terça-feira, 31 de agosto de 2021
O ASSUNTO É? - Cinema e negritude
sábado, 28 de agosto de 2021
EscreVIVENDO - Afinal, o que é ESCREVIVÊNCIA?
fonte: retirada do site: https://www.anf.org.br/queremos-conceicao-evaristo-na-abl/ |
Já que estamos falando sobre literatura por aqui, venho partilhar com vocês este tema bem legal. Conforme o livro “Escrevivência: a escrita de nós: reflexões sobre a obra de Conceição Evaristo”, este termo foi criado por esta autora, em 1995, em sua dissertação de mestrado, e se encontra como objeto de estudo de profissionais de diversas áreas, sendo discutido tanto nacional como internacionalmente.
Embora aqui eu esteja trazendo reflexões iniciais, compreendo que este termo não é fechado. É um conceito que, por se conectar, necessariamente, com a vida, pois a palavra VIVÊNCIA está dentro dele, é um termo dinâmico, ainda que tenha uma direção e um sentido, não sendo, portanto, associado a qualquer tipo de escrita.
Conceição Evaristo nos mostra que a escrevivência, em sua concepção inicial, se expressa como um ato de escrita das mulheres negras que vem romper com o apagamento imposto ao corpo e à voz dessas mulheres ao longo da história. Afinal, o Brasil vivenciou quase quatrocentos anos de escravização do povo negro, e a escrevivência vem para expressar todo o potencial que foi negado e que traz as marcas disso até os dias de hoje.
Portanto, escrevivência se conecta com a história. Compreendo, também, que envolve pensar como algumas identidades são desvalorizadas em comparação com outras. A escritora Djamila Ribeiro afirma isso ao considerar que pessoas negras em geral e mulheres negras especificamente não são tratadas como humanas, uma vez que o conceito de humanidade, historicamente, se conectou aos homens brancos.
Assim, pensar a compreensão do termo escrevivência envolve pensar a resistência. EscreVIVER é dar projeção à nossa vivência, como povo negro, para o mundo, é difundir conhecimentos e, com isso, mostrar a nossa história, o que relaciona com uma perspectiva coletiva, conectada com a realidade. Por isso, escrevivência extrapola a escrita de um sujeito individualizado, conforme aprendi com a Conceição Evaristo.
A escrevivência me permite perceber que a escrita está na vida e que, se você vive, você pode escrever. Por isso, vejo que a escrita nunca poderá estar limitada apenas ao âmbito escolar ou universitário, uma vez que este espaço é apenas um, dos diversos que existem, e que permitem a produção de conhecimentos.
Portanto, peço licença para partilhar aqui, com vocês, nos sábados, as minhas tentativas de ESCREVIVER, enquanto mulher negra do Jequitinhonha. Vem comigo?! Aguardo vocês.
FONTE: Este texto foi baseado no livro: “Escrevivência - a escrita de nós: reflexões sobre a obra de Conceição Evaristo”, organizado por Constância Lima Duarte e Isabela Nunes. 1º edição, Rio de Janeiro: Mina Comunicação e Arte, 2020.
Por
quinta-feira, 26 de agosto de 2021
DIÁRIO DE LEITURA - Degustação com Maiara Alcântara
MAIARA ALCANTARA
OLIVEIRA, nasceu em 25 de novembro de 1995, em Medina-MG. Passando a residir em
Comercinho a partir de 2003. Escreve desde os 17 anos de idade, formada no
curso Técnico em Agropecuária e recém formada em Ciências da Natureza pela
UFVJM. Ela participa ativamente em movimentos sociais/culturais na região, já
foi representante jovem do médio Jequitinhonha. Ama a vida, as palavras e a poesia.
Uma mulher assim
Maiara Alcantara Oliveira
Uma
mulher assim, sei lá...
Pouca
paciência, muita simpatia,
olhar
vazio, mas que transmite alegria.
Se
diz bruta, mas é uma bruta diferente,
tipo
uma bruta daquelas que desperta curiosidade na gente.
No
fim, dá pra ver que é uma bruta mais amável
do
que muitas amáveis brutas.
Ela
é assim, sabe?
De
muitas palavras... de poucas palavras... nunca se sabe...
Às
vezes some, às vezes aparece.
