que construíram as bases de tudo que temos.
Ensinamos! E a mostra das oficinas nos emocionou e nos alegrou, sabemos que as futuras gerações estão se qualificando para manter viva a cultura popular;
Cultura popular! Fonte que todos nós bebemos, desfilou bonito pelas ruas da cidade, vimos os terreiros de candomblé junto com as folias de reis, Bois de Janeiro, Guaranis, tupinambás, capoeira e afrouxe, é a diversidade que encanta , respeita e ser curva de admiração, sem pré-conceitos.
O FESTIVALE deste ano foi um tempero que deu certo, mostramos e demonstramos que o FESTIVALE é o Festival da Cultura Popular, mas também da resistência, da igualdade da diversidade e acima de tudo do respeito.
FESTIVALE fecha o ciclo da nascente em 1987 à foz em 2019, ou podemos dizer começa um novo ciclo, precisamos repensar conceitos sem perder a essência da nostalgia e respeito à história, fazer e estar no FESTIVALE é um aprendizado, só entende quem teve a honra de conhecê-lo.

Que o FESTIVALE continue a provocar a reflexão e discussão, continuemos sendo RESISTÊNCIA, respeitando o direito individual e coletivo, que este seja como sempre foi o encontro de todas as RAÇAS, CRENÇAS e GÊNEROS.... Diversos somos e sempre seremos. Vale, Vida, Verde, Versos e Viola
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