Vicentino
Rodrigues de Oliveira é de Itinga, Vale do Jequitinhonha, no interior de Minas
Gerais. Professor, vereador, músico, embora escreva e componha desde muito
jovem, retratando, sobretudo, as belezas de seu povo e da Terra onde vive,
despertou há pouco para os concursos literários. No último ano, ganhou alguns
concursos regionais e nacionais, como o 14° Circuito de Literatura do Clesi –
Clube dos Escritores de Ipatinga e a Antologia do Prêmio VIP da Editora
Publisher. Lançou o livro Estradas de Chão, com o coletivo literário de Itinga,
VOHEJAR.
No
momento Degustação, Vicentino Rodrigues, de Itinga, nos
mostra o seu premiado poema:
Corpo e Terra
Meu rosto é de pele grossa onde o suor traça atalhos e caminhos;
Meus olhos são como um rio cansado de desaguar;
Meus calos incomodam num aperto de mão;
As mesmas que talha a madeira, e molda o barro que prepara o chão
Meus pés são rachados feito o quente torrão
abre passagem para que nasça o broto
Sem sentir os furos do maroto
Meu falar talvez você não compreenda
Minha roupa não combina com a sua
Me olha com desconfiança da cabeça aos pés
Maltrapilho?
Malogrado?
Não seu moço!
Tudo depende do seu olhar
Meu corpo é feito dessa terra
Onde se nasce, cresce e
morre.
Por
"Meus calos incomodam num aperto de mão". Essas são as mãos de centenas de jequitinhonhense, mãos do meu avô transplantadas de misteriosas Áfricas para lavrar esta terra "Onde se nasce, cresce e morre." Morre?
ResponderExcluirParabéns Otacílio pela sensibilidade em retratar o cotidiano desse jequitinhonhense que não sente o peso da inchada na cacunda nem se intimida com o aruvai das madrugadas.
Parabéns Herena.