Quando
aparece traz alegria,
e
quando some, deixa aquela infinda vontade de continuar...
a conversar,
a apenas olhar;
falar
besteiras ou filosofar,
fazer
análises ou tagarelar.
De
todo modo é uma pessoa singular,
com
seus mistérios,
com
suas besteiras,
com
suas convicções.
Mas,
o mais tocante são as suas emoções...
Um
vulcão de amores, valores, sabores, temores
e
outros sentimentos.
É
fácil ver esta mulher, difícil é descrevê-la.
É
fácil escutá-la, difícil é entendê-la.
Talvez
você a ame, difícil será tê-la.
Pode
tentar seduzi-la usando palavras meigas...
Boa
sorte, mas acho difícil!
Ela
não é de ninguém e não se entrega a ninguém a não ser a si mesma.
Não
há receitas para lidar com ela! Isso, porque com ela não existem rótulos.
Com
ela, ou é, ou não é.
Liberdade
a define bem.
Sei
lá... Ela é assim e não vai mudar!
Ela
é sobretudo dela,
é
ela por ela.
Ela
se basta,
se
completa, ela se ama.
Por
quarta-feira, 25 de agosto de 2021
OPINIÃO DO BLOG - O tempo não para
Imagem internet |
O tempo não para. A vida humana é mesmo engraçada. Vivemos esperando alguma coisas acontecer. A gente espera o amanhã. O hoje iluminado e, a gente obcecado com o futuro, esquecemos de viver. Viver o hoje porque o próprio nome já diz, presente.
Ficamos esperando um bom dia, um abraço e até um encontro e não damos um passo para diminuir os distanciamentos. Nos tornamos escravos do momento da espera e o tempo flui. Nos perdemos em nós mesmos e o problema é só viver.
Escrever ainda que ninguém vá ler, falar ainda que o outro não dê atenção, sorrir apesar de ser ignorado. As relações de presente precisam ser vividas, levadas ao extremo. Seja sua vida. Viva! Pecar por excesso a ficar omisso.
E faça acontecer, não deixe de agradecer, de abraçar, de procurar de mandar mensagem de dar sua opinião de construir pontes e fazer projetos. A vida é um eterno DEVIR que precisamos acompanhar no dado do presente. fazer acontecer a vida, sem hipocrisias e sem mentiras.
Ninguém merece ser refém de uma falsidade. Viva o hoje, sinta o hoje, erre no hoje e faça a vida valer no hoje, o amanhã poderá chegar vazio, sem sentido e sem base. Mude sua relação com a vida.
Aprenda a construir pontes, a insistir na travessia e nunca esquecer que a vida precisa de poesia. Porque esperar o amanhã se você só tem o hoje e você. Se permita, seja vida. seja o hoje
Por
terça-feira, 24 de agosto de 2021
O ASSUNTO É? - A Morte
Imagem internet |
A morte nos surpreende e assombra.
Apesar de que já deveríamos ter nos acostumado com esse evento natural que,
assim como o nascimento, faz parte do ciclo de existência de todo ser vivente. Porém,
nós humanos, por nos diferenciarmos dos demais animais e por produzirmos
cultura, sabemos que em algum momento de nossa trajetória no planeta terra
iremos finar. Portanto, buscamos diversas estratégias para burlar o poder
implacável da morte. Uma das que tem
sido mais utilizada pelas sociedades humanas ao longo do tempo é a projeção de
uma vida após a morte. Comumente, acredita-se que a continuidade da existência
após a extinção da vida terrena está interligada às ações anteriores à morte,
ou dependem da constância dos que ficam, em realizar ritos para garantir o
bem-estar da pessoa falecida em sua nova existência. Outra forma usada, com
êxito, para enganar a morte é deixar registros escritos. Estes, quando
considerados relevantes pelas sociedades vindouras, eternizam a passagem terrena
de quem os escreveu, transformando-se em monumentos de memória. O profeta
Jeremias, por exemplo, é lembrado até os dias atuais, graças aos seus escritos;
Salomão é outro que se tornou célebre e atravessou eras. Safo, a poetisa
habitante da ilha de Lesbos, é conhecida por nós, mesmo tendo transcorrido
tantos séculos, graças aos seus escritos. Aqui no Brasil lembramos Maria
Firmina dos Reis, a primeira mulher a escrever e publicar um romance no país,
em meados do século XIX, período árduo para as mulheres, principalmente para as
negras como ela. E, mais recente, temos
Carolina Maria de Jesus que é e será lembrada pela sua incansável produção
literária num contexto social muito adverso à sobrevivência. Outra forma de se eternizar é através de
grandes feitos; foi assim que se eternizou Luiz Gama, o advogado negro que
defendeu e libertou mais de quinhentas pessoas da escravidão no final do século
XIX. Também Laudelina de Campos Melo, pioneira na organização sindical das
trabalhadoras domésticas brasileiras, se faz lembrar na contemporaneidade.
