quinta-feira, 15 de abril de 2021

DIÁRIO DE LEITURA - Herena Barcelos Convida Tadeu Martins

 



A literatura traz delicadezas que a gente não imagina. E a cultura também. E o Vale ainda mais. Receber o carinho das pessoas que a gente aprendeu a admirar desde muito antes dá uma riqueza de amor que enche a alma da gente de coisa que então só pode virar poesia. Nesse carinho de responder a um convite com prontidão, duas aulas de Tadeu: uma de história, embrenhada na trajetória de luta e construção do movimento cultural do Vale, outra de vivência, hachurada no respeito por quem ainda engatinha na caminhada de gente e agente. A gratidão é sempre imensa, mas a admiração permanece maior.

 

Tadeu, além de historiador, você é um multiartista, produtor cultural, poeta, escritor, apresentador, contador de causo. Conta um pouco para nossos leitores sobre esses vários Tadeus.

Eu sou de Itaobim, cidade cortada pelo Rio Jequitinhonha e por duas BRs, a 116 e a 367. A BR 116 trazia os nordestinos, vendedores de cordel que, aos sábados, declamavam ou liam os livretos de cordel, para atrair os compradores. Eu nasci e morava próximo ao mercado, onde naquele tempo era a praça principal da cidade. Aos 5, 6 anos eu gostava de ficar ali na feira, ouvindo, encantado, os vendedores de cordel. Com eles aprendi a amar a literatura de cordel e, antes de ser alfabetizado, eu já fazia meus versos e repentes. No grupo escolar e ginásio eu já escrevia versos para brincar com alguns colegas. O gosto pelo cordel político veio das campanhas eleitorais do meu avô Afonso Martins, que foi prefeito e vice- prefeito em duas cidades, Medina e de Itaobim, e também vereador nas duas cidades. No período eleitoral eu fazia versos ridicularizando os adversários políticos do meu avô e ainda adolescente fiz jingles e folhetos de campanha. Assim acabei virando cordelista, escrevi 84 folhetos de cordel, para partidos e candidatos de esquerda, para campanhas como a Diretas-Já, e para eleições sindicais e de associações de trabalhadores. E de tudo isto nasceu também o contador de causos e o escritor. Tenho 13 livros publicados e tive a oportunidade de lançar dois deles nos Estados Unidos.

Como produtor cultural comecei em Teófilo Otoni e Itaobim, promovendo pequenos eventos estudantis. Como davam certo, eu era sempre requisitado para produzir e/ou apresentar eventos.

Hoje tenho orgulho em dizer que somando os eventos que idealizei, que produzi e que apresentei, já trabalhei em 09 capitais e em mais de 500 cidades brasileiras. Em Belo Horizonte fui o apresentador de TODOS os comícios das cinco campanhas de Lula à Presidência da República e outros em campanhas para prefeito da capital e governador de Minas Gerais.

Estudei Engenharia Química na UFMG, cinco anos, mas abandonei o curso na reta final. Fui professor de Química por 12 anos, 10 deles em cursos pré-universitários. Em 1980 abandonei o curso e em 1985 parei de lecionar e aí sim, fiz da cultura e do turismo as minhas opções de trabalho. Hoje posso afirmar que nada foi muito premeditado, apenas aproveitei as oportunidades que a vida me ofereceu.

 

Em dezembro do ano passado, tive o prazer de participar da antologia “Esperança é Vida”, organizada por você e que contou com muitos escritores do Vale, falando sobre esse período difícil da pandemia de coronavírus. Como surgiu a ideia da obra, quem foram os convidados? Como foi a receptividade da obra? Como você está vendo a pandemia?

Um momento muito triste, que agora piorou e, mais de 345 mil brasileiros já morreram de covid-19. Infelizmente, tende a piorar, graças à ação, ou melhor, da falta de ação do governo federal. Um presidente negacionista, que mesmo vendo esta quantidade de mortos, continua menosprezando o poder letal da doença, incentivando aglomerações, incentivando as pessoas a não usarem máscara, dificultando a compra de vacinas e, pior, receitando medicamentos sem qualquer comprovação científica, e ainda fazendo campanha contra a vacinação dos brasileiros. Se continuar a agir assim, sem ser impedido pelo Congresso ou pelo STF, o Brasil vai ultrapassar a marca de 600 mil mortos. Não são apenas números, mas homens e mulheres que têm pai, mãe, irmãos, cônjuge, filhos, amigos, colegas de trabalho; que tinham sonhos e desejos, esperança na vida e vontade de viver. Cada um tinha uma história, que pela agressividade do vírus e pela inércia do governo federal, foi ceifada nesta pandemia.

