quarta-feira, 15 de agosto de 2018

OPINIÃO DO BLOG - NEABI - Uma porta de dialogo entre os povos tradicionais e o campus IFNMG de Araçuaí


     
Fotos: Lori Figueiró
A história nos mostra que a educação em nosso país, sempre foi elitista e preconceituosa, as minorias tiveram pouco ou nenhum espaço dentro das instituições de ensino federais ou estaduais. Esse reflexo se deve principalmente pela exclusão de negros e indígenas, que não tiveram  oportunidade  no Brasil Imperial  ou período Republicano, permanecendo séculos de separação  e com  seu direito ao estudo, negado.
Precisamos de mecanismos políticos para estar presentes nestas instituições, a política pública de inclusão dessas minorias,  no ensino superior, não são boas ações de  políticos, mas, uma reparação histórica que o estado tem com esse povo.
Quando negros e indígenas se adentram nestas instituições de ensino,  se sentem peixes fora da água, pois estas não foram feitas para receber este público, e, os profissionais em sua maioria  vem de uma formação em que,  a instituição pública é um patrimônio da elite, o qual não torna favorável a esta minoria que consegue alcançar o ensino superior, nem contribui para que estes se sintam no espaço,  que é também seu, por direito.
A resistência e persistência deste povo é bem maior, mesmo com todas as adversidades, cada vez mais estão ocupando todos os espaços de ensino e transformando de tal forma, que já é possível sonha-lo com a  cara do povo brasileiro -  “ Plural e Diverso ”  tanto no corpo discente como no docente.
No Vale do Jequitinhonha, as Instituições públicas federais que chegaram neste decênio, renovaram as esperanças de poder ter um curso superior na região,  sem  precisar  esta longe da família  para ter um estudo de qualidade, porém, estas instituições de ensino também vieram carregadas de seus preconceitos e, o povo negro e indígena que conseguiram acessar tal direito,  sentem na pele, a diferença de tratamento, pois , sentem que  estão em um espaço que não foi feito para eles, mas mesmo assim ocupam, resistem  e  mostram com a sua cor,   crenças,  cultura e muita  luta.
Neste decorrer de luta incessante, conseguiu-se alguns fios de esperanças brotando, portas se abrindo aos poucos, como os NEABIS- Núcleo de Estudos e Pesquisas Afro-brasileiros e Indígenas.  Especialmente o NEABI –  Núcleo de Estudos e Pesquisas Afro-brasileiros e Indígenas do campus do IFNMG – Araçuaí, nascido da base com discussões e propostas coletivas de estudo e formação.
Aconteceu nos dias 10,11 e 12 de agosto, com participação dos povos tradicionais indígenas, quilombolas e outras pessoas envolvidas em movimentos culturais e sociais , estiveram presentes no 1º Ciclo de Formação do nosso NEABI,  na Aldeia Cinta Vermelha Jundiba, na cidade de Araçuaí, MG, que proporcionou momento de encontro, troca de experiência, formação e convivência.
Conscientes que  há um árduo caminho a seguir, passos longos a trilhar, mas, este primeiro encontro, foi capaz de revitalizar os pensamentos de luta, por direitos e a defesa por educação pública, de qualidade e de igualdade.   
  Trouxe ainda a todas as pessoas participantes deste uma sensação de bem estar, por saber que é possível pensar num mundo, numa sociedade e uma educação diferente, de igualdade e respeito as pessoas e a sua cultura.





“Nenhum ser humano é uma ilha... por isso não perguntem por quem os sinos dobram. Eles dobram por cada um, por cada uma, por toda a humanidade. Se grandes são as trevas que se abatem sobre nossos espíritos, maiores ainda são as nossas ânsias por luz. (...) As tragédias dão-nos a dimensão da inumanidade de que somos capazes. Mas também deixam vir à tona o verdadeiramente humano que habita em nós, para além das diferenças de raça, de ideologia e de religião. E esse humano em nós faz com que juntos choremos, juntos nos enxuguemos as lágrimas, juntos oremos, juntos busquemos a justiça, juntos construamos a paz e juntos renunciemos à vingança.“

Leonardo Boff


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