Poderíamos tecer muitas outras
reflexões sobre a morte e as tentativas de burlá-la e enumerar vários humanos
que conseguiram perpetuar seu nome no tempo, mas ficamos por aqui. Para
finalizar, queremos enfatizar que a morte nos inquieta e atemoriza, mas ao
mesmo tempo nos ensina, principalmente quando se torna tão próxima, como nestes
tempos de pandemia.
Se lembrássemos com frequência
de que um dia morreremos, possivelmente viveríamos com mais verdade e coragem,
com menos pressa e medo.
Por
sábado, 21 de agosto de 2021
EscreVIVENDO - Dois anos do Leia Mulheres Araçuaí
Olá, leitores e leitoras do ESPAÇO LIVRE. É com muito prazer que, na nossa coluna de hoje, partilho com vocês um texto que construí em homenagem aos dois anos do clube LEIA MULHERES ARAÇUAÍ. Este texto esteve na abertura do nosso Sarau de aniversário, no último domingo. Segue abaixo:
Era agosto de 2019, os nossos corações pulsavam de alegria ao iniciar o nosso primeiro encontro, no Museu de Araçuaí, lugar que nos acolheu até o 7º encontro, sendo que, a partir do 8º, começamos a fazer de forma remota. Hoje, neste dia do nosso 23º encontro, neste encerramento do segundo ano de existência, temos muito a comemorar: ganhamos uma projeção incrível no vale do Jequitinhonha. O nosso clube aparece como um grupo, que não só lê, mas que escreve, sendo puxado por mulheres, sobretudo, por mulheres negras. Isso significa balançar as estruturas da sociedade, significa enfrentar o patriarcado e refletir sobre ele em nossa região.
Atualmente, realizando reuniões de forma remota, atraímos cada vez mais participantes de todas as partes do Brasil. O número de mediadoras e coordenadoras cresceu de uma forma linda, inclusive, duas das autoras homenageadas em nosso Sarau de 1 ano, em 2020, Hérica Silva e Herena Barcelos, agora, também compõem a coordenação do nosso clube. Estas duas mulheres contribuem enormemente para que possamos destacar o nosso potencial de escritoras.
Outra grande conquista foi o fortalecimento da interlocução com as autoras do Vale do Jequitinhonha, sobretudo, por meio da nossa série no Instagram. Esta iniciativa nos rendeu muito aprendizado e frutos para o aprofundamento de pesquisas acerca da literatura de autoria feminina em nossa região. Mulheres que se identificam como doula, indigenista, agricultora familiar, mestra, negra, feminista, educadora do campo, compositora, poetisa, militante e quilombolas. Todas elas socializaram os seus escritos com a gente, entre abril e julho de 2021, período da nossa série. Por isso, aproveitamos o momento para a agradecer, cada uma de vocês:
Hérica Silva/ Giselda Gil/ Geralda Soares/ Maguidá Freitas/ Iza Rodrigues/ Júlia Gomes/ Mari Carvalho/ Marilete Pereira/ Beth Guedes/ Cleidivânia Ferreira / Edinalva Rodrigues/ Maria Roberta/ DianaLuz/ Paula Mendes/ Evandra Pereira/ Samylle Raissa e Liliane Ferreira.
Por meio destas mulheres incríveis, quero dizer que a coragem que tiveram em expor seus escritos não é algo simples. Em um momento em que querem nos calar, ter a escrita de mulheres gritando é resistência. Disseram que o nosso lugar era só no lar, no âmbito privado, mas vocês nos inspiraram a dizer que não. Nós, mulheres, como qualquer outro ser humano, somos capazes de escrever sobre tudo, e vocês nos ajudaram a compreender que isso é verdade.
