fonte: retirada do site: https://www.anf.org.br/queremos-conceicao-evaristo-na-abl/ |
Já que estamos falando sobre literatura por aqui, venho partilhar com vocês este tema bem legal. Conforme o livro “Escrevivência: a escrita de nós: reflexões sobre a obra de Conceição Evaristo”, este termo foi criado por esta autora, em 1995, em sua dissertação de mestrado, e se encontra como objeto de estudo de profissionais de diversas áreas, sendo discutido tanto nacional como internacionalmente.
Embora aqui eu esteja trazendo reflexões iniciais, compreendo que este termo não é fechado. É um conceito que, por se conectar, necessariamente, com a vida, pois a palavra VIVÊNCIA está dentro dele, é um termo dinâmico, ainda que tenha uma direção e um sentido, não sendo, portanto, associado a qualquer tipo de escrita.
Conceição Evaristo nos mostra que a escrevivência, em sua concepção inicial, se expressa como um ato de escrita das mulheres negras que vem romper com o apagamento imposto ao corpo e à voz dessas mulheres ao longo da história. Afinal, o Brasil vivenciou quase quatrocentos anos de escravização do povo negro, e a escrevivência vem para expressar todo o potencial que foi negado e que traz as marcas disso até os dias de hoje.
Portanto, escrevivência se conecta com a história. Compreendo, também, que envolve pensar como algumas identidades são desvalorizadas em comparação com outras. A escritora Djamila Ribeiro afirma isso ao considerar que pessoas negras em geral e mulheres negras especificamente não são tratadas como humanas, uma vez que o conceito de humanidade, historicamente, se conectou aos homens brancos.
Assim, pensar a compreensão do termo escrevivência envolve pensar a resistência. EscreVIVER é dar projeção à nossa vivência, como povo negro, para o mundo, é difundir conhecimentos e, com isso, mostrar a nossa história, o que relaciona com uma perspectiva coletiva, conectada com a realidade. Por isso, escrevivência extrapola a escrita de um sujeito individualizado, conforme aprendi com a Conceição Evaristo.
A escrevivência me permite perceber que a escrita está na vida e que, se você vive, você pode escrever. Por isso, vejo que a escrita nunca poderá estar limitada apenas ao âmbito escolar ou universitário, uma vez que este espaço é apenas um, dos diversos que existem, e que permitem a produção de conhecimentos.
Portanto, peço licença para partilhar aqui, com vocês, nos sábados, as minhas tentativas de ESCREVIVER, enquanto mulher negra do Jequitinhonha. Vem comigo?! Aguardo vocês.
FONTE: Este texto foi baseado no livro: “Escrevivência - a escrita de nós: reflexões sobre a obra de Conceição Evaristo”, organizado por Constância Lima Duarte e Isabela Nunes. 1º edição, Rio de Janeiro: Mina Comunicação e Arte, 2020.
Por
Este conceito é muito rico de possibilidades. Parabéns pelo texto.
ResponderExcluirQue bacana! Já havia ouvido falar do termo, mas ainda estou descobrindo o que é.. seu texto, Thaísa, me ajudou com isso! Obrigada! 🌻
ResponderExcluirMaravilhoso... amei mana! Que sigamos EscreVivendo e deixando nossa marca na história. 💘
ResponderExcluirObrigada, queridas/os leitoras/ es!! Tamo junto! Bora conversar...bora escreviver!
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