O setor de cultura foi o mais prejudicado nesta pandemia, pois foi o primeiro a fechar e será o último a voltar a funcionar. São centenas de profissões no setor cultural e milhões de trabalhadores: músicos, atores, atrizes, dançarinos, técnicos de som e iluminação, cenógrafos, figurinistas, diretores, maestros, produtores, etc. Hoje, milhares de trabalhadores do setor estão vivendo com apoio de amigos e de entidades sociais. E veja que é exatamente o setor que mais tem ajudado o povo brasileiro a atravessar este momento tão difícil. O que seria de nós nesse momento, sem a música, a literatura, o cinema, a televisão, os vídeos e  as lives culturais?

Mas a esperança é que a pandemia vai passar e viveremos um mundo melhor. O aprendizado neste período foi muito grande, já não seremos os mesmos. Pode acreditar que perderemos muitos hábitos adquiridos ao longo da vida. Sou otimista, acho que após a pandemia seremos pessoas melhores.

Quanto ao livro “Esperança é Vida” posso dizer que a pandemia nos obrigou a buscar outras formas de trabalhar e de divulgar o nosso trabalho. Foi isto que me levou a pensar no livro. Quantas pessoas gostariam de ler um bom livro e não podem comprar um? Pensei em fazer um livro que chegasse gratuitamente às pessoas, principalmente do nosso Vale do Jequitinhonha. A ideia foi fazer um livro coletivo, com 42 escritores da região, pois em 2020 o movimento cultural do Vale completava 42 anos. Escolhi pessoas que conhecia, que têm sensibilidade e habilidade na arte  de brincar com as palavras. O livro saiu com 44 autores, nomes dos mais expressivos da literatura do Vale do Jequitinhonha, levando uma mensagem de esperança e resistência no momento triste da pandemia. O livro já chegou a mais de 30.000 pessoas, e continua circulando via e-mail, whatsApp e facebook . Foi um grande sucesso.

 

Recentemente você lançou a obra “Jequitinhonha 42 anos de Travessia: de Vale da Miséria a Vale da Cultura” em formato e-book. Como foi o processo de produção da obra?

Estou com 67 anos, fui um dos quatro criadores do movimento cultural que começou no dia 16 de março de 1978, com o lançamento do Jornal Geraes. Movimento que criou o Festivale, muitas entidades culturais, o Encontro anual de entidades culturais da região, e continua firme e forte até hoje, fazendo o Festivale se transformar em um dos mais importantes eventos de cultura popular do Brasil. Este movimento ajudou a lançar músicos, poetas, escritores, corais, produtores culturais e diversos servidores públicos dos municípios nas áreas de cultura e turismo.

Eu sempre quis, contar esta história, explicando ao nosso ´povo a importância do Vale do Jequitinhonha, pois a grande maioria dos habitantes ainda não (re)conhece o valor da nossa região. Que região é esta? Quais são as suas cidades e as suas principais características? Qual a sua história? O que é a cultura do Vale? Qual a história do movimento cultural que nos unificou e mudou a realidade da região?  Quais foram os seus principais atores?  O objetivo é fazer o povo conhecer a região e saber responder a estas perguntas.

Para publicar o livro, inscrevi o projeto na Lei Rouanet, foi aprovado. Era pra ser lançado em 2018, aos 40 anos do movimento. Mas fiquei dois anos tentando conseguir patrocínio, e não consegui. É um livro caro, já que são 750 páginas. Resolvi fazer o livro virtual, e-book, com apoio de amigos e da empresa HLH Assessoria & Consultoria, da cidade de Turmalina. O e-book foi lançado no dia 07 de setembro de 2020 e está sendo vendido por R$ 30,00 (trinta reais), preço bastante acessível para um livro de 750 páginas. Na minha avaliação, é o mais importante dos meus livros, pelo seu conteúdo que auxilia professores da região a cumprirem o currículo escolar, no ensino de história e cultura local e regional. Mas o meu livro mais vendido, o mais procurado, é um livro simples, de 51 páginas, onde falo da corrente do desenvolvimento, tese usada para criar o Festivale e fortalecer o movimento cultural: “O Martelo da Dominação”. O livro foi lançado em 1998, e esgotou rapidamente. Está à venda a segunda edição, em e-book, lançada em dezembro de 2020, mas o lançamento oficial, em live, desta segunda edição deverá ser feito no final deste mês ou em início de maio próximo.

 

Todas as obras citadas foram publicadas em formato e-book. Como tem sido esse transporte do meio físico para o virtual?

Eu confesso que sou um defensor do livro impresso, gosto de manusear o livro, sentir o cheiro, é diferente. Só na pandemia que aprendi a ler livros virtuais. Antes, eu imprimia para ler. Mas devemos reconhecer que é uma forma nova de fazer a literatura chegar às pessoas, principalmente aos jovens, que são os principais responsáveis por esta novidade editorial. Eles gostam de ler no computador e no celular. O que eu acho bom é que o preço do livro virtual é muito barato, facilita o acesso. Por exemplo, o livro impresso dos 42 anos de Travessia custaria de 100 a 120 reais, o e-book custa apenas 30 reais.