Nos encontros deste segundo ano do clube, logo em seu início, pudemos conhecer um capítulo tão marcante da história de MG, por meio de “Holocausto Brasileiro”, de DANIELA ARBEX, em seguida, sentimos na pele os dilemas existencialistas postos por HANG KANG, em “A vegetariana”, a nossa primeira leitura oriental. Depois, experimentamos as delícias dos poemas de resistência, escritos por RYANE LEÃO. Após, lemos CHIMAMANDA, a nossa inspiração africana. Em 2021, começamos, maravilhosamente, entrando no universo de ALINE BEI, a primeira autora lida que esteve conosco. Em seguida, conhecemos a querida ELIANE ROCHA, uma potência regional, a nossa vizinha de Itinga-MG. Ainda, retomamos a obra de CONCEIÇÃO EVARISTO, para conhecer a Ponciá, que tanto já tínhamos escutado falar e, depois, lemos um História em Quadrinhos, que incrível, da LIV, uma autora sueca. Posteriormente, batemos um papo com GERA, a nossa conterrânea do Vale, explorando o seu livro sobre a trilha dos borun! E, ainda, mergulhamos no mundo de CAROLA, a “chilena brasileira”.
Assim, encerramos um ano de leituras! E estamos aqui, mais uma vez, como em 2020, celebrando o aniversário com vocês: mulheres do Vale, e todos/as os nossos/as amigos/as, convidado/as, artistas e familiares, que vieram nos prestigiar. Sejam todEs/as/os bem-vindos ao LEIA MULHERES ARAÇUAÍ. Este espaço é TODO nosso. Se acheguem! G.R.A.T.I.D.Ã.O !
Por
quinta-feira, 19 de agosto de 2021
DIÁRIO DE LEITURA - Conversar, conhecer e conviver
Imagem da internet |
Alex Konrado
Ultimamente, vivo pensando
sobre o quanto perdemos com a impaciência e agressividade que estão tomando
conta das pessoas. É muita gente se sentindo livre para disseminar o ódio e
ataques gratuitos. Por muito pouco, somos envolvidos em conflitos absurdos e
desnecessários, conflitos que poderiam ser resolvidos com uma simples conversa.
A sensação que tenho, é que
precisamos aprender a conversar, e principalmente aprender a ouvir. Parece que
vivemos em uma disputa pela razão; e nessa “disputa”, dificilmente há
vencedores, uma vez que, acontece de tudo... tiro, porrada, bomba, ofensas e
barracos. Uma situação que nos aproxima da discórdia e nos distancia da
compreensão.
A globalização é um fenômeno
que nos fez perceber com mais nitidez, as diversidades presentes na humanidade.
E descobrir “outros mundos” dentro do mundo, provavelmente, não está sendo
fácil, principalmente para quem acredita ser superior aos outros. A dificuldade
em se relacionar com “o diferente”, é facilmente notada em alguns espaços.
A internet, sem sombra de
dúvidas, é um desses espaços em que notamos com mais frequência o acontecimento
desses conflitos. Através dela, nos conectamos com pessoas de diferentes
culturas. Inúmeros assuntos são discutidos e debatidos por indivíduos que
muitas vezes nem se conhecem, ignorando assim, suas realidades de vida.
É importante destacar que,
ao apontar a internet como lugar onde enxergamos melhor esse péssimo
comportamento, não faço na intenção de culpa-la, muito pelo contrário.
Descobrir outros humanos, outros modos de ser humano, pela internet foi uma
grande conquista. O problema está justamente no ser humano que faz o uso de qualquer
ambiente, sem saber conviver e respeitar os demais.
"Todos os animais, com
exceção do homem, sabem que a urgência da vida é aproveitá-la."
Samuel Butler
Por
quarta-feira, 18 de agosto de 2021
OPINIÃO DO BLOG - Guerra de Informações
Imagem internet |
Todos os segundos somos bombardeados com informações de todos os tipos e de todos as fontes. O novo tempo exige de nós um filtro que muitas vezes não usamos. repassamos notícias que são falácias colocadas com um propósito para confundir e transtornar o conhecimento.
E muitas vezes, somos culpados, porque também não procuramos fontes seguras e na pressa em querer saber e informar, atropelamos s checagem e nos enrolamos. Grandes são as perdas quando as informações são falsas, o mundo inteiro paga por uma "preguiça" de pesquisas e estudos.
