Foto: Omar Abrão |
Franciscus Henricus van der Poel l (Frei
Chico), nascido em Zoeterwoude na Holanda, no dia 03/08/1940. Membro da Ordem
dos Frades Menores desde 1960, Chega ao Brasil em 17/11/1967, Tornando-se (sacerdote católico) franciscano da Província
da Santa Cruz (PSC), com sede em Belo Horizonte MG..
Chega no Vale do Jequitinhonha em 1968
para a Diocese de Araçuaí. Em 1969, assume a Paróquia de Santo Antonio em
Itinga, substituindo o na época ainda padre Enzo, mesmo ficando em Araçuaí em
Itinga, foi responsável pela paróquia de Itinga até 1977. Assim escreveu Frei
Chico no livro de registro da paróquia Santo Antonio de Itinga em 1976.
“ Foi durante uma semana santa em
Itinga que cresceu meu amor pela religiosidade popular, cujo estudo hoje ocupa
mais da metade do meu tempo. Como é admirável
a fé de nosso povo rural e como é rica sua expressão . Aqui vemos como nosso
povo do Vale do Jequitinhonha se identifica com o Cristo que sofreu”
Pesquisador da cultura popular, durante os
10 anos que morou no Vale do Jequitinhonha, na diocese de Araçuaí MG., anotou parte da cultura popular em 15 mil folhas e
gravando 250 fitas K7. diz Frei
Chico -
“Nesta empreitada, fui ajudado pela artesã Maria Lira Marques.
Percebemos que da rica cultura dos pobres registramos apenas uma pequena parte.
Em 1970 fundei o coral Trovadores do Vale no qual pessoas pobres do Vale cantam
músicas da sua própria cultura. O repertório deste coral é um dos frutos da
pesquisa realizada”.
A partir de 1978, Frei Chico vai morar em Betim MG, e no qual foi liberado para a pesquisar a promoção da
cultura popular, como ele mesmo dizia: “Dediquei-me
especialmente às culturas religiosas existentes no Brasil. Tive correspondência
com Luís da Câmara Cascudo, com Mário de Souto Maior e alguns outros grandes
folcloristas. Os antropólogos Carlos Rodrigues Brandão, Lélia Coelho Frota
ajudaram-me a situar minhas pesquisas conjunto mais amplo da cultura nacional.
Frequentei terreiros, santuários de romaria. Participei de muitas festas,
entrevistei lideranças populares.
Durante 16 anos morei na Colônia de Santa Isabel (Betim), onde escrevi a
maior parte do Dicionário da Religiosidade Popular. Lá também era regente do
coral de hansenianos curados e outros em tratamento. Quem não convive com
pobres e marginalizados, não tem o direito de falar em nome deles. Nas
comunidades populares observa-se a não separação entre vida e religião. Fiz
conferências em muitas universidades, participei de congressos, acompanho
movimentos populares. Tenho muitos artigos publicados em revistas
especializadas. Possuo também um extenso currículo artístico musical, com
apresentações em praças e ruas, teatros, rádio e TV”.
Autor de diversos livros obre cultura e religiosidade popular, por
exemplo o mais recente, Dicionário da
Religiosidade Popular, 2013, 1150 p. Membro da Comissão Mineira de Folclore
(1981), do Instituto Histórico e Geográfico de MG (1990). Conselheiro do Centro
da Memória da Medicina da UFMG, docente no Instituto C. G. Jung de MG e
palestrante na Secretaria Municipal do Meio Ambiente (BH). Músico da OMB,
palhaço do “Pano de Roda” (BH). Presença em movimentos populares (folias,
congados e terreiros afro-brasileiros), no meio artístico (música e teatro) e
na mídia. Conferências em muitas universidades e congressos. Frei Chico também
participou da edição do livro "Um olhar sobre o Congado das Minas Gerais,
de autoria da Professora da UEMG, Cris Nery, escrevendo o texto "Congado:
origens e identidade".
Hoje 14 de janeiro de 2023, Frei Chico
deixe esse plano terreno, para viver a plenitude da vida espiritual, religioso, pesquisador, defensor da cultura e religiosidade popular, de modo especial a do
Vale do Jequitinhonha.
Nos filhos do Jequitinhonha perdemos alguém
que apesar de ter nascido tão longe,
escolheu nosso pais e nosso Vale do
Jequitinhonha como seu lar. Seu corpo descansará no cemitério da Irmandade do Rosário
dos Homens Pretos de Araçuaí , seu espírito será guiado por Nossa Senhora do Rosário ao encontro do pai para sua morada eterna.
A nos fica o legado do amigo, do pesquisador e do Frei Franciscano que dedicou sua vida em registrar , respeitar e divulgar para todo a nossa religiosidade e cultura popular .
A família e amigos pedimos ao pai o conforto necessário....
Vai na luz Frei Chico e muito obrigado
por tudo.
Jô Pinto,
Iitnga/MG, em um dia triste de Janeiro
de 2023.
www.religiosidadepopular.uaivip.com.br
PINTO. José Claudionor dos Santos. Memórias de Itinga, Centro Cultural Escrava Feliciana. 2009
currículo: http: lattes.cnpq.br/8705942860002739.
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