Além do baixo custo, proporciona uma boa defesa da natureza, pela economia de papel, o que representa uma queda na derrubada de árvores. Vamos nos acostumar com esta nova forma de leitura, todos sabemos que o livro virtual, chegou para ficar.

 

E mais recentemente a reedição de Jequitinhonha Antologias Poéticas I e II e o lançamento da antologia poética III marcou história no nosso cenário literário. Quem são os participantes das antologias, como foi o processo de produção, como está sendo recebida a obra?

Em 1981, graças ao apoio do amigo Antônio Faria Lopes, ex-deputado do MDB, do professor Edgar Godoi da Mata Machado, ex-senador da República e diretor da Editora Veja, e do Diretor da Codevale, Gilberto Pessoa, lancei o meu primeiro livro, “Viva meu povo”, lançado pela Veja, uma das mais importantes editoras de Minas Gerais. Antes eu havia lançado um livreto mimeografado, “Deus não quis assim”, uma peça de teatro, denunciando abusos da ditadura e a exploração de trabalhadores de Itaobim pelo MAISA. Mas NUNCA havia pensado em ser escritor. Apaixonado que era pela literatura, tinha os escritores como meus ídolos, seres iluminados, inteligentíssimos, distantes. Tanto que demorei a aceitar o convite da Editora Vega.

O sucesso do livro foi tão grande, muito além do que eu havia imaginado, e abriu portas para outros projetos. Foi graças a isto que, em conversa com o poeta Wesley Pioest, um dos principais do Vale, resolvemos convidar Gonzaga Medeiros, José Machado Mattos e Jansen Chaves para um livro coletivo. Assim nasceu o “Jequitinhonha Antologia Poética”, lançado no final de 1982. Mais uma vez recebemos apoio dos leitores e afagos da mídia, de maneira tão expressiva, que partimos para o “Jequitinhonha Antologia Poética II”, lançado em 1985. Esses dois livros foram importantes para o lançamento de novos poetas e escritores na nossa região. Muitos trabalhos escolares no Vale foram feitos sobre as duas antologias. O jovem Thiago Machado, de Jequitinhonha, sobrinho do poeta José Machado, fez a sua dissertação de Mestrado em Letras, usando como tema as duas antologias.

Com a morte do Jansen Chaves e do José Machado, reuni com Wesley e Gonzaga Medeiros e resolvemos convidar Joaquim Celso Freire e Cláudio Bento para substituí-los, convidamos a artista plástica Marina Jardim para ilustrar o que deveria ser a Antologia Poética III. A discussão começou em 2017, mas o projeto não saiu do papel.

O lançamento do e-book “Jequitinhonha 42 anos de Travessia – De Vale da Miséria a Vale da Cultura” fez surgir um bom contato com o Neilton Lima, diretor da Loope Editora, e aí viabilizamos a reedição das duas primeiras antologias, e o lançamento do “Jequitinhonha Antologia Poética III”. O lançamento dos três livros, pela Editora Loope (RJ) ,aconteceu em uma live, em uma data muito especial para todos nós: 16 de março de 2021, quando comemoramos os 43 anos de lançamento  do Jornal Geraes, que foi também a data da criação do movimento cultural do Vale do Jequitinhonha.  

Hoje, pra nossa alegria, os três livros são vendidos nos principais pontos de venda do Brasil, como Amazon, Americanas, Mercado Livre, Magazine Luiza e até pela Apple (USA). Claro que estamos comemorando o que aconteceu e já estamos preparando o “Jequitinhonha Antologia IV” no final do ano ou início de 2022.

 

Enquanto escritora, tenho grande apreço por sua trajetória e sei também que Jô lhe tem grande admiração, sobretudo, pelo trabalho como historiador. Qual a sensação de ser referência para os novos escritores e historiadores do Vale?

Herena, gratidão é uma palavra muito presente na minha vida. Agradeço a Deus pelas oportunidades que me deu, acho que recebo mais do que imaginei. Agradeço a todos os companheiros e companheiras que caminharam conosco nesta plantação de sonhos que foi a criação do Geraes, do Festivale e do movimento cultural do Vale. Cada um colocou a sua marca, o seu tijolo nesta grande construção coletiva, que mudou a realidade da nossa região.

Agradeço todos os dias a Aurélio Silby, Carlos Figueiredo (Castilin) e George Abner, pois sem eles nada disto teria acontecido. Nós quatro continuamos amigos e torcendo juntos para o desenvolvimento do Vale e para o crescimento do movimento cultural, que é hoje a cara do Vale para o Brasil e para o mundo. Fico muito feliz pelo carinho que recebo do povo da nossa região, o que me incentiva sempre a pensar em novos projetos em prol do nosso Vale. Só tenho que agradecer. Agradeço a você e ao Jô pelo incentivo e pelo carinho que sempre tiveram comigo e ao meu trabalho.