Nos tornamos preguiçosos, lemos o título e formulamos a informação da nossa mente doente e preguiçosa e repassamos. Os efeitos de uma sociedade imediatista e sem compromisso com a verdade. Quantas coisas lemos e um segundo depois sabemos que não é verdade.
Pessoas morrem e são enterradas apenas por visitar um parente no hospital. Já não somos guardiões da verdade e das informações que edificam o conhecimento. O mundo mergulhou numa onde de fofocas que carinhosamente chamamos de fake news e está tudo certo, nem mesmo buscamos conhecimentos para chegar as verdades postas e tudo segue seu rumo.
Famílias inteiras destroçadas por informações que não condizem com a verdades, comércios e lugares arrasados por situações firmadas na mentira e no desejo de deixar para trás a verdade. É tempo de um repensar filosófico, onde a verdade seja a luz do argumento e a razão seja posta diante das situações dúbias de conhecimento. Pensar e informar não é função de todos, somente daqueles que se debruçaram sobre a pesquisa e se chegou de fato o que deve ser comunicado.
A Filosofia precisa urgente retomar seu posto e destronar os sofistas de plantão que se instaurou novamente no mundo. Na guerra de informações o que prevalece é a pesquisa séria e a informação checada e verdadeira. A arma para a guerra é o conhecimento.
Por
quinta-feira, 12 de agosto de 2021
DIÁRIO DE LEITURA - Perspectiva
Para Cláudio Bento
Singela homenagem aos 40
anos de poesia
Eu não sou gente de número. E olha que
fui boa aluna das matemáticas. E olha que sou prática. Sou de fazimento, de
execução, operacional. Mas não sou de números. Acho que não é coisa de
raciocínio, é mais de despito. É que minha alma precisa de alguma leveza.
Não sei experimentar o mundo por moldes.
O que sobra de tudo isso? Sobra uma falta. Faltam-me parâmetros. Mas esclareço
que não é um lamento. É mais minha natureza mesmo.
É fato que o cotidiano, às vezes, reclama
dados. E para uns casos não tenho para dar. Mas a incontestável continuidade
vai dando seu jeito de ajeitar as coisas. É por isso que, também às vezes, o
cotidiano me entrega umas reflexões novas que quando penso, sempre estiveram
ali.
Tudo isso para dizer: eu gosto de
grandezas. São vibrantes.
Por agora, Cláudio Bento comemora 40 anos
de poesia.
Por um lampejo de concretude, me peguei
pensando: que altura teria Cláudio Bento? Poeta de referência do Vale. Poeta de
referência em minha vida. Encontro frequente das andanças valinas. Anfitrião de
já muitos momentos. Meu amigo.
E eu só não sei.
Sei só que é grande.
Antes de saber disso que não sei, eu
achava que sabia. Sabia ser coisa da distância, depois sabia ser coisa da idade,
depois sabia ser da importância.
Mas chega o tempo da vivência, e se vão
as lonjuras e as diferenças, e as justificativas. Olho no olho é um trem que
nivela altura. Em nem assim o grande se foi. E espero que não se vá. É mais bonito
poder ver as pessoas assim, radiando. Minha alma precisa de leveza.
Não sei se a grandeza ainda é a mesma.
Bento, quanto mais perto, mais singelo chega, e quanto mais tempo, maior
parece. Será que admiração cria uma grandeza própria? Cria sim. Afinal somos do
mundo da poesia. A arte nos permite viver o próprio mundo melhor. Um próprio
que não é só. O mundo da fantasia tem sua própria lógica. Ou lógicas. E eu vou
aprendendo a habitá-lo.
Eu fico, miúda, vendo a tanta poesia
tornar o homem Cláudio um colosso homem Bento. Bento é um pequeno menino poeta
titânico. E isso torna a vida emocionante.
Tem outras gentes grandes nesse mundão de
meu Deus. Aqui de meu cantinho, eu fico vendo, sem entender e já entendendo, tem
gente que é enorme. E eu nunca nem atinei de botar reparo em que tamanho tem.
