Foto: Internet |
Estamos numa
época de festas juninas. Em Minas Gerais em especial, tudo muito caloroso:
fogueira, doces, quentão, canjica, caldos, enfeites e muita animação.
Apesar de
vivermos tempos mais modernos, ainda se conserva em muitas comunidades rurais,
ruas, bairros e quermesses para ajudar nas obras da Igreja Católica.
Recordo de uma menina, que se deliciava
com este tempo, geralmente seus pais e avós lhe presenteava com caixas de traques
e chuvinha. Na sua porta, a fogueira era erguida, só para juntar a meninada
divertindo e a menina sorrindo.
Apesar de
tanto zelo e mimos, os pais desta menina eram pobres e o sonho dela era
participar da quadrilha da sua escola. Mas o fato dos pais serem humildes e acanhada nenhum menino se interessava em tirar-lhe para dançar. Também a professora
que organizava, nunca fazia esforço
para inserir meninas deste perfil. Ficavam num canto, assistindo aos ensaios.
Até que um dia, houve troca de
professores e a substituta decidiu que todos teriam de estar na quadrilha. Saiu
puxando a menina pelo braço, quase emburrada para junto de seu par. O menino
não esboçou nenhuma reação, aceitando-a.
O problema viria a seguir, porque
não tinha vestido bonito, nem condição para alugar um, além disso os pais
tinham de pagar a entrada.
A pobre garotinha, com sua colega
teve a solução para roupa. Pegou ás escondidas um vestido e umas fitas de
cetim, customizaram a indumentária. Mas como falar com a mãe? Tiveram a ideia de
omitir alguma coisa. Contou-lhe, que tinha de participar do evento, porque
valia nota. A mãe perguntou-lhe da entrada e respondeu-lhe, que a professora falou
que a entrada era franca.
A sorte lançada, imaginava que a
mãe, não se importaria de ficar do lado de fora, até o término da quadrilha.
Ao chegarem na portaria, a mãe foi
barrada. Neste momento sentiu-se mal pelo que havia feito. Mas não dava para
voltar atrás, porque o porteiro já havia lhe empurrado para dentro, ordenando
para andar ligeiro, porque a quadrilha estava prestes a começar. Sabia que a
mãe não iria poupar-lhe daquele vexame. Mas, estava feliz demais para pensar no
depois. Saiu correndo para junto de seu
par, que lhe pegou pela mão e saíram dançando. Ela se achava a menina mais bonita
daquela noite!
Roda daqui e dali, chegou o grande momento da brincadeira
da cadeira! Seguindo a fila, era sua
vez, sentou-se faceira e sorridente.
De repente sentiu um frio na
espinha, que a congelou, ao ver na multidão, bem em sua frente, sua mãe, de braços
cruzados, assistindo o beijo inocente, na sua face, de ser parceiro.
A mãe ali entendeu toda a
arquitetura, por um beijo!
Quando tudo
terminou, foi se juntar a sua mãe, a professora logo aproximou-se para parabenizar
e agradeceu por permitir que a filha participasse do evento junino.
Antes de ouvir
o “muito obrigado” da mãe, sentiu a fisgada do beliscão, nas costelas, e um
sorriso amarelo da raiva da matriarca, dizendo entre os dentes: _Lá em casa você
me paga!
Engoliu em seco, suportando a dor,
sem nem ao menos falar um”aí’.
Mas
sorte estava do seu lado, quando
avistou ao longe, na estrada escura, seu avô com a lanterna, esperando as duas.
Antes que a mãe soltasse sua fúria, a avó só tinha elogios. Queria que a menina contasse tudo da
quadrilha. Quando chegou na porta da casa, a avó tomando-se de posição severa,
ordenou a mãe: _deixa a menina em paz! Isso é coisa de criança!
Voltou-se
para a doce e indefesa menina, fazendo-lhe prometer, que no próximo ano devia
lhe avisar com antecedência, pois ele a levaria.
A menina radiante de felicidade, cansada,
sorrindo para o avô, esticou a mãozinha direita, dizendo!
_Deus te ajuda vovô! Bença! Virando-se, fechou
a porta, mas ainda deu para ouvir: Deus te abençoa! Deus te abençoa, te guarda
e ilumina, minha neta! ...
Por
Lindo texto! Doce lembrança!
ResponderExcluirRevivi a minha infância em seu texto, adoro textos de fácil e gostosa leitura. Parabéns
ResponderExcluirTexto qua traz ao mesmo tempo a singeleza da criança e a denúncia dos problemas sociais que nunca abandonam nossas comunidades.
ResponderExcluir