 

Você que está há tantos anos no cenário artístico nacional, como você vê a literatura do Vale do Jequitinhonha hoje?

 

Sou um eterno otimista e vejo um grande futuro para a literatura do Vale do Jequitinhonha. Acho que agora é a hora da literatura fazer o sucesso que a música fez nos anos 1980 a 2000, e que o teatro fez nos anos 2000 a 2020.

Você, Herena, apesar da pouca idade, é uma referência para todos nós, pela sua garra e coragem de conhecer, amar, defender e divulgar os poetas e escritores do Vale. Quando vejo os seus olhos brilharem ao falar sobre o Vale e os seus poetas, eu me vejo junto com Aurélio Castilin e George quando começamos esta caminhada. Os jovens são os responsáveis pelas grandes mudanças no mundo.

Como já conversamos várias vezes, continuo defendendo a ideia da ALVA – Academia de Letras do Vale do Jequitinhonha, que será um grande passo para fazer acontecer o reconhecimento literário da nossa região.

Eu falo que o Vale tem ciclos culturais que duram 20 anos: o do artesanato (1960 a 1980), o da música (1980 a 2000) e o do teatro (2000 a 2020).

Claro que o artesanato, a música e o teatro continuam a ter importância para o desenvolvimento e para a valorização da nossa região, mas o ciclo de ouro de cada uma destas atividades culturais durou 20 anos.

Escrevam aí pra não esquecerem: 2020 a 2040 serão os anos de ouro da literatura do Vale do Jequitinhonha.

 

 

Você tem vivido uma fase de grandes conquistas, vide os lançamentos acima e o reconhecimento de tantos artistas e amigos de sua história e importância para a cultura do Vale. Ainda resta algum sonho?

 

Eu farei 68 anos no dia 26 de abril, sou casado há 47 anos, tenho dois filhos, cinco netos e um bisneto. Tenho idade avançada, mas a certeza de que os sonhos não envelhecem. Como lhe disse, sou um otimista crônico, e continuo pendurando novos sonhos no varal da vida.

Já ministrei curso de capacitação para professores sobre História e Cultura do Vale em 18 cidades, mas ainda quero chegar aos 80 municípios, para que os professores levem aos alunos, e eles aos pais a importância desta região tão rica e tão explorada politicamente.

Ainda sonho em ver os prefeitos do Vale atuarem de forma conjunta, tirando os olhos dos próprios umbigos e pensando em um trabalho unificado em defesa do povo da região, pois só assim o Vale crescerá social e economicamente.

Infelizmente, até hoje, o Vale do Jequitinhonha vota em candidatos de fora, pessoas desconhecidas para o povo, distantes e desconhecedores da nossa realidade. Sonho em ver o povo do Vale elegendo deputados estaduais, deputados federais e um senador da região, o que fará o Vale crescer politicamente e fazer o seu valor ser reconhecido e respeitado.

Ainda sonho em ver o Vale capaz de industrializar as suas riquezas minerais e agrícolas, e não servindo apenas para abastecer e enriquecer grandes centros. Que o povo da região seja beneficiário do seu trabalho e das suas riquezas.

Ainda sonho em ver o Vale do Jequitinhonha, com os seus eventos, seu rio, suas grutas, suas cachoeiras, montanhas e com a sua gastronomia, ser reconhecido e transformado em um importante destino turístico.

Ainda sonho em ver cada cidade do Vale realizar o seu Festival de Música e o seu Festival Literário, fazendo um intercâmbio cultural sério entre as cidades.

Ainda sonho em ver uma grande Feira do Vale acontecer regularmente no Brasil e outros países (com venda de artesanato, literatura, música, artes plásticas e produtos da nossa gastronomia).

Acredito nesses sonhos e, na medida do possível, continuo trabalhando para ajudar a transformá-los em realidade.

Acho que todos os valejequitinhonhenses deveriam agir como torcedores do Galo, bater no peito e dizer: “EU ACREDITO”. Pois sonho que se sonha juntos é o caminho para a realidade.

 

Um abraço Herena, e muito obrigado pelo espaço para falar desta terra tão querida. Seja muito feliz!!!

 

 

Agenda

 

Hoje, 15 de abril, às 20h, com transmissão pelo link:

https://www.youtube.com/watch?v=ttEmAuYA9QU

Lançamento do Livro “Coisas e não coisa”

Autor: Joaquim Celso Freire – Coronel Murta/MG

 

Dia 21 de abril, 19h no canal do YouTube do PPG Estudos Rurais - UFVJM

Lançamento do conto "O Benzedor Orestes"

Autor: Paulo André Amaral – Medina/MG


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