Agenda
Sexta-feira, 13 de agosto, 19h – Tomando
Conhecimento, Herena Barcelos proseia com Jota Neris, no canal dos Poetas e
Escritores do Vale do Jequitinhonha no Youtube
Sábado, 14 de agosto , 19h– live 40 anos
de poesia de Cláudio Bento
Domingo, 15 de agosto, pela manhã – Prosa
de Domingo, canal da Rádio Zói d’Água no Youtube
Domingo, 15 de agosto, 18h – Sarau de
dois anos do leia mulheres Araçuaí
Terça, 17 de agosto, 18h – Prosa
Literária, canal da Rádio Zói d’Água no Youtube
Por
terça-feira, 10 de agosto de 2021
O ASSUNTO É? - Reflexões sobre a paternidade
Imagem internet |
sábado, 7 de agosto de 2021
EscreVIVENDO - Projeto “Nossas Autoras” do Leia Mulheres Araçuaí-MG
Como foi dito no último
sábado, hoje nós vamos comentar sobre o “Projeto Nossas Autoras”, lançado pelo
clube Leia Mulheres Araçuaí-MG, em sua página no instagram.
Para quem ainda não conhece, o
“Leia Mulheres” é um Projeto Nacional, que surgiu em 2015, em São Paulo-SP,
está presente em mais de 150 cidades brasileiras e objetiva a leitura de mais escritoras.
Na cidade de Araçuaí, no médio Vale do Jequitinhonha, o clube iniciou as suas
atividades há dois anos. Em 2021, este coletivo tem fortalecido a sua conexão
com as escritoras do nosso Vale e, por isso, teve a iniciativa de criar o
“Projeto Nossas Autoras”, em seu instagram, para fomentar a divulgação destas
mulheres, uma vez que observou que, nós, muitas vezes, temos a dificuldade de
valorizar os nossos potenciais, como, por exemplo, a escrita.
Tal fato se vincula a uma
questão estrutural da sociedade, o patriarcado, que existe há séculos, e que
contribui para que haja a exploração e a submissão das mulheres, o que impacta
diversas esferas da vida social, como a escrita. A divisão sexual do trabalho,
na sociedade, favorece para que as mulheres se restrinjam ao âmbito privado,
doméstico, das tarefas de cuidado etc., como se, como qualquer outro ser
humano, não fôssemos capazes de escrever sobre tudo, ou seja, ciência,
literatura, sexualidade, filosofia, arte, história, matemática etc.
O “Projeto Nossas Autoras”, do
clube Leia Mulheres Araçuaí, teve como inspiração a série “Autoras da Casa”
proposta pela coordenação nacional do “Leia Mulheres”, o clube de São Paulo,
que promoveu esta ideia, em seu site, em março de 2021. Esta série objetivou
comemorar os seis anos do “Leia Mulheres” em território nacional, divulgando os
talentos das mediadoras dos diversos clubes que existem. Através dessa série,
Herena Barcelos e Paula Mendes, do nosso clube, publicaram uma linda poesia
(ver aqui https://leiamulheres.com.br/2021/03/autoras-da-casa-herena-barcelos-e-paula-mendes/:),
o que nos incentivou a conhecer e a fomentar a escrita das mulheres do
Jequitinhonha.
O “Projeto Nossas Autoras”
teve o seu primeiro ciclo entre o período de 07 de abril a 28 de julho de 2021
e homenageou, todas as quartas-feiras, uma autora do nosso Vale. Foram 17
semanas. Dentre as homenageadas, oito são da região do médio, três da região do
alto, e seis do baixo, Vale do Jequitinhonha. Com exceção de uma, que nos
procurou para divulgar a sua obra, visto a projeção do nosso coletivo, todas
foram indicadas por membros do nosso clube. Foram mulheres que se identificam
como: doula, indigenista, agricultora familiar, mestra, negra, feminista,
educadora do campo, compositora, poetisa, militante e quilombolas, o que muito
nos encantou, pois revelou uma diversidade riquíssima de perfil. A maioria
nasceu e mora no Vale do Jequitinhonha, mas duas nasceram e não moram
atualmente em nossa região e, outra, não é natural do Vale, mas se reconhece
como do nosso Jequi. Além disso, seis delas já publicaram livros.
Os escritos destas autoras,
que foram cedidos por elas para serem divulgados em nosso instagram, contém
temas variados. Os que mais apareceram foram: questões existenciais que
envolvem, especialmente, a solidão, a saudade, os sonhos e o amor; expressões
artísticas e naturais do vale; bem como a militância e o feminismo. Isto
comprova que a mulher possui escritas múltiplas.
Convidamos vocês para acessar o nosso instagram e conhecer mais sobre o “Projeto Nossas Autoras”: https://www.instagram.com/leiamulheresaracuai .
Aproveitamos para lembrar que
no dia 15 de agosto terá o Sarau, em comemoração aos dois anos do Leia Mulheres
Araçuaí. Haverá a participação dessas autoras que aqui citamos e muito mais.
Esteja conosco!
Agenda
quinta-feira, 5 de agosto de 2021
DEGUSTAÇÃO com André Eduardo Lemos
André Eduardo Lemos - Um homem gay de trinta e poucos anos, natural de Diadema, no Estado de São Paulo. Começou a escrever em versos com oito anos, quando aprendeu a rimar com a professora Angélica. Escrever poemas o afasta da tristeza e costuma descrever situações da sua vida ou de pessoas próximas.
Tudo aquilo que eu
não queria querer
Dizer
que quem se descreve se limita chega a ser ridículo,
mas
amanhã posso mudar de opinião e pensar completamente diferente.
Indescritível
mesmo é a dor,
e as
viagens da minha mente.
As
lágrimas já acabaram,
esperança
eu não tenho mais.
A vida
e a sua sina,
se
importam com detalhes banais.
Desperdiçando
o meu mel,
e
parafraseando um bom cantor.
O meu
maior inimigo seria,
a
grande falta de um amor.
Me perdendo
nos meus conceitos,
sentindo
muita dor no peito.
Aonde
foram parar os direitos,
daqueles
que sofrem em seus leitos?
Sonhos
não se realizam,
ter
esperança causa decepção.
Cadê o
amor ao próximo?
Quem
disse que somos todos irmãos?
A
matéria não serve pra nada,
mas se
existe algo além dela eu não sei.
Sinto-me
em uma encruzilhada,
ajuda a
quem pedirei?
Enrolando
por todo momento,
obrigado
a disfarçar sempre meus sentimentos.
Um
espetáculo ao desalento!
Serei
eu mais um desatento?
Um ser
humano incomum,
assim
eu me descreveria.
Que
sonha por um mundo melhor,
mas
chora ao ver louça na pia.
Um ser
humano incompleto,
na real
eu deveria dizer.
Pois é
grande o vazio que eu sinto,
por
tudo aquilo que eu não queria querer
Por
quarta-feira, 4 de agosto de 2021
OPINIÃO DO BLOG - No palco da vida.
Imagem internet |
Um dia me perguntaram
porque as coisas sempre dão certo para você. Em um primeiro momento fiquei
pensativo sobre a questão posta sem entender um pouco. mas daí, fui tomando
consciência da pergunta e comecei a refletir de fato que "tudo" da
certo era este.
E passou um filme pela minha vida. Voltei no
tempo e comecei a me ver vendendo pipoca na rua e pastel para comprar as coisas
que eu necessitava e meus pais não tinha condições. Me vi andando 6 km para dar
aulas quando eu já podia exercer, me vi indo para belo horizonte e comendo pão
com muito suor e me vi, trabalhando o dia todo e estudando a noite para
"tudo" dar certo na minha vida.
E entendi, as pessoas não veem nossas
histórias, não conhecem nossas memórias e sequer conhecem a nossa vida e falam,
porque não se importam de fato com a sua vida. estão todos preocupados em tirar
vantagem. Se estar bom para eles, tudo bem é a vida que conta. Vivemos numa
sociedade que tudo flui pelos vão dedos, o imediatismo nos impede de participar
da história do outro, da memória do outro e perdem o show da vida.
As alegrias são podadas, os momentos são
efêmeros e as relações sem nexos. o outro passa ser apenas o outro e o conviver
perde-se o sentido da vida. Deixamos tudo para depois e o que nos importa somente
o pequeno momento que também como poeira passa.
O show
da vida perdeu o sentido, o encontrar-se tornou virtual e o calor se tornou
frio. Somos convidados a ficarmos atentos uns aos outros e na apresentação da
vida fazer história, construir memórias. Está na hora de viver.
Por
terça-feira, 3 de agosto de 2021
O ASSUNTO É? - Relações familiares e violência
Imagem Internet |
As notícias nos apunhalam o
coração; todo dia ficamos sabendo de mais um feminicídio. Trata-se do
assassinato de mulheres baseado em razões de gênero, ou seja, são mortas por
serem mulheres consideradas transgressoras das normas de gênero, como por
exemplo quando decidem pôr fim a um casamento ou outra forma de relacionamento
amoroso. Mesmo após a lei do feminicídio, importante conquista das mulheres, os
números seguem aumentando. É importante lembrar que nenhuma mulher está livre
da ameaça de sofrer alguma forma de violência de gênero, pois vivemos numa
sociedade patriarcal. Nossa sociedade é herdeira de uma histórica tradição de
misoginia. Durante cerca de cinco séculos, as mulheres foram as principais
vítimas da inquisição, arderam em fogueiras que iluminaram toda a Europa. A
inquisição chegou também às Américas coloniais, condenando à forca mulheres
acusadas de bruxaria em colônias controladas por puritanos na região norte do
continente, bem como, através das mesas de visitação do Santo Ofício que
chegaram à América portuguesa. Os feminicídios atuais são resultado de uma
cultura patriarcal que estabelece a dominação masculina como legítima e
estruturante da organização social. Discursos religiosos corroboram tal
dominação, ao proporem a dominação masculina e consequente subalternidade
feminina como parte da vontade divina, portanto, inquestionáveis. Da mesma
forma, concorrem para perpetuação da violência de gênero os discursos pseudocientíficos
que, ao longo do tempo, respaldaram a inferioridade feminina e, logo, a
exclusão das mulheres de várias atividades, baseados em argumentos de uma suposta
inferioridade biológica. Não se pode deixar de destacar também que a
subordinação feminina dentro do patriarcado é um dos pilares do capitalismo,
que se vale dessa desigualdade para explorar o trabalho das mulheres, inclusive
na reprodução e criação dos/as filhos/as, futuros/as trabalhadores/as,
consumidores/as e/ou soldados das guerras nas quais o Capitalismo se fortalece.
São inúmeros aspectos que devem ser aprofundados para melhor compreensão da
produção das desigualdades de gênero que se articulam com as de raça, classe,
sexualidade e outras, o que não é possível neste espaço. Aqui, quero me ater às
relações familiares para buscar refletir mais sobre as raízes da violência de
gênero. Apesar das mudanças verificadas nas organizações familiares ao longo do
tempo, ainda percebemos a manutenção de uma estrutura de poder e dominação. Tal
estrutura se revela pelas inúmeras notícias de abusos contra as mulheres e as
crianças ocorridos no ambiente doméstico. Exercício de poder desmedido, abusos
e negligências com as crianças ainda marcam a forma como a família é organizada.
Abusos físicos e psicológicos são entendidos muitas vezes como formas de educar
as crianças e adolescentes. bell hooks,
no livro “ Tudo sobre o amor”, enfatiza que em famílias nas quais há
abuso e/ou negligência não há espaço para o amor, considerado como “vontade de
se empenhar ao máximo para promover o próprio crescimento espiritual ou o de
outra pessoa”. Vale ressaltar que o termo espiritual não implica um sentido
religioso, ela explica, servindo para definir a “força vital presente em cada
indivíduo”. As reflexões da autora neste livro são muito importantes para
mudarmos nossa forma de compreender as relações afetivas e familiares, para que
possamos reinventar a instituição família, que ao longo do tempo nem sempre
representou um refúgio de amor e proteção. Para as mulheres brasileiras, a casa
é o lugar mais inseguro para se estar, já que, em sua maioria, os feminicídios
são cometidos por homens próximos à vítima. Para além da punição dos agressores
e assassinos, é necessário investirmos em educação para a igualdade de gênero,
como preconiza a lei Maria da Penha, outra importante conquista da sociedade
brasileira.
Por fim, convém lembrar que
crianças que crescem em lares onde impera abuso e violência passam a
naturalizá-los e, quando adultas, poderão ter dificuldades em distinguir
relações afetivas saudáveis das abusivas. Acredito que se faz urgente unirmos
forças, para construir novas relações, por um mundo mais igualitário e sem
violência de gênero.
Por
MEMÓRIA CULTURAL - UM CASO DE AMOR NA ROTA BAHIA-MINAS
Imagem: Internet Seu maquinista! Diga lá, O que é que tem nesse lugar (...) Todo mundo é passageiro, Bota fogo seu foguista ...
-
PILÃO Mulheres de Cabo Verde, utilizando o Pilão O pilão tem sua origem árabe, mas foi na África que ganhou afirmaç...